Fuçando no orkut hoje, acabei encontrando um vídeo dirigigo por Tim Burton - que também dirigiu um dos filmes que mais gosto "A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça" e um outro que perdi a conta do número de vezes que assisti "Os fantasmas se divertem - Beetlejuice" (Bettlejuice, Beetlejuice, Beetlejuice!!!). Muito show, vale a pena conferir. Vincent é de 1982.
sábado, 31 de janeiro de 2009
Os próximos 15 anos de Limeira
Hoje, tramitam 70 processos de novos loteamentos na prefeitura
1º fev. 2009
"O futuro de Limeira já está traçado para os próximos 15 anos". Quem afirma, e garante a veracidade das palavras, é o secretário de Planejamento e Urbanismo de Limeira, Ítalo Ponzo Júnior. A criação de novos bairros na cidade, assim como a aprovação dos loteamentos, passa pela sua secretaria. A perspectiva é que novos bairros sejam criados em áreas vizinhas aos jardins Campo Belo e Santa Adélia. Há projeções que indicam um aumento populacional de 129 mil moradores, a partir da criação desses novos loteamentos. Isso, porém, seria impraticável pelas determinações do novo Plano Diretor e por medidas de controle de natalidade, que devem ser aplicadas pela prefeitura.
Nos últimos dez anos, foram criados 51 novos bairros na cidade. De 1998 até 2008, foram 14.387 novos lotes, o que corresponde a cerca de 43 mil habitantes, considerando que uma casa é habitada por quatro pessoas. "Em um lote pode ser feito um estabelecimento comercial ou mesmo um prédio, mas usamos essa conta para se dar uma estimativa da população nesses novos bairros", explica Ponzo. De 1999 a 2004 foram aprovados 41 lotamentos, uma média de 7 por ano.
O número de aprovações é considerado pelo secreário muito grande e sem critérios rígidos. "São aceitáveis 600 lotes por ano", argumenta Ponzo. Já nos últimos quatro anos, conforme o secretário, as rédeas das aprovações foram puxadas e o ritmo de novos bairros caiu. Foram aprovados apenas 10 novos loteamentos nesse período, são 2.390 lotes.
De acordo com Ponzo, a Secretaria de Planejamento segurou as aprovações para ter objetividade no crescimento, sem os chamados vazios urbanos - o que significa que não será aprovado nenhum loteamento que esteja longe do perímetro urbano, somente aqueles que sejam feitos colados aos bairros já existentes são aprovados. Esta regra ajuda tanto a prefeitura como os demais serviços da cidade como de água e esgoto.
Segundo o secretário, outro segmento ligado diretamente ao crescimento do município é a Águas de Limeira, empresa que detém a concessão do serviço de distribuição de água e esgoto na cidade. O secretário afirma que os serviços de construção de galerias de águas pluviais ou esgoto dependem de um planejamento bem elaborado para se expandir para os novos bairros que serão criados. "Não vamos mais fazer bairros longe. A Águas de Limeira precisa planejar a expansão das suas galerias para prover os serviços de água e esgoto para as futuras casas", diz.
PROBLEMAS
O crescimento sem critérios trouxe problemas para alguns bairros, entre os quais está o Residencial Antônio Simonetti. O bairro fica próximo a uma estação de tratamento de esgoto. Com esse vizinho não muito agradável, o cheiro no local também não é dos melhores. Segundo dados da Prefeitura de Limeira, o bairro conta com 320 residências e uma população estimada de 1.200 pessoas. Além deste, o Parque Abílio Pedro também foi feito próximo a uma pedreira. O problema ali, é o barulho. De acordo com dados da Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), há 700 reclamações de ruídos vindo de empresas da região.
Segundo o secretário, o problema dos bairros foi justamente a falta de critérios na aprovação dos loteamentos. A partir de agora, segundo ele, os critérios serão mais rígidos. A previsão de Ponzo é que nos próximos 15 anos sejam aprovados cerca de 70 novos loteamentos. Este é o número de processos que esperam a aprovação na secretaria. Correspondem a 32.175 mil novos lotes ou, seguindo a conta proposta pelo secretário, 129 mil novos moradores.
A partir deste ano, o número de loteamentos aprovados deverá crescer. "Foi preciso colocar a casa em ordem para voltar a aprovar mais novos bairros, já que foram estabelecidos mais critérios", comenta. Os lugares para onde Limeira poderá crescer é a região Sul, ao lado do Campo Belo, região da Via Guilherme Dibbern e locais próximos ao bairro Santa Adélia.
Com os critérios apontados por Ponzo, a partir de agora será possível aprovar de 1.500 a 2 mil lotes por ano. Este número crescerá aos poucos, mas com as exigências estabelecidas pelo Plano Diretor haverá um desenvolvimento mais fácil e ordenado. "O Plano Diretor estabalece não só o número, mas também procura dar qualidade ao crescimento da cidade", explica. Alguns processos de loteamento são complicados, outros nem tanto. A aprovação leva de 18 meses a 10 anos, dependendo da complexidade.
1º fev. 2009
"O futuro de Limeira já está traçado para os próximos 15 anos". Quem afirma, e garante a veracidade das palavras, é o secretário de Planejamento e Urbanismo de Limeira, Ítalo Ponzo Júnior. A criação de novos bairros na cidade, assim como a aprovação dos loteamentos, passa pela sua secretaria. A perspectiva é que novos bairros sejam criados em áreas vizinhas aos jardins Campo Belo e Santa Adélia. Há projeções que indicam um aumento populacional de 129 mil moradores, a partir da criação desses novos loteamentos. Isso, porém, seria impraticável pelas determinações do novo Plano Diretor e por medidas de controle de natalidade, que devem ser aplicadas pela prefeitura.
Nos últimos dez anos, foram criados 51 novos bairros na cidade. De 1998 até 2008, foram 14.387 novos lotes, o que corresponde a cerca de 43 mil habitantes, considerando que uma casa é habitada por quatro pessoas. "Em um lote pode ser feito um estabelecimento comercial ou mesmo um prédio, mas usamos essa conta para se dar uma estimativa da população nesses novos bairros", explica Ponzo. De 1999 a 2004 foram aprovados 41 lotamentos, uma média de 7 por ano.
O número de aprovações é considerado pelo secreário muito grande e sem critérios rígidos. "São aceitáveis 600 lotes por ano", argumenta Ponzo. Já nos últimos quatro anos, conforme o secretário, as rédeas das aprovações foram puxadas e o ritmo de novos bairros caiu. Foram aprovados apenas 10 novos loteamentos nesse período, são 2.390 lotes.
De acordo com Ponzo, a Secretaria de Planejamento segurou as aprovações para ter objetividade no crescimento, sem os chamados vazios urbanos - o que significa que não será aprovado nenhum loteamento que esteja longe do perímetro urbano, somente aqueles que sejam feitos colados aos bairros já existentes são aprovados. Esta regra ajuda tanto a prefeitura como os demais serviços da cidade como de água e esgoto.
Segundo o secretário, outro segmento ligado diretamente ao crescimento do município é a Águas de Limeira, empresa que detém a concessão do serviço de distribuição de água e esgoto na cidade. O secretário afirma que os serviços de construção de galerias de águas pluviais ou esgoto dependem de um planejamento bem elaborado para se expandir para os novos bairros que serão criados. "Não vamos mais fazer bairros longe. A Águas de Limeira precisa planejar a expansão das suas galerias para prover os serviços de água e esgoto para as futuras casas", diz.
PROBLEMAS
O crescimento sem critérios trouxe problemas para alguns bairros, entre os quais está o Residencial Antônio Simonetti. O bairro fica próximo a uma estação de tratamento de esgoto. Com esse vizinho não muito agradável, o cheiro no local também não é dos melhores. Segundo dados da Prefeitura de Limeira, o bairro conta com 320 residências e uma população estimada de 1.200 pessoas. Além deste, o Parque Abílio Pedro também foi feito próximo a uma pedreira. O problema ali, é o barulho. De acordo com dados da Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), há 700 reclamações de ruídos vindo de empresas da região.
Segundo o secretário, o problema dos bairros foi justamente a falta de critérios na aprovação dos loteamentos. A partir de agora, segundo ele, os critérios serão mais rígidos. A previsão de Ponzo é que nos próximos 15 anos sejam aprovados cerca de 70 novos loteamentos. Este é o número de processos que esperam a aprovação na secretaria. Correspondem a 32.175 mil novos lotes ou, seguindo a conta proposta pelo secretário, 129 mil novos moradores.
A partir deste ano, o número de loteamentos aprovados deverá crescer. "Foi preciso colocar a casa em ordem para voltar a aprovar mais novos bairros, já que foram estabelecidos mais critérios", comenta. Os lugares para onde Limeira poderá crescer é a região Sul, ao lado do Campo Belo, região da Via Guilherme Dibbern e locais próximos ao bairro Santa Adélia.
Com os critérios apontados por Ponzo, a partir de agora será possível aprovar de 1.500 a 2 mil lotes por ano. Este número crescerá aos poucos, mas com as exigências estabelecidas pelo Plano Diretor haverá um desenvolvimento mais fácil e ordenado. "O Plano Diretor estabalece não só o número, mas também procura dar qualidade ao crescimento da cidade", explica. Alguns processos de loteamento são complicados, outros nem tanto. A aprovação leva de 18 meses a 10 anos, dependendo da complexidade.
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Aula de História e as Leis que hoje ajudam
O sinal toca ecoando pelo pátio cheio de alunos conversando na hora do recreio. Todos devem se dirigir às salas de aula, sentarem-se mais uma vez na carteira e por 50 minutos o tema será A Era Vargas e os direitos dos trabalhadores.
- Abram os fichários, comecem as anotações, sigam a leitura no livro - anuncia a professora. Renato começa a leitura.
"Ao assumir o poder em novembro de 1930, Getúlio Vargas suspendeu a Constituição em vigor, dissolveu o Congresso Nacional e nomeou interventores para o governo dos estados. Além dessas medidas, criou dois novos ministérios: o da Educação e Saúde, entregue ao mineiro Francisco Campos e do Trabalho, Indústria e Comércio, que ficou com o gaúcho Lindolfo Collor.
Com a criação do Ministério do Trabalho, o governo de Vargas inaugurava uma nova atitude do Estado em relação à classe trabalhadora. Até então, o poder público no Brasil havia respondido às reivindicações operárias com repressão. A partir de novembro de 1930, a principal característica entre o Estado e os trabalhadores seria o diálogo. Um diálogo às vezes difícil, às vezes acompanhado de repressão, e no qual a voz dominante seria sempre a do poder público. Mas, enfim, agora havia diálogo."*
Sempre gostei muito das aulas de história. Apesar das bagunças na sala de aula até a oitava série, é interessante parar e ver o quanto cada disciplina é importante para a formação de um cidadão e, particularmente, deste jornalista que vos escreve.
Muitas vezes lembro que reclamávamos das aulas chatas e maçantes sobre Guerra disso e Guerra daquilo. Datas antigas e nomes complicados, países longínquos e desenrolares cada um mais complicado que o outro. Apesar de gostar muito da área, nunca fui o melhor aluno da disciplina e até hoje ainda pego um livro de história ou procuro artigos na internet para relembrar o que são determinados acontecimentos dos quais tenho somente a lembrança de um dia ter estudado.
Falo tudo isso por que a cada dia que passa é possível relacionar os acontecimentos diários da imprensa e os acontecimentos que cobrimos com aulas que qualquer aluno tem durante seus onze (agora doze) anos de ensino fundamental e médio. Em um post recente chamado A Crise e a Economia Ecológica me foi possível lembrar da cadeia alimentar e das aulas de ecologia. Um aluno de primeiro colegial as vezes nem pensa em relacionar economia, política e ecologia. Como isso professora?
A crise com seus reflexos ramificados afeta cada vez mais áreas da economia e da sociedade. Deixou de ser uma bolha envolvendo hipotecas e títulos podres norte-americanos para afetar a latinha de alumínio que um catador no interior de Limeira pega para tentar garantir seu sustento. Realidades que parecem tão distantes, de repente se unem rapidamente. Mais detalhes no texto que estão neste blog.
Nas negociações entre Sindicato dos Metalúrgicos de Limeira e a empresa ArvinMeritor - que produz rodas de aço e sistemas de portas -, uma lei com idade já na casa dos quarenta veio a tona. A lei 4.923 de 1965 garante, entre outros, o direito de as empresas negociaram uma redução da jornada de trabalho e do salário de seus funcionários se evidenciado dificuldade financeira.
No início a lei foi repelida e chamada de velha quando apresentada como uma solução de evitar as demissões na empresa - olha o preconceito com as quarentonas. Até então a lei estava somente nos Vademecuns ou/e em livros de direito trabalhista. Nos acordos feitos entre empresas e sindicatos não se era nem mencionada a redução da jornada. A primeira empresa que conseguiu um acordo com sindicalistas foi do Rio Grande do Sul. A entidade por lá não deve ser tão radical como a de Limeira que negocia, bate o pé e nega quando consegue o que queria.
Se não bastasse a lei com 43 anos de idade, outra ainda mais velha também pode entrar na pauta das negociações sindicato-empresa. O Decreto-Lei nº 5.452 regulamenta a Consolidação das Leis Trabalhistas. Criada no Dia do Trabalhador em 1943, a lei está em vigor desde 10 de novembro do mesmo ano e foi assinada pelo presidente Getúlio Vargas.
Pode parecer irrelevante, mas é notória a lembrança das aulas de história e aquele trecho do livro didático usado na disciplina no qual diz que Vargas foi considerado o pai dos pobres e a mãe dos ricos. Desde a época do presidente gaucho que essa lei garante os direitos de todos os trabalhadores que atuam em solo nacional - inclusive dos jornalistas. Com inúmeras inclusões de incisos e medidas provisórias, a lei com seus 922 artigos também apresenta uma solução para acordos entre empresa-sindicato-trabalhadores.
No artigo 476A é prevista a suspensão do contrato de trabalho por no máximo cinco meses, já feito pela montadora Renault no Brasil. O planejamento e estudos de Vargas e seu Ministério do Trabalho será que previa uma crise feia como a atual? No mínimo se basearam na experiência de 1930, quando o presidente assumiu.
Apesar de a medida também poder ser usada para evitar demissões, a esperança e otimismo das empresas para com o sindicato de Limeira deve ter ido para o brejo, no mínimo. Com uma postura tão intransigente e politicamente radical, os sindicalistas (acham que) defendem os interesses da maioria dos trabalhadores. Em informe publicitário pago nos jornais da cidade, o Sindicato só acusa a empresa, mas não esclarece as acusações que recebeu. A empresa acusou o sindicato de que não foi feita nenhuma assembléia registrada em ata com os trabalhadores da linha de produção para saberem qual era o desejo do coletivo. Na nota, o sindicato só diz que a empresa foi contra assembléias passadas para resolver participação de Lucros dos funcionários, mas e o hoje? Foi feito ou não uma reunião para ouvir os principais afetados por toda essa problemática?
Na aula de história vimos que Vargas ajudou os trabalhadores na década de 1940;
Na atualidade reparamos que os benefícios são empacados por ideologias políticas antiquadas.
_____
* FERREIRA, Divalte Garcia. ´História. Série Novo Ensino Médio. São Paulo: Átiva, 2002. (trecho na p.338)
- Abram os fichários, comecem as anotações, sigam a leitura no livro - anuncia a professora. Renato começa a leitura.
"Ao assumir o poder em novembro de 1930, Getúlio Vargas suspendeu a Constituição em vigor, dissolveu o Congresso Nacional e nomeou interventores para o governo dos estados. Além dessas medidas, criou dois novos ministérios: o da Educação e Saúde, entregue ao mineiro Francisco Campos e do Trabalho, Indústria e Comércio, que ficou com o gaúcho Lindolfo Collor.
Com a criação do Ministério do Trabalho, o governo de Vargas inaugurava uma nova atitude do Estado em relação à classe trabalhadora. Até então, o poder público no Brasil havia respondido às reivindicações operárias com repressão. A partir de novembro de 1930, a principal característica entre o Estado e os trabalhadores seria o diálogo. Um diálogo às vezes difícil, às vezes acompanhado de repressão, e no qual a voz dominante seria sempre a do poder público. Mas, enfim, agora havia diálogo."*
Sempre gostei muito das aulas de história. Apesar das bagunças na sala de aula até a oitava série, é interessante parar e ver o quanto cada disciplina é importante para a formação de um cidadão e, particularmente, deste jornalista que vos escreve.
Muitas vezes lembro que reclamávamos das aulas chatas e maçantes sobre Guerra disso e Guerra daquilo. Datas antigas e nomes complicados, países longínquos e desenrolares cada um mais complicado que o outro. Apesar de gostar muito da área, nunca fui o melhor aluno da disciplina e até hoje ainda pego um livro de história ou procuro artigos na internet para relembrar o que são determinados acontecimentos dos quais tenho somente a lembrança de um dia ter estudado.
Falo tudo isso por que a cada dia que passa é possível relacionar os acontecimentos diários da imprensa e os acontecimentos que cobrimos com aulas que qualquer aluno tem durante seus onze (agora doze) anos de ensino fundamental e médio. Em um post recente chamado A Crise e a Economia Ecológica me foi possível lembrar da cadeia alimentar e das aulas de ecologia. Um aluno de primeiro colegial as vezes nem pensa em relacionar economia, política e ecologia. Como isso professora?
A crise com seus reflexos ramificados afeta cada vez mais áreas da economia e da sociedade. Deixou de ser uma bolha envolvendo hipotecas e títulos podres norte-americanos para afetar a latinha de alumínio que um catador no interior de Limeira pega para tentar garantir seu sustento. Realidades que parecem tão distantes, de repente se unem rapidamente. Mais detalhes no texto que estão neste blog.
Nas negociações entre Sindicato dos Metalúrgicos de Limeira e a empresa ArvinMeritor - que produz rodas de aço e sistemas de portas -, uma lei com idade já na casa dos quarenta veio a tona. A lei 4.923 de 1965 garante, entre outros, o direito de as empresas negociaram uma redução da jornada de trabalho e do salário de seus funcionários se evidenciado dificuldade financeira.
No início a lei foi repelida e chamada de velha quando apresentada como uma solução de evitar as demissões na empresa - olha o preconceito com as quarentonas. Até então a lei estava somente nos Vademecuns ou/e em livros de direito trabalhista. Nos acordos feitos entre empresas e sindicatos não se era nem mencionada a redução da jornada. A primeira empresa que conseguiu um acordo com sindicalistas foi do Rio Grande do Sul. A entidade por lá não deve ser tão radical como a de Limeira que negocia, bate o pé e nega quando consegue o que queria.
Se não bastasse a lei com 43 anos de idade, outra ainda mais velha também pode entrar na pauta das negociações sindicato-empresa. O Decreto-Lei nº 5.452 regulamenta a Consolidação das Leis Trabalhistas. Criada no Dia do Trabalhador em 1943, a lei está em vigor desde 10 de novembro do mesmo ano e foi assinada pelo presidente Getúlio Vargas.
Pode parecer irrelevante, mas é notória a lembrança das aulas de história e aquele trecho do livro didático usado na disciplina no qual diz que Vargas foi considerado o pai dos pobres e a mãe dos ricos. Desde a época do presidente gaucho que essa lei garante os direitos de todos os trabalhadores que atuam em solo nacional - inclusive dos jornalistas. Com inúmeras inclusões de incisos e medidas provisórias, a lei com seus 922 artigos também apresenta uma solução para acordos entre empresa-sindicato-trabalhadores.
No artigo 476A é prevista a suspensão do contrato de trabalho por no máximo cinco meses, já feito pela montadora Renault no Brasil. O planejamento e estudos de Vargas e seu Ministério do Trabalho será que previa uma crise feia como a atual? No mínimo se basearam na experiência de 1930, quando o presidente assumiu.
Apesar de a medida também poder ser usada para evitar demissões, a esperança e otimismo das empresas para com o sindicato de Limeira deve ter ido para o brejo, no mínimo. Com uma postura tão intransigente e politicamente radical, os sindicalistas (acham que) defendem os interesses da maioria dos trabalhadores. Em informe publicitário pago nos jornais da cidade, o Sindicato só acusa a empresa, mas não esclarece as acusações que recebeu. A empresa acusou o sindicato de que não foi feita nenhuma assembléia registrada em ata com os trabalhadores da linha de produção para saberem qual era o desejo do coletivo. Na nota, o sindicato só diz que a empresa foi contra assembléias passadas para resolver participação de Lucros dos funcionários, mas e o hoje? Foi feito ou não uma reunião para ouvir os principais afetados por toda essa problemática?
Na aula de história vimos que Vargas ajudou os trabalhadores na década de 1940;
Na atualidade reparamos que os benefícios são empacados por ideologias políticas antiquadas.
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* FERREIRA, Divalte Garcia. ´História. Série Novo Ensino Médio. São Paulo: Átiva, 2002. (trecho na p.338)
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Pensando no umbigo e não na mão amiga
Esta semana começou com uma notícia não muito agradável para vários limeirenses. O Sindicato dos Metalúrgicos de Limeira recusou a proposta feita pela empresa ArvinMeritor de redução de jornada de trabalho.
Desde o dia 5 deste mês, praticamente desde o primeiro dia útil, a empresa vem negociando com o sindicato essa redução na carga horária da empresa. Alegando que a queda nos pedidos de seus produtos - rodas de aço e sistemas de portas -, a ArvinMeritor resolveu reduzir a jornada de trabalho dos metalúrgicos da linha de produção e também reduzir o salário numa tentativa de evitar mais demissões no setor em Limeira.
Mostrando-se intransigente, o Sindicato teve o que queria, mas bateu o pé e disse não. Acompanhando toda a história, os sindicalistas pediram a empresa uma estabilidade de emprego e um ressarcimento do valor que fosse tirado do salário integral. Essas foram as duas principais exigências dos sindicalistas da cidade para que o acordo fosse firmado entre a multinacional e a entidade.
A empresa propôs uma redução de 40% na jornada de trabalho e de 20% no salário desses trabalhadores. Além disso se comprometeu a pagar 50% desse valor que seria descontado entre os meses de outubro de 2009 a março de 2010 e a garantia de emprego exigida. Tudo muito bonito, tudo muito perfeito e dentro da lei. Mas parece que não foi o suficiente.
Demos a notícia no Jornal de Limeira hoje dessa recusa do sindicato e no meio da tarde várias manifestações contrárias à posição do sindicato chegaram até a redação. (É possível conferir os comentários aqui)
Segundo os sindicalistas, o principal motivo da recusa foi a falta de documentos que comprovassem a dificuldade financeira que a empresa está passando. A lei 4.923 de 1965 é a qual regulamenta todas essas medidas de redução e estabelece os limites para cortes de salário (até 25%) quando a situação econômica está complicada.
O engraçado é que a negociação durou 20 dias. Foram 20 dias o sindicato dizendo que não aceitam redução de salário, que a empresa ainda tem recursos financeiros suficientes para atravessar a crise sem nenhum tipo de corte de salário ou despesa e após ter todas as suas exigência muito bem atendidas ainda recusam tudo o que foi proposto. E ainda mais, segundo um gerente da empresa, o sindicato em momento algum pediu documentos que comprovassem essa dificuldade. Até certo ponto seria dispensável uma vez que os próprios trabalhadores relatam que sentiram ali, nas suas mãos, que o número de pedidos diminuiu drasticamente. Jornais dão notícias todos os dias sobre essa queda dos negócios do ramo automobilístico. E ainda pedem documentos que comprovem a dificuldade?
Em uma das vezes que conversamos com o sindicato, um dos dirigentes comentou que exigiam o ressarcimento do valor que fosse reduzido. Ué, que exige ressarcimento aceita redução de salário, ou estou ficando louco agora?
O engraçado é que não foi um só leitor do jornal que se manifestou irritado, alguns até revoltados, com a posição do sindicato, foram vários. Declarada ou anonimamente esses leitores - em sua maioria devem se sensibilizar com a causa ou são trabalhadores da empresa e parentes -, mostraram o quanto o sindicato falhou com sua posição de defender os interesses dos trabalhadores. Foi uma discussão exclusivamente política, sem considerar o que os trabalhadores realmente queriam.
Um dos trabalhadores, esse em entrevista e não em depoimento escrito, falou que preferia roer o osso durante três meses com um salário menor a ficar desempregado. Ou seja, é trabalhar pela empresa e pelo próprio emprego. Que trabalhador que quer ser demitido e se ver forçado a procurar um outro emprego na mesma área em que atua hoje? Não é somente uma empresa do ramo automotivo que está com problemas, são praticamente todas. Não é a tôa que o Estadão deu como destaque hoje que de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) informou que serão cortados cerca de 86 mil postos de trabalho pelo mundo todo. Até a gigante Microsoft e a Google demitiram!
É realmente pensar na política e em ideais não solidários a refletir sobre a situação real do trabalhador com a recusa de um acordo temporário. É aquela velha rincha entre trabalhador e patrão. Rincha essa, cabe-se dizer, entre os alguns trabalhadores que não estão preocupados com o coletivo, só com o umbigo. Já ouvi certa vez que o sindicato serve de respaldo para funcionários que estão na mira de seus chefes. Vai ser demitido? Tenta entrar no sindicato e sua estabilidade está garantida. Esse pensamento reproduzo do que já ouvi falar mais de uma vez e é o argumento principal usado nas palavras de revolta de parentes e trabalhadores que viam com esperança um salário para os próximos meses.
Desde o dia 5 deste mês, praticamente desde o primeiro dia útil, a empresa vem negociando com o sindicato essa redução na carga horária da empresa. Alegando que a queda nos pedidos de seus produtos - rodas de aço e sistemas de portas -, a ArvinMeritor resolveu reduzir a jornada de trabalho dos metalúrgicos da linha de produção e também reduzir o salário numa tentativa de evitar mais demissões no setor em Limeira.
Mostrando-se intransigente, o Sindicato teve o que queria, mas bateu o pé e disse não. Acompanhando toda a história, os sindicalistas pediram a empresa uma estabilidade de emprego e um ressarcimento do valor que fosse tirado do salário integral. Essas foram as duas principais exigências dos sindicalistas da cidade para que o acordo fosse firmado entre a multinacional e a entidade.
A empresa propôs uma redução de 40% na jornada de trabalho e de 20% no salário desses trabalhadores. Além disso se comprometeu a pagar 50% desse valor que seria descontado entre os meses de outubro de 2009 a março de 2010 e a garantia de emprego exigida. Tudo muito bonito, tudo muito perfeito e dentro da lei. Mas parece que não foi o suficiente.
Demos a notícia no Jornal de Limeira hoje dessa recusa do sindicato e no meio da tarde várias manifestações contrárias à posição do sindicato chegaram até a redação. (É possível conferir os comentários aqui)
Segundo os sindicalistas, o principal motivo da recusa foi a falta de documentos que comprovassem a dificuldade financeira que a empresa está passando. A lei 4.923 de 1965 é a qual regulamenta todas essas medidas de redução e estabelece os limites para cortes de salário (até 25%) quando a situação econômica está complicada.
O engraçado é que a negociação durou 20 dias. Foram 20 dias o sindicato dizendo que não aceitam redução de salário, que a empresa ainda tem recursos financeiros suficientes para atravessar a crise sem nenhum tipo de corte de salário ou despesa e após ter todas as suas exigência muito bem atendidas ainda recusam tudo o que foi proposto. E ainda mais, segundo um gerente da empresa, o sindicato em momento algum pediu documentos que comprovassem essa dificuldade. Até certo ponto seria dispensável uma vez que os próprios trabalhadores relatam que sentiram ali, nas suas mãos, que o número de pedidos diminuiu drasticamente. Jornais dão notícias todos os dias sobre essa queda dos negócios do ramo automobilístico. E ainda pedem documentos que comprovem a dificuldade?
Em uma das vezes que conversamos com o sindicato, um dos dirigentes comentou que exigiam o ressarcimento do valor que fosse reduzido. Ué, que exige ressarcimento aceita redução de salário, ou estou ficando louco agora?
O engraçado é que não foi um só leitor do jornal que se manifestou irritado, alguns até revoltados, com a posição do sindicato, foram vários. Declarada ou anonimamente esses leitores - em sua maioria devem se sensibilizar com a causa ou são trabalhadores da empresa e parentes -, mostraram o quanto o sindicato falhou com sua posição de defender os interesses dos trabalhadores. Foi uma discussão exclusivamente política, sem considerar o que os trabalhadores realmente queriam.
Um dos trabalhadores, esse em entrevista e não em depoimento escrito, falou que preferia roer o osso durante três meses com um salário menor a ficar desempregado. Ou seja, é trabalhar pela empresa e pelo próprio emprego. Que trabalhador que quer ser demitido e se ver forçado a procurar um outro emprego na mesma área em que atua hoje? Não é somente uma empresa do ramo automotivo que está com problemas, são praticamente todas. Não é a tôa que o Estadão deu como destaque hoje que de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) informou que serão cortados cerca de 86 mil postos de trabalho pelo mundo todo. Até a gigante Microsoft e a Google demitiram!
É realmente pensar na política e em ideais não solidários a refletir sobre a situação real do trabalhador com a recusa de um acordo temporário. É aquela velha rincha entre trabalhador e patrão. Rincha essa, cabe-se dizer, entre os alguns trabalhadores que não estão preocupados com o coletivo, só com o umbigo. Já ouvi certa vez que o sindicato serve de respaldo para funcionários que estão na mira de seus chefes. Vai ser demitido? Tenta entrar no sindicato e sua estabilidade está garantida. Esse pensamento reproduzo do que já ouvi falar mais de uma vez e é o argumento principal usado nas palavras de revolta de parentes e trabalhadores que viam com esperança um salário para os próximos meses.
A crise chegou na latinha
Setor encolhe com redução do valores pagos pela indústria
25 jan. 2009
Os efeitos da crise econômica mundial são definidos por empresários como uma reação em cadeia. Se não bastasse a indústria automobilística e de autopeças sentir os reflexos dos problemas dos Estados Unidos nos últimos três meses, a última ponta dessa cadeia também está passando apertado. Os catadores de materiais reciclados e aqueles que realizam o serviço de triagem também estão sentido reflexos da crise.
Plástico, papel, papelão, alumínio e ferro são os materiais que chegam diariamente através de um caminhão na Cooperativa de Reciclagem de Limeira (Coopereli). São os mesmos materiais retirados de escolas e algumas empresas após a sua utilização e destinados à reciclagem. Se pegar latinhas na rua e em festas movimentadas antes era visto com bons olhos, hoje a situação não está mais a mesma.
O valor do quilo dos principais produtos vendidos para empresas que reciclam para a produção despencou. O alumínio, que antes era comercializado por R$ 3,50 o quilo, hoje é vendido por no máximo R$ 1,50. Papéis em geral, de R$ 0,14 passou para R$ 0,05 - o mesmo preço do ferro, que antes era vendido por até R$ 0,32. O último da lista, o plástico passou de R$ 1,15 para R$ 0,50.
A catadora Eva Conceição de Souza, 50 anos, que trabalha na cooperativa do Jardim Aeroporto, faz do trabalho de coleta e venda desses materiais a sua renda doméstica. Além dela e do companheiro, a cooperativa ainda gera renda para mais nove pessoas, dessas quatro estão afastadas no momento. O número de trabalhadores é até grande, mas na hora de repartir os lucros, a equipe grande recebe um valor pequeno - ainda mais em tempos de crise.
"Nós já chegamos a conseguir tirar um salário mínimo cada um com as vendas dos reciclados, mas em dezembro vendemos só R$ 176,00 e isso é dividido entre todos os trabalhadores", afirma. Se não bastasse a crise, a época de férias escolares diminui ainda mais o volume de materiais que a cooperativa recebe. "Das escolas vem de tudo, por que eles têm alimentação e tudo mais", comenta Eva.
Segundo o tecnólogo em saneamento básico, Milton Kogi Nishida, 44, o problema da redução dos preços se deu principalmente por causa da crise. Nishida diz que o ferro e o alumínio sofreram desvalorizaram por conta da situação das matelúrgicas e do setor automobilístico; o papel e papelão teve o preço reduzido por conta do grande volume de exportações que reduziu a demanda por embalagens produzidas em território nacional e o plástico tem influência direta do preço do petróleo, que caiu mais de 50% - o barril chegou a valer US$ 150.
PROBLEMAS
A catadora ainda revela um certo desconforto com a administração municipal. "A prefeitura usa essa cooperativa para mostrar para as outras pessoas quando veem na cidade. Porém, já pedimos ajuda para consertar os puxadinhos que temos aqui e para pagar os nossos materiais e o telefone, mas não conseguimos", reclama. Eva mostra que no terreno há umas coberturas feitas de brasilite e de madeira para dar cobertura aos recicláveis. Um deles está caindo e, apesar dos pedidos para conserto na prefeitura, não é tomada nenhuma providência.
Além do problema com a prefeitura, a catadora ainda reclama da falta de incentivo municipal para a área de reciclagem. "Existe uma lei federal feita pelo presidente que destina o material reciclado para as cooperativas. Deveriam fazer uma lei municipal para mandarem esse material para nós e ter a coleta seletiva nos bairros", diz. A falta da coleta seletiva que Eva comenta é visível até no comportamento dos moradores do mesmo bairro onde a cooperativa está. "Tem um senhor que joga todo o material no lixo comum e nós vamos lá e pegamos", exemplifica.
25 jan. 2009
Os efeitos da crise econômica mundial são definidos por empresários como uma reação em cadeia. Se não bastasse a indústria automobilística e de autopeças sentir os reflexos dos problemas dos Estados Unidos nos últimos três meses, a última ponta dessa cadeia também está passando apertado. Os catadores de materiais reciclados e aqueles que realizam o serviço de triagem também estão sentido reflexos da crise.
Plástico, papel, papelão, alumínio e ferro são os materiais que chegam diariamente através de um caminhão na Cooperativa de Reciclagem de Limeira (Coopereli). São os mesmos materiais retirados de escolas e algumas empresas após a sua utilização e destinados à reciclagem. Se pegar latinhas na rua e em festas movimentadas antes era visto com bons olhos, hoje a situação não está mais a mesma.
O valor do quilo dos principais produtos vendidos para empresas que reciclam para a produção despencou. O alumínio, que antes era comercializado por R$ 3,50 o quilo, hoje é vendido por no máximo R$ 1,50. Papéis em geral, de R$ 0,14 passou para R$ 0,05 - o mesmo preço do ferro, que antes era vendido por até R$ 0,32. O último da lista, o plástico passou de R$ 1,15 para R$ 0,50.
A catadora Eva Conceição de Souza, 50 anos, que trabalha na cooperativa do Jardim Aeroporto, faz do trabalho de coleta e venda desses materiais a sua renda doméstica. Além dela e do companheiro, a cooperativa ainda gera renda para mais nove pessoas, dessas quatro estão afastadas no momento. O número de trabalhadores é até grande, mas na hora de repartir os lucros, a equipe grande recebe um valor pequeno - ainda mais em tempos de crise.
"Nós já chegamos a conseguir tirar um salário mínimo cada um com as vendas dos reciclados, mas em dezembro vendemos só R$ 176,00 e isso é dividido entre todos os trabalhadores", afirma. Se não bastasse a crise, a época de férias escolares diminui ainda mais o volume de materiais que a cooperativa recebe. "Das escolas vem de tudo, por que eles têm alimentação e tudo mais", comenta Eva.
Segundo o tecnólogo em saneamento básico, Milton Kogi Nishida, 44, o problema da redução dos preços se deu principalmente por causa da crise. Nishida diz que o ferro e o alumínio sofreram desvalorizaram por conta da situação das matelúrgicas e do setor automobilístico; o papel e papelão teve o preço reduzido por conta do grande volume de exportações que reduziu a demanda por embalagens produzidas em território nacional e o plástico tem influência direta do preço do petróleo, que caiu mais de 50% - o barril chegou a valer US$ 150.
PROBLEMAS
A catadora ainda revela um certo desconforto com a administração municipal. "A prefeitura usa essa cooperativa para mostrar para as outras pessoas quando veem na cidade. Porém, já pedimos ajuda para consertar os puxadinhos que temos aqui e para pagar os nossos materiais e o telefone, mas não conseguimos", reclama. Eva mostra que no terreno há umas coberturas feitas de brasilite e de madeira para dar cobertura aos recicláveis. Um deles está caindo e, apesar dos pedidos para conserto na prefeitura, não é tomada nenhuma providência.
Além do problema com a prefeitura, a catadora ainda reclama da falta de incentivo municipal para a área de reciclagem. "Existe uma lei federal feita pelo presidente que destina o material reciclado para as cooperativas. Deveriam fazer uma lei municipal para mandarem esse material para nós e ter a coleta seletiva nos bairros", diz. A falta da coleta seletiva que Eva comenta é visível até no comportamento dos moradores do mesmo bairro onde a cooperativa está. "Tem um senhor que joga todo o material no lixo comum e nós vamos lá e pegamos", exemplifica.
Sindicato recusa proposta de jornada menor
Dirigente afirma que a empresa não comprovou dificuldade
27 jan. 2009
Após cerca de 20 dias de negociações, o Sindicato dos Metalúrgicos de Limeira e região recusou a proposta de redução de jornada feita pela empresa ArvinMeritor. Na manhã de ontem, os sindicalistas estiveram na empresa conversando com os funcionários reforçando a posição contrária da entidade e ressaltando que os lucros e a produção da empresa garantem a continuidade da atuação dos trabalhadores sem a redução da carga horária e do salário.
Em nota publicada na primeira página do Jornal, a empresa ressalta que as negociações se iniciaram no dia 5 deste mês e que propuseram para o sindicato a redução da jornada com pouca variação no salário e ressarcimento do valor descontado durante o período que as medidas fossem colocadas em prática. O motivo da redução seria a redução dos pedidos para as fábricas de rodas de aço e sistemas de portas.
"A ArvinMeritor fez inúmeras concessões - como, por exemplo, oferecer garantia de emprego a todos os seus trabalhadores pelo prazo de vigência do acordo, além de reduzir a jornada de trabalho em até 40% mediante a redução dos salários em 20%", diz trecho da nota. Em outro trecho, a empresa cita que "se comprometera a devolver 50% do valor descontado, o que estaria fazendo durante os meses de outubro de 2009 até março de 2010".
Segundo o dirigente sindical José Carlos Pinto de Oliveira, a empresa pode solicitar a redução de jornada pautada na Lei 4.923, de 1965, se comprovar dificuldade financeira. "A empresa em momento algum mostrou documentos que comprovassem essa dificuldade, só se limitaram a afirmar verbalmente a informação", comenta.
"A direção desta entidade de classe compreende que o apelo das empresas para a necessidade de redução de jornada de trabalho e salário não está em conformidade com os parâmetros previstos na lei e pode resultar em múltiplas ações junto à Justiça do Trabalho, caso tal prática seja efetuada", concluiu o sindicato, por meio de nota.
O sindicalista ainda comenta que obteve informações de que a produção que a fábrica tem é suficiente para manter as máquinas trabalhando a semana inteira e reforça que o sindicato é contra a redução de jornada e de salário.
PREOCUPAÇÃO
Trabalhadores estavam divididos com a proposta da empresa. Na última semana, um abaixo assinado chegou até o sindicato com cerca de 450 assinaturas favoráveis à aprovação da medida apresentada pela empresa. Segundo um dos trabalhadores da linha de produção, o clima é de preocupação. O sindicato ainda recebeu reclamações de parentes indignados com a recusa. Um deles afirmou que os sindicalistas não estariam preocupados com os trabalhadores por que os dirigentes têm a estabilidade de emprego.
De acordo com Pinto, o abaixo-assinado não tinha nem a metade de inscrições favoráveis. "A fábrica tem 1.100 funcionários e foram só 450 assinaturas. É menos da metade do efetivo", comenta.
LEGISLAÇÃO
De acordo com a lei citada pelo sindicato (4.923/65), a empresa pode adotar a redução de jornada por até três meses, prorrogável por igual período, e realizar uma redução do salário que seja inferior a 25%. As normas para o acordo estão no segundo artigo da lei que inicia a redação dizendo que a empresa pode adotar a medida "em face de conjuntura econômica devidamente comprovada".
A lei ainda garante uma segunda saída para a empresa. "Não havendo acordo, poderá a empresa submeter o caso à Justiça do Trabalho, por intermédio da Junta de Conciliação e Julgamento, ou, em sua falta, do juiz de Direito, com jurisdição na localidade", informa em seu parágrafo segundo.
A empresa ArvinMeritor não quis conceder entrevista ontem sobre o assunto. Limitou-se à nota enviada para a imprensa. Nela, ainda informa que buscará "forçosamente outras alternativas para se ajustar ao cenário atual", como diz a nota. Não comentaram sobre possíveis demissões.
27 jan. 2009
Após cerca de 20 dias de negociações, o Sindicato dos Metalúrgicos de Limeira e região recusou a proposta de redução de jornada feita pela empresa ArvinMeritor. Na manhã de ontem, os sindicalistas estiveram na empresa conversando com os funcionários reforçando a posição contrária da entidade e ressaltando que os lucros e a produção da empresa garantem a continuidade da atuação dos trabalhadores sem a redução da carga horária e do salário.
Em nota publicada na primeira página do Jornal, a empresa ressalta que as negociações se iniciaram no dia 5 deste mês e que propuseram para o sindicato a redução da jornada com pouca variação no salário e ressarcimento do valor descontado durante o período que as medidas fossem colocadas em prática. O motivo da redução seria a redução dos pedidos para as fábricas de rodas de aço e sistemas de portas.
"A ArvinMeritor fez inúmeras concessões - como, por exemplo, oferecer garantia de emprego a todos os seus trabalhadores pelo prazo de vigência do acordo, além de reduzir a jornada de trabalho em até 40% mediante a redução dos salários em 20%", diz trecho da nota. Em outro trecho, a empresa cita que "se comprometera a devolver 50% do valor descontado, o que estaria fazendo durante os meses de outubro de 2009 até março de 2010".
Segundo o dirigente sindical José Carlos Pinto de Oliveira, a empresa pode solicitar a redução de jornada pautada na Lei 4.923, de 1965, se comprovar dificuldade financeira. "A empresa em momento algum mostrou documentos que comprovassem essa dificuldade, só se limitaram a afirmar verbalmente a informação", comenta.
"A direção desta entidade de classe compreende que o apelo das empresas para a necessidade de redução de jornada de trabalho e salário não está em conformidade com os parâmetros previstos na lei e pode resultar em múltiplas ações junto à Justiça do Trabalho, caso tal prática seja efetuada", concluiu o sindicato, por meio de nota.
O sindicalista ainda comenta que obteve informações de que a produção que a fábrica tem é suficiente para manter as máquinas trabalhando a semana inteira e reforça que o sindicato é contra a redução de jornada e de salário.
PREOCUPAÇÃO
Trabalhadores estavam divididos com a proposta da empresa. Na última semana, um abaixo assinado chegou até o sindicato com cerca de 450 assinaturas favoráveis à aprovação da medida apresentada pela empresa. Segundo um dos trabalhadores da linha de produção, o clima é de preocupação. O sindicato ainda recebeu reclamações de parentes indignados com a recusa. Um deles afirmou que os sindicalistas não estariam preocupados com os trabalhadores por que os dirigentes têm a estabilidade de emprego.
De acordo com Pinto, o abaixo-assinado não tinha nem a metade de inscrições favoráveis. "A fábrica tem 1.100 funcionários e foram só 450 assinaturas. É menos da metade do efetivo", comenta.
LEGISLAÇÃO
De acordo com a lei citada pelo sindicato (4.923/65), a empresa pode adotar a redução de jornada por até três meses, prorrogável por igual período, e realizar uma redução do salário que seja inferior a 25%. As normas para o acordo estão no segundo artigo da lei que inicia a redação dizendo que a empresa pode adotar a medida "em face de conjuntura econômica devidamente comprovada".
A lei ainda garante uma segunda saída para a empresa. "Não havendo acordo, poderá a empresa submeter o caso à Justiça do Trabalho, por intermédio da Junta de Conciliação e Julgamento, ou, em sua falta, do juiz de Direito, com jurisdição na localidade", informa em seu parágrafo segundo.
A empresa ArvinMeritor não quis conceder entrevista ontem sobre o assunto. Limitou-se à nota enviada para a imprensa. Nela, ainda informa que buscará "forçosamente outras alternativas para se ajustar ao cenário atual", como diz a nota. Não comentaram sobre possíveis demissões.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Reaprendendo a ler ficção
Como é bom as vezes fazer parte da vida de outra pessoa. Na minha opinião, uma das coisas que nos possibilitam isso é a leitura. Estranho? É, eu também achei, mas não é difícil de entender.
Acabei de ler um livro de um jornalista norte-americano chamado Noah Gordon. O livro, de nome La Bodega, é o segundo que leio do mesmo autor. O primeiro foi O Físico. Apesar de ser jornalista, o que levaria algumas pessoas - principalmente as da área - a encararem a publicação como uma grande reportagem, a obra é uma ficção. Gordon é mestre em literatura e escrita criativa e só este título já pode explicar o envolvimento que seus livros causam.
La Bodega é a história de um espanhol catalão chamado Josep Alvarez. Baseado em alguns fatos reais do século XIX como a luta carlista na Espanha e a filoxera (praga que ataca vinhedos) da época, a história conta a vida de Josep e sua saga entre fugir dos conflitos políticos e militares no qual se envolveu e a responsabilidade de assumir o vinhedo de seu pai falecido.
Até o final do ano passado me limitei a leituras técnicas. Para fazer a monografia sobre a revista piauí, li vários livros sobre reportagem, jornalismo literário e jornalismo de revista. Estava, de fato, desacostumado a ler ficção. Havia esquecido o prazer que é ler algo que nos faz fugir por algumas páginas da nossa realidade e passar a torcer por uma personagem que nem sequer existiu.
É isso que quero dizer com o fazer parte da vida da personagem. Durante as páginas de La Bodega passei a querer sempre saber mais e mais sobre o que iria acontecer com Josep. Essa literatura envolvente me prendeu por algumas madrugadas essa semana. Madrugadas que o prazer da leitura ganharam do sono.
Antes do livro do escritor norte-americano li também A Viagem do Elefante, de José Saramago. Por ser um escritor português, a leitura da sua obra me causou mais curiosidade que o prazer em si. Em plena fase de adaptação com as novas regras ortográficas, o livro de Saramago trazia maneiras curiosas de introduzir as falas das personagens, além da falta de assentos e da trema em algumas palavras.
Gosto muito de observar a maneira como os autores apresentam as personagens e constroem sua trama. As vezes dou mais atenção a esses detalhes e acabo me perdendo na história. Mas quando o autor nos prende mesmo e não dá vontade de parar de ler, as últimas páginas do livro misturam sentimentos de angustia e curiosidade. Saber o que aconteceu com a personagem, se viveram felizes para sempre e ao mesmo tempo desejar que o livro tivesse mais e mais páginas para acompanharmos os próximos passos e o desenrolar da história.
Enfim... são duas leituras que recomendo. Noah Gordon é um dos meus escritores favoritos. e Saramago é Saramago! (risos)
Acabei de ler um livro de um jornalista norte-americano chamado Noah Gordon. O livro, de nome La Bodega, é o segundo que leio do mesmo autor. O primeiro foi O Físico. Apesar de ser jornalista, o que levaria algumas pessoas - principalmente as da área - a encararem a publicação como uma grande reportagem, a obra é uma ficção. Gordon é mestre em literatura e escrita criativa e só este título já pode explicar o envolvimento que seus livros causam.
La Bodega é a história de um espanhol catalão chamado Josep Alvarez. Baseado em alguns fatos reais do século XIX como a luta carlista na Espanha e a filoxera (praga que ataca vinhedos) da época, a história conta a vida de Josep e sua saga entre fugir dos conflitos políticos e militares no qual se envolveu e a responsabilidade de assumir o vinhedo de seu pai falecido.
Até o final do ano passado me limitei a leituras técnicas. Para fazer a monografia sobre a revista piauí, li vários livros sobre reportagem, jornalismo literário e jornalismo de revista. Estava, de fato, desacostumado a ler ficção. Havia esquecido o prazer que é ler algo que nos faz fugir por algumas páginas da nossa realidade e passar a torcer por uma personagem que nem sequer existiu.
É isso que quero dizer com o fazer parte da vida da personagem. Durante as páginas de La Bodega passei a querer sempre saber mais e mais sobre o que iria acontecer com Josep. Essa literatura envolvente me prendeu por algumas madrugadas essa semana. Madrugadas que o prazer da leitura ganharam do sono.
Antes do livro do escritor norte-americano li também A Viagem do Elefante, de José Saramago. Por ser um escritor português, a leitura da sua obra me causou mais curiosidade que o prazer em si. Em plena fase de adaptação com as novas regras ortográficas, o livro de Saramago trazia maneiras curiosas de introduzir as falas das personagens, além da falta de assentos e da trema em algumas palavras.
Gosto muito de observar a maneira como os autores apresentam as personagens e constroem sua trama. As vezes dou mais atenção a esses detalhes e acabo me perdendo na história. Mas quando o autor nos prende mesmo e não dá vontade de parar de ler, as últimas páginas do livro misturam sentimentos de angustia e curiosidade. Saber o que aconteceu com a personagem, se viveram felizes para sempre e ao mesmo tempo desejar que o livro tivesse mais e mais páginas para acompanharmos os próximos passos e o desenrolar da história.
Enfim... são duas leituras que recomendo. Noah Gordon é um dos meus escritores favoritos. e Saramago é Saramago! (risos)
sábado, 24 de janeiro de 2009
A crise e a Ecologia Econômica
Mais uma semana se fecha hoje e, como já não é mais novidade, o tema que mais se comentou foi a crise mundial e seus reflexos na economia brasileira. Enquanto os grandes jornais como O Estado de S. Paulo e Folha de S.Paulo trazem as notícias geramente da macroeconomia, sem se ater muito com a população em si e o que acontece no bolso do povo, cabe aos jornais menores e regionais decifrar essas mensagens e as entrelinhas dos atos do governo.
Há algum tempo venho observando o caderno de Economia do Estadão, mas sempre me ative só a rápidos olhares pelos títulos e o assunto dos colunistas e editorial próprio. Não saberia dizer se é uma novidade, mas com toda essa movimentação da crise econômica e o forte reflexo nas indústrias do ramo automobilístico e de autopeças, notícias que envolvem o dia-a-dia do trabalhador ganhou espaço considerável das páginas que, não é ousado dizer, mais influenciam no bolso e na vida da população.
DEMISSÕES
Esta semana foi de mais demissões e discussões entre federação, sindicatos e organizações pró-trabalhadores e patronais. A redução da jornada de trabalho está sendo um dos temas mais discutidos para se evitar crise e no meio dos atritos (leves) entre chão de fábrica e administração. Nessa história é possível perceber um governo que está tentando encontrar soluções para o caso, mas se ve amarrado. Há alguns dias o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, havia falado que iria ter retaliações para as empresas que demitissem sem estar com as contas no vermelho. Não viu caminhos para puní-las. O jeito seria inverter a situação e fornecer incentivos para que não aumentassem o número de desempregados na praça.
TAXA SELIC
Uma das medidas que foi vista até com bons olhos por empresários foi a redução de um ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic. O Conselho Político Monetário, o tão falado Copom, surpreendeu as expectativas ao aprovar o maior corte em cinco anos quando se esperava uma redução entre 0,5 e 0,75 ponto. A forma como a notícia chegou, pelo menos pelos meios impressos, foi indiferente. Ok, a taxa foi reduzida e eu com isso?
Economistas e especialistas avaliaram em suas colunas que só a redução não seria suficiente para afetar a vida da população. A bola foi jogada para os bancos e financiadoras que deveria abrir mão dos juros exorbitantes que cobram nos seus principais produtos: cartão de crédito, crédito pessoal e financiamento de casas e veículos. No editorial do caderno de Economia do Estadão de hoje, a atuação dos bancos foi considerada como uma "reação demagógica" quando os bancos justificaram a ação tímida frente à redução da Selic com dados da inadimplência e do spread bancário - diferença entre a taxa de captação e aplicação das suas verbas.
ECONOMÊS
Uma das críticas mais frequentes ao jornalismo econômico é o "economês", a liguagem com que as notícias da área são transmitidas para os leitores. Ao ler o caderno é evidente o seu público-alvo, sem medir esforços para disfarçar, sendo que nem é preciso isso. Enquanto as estatísticas mostram que o número de jornais está crescendo no país, o que revela que a demanda pela informação está aumentando na mesma proporção, a forma como a mensagem chega até os leitores continua complicada.
É nessa hora que relembro as aulas de jornalismo regional da professora Milena de Castro. Compete, sim, aos jornalismo regional informar melhor a população e ser um tradutor das medidas e ações do governo e qualquer outra instituição ou entidade. Mostrar a importância de tudo isso para quem vive longe da capital das decisões políticas é o papel desses jornalismo.
A SELIC E O LOCAL
E quando nos deparamos com uma notícia como essa da redução da taxa, o leitor deve ficar a ver navios e se pergunta o que ele tem com isso. Em entrevista ao Jornal de Limeira, a economista e coordenadora do curso superior da mesma área do isca Faculdades, Rosângela Cristina de Carvalho Pereira, explica a complexidade da economia e todo o processo para essa baixa do juros e os reflexos na população. Após ver no jornal a visão dos empresários da cidade, propusemos uma pauta para ver como isso afeta quem realmente move a economia do páis. A matéria, entitulada A queda do juro e seu bolso, trouxe informações interessantes com as explicações da professora.
Nós que somos leigos sobre economia e suas relações nem imaginamos como é complexo esse sistema. Na entrevista que a professora conceu por telefone, que mais parecia uma aula, é possível se perder facilmente no caminho todo cruzado que é as causas e consequências da redução do juros. O que mais se ressalta é o cuidado que o governo tem na hora de aprovar um corte como o que foi feito esta semana. Pelas palavras de Rosângela fica evidente que tudo é uma reação em cadeia. Ela disse que o governo não poderia aprovar um corte maior que um ponto percentual por que afetaria diretamente a inflação no país.
A redução de um ponto ajuda a reduzir as taxas dos bancos e financiadoras, como já mencionado. Não é difícil de entender depois que acendem a luz. Com amis crédito para a população e com melhores condições para financiar carros e casas o consumo da população aumenta. Com o consumo aumentando, a demanda por produtos também aumentaria. As indústrias, no entanto, poderiam não dar conta dos pedidos. Resultado, inflação. Ou seja, preços altos.
QUEDA NO VAREJO
Depois de lembrar das aulas de jornalismo regional na faculdade, volto mais alguns anos e relembro das de biologia com a professora Rosanita (fico devendo o sobrenome) no primeiro colegial. Tema da aula, ecologia e a cadeia alimentar. Transferindo essa aula de início de ensino médio para a situação em discussão, tudo está diretamente envolvido quando se trata da crise.
Enquanto as perspectivas seriam de inflação se o corte do juros fosse grande demais e de um aquecimento na economia com a mesma medida do Copom, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou há duas semanas que o consumo no varejo caiu 0,7% comparando dados de novembro e outubro.
CADEIA ALIMENTAR
Lembra daquele desenho nos livros de ciência que o sapo come o gafalnhoto, a cobra o sapo e a águia a cobra? Pois bem, essa semana a empresa Papirus, em Limeira, demitiu 47 funcionários. O que uma coisa tem a ver com a outra? A empresa limeirense produz papel cartão utilizado nas embalagens de produtos do setor alimentício, vestuário e calçados. Com as dificuldades nas exportações, competição com importações e consumo baixo, a produção dessas três áreas da qual depende a empresa caiu. Consumo em queda, pedidos na produção também em queda. Quem revelou toda essa relação foi o diretor de Recursos Humanos, Antonio Pupim. Apesar de estar ligado aos patrões, e também usar o discurso do "não queríamos demitir", o diretor foi claro ao expor que a produção na empresa caiu por conta dos fatores apresentados desde setembro do ano passado. A queda, se não me engano, foi na casa dos 20% na produção.
SIGA O ESQUEMA
A crise é a águia, o consumo a cobra, as empresas o sapo e os trabalhadores os grilos. Mas a cadeia não para ai. O grilo come grama. O Jornal de Limeira deste domingo, 25 jan., ainda trás a notícia que até os catadores de materias recicláveis sofreram com a crise. Fomos entrevistar uma cooperativa de reciclagem na periferia de Limeira. No local sete trabalhadores, deles seis são mulheres, fazem a triagem do material que chega em caminhões de coleta da prefeitura. Se não bastasse a queda no consumo da população, a falta de incentivos para uma coleta seletiva, as escolas ainda estão deférias o que reduz drasticamente a renda deles.
Uma das catadoras, que administra as notas da cooperativa, disse que já conseguiram faturar cerca de um salário mínimo, cada um, com a venda dos materiais. No local, tudo que é separado é vendido e o montante dividido por todos que atuaram no processo. Em dezembro as vendas renderam R$ 170. Dividir isso por sete e passar as festas de fim de ano não deve ter sido muito fácil. Inclusive a mesma catadora ainda diz que nem festas tiveram. "O lixo não pode parar", comentou ela. (Fico devendo o nome dela, a matéria ainda não entrou no ar quando redigia esse texto, coloco depois)
O problema de tudo isso está mais uma vez nas empresas. O ramo de autopeças e automóveis compra ferro e alumínio. Com as inúmeras demissões e contenções de gastos que as grandes e médias empresas estão tendo que adorar, o valor de revenda do material reciclado caiu, e muito. Antes se pagava R$ 3,50 por um quilo de alumínio, hoje o preço caiu para R$ 1,50.
TUDO É CRISE
Outro ponto que levantamos essa semana no Jornal também foi a questão da pirataria e a influência nas videolocadoras. Até ai nada parece ter relação com tudo o que já foi exposto até aqui. O curioso é que todos estão usando a crise como desculpa ou justificativa. Em entrevistas para a matéria sobre a venda de cópias ilegais de filmes e o fechamento das videolocadoras, um dos proprietários de loja do ramo disse que o número de locações caiu nos últimos meses por conta de quem? Claro, da crise. Com os cortes dos gastos pessoais, as pessoas cortaram a locação de filmes por considerarem um luxo, uma coisa supérflua.
SOLIDARIEDADE
Um último ponto que observei essa semana. Último por que já escrevi demais! No final da semana retrasada, a TRW Automotive, também em Limeira, demitiu 80 funcionários da linha de produção. A ArvinMeritor e o Sindicato dos Metalúrgicos continuam negociando a redução de jornada de trabalho para evitar dispensa de funcionários e, como já foi dito, a empresa Papirus desligou 47 trabalhadores (estudam pagar plano médico por um ano para os demitidos).
Os sindicatos das classes conversam com as empresas para tentar acordos ou pelo menos garantir benefícios. A única que não é visível uma solução é a TRW que demitiu e pronto. Apesar de (mais uma vez) ir contra a vontade dos administradores da empresa dispensar o pessoal qualificado, não há muito o que negociar para reverter a situação. Pelo menos parece que não há.
Em entrevistas com sindicalistas dos Metalúrgicos e do Papel e Papelão de Limeira, um deles comentou comigo que greves e manifestações nesse ponto estão descartadas. Não seria nem falta de solidariedade e companheirismo, mas sim medo da situação. Um funcionário de uma das empresas comentou comigo há algumas semanas que se abrir a boca contra é demissão na certa. Vai querer discutir? "O pessoal do Sindicato têm o trabalho garantido por isso eles não ligam para os demais trabalhadores", reclamou uma parente de um dos trabalhadores.
CONSTRUÇÃO
Me esqueci de uma das matérias mais importântes e que tem forte inflência em toda essa cadeia da crise. O governo também anunciou um pacote para a área de habitação e incentivos para a construção civil. Entre as medidas estariam a redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) e facilidades de crédito pela Caixa Econômica Federal e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para construções e reformas.
A ecomista Rosângela, em outra aula por telefone, comentou que a construção é considerada o temômetro da economia. O presidente do Sindicato da Construção fez coro com a profissional e disse que "quando a construção vai bem, várias outras áreas vão bem entre elas cerâmica, área de madeiras, químico e outras." Incentivo à construção é aquecer o consumo. Além disso, o setor é um dos que mais emprega. De acordo com dados da Câmara Brasileira das Indústrias de Construção (CBIC), o setor ficou em primeiro lugar entre 26 subsetores da economia na geração de emprego ano passado.
O que é interessante é que num momento onde vários trabalhadores estão sendo demitidos das linhas de produção das empresas, o governo anuncia os incentivos para aumentar ainda mais os conteiros de obras por todo o país. Demite aqui, emprega ali e garante-se o aquecimento da economia...
Há algum tempo venho observando o caderno de Economia do Estadão, mas sempre me ative só a rápidos olhares pelos títulos e o assunto dos colunistas e editorial próprio. Não saberia dizer se é uma novidade, mas com toda essa movimentação da crise econômica e o forte reflexo nas indústrias do ramo automobilístico e de autopeças, notícias que envolvem o dia-a-dia do trabalhador ganhou espaço considerável das páginas que, não é ousado dizer, mais influenciam no bolso e na vida da população.
DEMISSÕES
Esta semana foi de mais demissões e discussões entre federação, sindicatos e organizações pró-trabalhadores e patronais. A redução da jornada de trabalho está sendo um dos temas mais discutidos para se evitar crise e no meio dos atritos (leves) entre chão de fábrica e administração. Nessa história é possível perceber um governo que está tentando encontrar soluções para o caso, mas se ve amarrado. Há alguns dias o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, havia falado que iria ter retaliações para as empresas que demitissem sem estar com as contas no vermelho. Não viu caminhos para puní-las. O jeito seria inverter a situação e fornecer incentivos para que não aumentassem o número de desempregados na praça.
TAXA SELIC
Uma das medidas que foi vista até com bons olhos por empresários foi a redução de um ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic. O Conselho Político Monetário, o tão falado Copom, surpreendeu as expectativas ao aprovar o maior corte em cinco anos quando se esperava uma redução entre 0,5 e 0,75 ponto. A forma como a notícia chegou, pelo menos pelos meios impressos, foi indiferente. Ok, a taxa foi reduzida e eu com isso?
Economistas e especialistas avaliaram em suas colunas que só a redução não seria suficiente para afetar a vida da população. A bola foi jogada para os bancos e financiadoras que deveria abrir mão dos juros exorbitantes que cobram nos seus principais produtos: cartão de crédito, crédito pessoal e financiamento de casas e veículos. No editorial do caderno de Economia do Estadão de hoje, a atuação dos bancos foi considerada como uma "reação demagógica" quando os bancos justificaram a ação tímida frente à redução da Selic com dados da inadimplência e do spread bancário - diferença entre a taxa de captação e aplicação das suas verbas.
ECONOMÊS
Uma das críticas mais frequentes ao jornalismo econômico é o "economês", a liguagem com que as notícias da área são transmitidas para os leitores. Ao ler o caderno é evidente o seu público-alvo, sem medir esforços para disfarçar, sendo que nem é preciso isso. Enquanto as estatísticas mostram que o número de jornais está crescendo no país, o que revela que a demanda pela informação está aumentando na mesma proporção, a forma como a mensagem chega até os leitores continua complicada.
É nessa hora que relembro as aulas de jornalismo regional da professora Milena de Castro. Compete, sim, aos jornalismo regional informar melhor a população e ser um tradutor das medidas e ações do governo e qualquer outra instituição ou entidade. Mostrar a importância de tudo isso para quem vive longe da capital das decisões políticas é o papel desses jornalismo.
A SELIC E O LOCAL
E quando nos deparamos com uma notícia como essa da redução da taxa, o leitor deve ficar a ver navios e se pergunta o que ele tem com isso. Em entrevista ao Jornal de Limeira, a economista e coordenadora do curso superior da mesma área do isca Faculdades, Rosângela Cristina de Carvalho Pereira, explica a complexidade da economia e todo o processo para essa baixa do juros e os reflexos na população. Após ver no jornal a visão dos empresários da cidade, propusemos uma pauta para ver como isso afeta quem realmente move a economia do páis. A matéria, entitulada A queda do juro e seu bolso, trouxe informações interessantes com as explicações da professora.
Nós que somos leigos sobre economia e suas relações nem imaginamos como é complexo esse sistema. Na entrevista que a professora conceu por telefone, que mais parecia uma aula, é possível se perder facilmente no caminho todo cruzado que é as causas e consequências da redução do juros. O que mais se ressalta é o cuidado que o governo tem na hora de aprovar um corte como o que foi feito esta semana. Pelas palavras de Rosângela fica evidente que tudo é uma reação em cadeia. Ela disse que o governo não poderia aprovar um corte maior que um ponto percentual por que afetaria diretamente a inflação no país.
A redução de um ponto ajuda a reduzir as taxas dos bancos e financiadoras, como já mencionado. Não é difícil de entender depois que acendem a luz. Com amis crédito para a população e com melhores condições para financiar carros e casas o consumo da população aumenta. Com o consumo aumentando, a demanda por produtos também aumentaria. As indústrias, no entanto, poderiam não dar conta dos pedidos. Resultado, inflação. Ou seja, preços altos.
QUEDA NO VAREJO
Depois de lembrar das aulas de jornalismo regional na faculdade, volto mais alguns anos e relembro das de biologia com a professora Rosanita (fico devendo o sobrenome) no primeiro colegial. Tema da aula, ecologia e a cadeia alimentar. Transferindo essa aula de início de ensino médio para a situação em discussão, tudo está diretamente envolvido quando se trata da crise.
Enquanto as perspectivas seriam de inflação se o corte do juros fosse grande demais e de um aquecimento na economia com a mesma medida do Copom, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou há duas semanas que o consumo no varejo caiu 0,7% comparando dados de novembro e outubro.
CADEIA ALIMENTAR
Lembra daquele desenho nos livros de ciência que o sapo come o gafalnhoto, a cobra o sapo e a águia a cobra? Pois bem, essa semana a empresa Papirus, em Limeira, demitiu 47 funcionários. O que uma coisa tem a ver com a outra? A empresa limeirense produz papel cartão utilizado nas embalagens de produtos do setor alimentício, vestuário e calçados. Com as dificuldades nas exportações, competição com importações e consumo baixo, a produção dessas três áreas da qual depende a empresa caiu. Consumo em queda, pedidos na produção também em queda. Quem revelou toda essa relação foi o diretor de Recursos Humanos, Antonio Pupim. Apesar de estar ligado aos patrões, e também usar o discurso do "não queríamos demitir", o diretor foi claro ao expor que a produção na empresa caiu por conta dos fatores apresentados desde setembro do ano passado. A queda, se não me engano, foi na casa dos 20% na produção.
SIGA O ESQUEMA
A crise é a águia, o consumo a cobra, as empresas o sapo e os trabalhadores os grilos. Mas a cadeia não para ai. O grilo come grama. O Jornal de Limeira deste domingo, 25 jan., ainda trás a notícia que até os catadores de materias recicláveis sofreram com a crise. Fomos entrevistar uma cooperativa de reciclagem na periferia de Limeira. No local sete trabalhadores, deles seis são mulheres, fazem a triagem do material que chega em caminhões de coleta da prefeitura. Se não bastasse a queda no consumo da população, a falta de incentivos para uma coleta seletiva, as escolas ainda estão deférias o que reduz drasticamente a renda deles.
Uma das catadoras, que administra as notas da cooperativa, disse que já conseguiram faturar cerca de um salário mínimo, cada um, com a venda dos materiais. No local, tudo que é separado é vendido e o montante dividido por todos que atuaram no processo. Em dezembro as vendas renderam R$ 170. Dividir isso por sete e passar as festas de fim de ano não deve ter sido muito fácil. Inclusive a mesma catadora ainda diz que nem festas tiveram. "O lixo não pode parar", comentou ela. (Fico devendo o nome dela, a matéria ainda não entrou no ar quando redigia esse texto, coloco depois)
O problema de tudo isso está mais uma vez nas empresas. O ramo de autopeças e automóveis compra ferro e alumínio. Com as inúmeras demissões e contenções de gastos que as grandes e médias empresas estão tendo que adorar, o valor de revenda do material reciclado caiu, e muito. Antes se pagava R$ 3,50 por um quilo de alumínio, hoje o preço caiu para R$ 1,50.
TUDO É CRISE
Outro ponto que levantamos essa semana no Jornal também foi a questão da pirataria e a influência nas videolocadoras. Até ai nada parece ter relação com tudo o que já foi exposto até aqui. O curioso é que todos estão usando a crise como desculpa ou justificativa. Em entrevistas para a matéria sobre a venda de cópias ilegais de filmes e o fechamento das videolocadoras, um dos proprietários de loja do ramo disse que o número de locações caiu nos últimos meses por conta de quem? Claro, da crise. Com os cortes dos gastos pessoais, as pessoas cortaram a locação de filmes por considerarem um luxo, uma coisa supérflua.
SOLIDARIEDADE
Um último ponto que observei essa semana. Último por que já escrevi demais! No final da semana retrasada, a TRW Automotive, também em Limeira, demitiu 80 funcionários da linha de produção. A ArvinMeritor e o Sindicato dos Metalúrgicos continuam negociando a redução de jornada de trabalho para evitar dispensa de funcionários e, como já foi dito, a empresa Papirus desligou 47 trabalhadores (estudam pagar plano médico por um ano para os demitidos).
Os sindicatos das classes conversam com as empresas para tentar acordos ou pelo menos garantir benefícios. A única que não é visível uma solução é a TRW que demitiu e pronto. Apesar de (mais uma vez) ir contra a vontade dos administradores da empresa dispensar o pessoal qualificado, não há muito o que negociar para reverter a situação. Pelo menos parece que não há.
Em entrevistas com sindicalistas dos Metalúrgicos e do Papel e Papelão de Limeira, um deles comentou comigo que greves e manifestações nesse ponto estão descartadas. Não seria nem falta de solidariedade e companheirismo, mas sim medo da situação. Um funcionário de uma das empresas comentou comigo há algumas semanas que se abrir a boca contra é demissão na certa. Vai querer discutir? "O pessoal do Sindicato têm o trabalho garantido por isso eles não ligam para os demais trabalhadores", reclamou uma parente de um dos trabalhadores.
CONSTRUÇÃO
Me esqueci de uma das matérias mais importântes e que tem forte inflência em toda essa cadeia da crise. O governo também anunciou um pacote para a área de habitação e incentivos para a construção civil. Entre as medidas estariam a redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) e facilidades de crédito pela Caixa Econômica Federal e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para construções e reformas.
A ecomista Rosângela, em outra aula por telefone, comentou que a construção é considerada o temômetro da economia. O presidente do Sindicato da Construção fez coro com a profissional e disse que "quando a construção vai bem, várias outras áreas vão bem entre elas cerâmica, área de madeiras, químico e outras." Incentivo à construção é aquecer o consumo. Além disso, o setor é um dos que mais emprega. De acordo com dados da Câmara Brasileira das Indústrias de Construção (CBIC), o setor ficou em primeiro lugar entre 26 subsetores da economia na geração de emprego ano passado.
O que é interessante é que num momento onde vários trabalhadores estão sendo demitidos das linhas de produção das empresas, o governo anuncia os incentivos para aumentar ainda mais os conteiros de obras por todo o país. Demite aqui, emprega ali e garante-se o aquecimento da economia...
A queda do juro e seu bolso
Benefício virá por meio de crédito e financiamentos mais baratos
24 jan. 2009
A queda de um ponto percentual na taxa de juros básicos determinada anteontem pelo Banco Central (BC) - o maior corte em cinco anos (caiu de 13,75% para 12,75%) - resultará em aspectos positivos à economia e à sociedade. O efeito prático da medida para o cidadão, porém, depende de outros fatores agregados à macroeconomia - como a redução dos juros do cartão de crédito e de empréstimo pessoal (alguns deles já anunciados ontem).
O cidadão compreende a necessidade de ligar a queda da Selic ao seu orçamento. Mecânico aposentado, José Afonso Purita, de 68 anos, reclama. "Para nós, porém, vão vai adiantar nada se abaixar os juros (Selic). Deveriam reduzir os juros bancários e os impostos sobre a produção de veículos", ensina. Já a dona de casa Áurea Barros Rodrigues, 59, não faz a menor ideia do que se trata a tal Selic.
Quem explica a função da taxa básica é a economista Rosângela Cristina de Carvalho Pereira. Professora e coordenadora do curso de Economia do Isca Faculdades, Rosângela explica que a taxa serve como parâmetro para os juros cobrados pelos bancos e financiadoras. Toda essa dinâmica é complexa e envolve inflação, consumo, investimentos exteriores e outros pontos que influenciam o Copom na hora de tomar a decisão sobre a diminuição dos juros.
"Para a população, isso chega só mais para frente, com a redução do custo do crédito, e depende agora dos bancos", explica. "A taxa aumenta e diminui de acordo com a economia nacional e mundial, e os juros oscilam em relação ao risco de investimento externo no País", comenta.
Isso significa que toda a economia é considerada ao aprovar a redução nos juros. Entre os itens está o consumo. Se a redução fosse grande demais, de acordo com a economista, a facilidade do crédito e financiamentos de casas e veículos iria aumentar, o que geraria mais consumo.
Até este ponto, a situação parece normal. O problema passaria, portanto, da população para as indústrias e empresas, que não dariam conta da demanda do mercado. O número de produtos procurados pela população seria grande demais para a capacidade de produção e isso resultaria na inflação, conforme analisa a professora do Isca Faculdades.
24 jan. 2009
A queda de um ponto percentual na taxa de juros básicos determinada anteontem pelo Banco Central (BC) - o maior corte em cinco anos (caiu de 13,75% para 12,75%) - resultará em aspectos positivos à economia e à sociedade. O efeito prático da medida para o cidadão, porém, depende de outros fatores agregados à macroeconomia - como a redução dos juros do cartão de crédito e de empréstimo pessoal (alguns deles já anunciados ontem).
O cidadão compreende a necessidade de ligar a queda da Selic ao seu orçamento. Mecânico aposentado, José Afonso Purita, de 68 anos, reclama. "Para nós, porém, vão vai adiantar nada se abaixar os juros (Selic). Deveriam reduzir os juros bancários e os impostos sobre a produção de veículos", ensina. Já a dona de casa Áurea Barros Rodrigues, 59, não faz a menor ideia do que se trata a tal Selic.
Quem explica a função da taxa básica é a economista Rosângela Cristina de Carvalho Pereira. Professora e coordenadora do curso de Economia do Isca Faculdades, Rosângela explica que a taxa serve como parâmetro para os juros cobrados pelos bancos e financiadoras. Toda essa dinâmica é complexa e envolve inflação, consumo, investimentos exteriores e outros pontos que influenciam o Copom na hora de tomar a decisão sobre a diminuição dos juros.
"Para a população, isso chega só mais para frente, com a redução do custo do crédito, e depende agora dos bancos", explica. "A taxa aumenta e diminui de acordo com a economia nacional e mundial, e os juros oscilam em relação ao risco de investimento externo no País", comenta.
Isso significa que toda a economia é considerada ao aprovar a redução nos juros. Entre os itens está o consumo. Se a redução fosse grande demais, de acordo com a economista, a facilidade do crédito e financiamentos de casas e veículos iria aumentar, o que geraria mais consumo.
Até este ponto, a situação parece normal. O problema passaria, portanto, da população para as indústrias e empresas, que não dariam conta da demanda do mercado. O número de produtos procurados pela população seria grande demais para a capacidade de produção e isso resultaria na inflação, conforme analisa a professora do Isca Faculdades.
Mancha agora é moda
Em tempos de desfiles em um dos eventos que entrou para o calendário da moda internacional, o São Paulo Fashion Week (SPFW), mancha de sujeira vira moda e é vestida como forma de solidariedade.
Ontem (23 jan) no Jornal Nacional passou uma matéria sobre as vítimas das enchentes que atingiram Santa Catarina no final do ano passado. Algumas confecções e tecelagens tiveram perdas grandes com a água suja que invadiu os estabelecimentos. Camisetas e tecidos ficaram todos sujos por conta da lama e da sujeira que deixou tudo embaixo d'água.
Como o brasileiro dá um jeitinho para tudo, e também mostra-se um povo solidário - isso é um fato que temos que concordar -, o que era material perdido virou moda. As camisetas foram lavadas e esterilizadas e agora recebem estampas e o dinheiro das vendas dessas camisetas será usado no conserto e na compra de máquinas novas para as confecções de Santa Catarina.
Agora experimenta usar uma camiseta que ficou manchada com algum tipo de material e dizer que é uma estampa moderna... no mínimo será olhado como uma pessoa que não lava as próprias roupas.
Ontem (23 jan) no Jornal Nacional passou uma matéria sobre as vítimas das enchentes que atingiram Santa Catarina no final do ano passado. Algumas confecções e tecelagens tiveram perdas grandes com a água suja que invadiu os estabelecimentos. Camisetas e tecidos ficaram todos sujos por conta da lama e da sujeira que deixou tudo embaixo d'água.
Como o brasileiro dá um jeitinho para tudo, e também mostra-se um povo solidário - isso é um fato que temos que concordar -, o que era material perdido virou moda. As camisetas foram lavadas e esterilizadas e agora recebem estampas e o dinheiro das vendas dessas camisetas será usado no conserto e na compra de máquinas novas para as confecções de Santa Catarina.
Agora experimenta usar uma camiseta que ficou manchada com algum tipo de material e dizer que é uma estampa moderna... no mínimo será olhado como uma pessoa que não lava as próprias roupas.
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
A morte não é de toda preta e mal vestida
Vermelho. Hmm vermelho. Tentação, sedução, armadilhas, sensualidade, olhares, carícias, provocações.
Boa noite, durma bem. Cuidamos do resto. Por que não um cognaque? Um vinho então? Vinho, uvas. Na boca direto do cacho. Rolando pelo corpo direto para o chão. Taças compridas, champagne. Sem limites, sem horário. Pode dormir, nada te acontece enquanto a morte espreita. Tão perto e tão longe.
Não pense errado, a morte não é feia como pintam. Pano preto e todo surrado? Ela não é assim. Não dói, não machuca. É tão leve, tão serena, chega a ser sua melhor amiga quando tudo parece que foge do planejado. Um tomara que caia vermelho no lugar de uma capa escura. Batom forte, olhos marcantes, gestos suaves, quadris sinuosos, movimentos graciosos.
Não pense em chamá-la. Ela sabe quando você precisa. Ela te sente, seu calor, seu temor. Sua animação, sua raiva. Ela pode agir para você e por você.
Casamentos errados, traição, perdeu o emprego, chefe a incompreende... Tudo pode ir contra, mas ela vai a seu favor. É como o gole de seu drinque preferido. Prefere as margueritas? O sal na borda da taça pode ficar no batom de seus lábios, mas ainda dão aquele gosto diferente quando o azul da bebida desce delicadamente por cima da língua e esquenta a garganta quando engolida. Há outros prazeres que pode preferir, mas nada se compara ao gole de coragem quando nada mais importa.
Um cigarro? Uma comemoração do fim dos tempos. Nada mais de preocupação, sem agenda nem alarmes. Esses são sua salvação. Um para dormir tranquilamente quando a agitação te impede de parar na cama. Dois para uma noite mais extensa. Por que não uns cinco, seis? Mais? Claro, fique a vontade, a festa é sua, a glória é dela. Então por que não para de contar. Tantos branquinhos na palma da mão. Quase uma pirâmide de químicos direto para a boca, para a garganta, para dentro.
Feche os olhos e só durma bem. Enquanto você dorme cuidamos do resto. Um beijo, até mais tarde, se houver tarde, manhã ou noite para você.
Boa noite, durma bem. Cuidamos do resto. Por que não um cognaque? Um vinho então? Vinho, uvas. Na boca direto do cacho. Rolando pelo corpo direto para o chão. Taças compridas, champagne. Sem limites, sem horário. Pode dormir, nada te acontece enquanto a morte espreita. Tão perto e tão longe.
Não pense errado, a morte não é feia como pintam. Pano preto e todo surrado? Ela não é assim. Não dói, não machuca. É tão leve, tão serena, chega a ser sua melhor amiga quando tudo parece que foge do planejado. Um tomara que caia vermelho no lugar de uma capa escura. Batom forte, olhos marcantes, gestos suaves, quadris sinuosos, movimentos graciosos.
Não pense em chamá-la. Ela sabe quando você precisa. Ela te sente, seu calor, seu temor. Sua animação, sua raiva. Ela pode agir para você e por você.
Casamentos errados, traição, perdeu o emprego, chefe a incompreende... Tudo pode ir contra, mas ela vai a seu favor. É como o gole de seu drinque preferido. Prefere as margueritas? O sal na borda da taça pode ficar no batom de seus lábios, mas ainda dão aquele gosto diferente quando o azul da bebida desce delicadamente por cima da língua e esquenta a garganta quando engolida. Há outros prazeres que pode preferir, mas nada se compara ao gole de coragem quando nada mais importa.
Um cigarro? Uma comemoração do fim dos tempos. Nada mais de preocupação, sem agenda nem alarmes. Esses são sua salvação. Um para dormir tranquilamente quando a agitação te impede de parar na cama. Dois para uma noite mais extensa. Por que não uns cinco, seis? Mais? Claro, fique a vontade, a festa é sua, a glória é dela. Então por que não para de contar. Tantos branquinhos na palma da mão. Quase uma pirâmide de químicos direto para a boca, para a garganta, para dentro.
Feche os olhos e só durma bem. Enquanto você dorme cuidamos do resto. Um beijo, até mais tarde, se houver tarde, manhã ou noite para você.
Movimentos suaves na escuridão
Amón era sozinho. Sozinho como um lírio que cresce no meio de um jardim só de verdes. No meio da noite. Enquanto tudo mantém suas cores de sempre, seu crescimento natural e sua rotina habitual, Amón se desespera por cores que são fora do comum, por uma desordem nas formas e fórmulas e um jeito diferente de aproveitar o próximo segundo.
Tudo parece tão fácil enquanto não sai de sua cabeça. A perna esticada formando a linha perfeita, até a ponta do dedão, é capaz de movimentos infinitos num palco em seu todo escuro, cortado somente por um único foco de luz. O joelho se flexiona em frente ao umbigo, aponta para a direção contrária e a perna se desenvolve por sobre a outra. Desenhando um círculo em sua frente, se movimenta no ar para o lado de seu corpo. Do ponto mais alto, desce.
A mão direira com os dedos levemente separados fazem movimentos circulares na frente de seu peito. Olhos fechados. Sem música, sem sons. Um desafio à gravidade e à dialética do silêncio. Palma virada pra cima. O braço leva o conjunto de dedos para o ponto mais alto que a mão de Amón consegue chegar numa diagonal apontada para o canto direito daquela escuridão onde supõe-se estar a platéia.
Nenhum ruído. Nenhum choro de bebe. Nenhum cochicho sobre o que veste o único ser sobre o palco. Podem se perguntar onde está a música, a melodia. Deverá aparecer a qualquer instante tambores africanos ou taikos chineses que quebrarão toda aquela calma e desespero encenada nos movimentos em cima do palco. Nada.
Os segundos parecem passar depressa. Quando menos esperarem já haverá outro corpo, outras presenças, com outras luzes e outros movimentos. Talvez cadenciados, juntos e sequenciados. Talvez separados, desregrados, desnaturados.
É arte. É arte? Deve ser arte... se os pensamentos fossem colocados em balões como nos quadrinhos, o negro se recobriria de vários pedaços brancos com as mais diferentes exclamações e dúvidas.
o outro braço continua a reta que o dedo médio começa no plano maior. Apontado, porém, para o contrário do primeiro. Os dedos, agora do pé, começam a sentir o peso do corpo de Amón ser projetado para frente. Ele não sobe sobre a ponta do dedão. Está descalso. Isso não é ballet, não parece ser jazz. Sua perna direita se ergue aos poucos compondo o equilíbrio perfeito. O azul do cetim brilha com a iluminação que recebe.
Voar, ele quer voar. Sozinho no palco e quer voar para longe. Para as núvens provavelmente. Um deus grego, ou seria egípcio? Se fosse o segundo teria elementos dourados pelo corpo. Romano provavelmente seria vermelho. Azul? O que pode ser esse azul?
Do equilíbrio perfeito, o caos instaurado. A perna de trás sobe até transformar os membros inferiores em uma única reta. A metade de um H. Sem luz, ainda sem som.
Ainda? Quem disse que haverá som? Dança é a interpretação visual da música. Mas que música se Amón está no meio do silêncio e do nada? Deve ser loucura uma abertura de espetáculo como essa. Não vale o quanto se paga para entrar. Voltariam só para ver esse equilíbrio. Prefiro filmes de comédia. Onde está? Com a escuridão não é possível ver nada. Que bela porcaria! Ah, até que enfim.
Um tambor leve bate não se sabe de onde. As caixas de som espalhadas pelo local enganam a percepção espacial da platéia. Seria um tambor mesmo ou é mais uma gravação? Um som fino. Não é uma flauta. Talvez a nota mais aguda de um violino.
Syra era sozinha. Sozinha como um rubi no meio de tantos cristais no colar mais caro trabalhado por ourives indianos. Enquanto todas as pedras mantém suas cores brilhantes e sensuais. Syra se fazia presente em um vermelho único e reluzente.
Mais um? Agora uma mulher, talvez uma companheira. Essa é bonita, tem um belo corpo. Isso aqui está ficando chato demais, vai acontecer alguma coisa ai em cima? Pelo menos agora tem um sonzinho, por mais irritante que pareça ser. Gosto do som de violino, acalma.
Os braços esticados para os lados deixava suas costas ainda mais abertas, cortadas somente pela longa trança de um cabelo negro. O direito sobe lentamente, movimento contrário faz o outro braço. Curvada, Syra ficou curvada para a esquerda. Sua perna direita se levanta até a metade de seu corpo e se dobra. Seu calcanhar se apoia sobre o joelho da perna que continua apoiada no chão.
Isso seria uma letra? Engraçado a trança dela não se meche, seria uma tatuagem? Que lindo esse vermelho que escolheram! Que horas são?
Syra sente o ar encher seu pulmão. O incenso de lavanda que produz uma leve fumaça na cochia e deixa o ambiente ainda mais introspectivo. Esse é seu momento. É único. O silêncio contribui para a grandeza do seu ato. Voltando o tronco na posição inicial, seus antebraços se dobram e vão até as costas de Syra. Cada um para um lado, cima e baixo. As mãos se encontram bem no meio das costas, os dedos se cruzam.
Uma voz masculina em uma língua totalmente estranha fala algumas palavras repetidas. Um gemido feminino parecido com um suspiro preenche a escuridão. Violinos. Mais de um, pelo menos três, em notas rápidas e agudas começam a introdução de uma música diferente.
Suspiro. Imaginação. Fantasia. Um mundo onde tudo é possível. O poder do ser onde nada mais importa, do estar onde o porquê não existe, do viver o quanto for necessário viver.
Tudo parece tão fácil enquanto não sai de sua cabeça. A perna esticada formando a linha perfeita, até a ponta do dedão, é capaz de movimentos infinitos num palco em seu todo escuro, cortado somente por um único foco de luz. O joelho se flexiona em frente ao umbigo, aponta para a direção contrária e a perna se desenvolve por sobre a outra. Desenhando um círculo em sua frente, se movimenta no ar para o lado de seu corpo. Do ponto mais alto, desce.
A mão direira com os dedos levemente separados fazem movimentos circulares na frente de seu peito. Olhos fechados. Sem música, sem sons. Um desafio à gravidade e à dialética do silêncio. Palma virada pra cima. O braço leva o conjunto de dedos para o ponto mais alto que a mão de Amón consegue chegar numa diagonal apontada para o canto direito daquela escuridão onde supõe-se estar a platéia.
Nenhum ruído. Nenhum choro de bebe. Nenhum cochicho sobre o que veste o único ser sobre o palco. Podem se perguntar onde está a música, a melodia. Deverá aparecer a qualquer instante tambores africanos ou taikos chineses que quebrarão toda aquela calma e desespero encenada nos movimentos em cima do palco. Nada.
Os segundos parecem passar depressa. Quando menos esperarem já haverá outro corpo, outras presenças, com outras luzes e outros movimentos. Talvez cadenciados, juntos e sequenciados. Talvez separados, desregrados, desnaturados.
É arte. É arte? Deve ser arte... se os pensamentos fossem colocados em balões como nos quadrinhos, o negro se recobriria de vários pedaços brancos com as mais diferentes exclamações e dúvidas.
o outro braço continua a reta que o dedo médio começa no plano maior. Apontado, porém, para o contrário do primeiro. Os dedos, agora do pé, começam a sentir o peso do corpo de Amón ser projetado para frente. Ele não sobe sobre a ponta do dedão. Está descalso. Isso não é ballet, não parece ser jazz. Sua perna direita se ergue aos poucos compondo o equilíbrio perfeito. O azul do cetim brilha com a iluminação que recebe.
Voar, ele quer voar. Sozinho no palco e quer voar para longe. Para as núvens provavelmente. Um deus grego, ou seria egípcio? Se fosse o segundo teria elementos dourados pelo corpo. Romano provavelmente seria vermelho. Azul? O que pode ser esse azul?
Do equilíbrio perfeito, o caos instaurado. A perna de trás sobe até transformar os membros inferiores em uma única reta. A metade de um H. Sem luz, ainda sem som.
Ainda? Quem disse que haverá som? Dança é a interpretação visual da música. Mas que música se Amón está no meio do silêncio e do nada? Deve ser loucura uma abertura de espetáculo como essa. Não vale o quanto se paga para entrar. Voltariam só para ver esse equilíbrio. Prefiro filmes de comédia. Onde está? Com a escuridão não é possível ver nada. Que bela porcaria! Ah, até que enfim.
Um tambor leve bate não se sabe de onde. As caixas de som espalhadas pelo local enganam a percepção espacial da platéia. Seria um tambor mesmo ou é mais uma gravação? Um som fino. Não é uma flauta. Talvez a nota mais aguda de um violino.
Syra era sozinha. Sozinha como um rubi no meio de tantos cristais no colar mais caro trabalhado por ourives indianos. Enquanto todas as pedras mantém suas cores brilhantes e sensuais. Syra se fazia presente em um vermelho único e reluzente.
Mais um? Agora uma mulher, talvez uma companheira. Essa é bonita, tem um belo corpo. Isso aqui está ficando chato demais, vai acontecer alguma coisa ai em cima? Pelo menos agora tem um sonzinho, por mais irritante que pareça ser. Gosto do som de violino, acalma.
Os braços esticados para os lados deixava suas costas ainda mais abertas, cortadas somente pela longa trança de um cabelo negro. O direito sobe lentamente, movimento contrário faz o outro braço. Curvada, Syra ficou curvada para a esquerda. Sua perna direita se levanta até a metade de seu corpo e se dobra. Seu calcanhar se apoia sobre o joelho da perna que continua apoiada no chão.
Isso seria uma letra? Engraçado a trança dela não se meche, seria uma tatuagem? Que lindo esse vermelho que escolheram! Que horas são?
Syra sente o ar encher seu pulmão. O incenso de lavanda que produz uma leve fumaça na cochia e deixa o ambiente ainda mais introspectivo. Esse é seu momento. É único. O silêncio contribui para a grandeza do seu ato. Voltando o tronco na posição inicial, seus antebraços se dobram e vão até as costas de Syra. Cada um para um lado, cima e baixo. As mãos se encontram bem no meio das costas, os dedos se cruzam.
Uma voz masculina em uma língua totalmente estranha fala algumas palavras repetidas. Um gemido feminino parecido com um suspiro preenche a escuridão. Violinos. Mais de um, pelo menos três, em notas rápidas e agudas começam a introdução de uma música diferente.
Suspiro. Imaginação. Fantasia. Um mundo onde tudo é possível. O poder do ser onde nada mais importa, do estar onde o porquê não existe, do viver o quanto for necessário viver.
Flagrantes
Tem dias que o trabalho de um repórter se torna mais divertido pelos flagrantes que conseguimos ver na rua. Quando se tem uma máquina fotográfica em mãos então, nem se fala.
Essas cenas se passaram no bairro Boa Vista. A matéria era sobre o trânsito intenso na via 25 de março e demais vias que compõem o bairro. Ele é próximo a uma das entradas da cidade e dá acesso direto ao Centro de Limeira, por onde passam vários veículos durante o dia. Em uma das matérias que fiz trouxe o dado do fluxo de veículos por hora, mas agora não me lembro de cabeça.
Pois bem, no meio de toda essa movimentação, um senhor que devia estar muito de bem com sua vida cometeu algumas imprudências no trânsito. Detalhe que na última foto o semáforo (ou sinal) ainda estava vermelho para ele, mas mesmo assim ele passou, todo tranquilo com sua terceira idade.
Essas cenas se passaram no bairro Boa Vista. A matéria era sobre o trânsito intenso na via 25 de março e demais vias que compõem o bairro. Ele é próximo a uma das entradas da cidade e dá acesso direto ao Centro de Limeira, por onde passam vários veículos durante o dia. Em uma das matérias que fiz trouxe o dado do fluxo de veículos por hora, mas agora não me lembro de cabeça.
Pois bem, no meio de toda essa movimentação, um senhor que devia estar muito de bem com sua vida cometeu algumas imprudências no trânsito. Detalhe que na última foto o semáforo (ou sinal) ainda estava vermelho para ele, mas mesmo assim ele passou, todo tranquilo com sua terceira idade.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Lula com azia de ler jornais
O assunto do momento é a matéria publicada na edição de janeiro da Piauí sobre a relação do presidente Lula com os jornais, feita por Mario Sérgio Conti.
Sabe o que eu acho? Isso é inveja desse povo que não tem assessores e contatos importantes como o Lula tem. Li a matéria da Piauí assim que chegou em casa e me ative muito mais à narração e ao fato de o presidente se informar diretamente da fonte que a parte em que diz que tem azias.
Lembro que um dos teóricos que estudam o jornalismo certa vez disse que os jornais têm como público alvo o governo, não os leitores. Fazem a crítica através da informação e principalmente nos editoriais simplesmente com o objetivo de serem lidos pelos governantes do país onde vivem. Agora vem a revista e diz que, se o objetivo desses formadores de opinião era criticar o governo Lula a ação é falha por que quem deveria não lê os jornais.
Como ficam aqueles que se entusiasmam frente ao computador com palavras ritmadas e escolhidas em uma lista feita durante leituras de clássicos da literatura, as palavras mais sofisticadas e complexas para dizer uma simples frase. Mordem a língua, estralam os dedos, suam e se levantam na hora que sua obra de arte está finalmente posta nas palavras do editorial. Pra quê, se o Lula não le? É dar com os burros n'água, e bonito ainda.
Essa repercussão toda que a matéria do Mário Sérgio Conti está na mídia, na minha opinião é exagerada demais. Ler um livro é uma coisa, absorver as palavras, o estilo, perceber como os personagens se relacionam entre si e como são colocados na narrativa do autor. Agora, se eu tivesse a meu dispor o telefone do presidente Evo Morales, Hugo Chavez, Felipe Correa e demais chefes de Estado, secretários, ministros e tudo o mais, pra quê leria os jornais? Um telefonema e se tem direto da fonte a informação dos lados da notícia. Problema no gás? Liga para o presidente boliviano, o presidente da petrobrás e talvez o melhor economista do Brasil que os três darão um panorama completo de como está a situação, quais os caminhos que pode tomar e como isso afeta o Brasil e ponto, mais completo que muita matéria que dá voz só a um dos lados da notícia.
E um detalhe adicional, quantos jornais devem falar sobre o presidente? Quantas revistas semanalmente dão uma nota, capa ou páginas e mais páginas de matérias e críticas ao governo? E quantos minutos as televisões destinam ao noticiário político-nacional? O presidente precisa ficar lendo jornal o dia inteiro ou trabalhar?
Reforço que não sou pró-Lula, mas contra repercussões, a meu ver, sem sentido e sem fundamentos. Esses dias um colunista do Estadão quis tanto criticar o presidente que se perdeu nas palavras e brincou de gangorra entre ser contra ou a favor do que a matéria trouxe.
Não quero ser pretencioso a ponto de dizer que ele está errado no seu texto, mas minha opinião é diferente da que expressou. Roberto DaMatta que escreve para o Caderno 2, e nesse espaço disse o seguinte:
"Vejam bem, há contradições triviais. O padre pecador, o ateu crédulo, o professor ignorante, o médico hipo-condríaco, o economista pobre, o pastor malandro, o jornalista venal, o desembargador corrupto, o policial cri-minoso e o político sem caráter. Mas todos leem! Todos se informam por meio de amigos e auxiliares, mas não abandonam o contato direto com a fonte: esse foco indispensável ao conhecimento do mundo. Esse mundo feito de representações codificadas, de palavras e algarismos articulados numa determinada intenção e estrutura. Estivesse eu dizendo o que digo por meio de rimas, o efeito seria diferente. É por causa disso que eu não posso me conformar com um presidente que não lê."
1. Será que todos leem mesmo? Eu duvido...
2. "Todos se informam por meio de amigos e auxiliares, mas não abandonam o contato direto com a fonte: esse foco indispensável ao conhecimento do mundo." O que é esse foco indispensável? O Jornal? Pode ser que no Brasil ainda esteja com a credibilidade alta, mas nos Estados Unidos a populaçõa já não confia mais tanto nos seus jornais. E de qual jornal estaria falando? Será que o jornal merece mesmo o título de "foco indispensável ao conhecimento do mundo" frente a tantos jogos de interesse e posições políticas mascaradas? Claro que com suas seções e divisões o jornal consegue falar de todas as partes do mundo e trazer as causas e consequências, histórias e desdobramentos. Mas uma coisa aprendemos em jornalismo: conversar com as fontes, com os lados da notícia e tudo o mais, apurar, averiguar, checar, comparar e finalmente relatar. O que o presidente diz que faz? Ele só não relata...
Sei lá... acho que é exagerado demais criticar tanto uma fala tão rápida do presidente como foi a que deu para o jornalista da piauí.
Sabe o que eu acho? Isso é inveja desse povo que não tem assessores e contatos importantes como o Lula tem. Li a matéria da Piauí assim que chegou em casa e me ative muito mais à narração e ao fato de o presidente se informar diretamente da fonte que a parte em que diz que tem azias.
Lembro que um dos teóricos que estudam o jornalismo certa vez disse que os jornais têm como público alvo o governo, não os leitores. Fazem a crítica através da informação e principalmente nos editoriais simplesmente com o objetivo de serem lidos pelos governantes do país onde vivem. Agora vem a revista e diz que, se o objetivo desses formadores de opinião era criticar o governo Lula a ação é falha por que quem deveria não lê os jornais.
Como ficam aqueles que se entusiasmam frente ao computador com palavras ritmadas e escolhidas em uma lista feita durante leituras de clássicos da literatura, as palavras mais sofisticadas e complexas para dizer uma simples frase. Mordem a língua, estralam os dedos, suam e se levantam na hora que sua obra de arte está finalmente posta nas palavras do editorial. Pra quê, se o Lula não le? É dar com os burros n'água, e bonito ainda.
Essa repercussão toda que a matéria do Mário Sérgio Conti está na mídia, na minha opinião é exagerada demais. Ler um livro é uma coisa, absorver as palavras, o estilo, perceber como os personagens se relacionam entre si e como são colocados na narrativa do autor. Agora, se eu tivesse a meu dispor o telefone do presidente Evo Morales, Hugo Chavez, Felipe Correa e demais chefes de Estado, secretários, ministros e tudo o mais, pra quê leria os jornais? Um telefonema e se tem direto da fonte a informação dos lados da notícia. Problema no gás? Liga para o presidente boliviano, o presidente da petrobrás e talvez o melhor economista do Brasil que os três darão um panorama completo de como está a situação, quais os caminhos que pode tomar e como isso afeta o Brasil e ponto, mais completo que muita matéria que dá voz só a um dos lados da notícia.
E um detalhe adicional, quantos jornais devem falar sobre o presidente? Quantas revistas semanalmente dão uma nota, capa ou páginas e mais páginas de matérias e críticas ao governo? E quantos minutos as televisões destinam ao noticiário político-nacional? O presidente precisa ficar lendo jornal o dia inteiro ou trabalhar?
Reforço que não sou pró-Lula, mas contra repercussões, a meu ver, sem sentido e sem fundamentos. Esses dias um colunista do Estadão quis tanto criticar o presidente que se perdeu nas palavras e brincou de gangorra entre ser contra ou a favor do que a matéria trouxe.
Não quero ser pretencioso a ponto de dizer que ele está errado no seu texto, mas minha opinião é diferente da que expressou. Roberto DaMatta que escreve para o Caderno 2, e nesse espaço disse o seguinte:
"Vejam bem, há contradições triviais. O padre pecador, o ateu crédulo, o professor ignorante, o médico hipo-condríaco, o economista pobre, o pastor malandro, o jornalista venal, o desembargador corrupto, o policial cri-minoso e o político sem caráter. Mas todos leem! Todos se informam por meio de amigos e auxiliares, mas não abandonam o contato direto com a fonte: esse foco indispensável ao conhecimento do mundo. Esse mundo feito de representações codificadas, de palavras e algarismos articulados numa determinada intenção e estrutura. Estivesse eu dizendo o que digo por meio de rimas, o efeito seria diferente. É por causa disso que eu não posso me conformar com um presidente que não lê."
1. Será que todos leem mesmo? Eu duvido...
2. "Todos se informam por meio de amigos e auxiliares, mas não abandonam o contato direto com a fonte: esse foco indispensável ao conhecimento do mundo." O que é esse foco indispensável? O Jornal? Pode ser que no Brasil ainda esteja com a credibilidade alta, mas nos Estados Unidos a populaçõa já não confia mais tanto nos seus jornais. E de qual jornal estaria falando? Será que o jornal merece mesmo o título de "foco indispensável ao conhecimento do mundo" frente a tantos jogos de interesse e posições políticas mascaradas? Claro que com suas seções e divisões o jornal consegue falar de todas as partes do mundo e trazer as causas e consequências, histórias e desdobramentos. Mas uma coisa aprendemos em jornalismo: conversar com as fontes, com os lados da notícia e tudo o mais, apurar, averiguar, checar, comparar e finalmente relatar. O que o presidente diz que faz? Ele só não relata...
Sei lá... acho que é exagerado demais criticar tanto uma fala tão rápida do presidente como foi a que deu para o jornalista da piauí.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Superdotados nas escolas
Secretaria faz manual para identificar esses alunos
10 jan. 09
Ele era péssimo na escola, mesmo assim foi uma das personalidades da ciência que ficou eternizada com sua teoria da relatividade. Albert Einstein era um superdotado. Assim como ele, muitas pessoas podem também ter as habilidades e capacidades acima da média e não sabem disso. Para descobri-las, a Secretaria Estadual da Educação treinou seus professores para identificar alunos que apresentem características de superdotação.
Segundo a secretaria, um projeto chamado "Caça Talentos" identificou 397 estudantes com as características dos superdotados. O projeto começou em 2007 e, naquele ano, foram encontrados 79 alunos. Foram 270 professores capacitados durante um ano. Até receberem o treinamento específico, os alunos eram identificados pelo "feeling" dos docentes.
Conforme a psicóloga Maria Rita Lemos, a identificação dos superdotados é feita por meio de testes do raciocínio verbal e capacidade de alfabetização, entre outros pontos. "A inteligência é como um quebra-cabeças, formada por vários fatores como memória e orientação no espaço", explica.
Além de Einstein, a psicóloga cita como exemplos de superdotados o personagem interpretado por Tom Hanks no filme "Forrest Gump - O Contador de Histórias", de 1994. O personagem era visto pelas outras pessoas como alguém com QI (quociente de inteligência) abaixo da média, porém, ele tinha superdotação para corrida e tênis de mesa. "Alguns superdotados são excelentes em matemática e péssimos em redação, por exemplo", diz Maria Rita.
NAS ESCOLAS
A iniciativa do projeto estadual pretende identificar alunos superdotados, focando o aprendizado em temas que sejam necessários ao cotidiano deles. "O resultado é enorme. Estamos felizes com a identificação de cinco vezes mais alunos. Superdotado não é aquele estudante que tem facilidade de memorizar fórmulas e decorar datas, como a maioria pensa. O perfil desse aluno envolve muito mais a combinação de sensibilidade, criatividade e capacidade de criar e propor soluções novas para problemas na sala de aula", afirma Maria Elisabete da Costa, diretora do Centro de Apoio Pedagógico Especializado (Cape), órgão da secretaria responsável pela capacitação dos professores.
Essa capacitação resultou no livro "Um olhar para as altas habilidades: construção de caminhos", manual para que as escolas possam identificar ainda mais estudantes superdotados. Ele está sendo entregue a todas as escolas estaduais. "É importante que todo o potencial do superdotado seja explorado. Ainda é preciso identificá-lo corretamente, integrá-lo aos colegas e à escola", diz Maria Elisabete.
Já Maria Rita aponta que os superdotados devem receber uma educação diferenciada. "Há escolas específicas para eles nas capitais, como em São Paulo, mas são poucas", comenta. A psicóloga explica que uma pessoa com essas habilidades pode não aproveitar toda a capacidade que tem em uma escola comum. "É como um galão de água com capacidade para 20 litros. Uma criança ou adolescente superdotado, quando em uma escola comum, terá metade desse galão aproveitado", compara.
SAIBA MAIS!
Algumas crianças apresentam características de superdotados logo quando pequenas, com 3 ou 4 anos. Geralmente são identificadas quando estão desenvolvendo atividades não compatíveis para a idade. Exemplo disso são crianças que, com menos de 6 anos (idade considerada ideal para o início da alfabetização), começam a aprender a ler e escrever.
Veja algumas características mais comuns dos estudantes superdotados:
* Alto grau de curiosidade
* Boa memória
* Atenção concentrada
* Persistência
* Independência e autonomia
* Facilidade de aprendizagem
* Criatividade
* Iniciativa
* Liderança
10 jan. 09
Ele era péssimo na escola, mesmo assim foi uma das personalidades da ciência que ficou eternizada com sua teoria da relatividade. Albert Einstein era um superdotado. Assim como ele, muitas pessoas podem também ter as habilidades e capacidades acima da média e não sabem disso. Para descobri-las, a Secretaria Estadual da Educação treinou seus professores para identificar alunos que apresentem características de superdotação.
Segundo a secretaria, um projeto chamado "Caça Talentos" identificou 397 estudantes com as características dos superdotados. O projeto começou em 2007 e, naquele ano, foram encontrados 79 alunos. Foram 270 professores capacitados durante um ano. Até receberem o treinamento específico, os alunos eram identificados pelo "feeling" dos docentes.
Conforme a psicóloga Maria Rita Lemos, a identificação dos superdotados é feita por meio de testes do raciocínio verbal e capacidade de alfabetização, entre outros pontos. "A inteligência é como um quebra-cabeças, formada por vários fatores como memória e orientação no espaço", explica.
Além de Einstein, a psicóloga cita como exemplos de superdotados o personagem interpretado por Tom Hanks no filme "Forrest Gump - O Contador de Histórias", de 1994. O personagem era visto pelas outras pessoas como alguém com QI (quociente de inteligência) abaixo da média, porém, ele tinha superdotação para corrida e tênis de mesa. "Alguns superdotados são excelentes em matemática e péssimos em redação, por exemplo", diz Maria Rita.
NAS ESCOLAS
A iniciativa do projeto estadual pretende identificar alunos superdotados, focando o aprendizado em temas que sejam necessários ao cotidiano deles. "O resultado é enorme. Estamos felizes com a identificação de cinco vezes mais alunos. Superdotado não é aquele estudante que tem facilidade de memorizar fórmulas e decorar datas, como a maioria pensa. O perfil desse aluno envolve muito mais a combinação de sensibilidade, criatividade e capacidade de criar e propor soluções novas para problemas na sala de aula", afirma Maria Elisabete da Costa, diretora do Centro de Apoio Pedagógico Especializado (Cape), órgão da secretaria responsável pela capacitação dos professores.
Essa capacitação resultou no livro "Um olhar para as altas habilidades: construção de caminhos", manual para que as escolas possam identificar ainda mais estudantes superdotados. Ele está sendo entregue a todas as escolas estaduais. "É importante que todo o potencial do superdotado seja explorado. Ainda é preciso identificá-lo corretamente, integrá-lo aos colegas e à escola", diz Maria Elisabete.
Já Maria Rita aponta que os superdotados devem receber uma educação diferenciada. "Há escolas específicas para eles nas capitais, como em São Paulo, mas são poucas", comenta. A psicóloga explica que uma pessoa com essas habilidades pode não aproveitar toda a capacidade que tem em uma escola comum. "É como um galão de água com capacidade para 20 litros. Uma criança ou adolescente superdotado, quando em uma escola comum, terá metade desse galão aproveitado", compara.
SAIBA MAIS!
Algumas crianças apresentam características de superdotados logo quando pequenas, com 3 ou 4 anos. Geralmente são identificadas quando estão desenvolvendo atividades não compatíveis para a idade. Exemplo disso são crianças que, com menos de 6 anos (idade considerada ideal para o início da alfabetização), começam a aprender a ler e escrever.
Veja algumas características mais comuns dos estudantes superdotados:
* Alto grau de curiosidade
* Boa memória
* Atenção concentrada
* Persistência
* Independência e autonomia
* Facilidade de aprendizagem
* Criatividade
* Iniciativa
* Liderança
domingo, 11 de janeiro de 2009
A vida no circo: conforto versus liberdade
Moradores não abrem mão da vida que levam atrás do picadeiro
10 jan. 2009
Durante algumas semanas, uma cultura diferente toma conta de um dos terrenos da cidade. É um mundo quase de fantasia, com o homem-pássaro, trapezistas que desafiam a gravidade em manobras arriscadas e os famosos palhaços que tiram risos do público sem muitos esforços. As cortinas douradas por debaixo da lona amarela e azul abrem espaço para atrações originais e que resistem ao tempo nesse picadeiro do circo.
Muitas pessoas conhecem a atração somente de ouvir falar. A modernidade é uma das grandes concorrentes de show. "Antigamente só existia os teatros e os rodeios que concorriam diretamente com o circo, hoje há muito mais, é internet, cinema e video-game que prendem a atenção das crianças e adolescentes", lamenta a secretária do circo Stankovich, Karina Kelly Gomes, 29 anos. Realmente o circo mudou. O picadeiro parece menor do que era antigamente, porém, as atrações, segundo Karina, se aprimoram a cada ano.
Quem vê toda aquela estrutura montada dificilmente imagina o tempo e o esforço que há por detrás das cortinas para preparar todo o espetáculo. Em desenhos e alguns filmes é comum se avistar aquele trem indo e vindo, trazendo os artistas, cada um em seu vagão, todo colorido e animado. Fora desse mundo das telonas e telinhas, alguém há de se lembrar quando carros de som levando os palhaços e outras figuras do picadeiro para uma volta na cidade anunciando a nova atração.
A realidade não foge muito da ficção dos desenhos, os circenses só não se locomovem pelos trilhos. Por detrás da lona e durante o dia, as pessoas que trabalham no circo parecem uma grande família. Uma integrante dessa família é Suelen Aparecida Leite, de 23 anos. Desde pequena vive no meio. Sua família é tradicional dos trapézios, tanto que o pai passou o ofício ao filho e ao marido de Suelen.
Ela vive em um pequeno trailer. As roupas secam do lado de fora em varais improvizados, mas por dentro tudo é muito arrumado e organizado. É uma casa sobre rodas, ali há a cama do casal, dois sofás pequenos com uma mesa no meio, banheiro, geladeira, fogão, televisão, computador, ventilador e armários, muitos armários. "Tudo vira um móvel para guardar tranqueira", ironiza. A pia, com uma madeira por cima, vira um pequeno balcão, que Suelen enfeita com uma toalha de crochê azul e branca. A mesa e os sofás são também a cama do filho de um ano Pedro Henrique. E tudo vai se ajeitando conforme é preciso. O único ponto negativo para ela é a falta de conforto, mas a liberdade com que pode criar seu filho a faz não trocar a vida que leva por nada.
Suelen tem também a casa da mãe em Mauá. Lá ela diz ter muitas coisas. E ficaram por lá mesmo, pois no seu espaço móvel não cabe. Para se locomover de cidade a cidade, ela usa seu carro para puxar o pequeno trailer. Além da casa móvel de Suelen, a equipe do circo Stankovich soma 23 trailers que abrigam os 90 trabalhadores fixos da companhia. São 45 artistas que se apresentam no picadeiro e a outra metade trabalha na montagem e na parte administrativa do show, como Suelen. Esposa de um dos trapesistas, enquanto o marido se prepara para a apresentação, ela vende os ingressos do show.
A secretária da companhia comenta que além dos empregos diretos, dos cerca de 90 funcionários diretos, há também 50 indiretos que são contratados para montar e desmontar quando o circo chega na cidade. "A montagem do circo demora três dias, são 800 toneladas de equipamentos", diz.
O principal problema apontado por Karina é a falta de espaço para a estrutura. "É difícil encontrar terrenos, além do preço da água e energia ser bem cara", comenta. Segundo ela, os gastos são de R$ 65 mil ao mês e nem sempre as vendas dos ingressos nas cidades abatem o valor.
Magia do circo persiste com inovações
A magia do circo ainda persiste por conta das inovações que os artistas fazem para aprimorar as apresentações. O que leva os artistas a continuarem de cidade a cidade é o amor pela arte, afirma Karina. Foi o mesmo amor que levou a secretária do circo a abandonar a faculdade de Engenharia em uma faculdade conceituada de São Paulo para ter a vida nômade e colorida.
Os tempos já não são mais os mesmos. A quantidade de circos diminuiu e o público já não frequenta os espetáculos tanto quanto antes. Karina atribui essa queda da fama das companhias aos espetáculos de baixa qualidade feito por circos pequenos. "Geralmente uma família toca o circo e faz péssimos espetáculos, assustando o público que acabam não acreditando que há espetáculos de qualidade ainda sendo feitos por ai", explica Karina que trabalha com oficinas culturais nas cidades por onde passa.
Ao ser indagada sobre quantos ainda resistem ao tempo com apresentações de qualidade, Karina pensa por um instante e tenta fazer a conta. Parece difícil contar todos os que ainda são bons e acaba por "chutar alto" pelo menos 10 companhias.
O circo Stankovichi existe há 180 anos. Nas oficinas que Karina faz com as crianças, ela conta a história da família. Segundo a história que passa de geração para geração, a família que fundou o circo fugiu da Romênia em um navio há dois séculos. No meio de guerras, os Stankovich desembarcaram no Rio Grande do Sul onde fundaram a companhia. Eles já tinham experiências na área por serem de uma família de artistas no país de origem.
Hoje a companhia faz apresentações em cerca de 17 cidades por ano e conta em seu histórico viagens por toda a américa latina. De tantos países assim também é a naturalidade dos artistas. Segundo Karina, no circo há mexicanos, argentinos, peruanos e até russos. A missigenação entre tantas pessoas de países diferentes garante o intercâmbio de conhecimentos e experiências que ajudam na inovação dos números apresentados.
Em Limeira o circo está em Limeira há quase um mês e conta com 700 espectadores por noite de show. Os risos são garantidos por 1h40 de terça a sexta-feira às 21h e de sábados, domingos e feriados às 16h, 18h30 e 21h. E são justamente as gargalhadas que animam os artistas. "O especial que há no circo é o poder levar um pouco de cultura para as pessoas que nunca tiveram contato com essa experiência. Poder olhar o sorriso de uma criança ou um idoso é muito gratificante", confessa.
10 jan. 2009
Durante algumas semanas, uma cultura diferente toma conta de um dos terrenos da cidade. É um mundo quase de fantasia, com o homem-pássaro, trapezistas que desafiam a gravidade em manobras arriscadas e os famosos palhaços que tiram risos do público sem muitos esforços. As cortinas douradas por debaixo da lona amarela e azul abrem espaço para atrações originais e que resistem ao tempo nesse picadeiro do circo.
Muitas pessoas conhecem a atração somente de ouvir falar. A modernidade é uma das grandes concorrentes de show. "Antigamente só existia os teatros e os rodeios que concorriam diretamente com o circo, hoje há muito mais, é internet, cinema e video-game que prendem a atenção das crianças e adolescentes", lamenta a secretária do circo Stankovich, Karina Kelly Gomes, 29 anos. Realmente o circo mudou. O picadeiro parece menor do que era antigamente, porém, as atrações, segundo Karina, se aprimoram a cada ano.
Quem vê toda aquela estrutura montada dificilmente imagina o tempo e o esforço que há por detrás das cortinas para preparar todo o espetáculo. Em desenhos e alguns filmes é comum se avistar aquele trem indo e vindo, trazendo os artistas, cada um em seu vagão, todo colorido e animado. Fora desse mundo das telonas e telinhas, alguém há de se lembrar quando carros de som levando os palhaços e outras figuras do picadeiro para uma volta na cidade anunciando a nova atração.
A realidade não foge muito da ficção dos desenhos, os circenses só não se locomovem pelos trilhos. Por detrás da lona e durante o dia, as pessoas que trabalham no circo parecem uma grande família. Uma integrante dessa família é Suelen Aparecida Leite, de 23 anos. Desde pequena vive no meio. Sua família é tradicional dos trapézios, tanto que o pai passou o ofício ao filho e ao marido de Suelen.
Ela vive em um pequeno trailer. As roupas secam do lado de fora em varais improvizados, mas por dentro tudo é muito arrumado e organizado. É uma casa sobre rodas, ali há a cama do casal, dois sofás pequenos com uma mesa no meio, banheiro, geladeira, fogão, televisão, computador, ventilador e armários, muitos armários. "Tudo vira um móvel para guardar tranqueira", ironiza. A pia, com uma madeira por cima, vira um pequeno balcão, que Suelen enfeita com uma toalha de crochê azul e branca. A mesa e os sofás são também a cama do filho de um ano Pedro Henrique. E tudo vai se ajeitando conforme é preciso. O único ponto negativo para ela é a falta de conforto, mas a liberdade com que pode criar seu filho a faz não trocar a vida que leva por nada.
Suelen tem também a casa da mãe em Mauá. Lá ela diz ter muitas coisas. E ficaram por lá mesmo, pois no seu espaço móvel não cabe. Para se locomover de cidade a cidade, ela usa seu carro para puxar o pequeno trailer. Além da casa móvel de Suelen, a equipe do circo Stankovich soma 23 trailers que abrigam os 90 trabalhadores fixos da companhia. São 45 artistas que se apresentam no picadeiro e a outra metade trabalha na montagem e na parte administrativa do show, como Suelen. Esposa de um dos trapesistas, enquanto o marido se prepara para a apresentação, ela vende os ingressos do show.
A secretária da companhia comenta que além dos empregos diretos, dos cerca de 90 funcionários diretos, há também 50 indiretos que são contratados para montar e desmontar quando o circo chega na cidade. "A montagem do circo demora três dias, são 800 toneladas de equipamentos", diz.
O principal problema apontado por Karina é a falta de espaço para a estrutura. "É difícil encontrar terrenos, além do preço da água e energia ser bem cara", comenta. Segundo ela, os gastos são de R$ 65 mil ao mês e nem sempre as vendas dos ingressos nas cidades abatem o valor.
Magia do circo persiste com inovações
A magia do circo ainda persiste por conta das inovações que os artistas fazem para aprimorar as apresentações. O que leva os artistas a continuarem de cidade a cidade é o amor pela arte, afirma Karina. Foi o mesmo amor que levou a secretária do circo a abandonar a faculdade de Engenharia em uma faculdade conceituada de São Paulo para ter a vida nômade e colorida.
Os tempos já não são mais os mesmos. A quantidade de circos diminuiu e o público já não frequenta os espetáculos tanto quanto antes. Karina atribui essa queda da fama das companhias aos espetáculos de baixa qualidade feito por circos pequenos. "Geralmente uma família toca o circo e faz péssimos espetáculos, assustando o público que acabam não acreditando que há espetáculos de qualidade ainda sendo feitos por ai", explica Karina que trabalha com oficinas culturais nas cidades por onde passa.
Ao ser indagada sobre quantos ainda resistem ao tempo com apresentações de qualidade, Karina pensa por um instante e tenta fazer a conta. Parece difícil contar todos os que ainda são bons e acaba por "chutar alto" pelo menos 10 companhias.
O circo Stankovichi existe há 180 anos. Nas oficinas que Karina faz com as crianças, ela conta a história da família. Segundo a história que passa de geração para geração, a família que fundou o circo fugiu da Romênia em um navio há dois séculos. No meio de guerras, os Stankovich desembarcaram no Rio Grande do Sul onde fundaram a companhia. Eles já tinham experiências na área por serem de uma família de artistas no país de origem.
Hoje a companhia faz apresentações em cerca de 17 cidades por ano e conta em seu histórico viagens por toda a américa latina. De tantos países assim também é a naturalidade dos artistas. Segundo Karina, no circo há mexicanos, argentinos, peruanos e até russos. A missigenação entre tantas pessoas de países diferentes garante o intercâmbio de conhecimentos e experiências que ajudam na inovação dos números apresentados.
Em Limeira o circo está em Limeira há quase um mês e conta com 700 espectadores por noite de show. Os risos são garantidos por 1h40 de terça a sexta-feira às 21h e de sábados, domingos e feriados às 16h, 18h30 e 21h. E são justamente as gargalhadas que animam os artistas. "O especial que há no circo é o poder levar um pouco de cultura para as pessoas que nunca tiveram contato com essa experiência. Poder olhar o sorriso de uma criança ou um idoso é muito gratificante", confessa.
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Um tango envolvente
Dizem que o Brasil só começa a viver novamente depois do carnaval. Essa regra se aplicaava, e muito bem ainda, na época em que estava na escola. Os alunos só voltavam para as salas com vontade (nem todos) de aprender depois da época de folia nacional.
O meu ano começa agora. Depois de alguns dias da virada do ano, finalmente consegui colocar os trilhos num caminho certo. Assinei o contrato com o Jornal e sai da condição de estagiário para registrado (o que é ótemo!) e o melhor, vou conseguir prosseguir com as aulas de dança, conciliando as duas profissões - jornalista e professor de dança.
Esse ano promete e estou superanimado. Aproveitando a empolgação já adianto uma das músicas que estão mais me empolgando. Não vou guardá-la a sete chaves (como um vereador eleito na cidade faz com os misteriosos projetos), afinal, a criatividade é ilimitada.
Quem apresentou a música foi um colega que vive passando músicas pelo msn - tanto que chega a irritar. Passava, graças a Deus. Mas em uma das suas enxições, finalmente uma tacada certeira e que está me fazendo viajar ao imaginar as infinitas coreografias que são possíveis com a música.
E quem disse que no Brasil não tem tango? A música se chama Três, da Ana Carolina. Com sua irreverência ímpar, essa cantora sabe como ninguém fazer músicas envolventes e com sentido.
Aqui vai o vídeo. Pelo o que sei é de uma apresentação do Credicard Hall em São Paulo. Mas me limitei à melodia envolvente da música no lugar dos detalhes da gravação.
O meu ano começa agora. Depois de alguns dias da virada do ano, finalmente consegui colocar os trilhos num caminho certo. Assinei o contrato com o Jornal e sai da condição de estagiário para registrado (o que é ótemo!) e o melhor, vou conseguir prosseguir com as aulas de dança, conciliando as duas profissões - jornalista e professor de dança.
Esse ano promete e estou superanimado. Aproveitando a empolgação já adianto uma das músicas que estão mais me empolgando. Não vou guardá-la a sete chaves (como um vereador eleito na cidade faz com os misteriosos projetos), afinal, a criatividade é ilimitada.
Quem apresentou a música foi um colega que vive passando músicas pelo msn - tanto que chega a irritar. Passava, graças a Deus. Mas em uma das suas enxições, finalmente uma tacada certeira e que está me fazendo viajar ao imaginar as infinitas coreografias que são possíveis com a música.
E quem disse que no Brasil não tem tango? A música se chama Três, da Ana Carolina. Com sua irreverência ímpar, essa cantora sabe como ninguém fazer músicas envolventes e com sentido.
Aqui vai o vídeo. Pelo o que sei é de uma apresentação do Credicard Hall em São Paulo. Mas me limitei à melodia envolvente da música no lugar dos detalhes da gravação.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
domingo, 4 de janeiro de 2009
Ideia e minha cabeça coçando!
Hoje estou tranquilo, sem trema, mas vou começar a esquentar a comida no forninho elétrico por que não gostei da mudança da ortografia no nome de um dos eletrodomésticos que mais uso em casa. Micro-ondas, ficou muito feio!!!!
Enquanto todo mundo ainda está tomando conhecimento do que muda, o que cai e o que ficou ainda mais complicado que antes com esse novo acordo ortográfico, nós que trabalhamos na imprensa e lidamos com textos e mais textos todos os dias já temos que adotar - apesar dessa palavra lembrar algo paternal e não há, pelo menos de minha parte, muito sentimentalismo para com essas novas regras -, essa mudança linda.
Em artigo publicado no Estadão deste domingo, no carderno 2, o escritor João Ubaldo Ribeiro, pontuou algumas coisas que são verdades. Não vou transcrever o trecho exato de seu texto (está na página D3 de 4/1/09), mas ele diz que as pessoas começarão a ler "trankilo", por conta da expulsão do trema. Apesar de ser um pensamento um tanto quanto radical, pelo menos na minha opinião, Ribeiro não deixa de ter razão. Na escola aprendemos que "qui" se não vier com trema, não se pronuncia o u.
Estava escrevendo um e-mail agora há pouco com algumas sugestões e usei muito a palavra ideia. Cristo! Eu coço a cabeça de desespero (e não tenho piolho nem caspa) ao olhar para essa palavra sem seu acento. Era tão bonito... Apesar de concordar que a língua portuguesa (ou brasileira) ser bem complicada, depois que comecei a lidar cada vez mais com ela passei a adimirá-la e gosto muito de todos os seus acentos e pontuações. Claro que ainda tenho muitas falhas, o Google vive me corrigindo e o dicionário não sai do meu lado - sem contar as inúmeras vezes que recorro aos colegas de trabalho para dar luz aos brancos que de vez em quando surgem, mas eu não sou o único e com isso fico mais conformado.
Mas a questão é que acho muito bonito todos esses acentos diferenciais, não diferenciais, virados pra lá ou pra cá. E a crase então? "O evento será realizado às 18h". Tudo bem que ninguém mexeu ainda nela, e espero que não façam isso, mas, por mais complicada que possa parecer, esse risquinho virado para a esquerda ajuda muito em algumas frases. "Vou levar à casa de Anita", se a crase não existisse ai o sentido seria outro. Tudo bem que crase não é O acento e sim a junção de um artigo com uma preposição, mas do jeito que tudo está caindo, logo vão tirá-la da nossa ortografia. Tudo cai, menos o tomara que caia!
Quanto à palavra ideia, imagine a dificuldade que será ensinar uma criança que está aprendendo a ler. Dizer a ela que esse e não é o mesmo da palavra cabide ou de sereia, para ter uma escrita um pouco mais parecida com o exemplo. As duas palavras terminam com o ditongo aberto -ia, mas e aí?
"Não Joãozinho, esse e é mais aberto que o da mulher-peixe" (e esse hífen ai, existe?*), diz a professora. E o aluno, que já tem fama de ser um capetinha nas piadas, pergunta por quê? E o que a professora vai responder? "Por que o ministro da educação, Fernando Haddad, assinou e publicou a Resolução 17 no Diário Oficial da União no dia 8 de maio de 2008 que autorizou a adequação dos livros didáticos com o acordo ortográfico que tirou o pauzinho que tinha ai em cima da palavra, e não me pergunte mais nada, leia ideia com o e mais forte!"
É ai que entra aquele ditado: "Para quê facilitar se podemos complicar?"
******
* Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal, constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio, pondendo dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido - não tinha nada mais complicado pra escrever? Aposto que o autor desse texto ficou durante duas horas procurando as palavras mais difíceis para explicar que primeiro-ministro continua com hífen. ¬¬
Enquanto todo mundo ainda está tomando conhecimento do que muda, o que cai e o que ficou ainda mais complicado que antes com esse novo acordo ortográfico, nós que trabalhamos na imprensa e lidamos com textos e mais textos todos os dias já temos que adotar - apesar dessa palavra lembrar algo paternal e não há, pelo menos de minha parte, muito sentimentalismo para com essas novas regras -, essa mudança linda.
Em artigo publicado no Estadão deste domingo, no carderno 2, o escritor João Ubaldo Ribeiro, pontuou algumas coisas que são verdades. Não vou transcrever o trecho exato de seu texto (está na página D3 de 4/1/09), mas ele diz que as pessoas começarão a ler "trankilo", por conta da expulsão do trema. Apesar de ser um pensamento um tanto quanto radical, pelo menos na minha opinião, Ribeiro não deixa de ter razão. Na escola aprendemos que "qui" se não vier com trema, não se pronuncia o u.
Estava escrevendo um e-mail agora há pouco com algumas sugestões e usei muito a palavra ideia. Cristo! Eu coço a cabeça de desespero (e não tenho piolho nem caspa) ao olhar para essa palavra sem seu acento. Era tão bonito... Apesar de concordar que a língua portuguesa (ou brasileira) ser bem complicada, depois que comecei a lidar cada vez mais com ela passei a adimirá-la e gosto muito de todos os seus acentos e pontuações. Claro que ainda tenho muitas falhas, o Google vive me corrigindo e o dicionário não sai do meu lado - sem contar as inúmeras vezes que recorro aos colegas de trabalho para dar luz aos brancos que de vez em quando surgem, mas eu não sou o único e com isso fico mais conformado.
Mas a questão é que acho muito bonito todos esses acentos diferenciais, não diferenciais, virados pra lá ou pra cá. E a crase então? "O evento será realizado às 18h". Tudo bem que ninguém mexeu ainda nela, e espero que não façam isso, mas, por mais complicada que possa parecer, esse risquinho virado para a esquerda ajuda muito em algumas frases. "Vou levar à casa de Anita", se a crase não existisse ai o sentido seria outro. Tudo bem que crase não é O acento e sim a junção de um artigo com uma preposição, mas do jeito que tudo está caindo, logo vão tirá-la da nossa ortografia. Tudo cai, menos o tomara que caia!
Quanto à palavra ideia, imagine a dificuldade que será ensinar uma criança que está aprendendo a ler. Dizer a ela que esse e não é o mesmo da palavra cabide ou de sereia, para ter uma escrita um pouco mais parecida com o exemplo. As duas palavras terminam com o ditongo aberto -ia, mas e aí?
"Não Joãozinho, esse e é mais aberto que o da mulher-peixe" (e esse hífen ai, existe?*), diz a professora. E o aluno, que já tem fama de ser um capetinha nas piadas, pergunta por quê? E o que a professora vai responder? "Por que o ministro da educação, Fernando Haddad, assinou e publicou a Resolução 17 no Diário Oficial da União no dia 8 de maio de 2008 que autorizou a adequação dos livros didáticos com o acordo ortográfico que tirou o pauzinho que tinha ai em cima da palavra, e não me pergunte mais nada, leia ideia com o e mais forte!"
É ai que entra aquele ditado: "Para quê facilitar se podemos complicar?"
******
* Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal, constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio, pondendo dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido - não tinha nada mais complicado pra escrever? Aposto que o autor desse texto ficou durante duas horas procurando as palavras mais difíceis para explicar que primeiro-ministro continua com hífen. ¬¬
sábado, 3 de janeiro de 2009
Inovação na imprensa
Estava lendo hoje o Observatório da Imprensa (OI) e me deparei com um artigo bem interessante - tanto que estava em destaque na primeira página do site. O autor, Lúcio Martins Costa, faz uma observação pertinente no texto intitulado "A imprensa precisa voltar a surpreender". Segundo ele, "entre o segundo semestre de 2007 e o primeiro semestre de 2008, pelo menos 70% das fontes se repetiram nos cadernos e economia da Folha de S.Paulo e do Estado de S.Paulo e nas respectivas seções das revistas Veja e Época."
Costa cita as fontes. Segundo ele, a imprensa recorre geralmente a ex-ministros ou ex-comandantes do Banco Central como Delfim Neto, Pedro Malan e Armínio Fraga. A crítica do autor é real também na imprensa regional como em Limeira. Quando a pauta do dia envolve economia, a maioria dos jornalistas já têm na ponta da língua o nome de uma dos profissionais mais acessíveis da cidade.
No mínimo ele deve até esperar as ligações da imprensa quando algum assunto de sua área está em destaque na mídia nacional. O preço do tomate sobe ou desce, isso interfere na cesta básica da população, será uma alimentação mais escassa ou então gastos menores com outros produtos para a família ou para a casa. Quem é entrevistado? O mesmo economista e até a mesma nutricionista para falar das possíveis substituições do alimento ou das consequências que a ingestão de outros legumes pode causar na dieta do limeirense.
É um quadro lógico entrevistar profissionais dessa área. As informações que ele trazem para a notícia são relevantes e ajudam a população a preparar seu bolso para não perder dinheiro ou então orientam a como continuar sua vida frente às dificuldades e até facilidades que o dia a dia da economia trás diretamente para a população.
O problema não está em informar mas a quem consultar para fornecer essa informação completa. É nessas horas que instituições de ensino ou até mesmo órgãos públicos podem disponibilizar seus professores e profissionais especializados nas áreas requisitadas para, não só ajudar na hora de informar a população, mas também divulgar sua capacidade de compreender a realidade da população além de seus balcões e carteiras.
É fato que muitas pessoas temem a imprensa. Diretores de escola, professores de universidades e até secretários municipais têm pavor de encarar um jornalista e responder algumas perguntas sobre qualquer tema. Nessa hora pode-se aplicar a máxima "quem não deve não teme", mas a situação pode ir além dessa suposição de que há fogo onde aparece fumaça. A inibição chega a ser um problema psicológico e temos de respeitar.
Mas o fato está, como já mencionado, em aproveitar as oportunidades. Em Limeira já pelo menos cinco faculdades que têm administração em sua lista de cursos e ainda chega em 2009 mais uma, pública - a Unicamp. Mesmo que não seja um curso específico de economia, pelo menos um professor da área deve ter especialização em economia e consegue discursar de forma clara sobre os problemas econômicos do país. Se isso não é fato, que tipo de administrador as instituições de ensino superior da cidade estão formando? Alguém que só senta atrás do computador e preenche planilhas?
No artigo publicado no Observatório da Imprensa, o autor diz que não conseguiu observar se o fato de as fontes se repetirem acontecia também nas outras áreas de cobertura da imprensa. sua observação se limitou à área econômica. Em Limeira acontece, sim.
Uma desculpa fácil e sempre pronta é dizer que a cidade é pequena e não dispõe de tantos profissionais capacitados para explicar qualquer tipo de assunto. Limeira tem quase 300 mil habitantes, impossível se ter somente uma nutricionista, um economista e um administrador de empresas. Aqui tem um presidente da Associação Comercial, um prefeito, um presidente da Câmara dos vereadores e mais uns comandando um sindicato ou outra associação. Mas além deles há vários outros profissionais que fazem essas organizações públicas e privadas acontecerem. São eles que não ganham o destaque justo pelo trabalho feito.
As assessorias de imprensa tanto públicas quanto das associações e faculdades poderiam deixar de desgastar a imagem dos seus figurões e passar a bola para quem está com a mão na massa mesmo. Indicar professores diferentes ou especialistas e técnicos que tenham participado da elaboração de algum projeto poupa a espera pelo término da reunião do secretário X ou do coordenador Y. O problema que surge nessa hora, porém, é o da centralização da informação. "Só o Fulano sabe falar sobre o assunto", diz determinado assessor ou funcionário. Se o tal Fulano morrer tudo acaba? Parece que sim. Hora de entrar em ação os famosos media trainings que tanto se fala, mas pouco se faz.
Costa cita as fontes. Segundo ele, a imprensa recorre geralmente a ex-ministros ou ex-comandantes do Banco Central como Delfim Neto, Pedro Malan e Armínio Fraga. A crítica do autor é real também na imprensa regional como em Limeira. Quando a pauta do dia envolve economia, a maioria dos jornalistas já têm na ponta da língua o nome de uma dos profissionais mais acessíveis da cidade.
No mínimo ele deve até esperar as ligações da imprensa quando algum assunto de sua área está em destaque na mídia nacional. O preço do tomate sobe ou desce, isso interfere na cesta básica da população, será uma alimentação mais escassa ou então gastos menores com outros produtos para a família ou para a casa. Quem é entrevistado? O mesmo economista e até a mesma nutricionista para falar das possíveis substituições do alimento ou das consequências que a ingestão de outros legumes pode causar na dieta do limeirense.
É um quadro lógico entrevistar profissionais dessa área. As informações que ele trazem para a notícia são relevantes e ajudam a população a preparar seu bolso para não perder dinheiro ou então orientam a como continuar sua vida frente às dificuldades e até facilidades que o dia a dia da economia trás diretamente para a população.
O problema não está em informar mas a quem consultar para fornecer essa informação completa. É nessas horas que instituições de ensino ou até mesmo órgãos públicos podem disponibilizar seus professores e profissionais especializados nas áreas requisitadas para, não só ajudar na hora de informar a população, mas também divulgar sua capacidade de compreender a realidade da população além de seus balcões e carteiras.
É fato que muitas pessoas temem a imprensa. Diretores de escola, professores de universidades e até secretários municipais têm pavor de encarar um jornalista e responder algumas perguntas sobre qualquer tema. Nessa hora pode-se aplicar a máxima "quem não deve não teme", mas a situação pode ir além dessa suposição de que há fogo onde aparece fumaça. A inibição chega a ser um problema psicológico e temos de respeitar.
Mas o fato está, como já mencionado, em aproveitar as oportunidades. Em Limeira já pelo menos cinco faculdades que têm administração em sua lista de cursos e ainda chega em 2009 mais uma, pública - a Unicamp. Mesmo que não seja um curso específico de economia, pelo menos um professor da área deve ter especialização em economia e consegue discursar de forma clara sobre os problemas econômicos do país. Se isso não é fato, que tipo de administrador as instituições de ensino superior da cidade estão formando? Alguém que só senta atrás do computador e preenche planilhas?
No artigo publicado no Observatório da Imprensa, o autor diz que não conseguiu observar se o fato de as fontes se repetirem acontecia também nas outras áreas de cobertura da imprensa. sua observação se limitou à área econômica. Em Limeira acontece, sim.
Uma desculpa fácil e sempre pronta é dizer que a cidade é pequena e não dispõe de tantos profissionais capacitados para explicar qualquer tipo de assunto. Limeira tem quase 300 mil habitantes, impossível se ter somente uma nutricionista, um economista e um administrador de empresas. Aqui tem um presidente da Associação Comercial, um prefeito, um presidente da Câmara dos vereadores e mais uns comandando um sindicato ou outra associação. Mas além deles há vários outros profissionais que fazem essas organizações públicas e privadas acontecerem. São eles que não ganham o destaque justo pelo trabalho feito.
As assessorias de imprensa tanto públicas quanto das associações e faculdades poderiam deixar de desgastar a imagem dos seus figurões e passar a bola para quem está com a mão na massa mesmo. Indicar professores diferentes ou especialistas e técnicos que tenham participado da elaboração de algum projeto poupa a espera pelo término da reunião do secretário X ou do coordenador Y. O problema que surge nessa hora, porém, é o da centralização da informação. "Só o Fulano sabe falar sobre o assunto", diz determinado assessor ou funcionário. Se o tal Fulano morrer tudo acaba? Parece que sim. Hora de entrar em ação os famosos media trainings que tanto se fala, mas pouco se faz.
Prepare os dados!
A caixa azul guarda um tabuleiro onde, no lugar de casinhas e desafios a serem enfrentados, há um mapa mundi com os principais países. Seis dados, três vermelhos e três amarelos, são os ataques e as defesas. Em caixinhas de plástico pecinhas do mesmo material de seis cores diferentes representam os exércitos dos jogadores. Um dos mais tradicionais jogos de tabuleiros da Estrela, o War, é uma brincadeira não só para crianças - por conta da complexidade de suas regras -, mas também para adultos que ficam até por horas bolando estratégias para eliminar os oponentes ou conquistar territórios e contientes.
Apesar de ser um só jogo, a impressão é que o tabuleiro deixou de ser feito de papelão para se tornar realidade - é a imagem que os jornais passam de um conflito que parece existir há pelo menos 60 anos entre israelenses e palestinos na Faixa de Gaza, no Oriente Médio.
O objetivo dos jogadores é, porém, obscuro. Nas reportagens que são publicadas diariamente sobre o conflito há somente os fatos mais quentes, aquela cartinha que os jogadores do War ganham no início do jogo com o objetivo real da partida, porém, deixou de ser divulgada há muito tempo. Em jornalismo é chamada de contextualizar a notícia essa técnica ou recurso, e não demanada nem muito tempo, muito menos tanto espaço para ser feita. Em outras notícias que receberam as chamadas suites (continuação da notícia no dia ou página seguinte), há sempre uma ou duas linhas relembrando as causas e origens da notícia.
Ilustração do site do Estadão sobre os alvos de israelenses e palestinos
No Estado de S. Paulo de hoje, por exemplo, há cinco notícias e um artigo distribuídos em duas páginas na seção Internacional (p. A8 e A9). A primeira, que abre a página, é sobre a liberação de estrangeiros da Faixa de Gaza. A notícia traz as impressões daqueles que conseguiram sair e como andam as negociações entre Egito e Israel, Hamas e Fatah, por um cessar-fogo. Ao lado uma matéria, uma segunda sobre a "calma tensa de Jerusalém" que relata um pouco da mídia do local e uma manifestação feita em um dos portões da Cidade Vermelha por conta da morte de crianças no conflito.
As matérias seguem falando sobre a ofensiva terrestre que será feita por Israel; a revolta do Hamas com a morte do líder do grupo, Nizar Rayan; a tentativa dos Estados Unidos de intermediar um cessar-fogo duradouro e um artigo de um pianista e maestro argentido de ascendência judaica e naturalizado israelense, Daniel Barenboim.
O único que comenta a origem do conflito é o pianista que em cinco linhas no segundo parágrafo do seu texto dá uma ideia das causas de tanta rivalidade: "É um conflito intrincado e sensível, um conflito humano entre dois povos profundamente convencidos de seu direito de viver no mesmo pedaço de terra."
Novas mídias
Em uma época onde as novas mídias são cada vez mais utilizadas pelos grandes jornais, sobrou para a versão on-line do Estadão tentar oferecer essa contextualização da notícia. Os chamados hiperlinks - conexões entre matérias na internet -, possibilitam fornecer ao leitor um resumo cronológico dos principais acontecimentos que levaram os ataques israelenses que duram pelo menos oito dias.
Em uma das notícias que ganha destaque na primeira página do jornal on-line, há links para galeria de fotos, vídeos e mais textos sobre o conflito. Em um deles, chamado "Conheça a história do conflito entre Israel e palestinos" é possível tomar conhecimento do desdobramento do jogo de guerra da vida real. O primeiro item do texto fala sobre a aprovação da ONU, em 1974, para partilhar a Palestina criando um Estado judaico e outro árabe. O pequeno texto já diz que desde aquela época os palestinos e outros países árabes não aceitaram a divisão. A listagem prossegue pontuando a criação do Hamas, porém sem precisar a data (1987-92) até dezembro de 2008 quando o grupo palestino "rompe trégua e volta a lançar mísseis contra o território israelense."
Para aqueles que têm internet é possível acompanhar as notícias além das páginas impressas. Enquanto a página A9 traz a informação de que o grupo Hamas convocou um 'dia de ira' para se vingar de Israel por conta da morte do líder Rayan, a versão on-line já traz a notícia de que Israel conseguiu matar um segundo líder, o comandante militar Mamduk Jamal (Abu Zakaria al-Jamal). As notícias na web não param e são atualizadas sem uma periodicidade regular.
Mas e aqueles que não possuem um computador? Tudo bem que o acesso à internet está cada vez mais fácil e também é possível se presumir que os leitores do Estadão sejam de uma classe econômica atualizada tecnologicamente. Mas o jornal impresso acompanha seu leitor aonde quer que ele vá. Apesar do tamanho das páginas ser um ponto negativo, o fato de ser um objeto, um material concreto e não virtual, possibilita ser lido na varanda ou até no ônibus. E é nessa hora que o leitor se depara com a curiosidade de querer saber mais detalhes sobre o conflito.
Pode ser uma boa estratégia colocar um "calhau" (anúncio institucional), direcionando o leitor para o site do jornal, mas a tática pode também irritar o leitor que se veria abastecido com mais uma ou duas linhas que conte a origem do conflito - por mais velho que ele seja.
Apesar de ser um só jogo, a impressão é que o tabuleiro deixou de ser feito de papelão para se tornar realidade - é a imagem que os jornais passam de um conflito que parece existir há pelo menos 60 anos entre israelenses e palestinos na Faixa de Gaza, no Oriente Médio.
O objetivo dos jogadores é, porém, obscuro. Nas reportagens que são publicadas diariamente sobre o conflito há somente os fatos mais quentes, aquela cartinha que os jogadores do War ganham no início do jogo com o objetivo real da partida, porém, deixou de ser divulgada há muito tempo. Em jornalismo é chamada de contextualizar a notícia essa técnica ou recurso, e não demanada nem muito tempo, muito menos tanto espaço para ser feita. Em outras notícias que receberam as chamadas suites (continuação da notícia no dia ou página seguinte), há sempre uma ou duas linhas relembrando as causas e origens da notícia.
Ilustração do site do Estadão sobre os alvos de israelenses e palestinos
No Estado de S. Paulo de hoje, por exemplo, há cinco notícias e um artigo distribuídos em duas páginas na seção Internacional (p. A8 e A9). A primeira, que abre a página, é sobre a liberação de estrangeiros da Faixa de Gaza. A notícia traz as impressões daqueles que conseguiram sair e como andam as negociações entre Egito e Israel, Hamas e Fatah, por um cessar-fogo. Ao lado uma matéria, uma segunda sobre a "calma tensa de Jerusalém" que relata um pouco da mídia do local e uma manifestação feita em um dos portões da Cidade Vermelha por conta da morte de crianças no conflito.
As matérias seguem falando sobre a ofensiva terrestre que será feita por Israel; a revolta do Hamas com a morte do líder do grupo, Nizar Rayan; a tentativa dos Estados Unidos de intermediar um cessar-fogo duradouro e um artigo de um pianista e maestro argentido de ascendência judaica e naturalizado israelense, Daniel Barenboim.
O único que comenta a origem do conflito é o pianista que em cinco linhas no segundo parágrafo do seu texto dá uma ideia das causas de tanta rivalidade: "É um conflito intrincado e sensível, um conflito humano entre dois povos profundamente convencidos de seu direito de viver no mesmo pedaço de terra."
Novas mídias
Em uma época onde as novas mídias são cada vez mais utilizadas pelos grandes jornais, sobrou para a versão on-line do Estadão tentar oferecer essa contextualização da notícia. Os chamados hiperlinks - conexões entre matérias na internet -, possibilitam fornecer ao leitor um resumo cronológico dos principais acontecimentos que levaram os ataques israelenses que duram pelo menos oito dias.
Em uma das notícias que ganha destaque na primeira página do jornal on-line, há links para galeria de fotos, vídeos e mais textos sobre o conflito. Em um deles, chamado "Conheça a história do conflito entre Israel e palestinos" é possível tomar conhecimento do desdobramento do jogo de guerra da vida real. O primeiro item do texto fala sobre a aprovação da ONU, em 1974, para partilhar a Palestina criando um Estado judaico e outro árabe. O pequeno texto já diz que desde aquela época os palestinos e outros países árabes não aceitaram a divisão. A listagem prossegue pontuando a criação do Hamas, porém sem precisar a data (1987-92) até dezembro de 2008 quando o grupo palestino "rompe trégua e volta a lançar mísseis contra o território israelense."
Para aqueles que têm internet é possível acompanhar as notícias além das páginas impressas. Enquanto a página A9 traz a informação de que o grupo Hamas convocou um 'dia de ira' para se vingar de Israel por conta da morte do líder Rayan, a versão on-line já traz a notícia de que Israel conseguiu matar um segundo líder, o comandante militar Mamduk Jamal (Abu Zakaria al-Jamal). As notícias na web não param e são atualizadas sem uma periodicidade regular.
Mas e aqueles que não possuem um computador? Tudo bem que o acesso à internet está cada vez mais fácil e também é possível se presumir que os leitores do Estadão sejam de uma classe econômica atualizada tecnologicamente. Mas o jornal impresso acompanha seu leitor aonde quer que ele vá. Apesar do tamanho das páginas ser um ponto negativo, o fato de ser um objeto, um material concreto e não virtual, possibilita ser lido na varanda ou até no ônibus. E é nessa hora que o leitor se depara com a curiosidade de querer saber mais detalhes sobre o conflito.
Pode ser uma boa estratégia colocar um "calhau" (anúncio institucional), direcionando o leitor para o site do jornal, mas a tática pode também irritar o leitor que se veria abastecido com mais uma ou duas linhas que conte a origem do conflito - por mais velho que ele seja.
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
Orkut engraçadinho
O Orkut deve ter dormido com o Bozo essa noite e acordou todo gozadinho.
"Sorte de hoje: A pessoa que lê sua sorte está de férias. Não sabemos o que dizer..."
¬¬
"Sorte de hoje: A pessoa que lê sua sorte está de férias. Não sabemos o que dizer..."
¬¬
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
Na rotina da festa, olhinhos descobridores
Todos ali já passaram, no mínimo, por dez viradas de ano juntos. A rotina de festas de fim de ano já até condicionou os atos de cada um que chega àquela casa. É tudo sempre a mesma coisa. Uma das tias leva sua famosa maionese, a outra o pudim esperado durante todo o ano para ser deliciado no final da ceia, o mesmo acontece com a lazanha da terceira tia. Só uma das primas que, com toda a boa vontade, leva a única receita de doce que sabe - que sobra sempre um pedaço para o dia seguinte, todos comem por falta de opção de algo açucarado na última noite do ano.
A mesa pode até mudar a cor ou os desenhos da toalha. Papais Noéis continuam enfeitando os cômodos da casa e com o mesmo capricho da decoração do lar, as chefes de família usam de alfaces, abacaxis, cerejas e pêssegos para dar um colorido especial às tradicionais carnes festivas. O pernil, o chester, o tender e o peru embelezam a mesa com suas pernas amarradas por barbantes, farofas cozidas aliadas ao arroz e a um dos pratos que ali, não pode faltar, a lentilha - e ainda deve ser comido com os pés longe do chão para garantir o sucesso financeiro para o ano novo.
Como sempre, os olhos das cozinheiras brilham ao ver uma mesa tão farta. É uma vez por ano, por isso toda a dedicação para fazer do último jantar da família algo para ser comentado durante todo o próximo ano novo.
E comentários é o que não faltam ao redor da mesa e na grande roda que todas as cadeiras formam no rancho da casa. São talvez as únicas novidades que se fazem presente no recinto. Um primo que está trabalhando em um novo lugar, a outra prima que comprou o apartamento e viajou para o exterior trazendo um doce natalino muito consumido no local. "Eles compram de caixas essa bala", diz a prima com sua voz sempre doce e baixa. Com um gosto indefinido (a embalagem diz que é de menta) e pouco marcante, as balas à qual a prima se refere são chamados popularmente por aqui de bengalinhas. Essas, porém, não são aquelas de plástico colocadas nas árvores, são reais, doces e ruins. Os comentários continuam, as novidades não interessam tanto.
Todos participam da mesma brincadeira que há anos se repetem, o amigo da onça - espécie de amigo secreto, ou oculto, onde as pessoas podem 'roubar' o presente de quem já escolheu o seu na mesa cheia deles. No final da brincadeira, a ceia, ou jantar - ceia tem muito cara de Natal. Enquanto ainda a maioria está com o prato cheio, a TV já exibe a situação nas grandes praias brasileiras. O coração por uma hora se transporta para uma delas...
Contagem regressiva. A distração e a fome não permitiu que todos acompanhassem desde o nove. Cinco, quatro, três, dois, um - 2009. Uma discussão boba sobre o horário oficial da mudança de ano atrasa um pouco o início dos cumprimentos - se levassem a sério mesmo a coisa do horário, o ano novo seria comemorado só uma hora da manhã, afinal estamos no horário de verão. Aos poucos as pessoas se levantam e começam os cumprimentos. São exatamente 21 pessoas na casa - o número é baseado na contagem feita para a brincadeira do amigo da onça, da qual todos os presentes participaram.
Uma pessoa, porém, não estava no meio de toda a muvuca. Na verdade três pessoas. São as que fizeram a diferença em todo o marasmo rotineiro da festa. Até o mais novo da família, de três anos, filho de um dos primos, já não é novidade e a graça da criança se apagou frente a novidade no recinto.
No colo de sua mãe, Olavo passa sua primeira passagem de ano. Com o relógio biológico próprio e difícil de regular por quem quer que seja, o bebe de apenas oito meses entrou no novo ano dormindo. Apesar de todos os fogos que de longe se ouviam e coloriam os céus de Limeira, Olavo dormia e não parecia que iria despertar tão cedo. Mesmo com toda a família passando pela sua mãe e desejando felicidades, saúde e sucesso para o ano que se inicia, o bebê todos cumprimentando sua mãe que o carregava, o bebe continua a dormir como se fosse um anjo - metáfora a parte, se os anjos são simbolizados pela inocência das crianças, ali é um belo exemplar da face de um deles.
Se não fosse por Olavo, a festa seria só mais uma para todos que estão ali, condicionados a contar de nove a um, pular com a mudança do calendário, abraçar os demais e assistir a queima de fogos da sacada da casa. Nascido em abril, o menininho deixou a festa no mínimo carinhosa para todos que passavam pela sua frente. Com os olhos negros e grandes em um rosto de bochechas marcantes, Olavo não poupou na distribuição de sorrisos para todos que chamavam seu nome e faziam alguma gracinha. Dizem que o sorriso de um bebê tem efeitos de droga no corpo de qualquer um. É, realmente, de amolecer o coração e fortalecer os instintos paternos ou maternos de qualquer um.
Os sapatinhos que cabem em dedos adultos e as roupas que serviriam, sem nenhum ajuste, em bonecas, são preenchidos pelo membro mais novo da família que observa a tudo e a todos com a curiosidade da primeira infância. São segundos de descobertas e suspiros dos avós, tias e primos-corujas.
Um ano novo inicia de uma forma diferente. Apesar de estarem entretidos com a presença cativante do pequeno Olavo, 2009 começa no meio de crises mundiais, mas com uma presença forte do que é o futuro de tudo que é feito hoje em dia. Em anos anteriores as novidades começavam a ficar velhas - mesmo aquelas que ninguém ainda sabia. Ninguém dava ouvidos por mais que a notícia era uma das melhores a ser contada na roda da família. "Sério? Me conta mais...", dois minutos e o assunto já mudava.
Olavo foi assunto para cada cinco minutos. Comendo, sorrindo, mordendo o aviãozinho verde de borracha, brincando com pelúcias, andando ou girando as bolinhas barulhentas de um de seus brinquedos. É uma pequena lição para todos que estão ali, apesar que quase ninguém tira o devido proveito do que alguém que ainda nem fala pode ensinar. Enxergar as coisas como se fossem a primeira vez é um dom das crianças que descobrem o mundo dia a dia. Essa visão não deveria ser perdida com o passar dos anos e até com a chegada da terceira idade. Ver em cada oportunidade um recomeço, ou o próximo degrau da escada da vida pode ser muito mais bem aproveitado se todos os vissem com os mesmos olhos negros de Olavo. Uma surpresa a cada descoberta, não mais um suspiro a cada repetição. O que descobrir? O que a vida ainda não revelou.
A todos um Feliz 2009!
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