sábado, 30 de julho de 2011

Relacionamento profissional, cada vez mais complicado...


Existem assuntos para os quais não é preciso nenhuma formação específica para poder falar sobre. Um deles é como as pessoas tratam umas as outras hoje em dia. Nas últimas semanas presenciei e ouvi muitas histórias de pessoas que não fazem nenhum tipo de esforço para não serem arrogantes, mal educadas e grosseiras com colegas de trabalho, clientes ou com as pessoas que as cercam.

Esse tipo de postura, infelizmente, parece ser muito comum em profissões que há maior relacionamento interpessoal e com clientes. É possível contar nos dedos de uma única mãos a quantidade de vendedores, gerentes ou atendentes que me atendeu tão bem a ponto de eu gravar o nome desta pessoa e procurá-la sempre que possível para comprar algo ou para tirar dúvidas, conversar e saber das novidades daquela empresa. Tenho a impressão que esse tipo de relacionamento com cliente está ficando cada vez mais difícil.

Quando começamos a estudar economia, uma das afirmações (ou fato) com as quais nos deparamos é a qualificação da mão de obra do setor de serviços. É notório que a grande parte da mão de obra qualificada como engenheiros, químicos, até mesmo estilistas, nutricionistas e tantas outras formações superiores está alocada no setor de transformação, ou seja, na indústria. Detalhe importante: mão de obra qualificada que exerce a profissão na qual se formou, afinal a quantidade de pessoas que conseguem um emprego na área de formação é pequena – não é em vão que há tanta reclamação de empresários sobre a falta de qualificação das pessoas que se candidatam às vagas.

Apesar disso, a qualificação ou a falta dela não justifica uma postura mal educada ou grosseira quando se está conversando com um colega de trabalho ou atendendo um cliente. Existe na IBM, empresa onde estou trabalhando no momento, valores e competências muito interessantes que devem permear a conduta e a vida dos funcionários, os IBMistas, como somo chamados. Duas delas são “a dedicação ao sucesso dos clientes (externos e internos)” e “ comunicação para impactar” (do inglês communicate for impact), respectivamente, um dos três valores IBM e uma das nove competências dos funcionários da IBM. São dois pontos que parecem muito simples, mas que na prática fazem toda a diferença.

Diferença que começa na forma como as pessoas se relacionam. Essa semana tive algumas conversas com superiores e com amigos sobre isso. Na minha opinião, no mundo corporativo, as pessoas deveriam ser, no mínimo, obrigadas a serem educadas. Pode parecer meio exagerado usar a palavra “obrigadas”, mas o fato é que nem todas as pessoas são educadas, nem todas conseguem ser simpáticas e, principalmente, nem todas (ou ninguém) vivem num mundo perfeito cheio de sorrisos num campo verde cheio de flores ou em uma praia deserta com sobras de coqueiros. Todos estamos sujeitos a sermos ansiosos, tensos, tristes, desmotivados e todas as qualidades negativas que são efeito colateral desse mundo agitado e doido no qual vivemos hoje em dia. Porém – esse porém é a parte mais importante deste texto –, pessoas que são afetadas pelo lado negativo do mundo moderno não devem passar essa negatividade adiante. Pode até ser que apliquemos aquele refrão da sabedoria do axé “cada um no seu quadrado”, mas eu iria um pouco mais além, cada um no seu quadrado com seus problemas pessoais.

Entendo que em uma empresa os funcionários estão sendo pagos para alimentar uma máquina maior, seja de pequeno, médio ou grande porte; local, regional, nacional ou internacional... não importa o tamanho ou a dimensão dessa empresa, quando um funcionário assina o contrato de trabalho para vender roupas, gerenciar carreiras, ser um auxiliar administrativo ou desenvolver um software, é preciso haver dedicação ao próximo e uma comunicação clara. Como já disse, ninguém tem o direito de julgar o seu colega de trabalho ou maltratar um cliente só porque a vida não sorriu para essa pessoa naquele dia específico. Acredito que não seja necessário anos de experiência em um ambiente corporativo ou formação em psicologia, sociologia ou seja lá qual for a área que olhe para esse assunto com mais rigor para entender que educação é um item fundamental para o bom relacionamento (real ou virtual) entre as pessoas.

Existe sim diversidade de personalidades, mas deveria ser proibido permitir que pessoas impactem o sucesso alheio porque não sabem ser objetivas nas suas mensagens ou pelo menos fingirem que são educadas e deixar a opinião sobre o seu próximo apenas no pensamento.
Sendo assim, ao ensinar um novo processo a alguém, ao atender uma pessoa na fila de um banco, ao vender um produto para alguém em uma loja ou ao escrever uma mensagem por MSN, e-mail ou carta, a educação deve prevalecer sobre qualquer outro sentimento, pré-conceito, julgamento ou opinião quando estamos falando em negócios. Fora disso, seja quem você for ou o que pensar, a vida de cada um deve ser livre de amarras sociais, ou seja, faça o que quiser, pense o que quiser.

Para saber mais...

Os valores e competências da IBM são assuntos facilmente encontrados no site da empresa. Estão disponíveis para consulta e vale a pena ler um pouco sobre como a empresa pensa em seus relacionamentos e no desenvolvimento de seus funcionários.

Valores IBM aqui
Competências IBMistas aqui

quarta-feira, 20 de julho de 2011

E a educação, como fica?

Artigo enviado para Jornal de Limeira e Gazeta de Limeira.

Meu nome é Alex Contin, sou jornalista e estudante primeiroanista de Economia pela Unicamp, em Campinas. Por conta de meus objetivos profissionais deixei Limeira no começo de 2011 e, antes disso, desde janeiro de 2010, quando sai do Jornal de Limeira, parei de acompanhar de perto os trabalhos dos vereadores limeirenses. No período que acompanhei os trabalhos na Câmara Municipal de Limeira o fiz com muita indignação e vergonha. Eis que nesta quarta-feira, dia 20, recebi um e-mail chamado “Fiscaliza Limeira” vindo do gabinete de um dos vereadores.

É de conhecimento geral que vereadores se elegem em Limeira mais por conta das promessas bairristas que por promessas para realmente exercer o papel legislador e fiscalizador que o cargo exige. É vergonhoso ver como os vereadores dessa casa se rendem às tramas políticas que são tecidas nesse limbo que são as relações regadas à puros interesses financeiros. Não fiscalizem em Limeira apenas casas lotéricas e bancos, POR FAVOR, façam de seus mandatos uma passagem honrosa pela casa que dá assentos à representantes do povo. Não deixem de fiscalizar os atos do poder Executivo. Saiam dos bancos e das casas lotéricas e vão às escolas, às obras públicas, aos departamentos da prefeitura atrás de processos licitatórios suspeitos ou de valores muito altos!

Sendo extremista, acredito que os vereadores limeirenses e de outras cidades deveriam abrir mão de seus salários para investirem mais na educação pública que está em um estado deplorável ou no mínimo honrar o dinheiro público que recebem e dar mais atenção a esse gargalo do desenvolvimento das cidades. Alunos do Ensino Fundamental e Médio sequer têm perspectivas de continuar seus estudos depois do terceiro colegial - isso quando chegam a completar esse ciclo da educação. É por conta dessa qualidade ridícula da nossa educação que políticos que apenas sabem prometer praças e iluminação em bairros da periferia conseguem se eleger. Grande parte dos eleitores parece não ter discernimento suficiente para enxergar como que as crianças estão sendo educadas nas escolas. Muitos pais parecem delegar aos professores a obrigação de educar a criança para a vida inteira. Na outra mão, professores encontram crianças que repetem a violência que veem em casa.

O salário que os vereadores recebem em quatro anos deve ser suficiente para pagar por mais livros, jogos educativos para essas crianças ou cursos de especialização para seus professores. No mínimo é suficiente para elaborar uma rede de palestras nas escolas de Ensino Médio sobre as profissões do futuro. Palestras essas para incentivas que alunos perdidos encontrem o caminho que desejam trilhar rumo à uma qualificação que dê um mínimo de esperança e perspectiva para suas vidas.

Porém, parece ser muito mais importante colocar vigias em casas lotéricas e abaixar a cabeça para o chefe do Executivo a investir em alunos com futuro e em eleitores esclarecidos sobre o que deve ser mais importante – uma praça com pista de skate ou uma escola com mais livros e uma educação com mais qualidade.

Vereadores, não sejam ridículos, não abaixem suas cabeças aos discursos inflamados de representantes do poder Executivo na Câmara. Comecem a investigar mais as contas públicas, as obras, os atos. Fiscalizem até as qualidades do atual governo. Transformem-se em uma fábrica de escândalos se preciso, mas por favor, não deixem o dinheiro dos limeirenses ser empregados em atos ridículos só para garantir mais votos nas próximas eleições!

terça-feira, 5 de julho de 2011

O lado oposto do ranking

No meu último post aqui no blog escrevi sobre um texto publicado pela revista Ensino Superior Unicamp sobre um estudo feito no início do século passado por Flexner nos Estados Unidos e Canadá sobre as escolas de medicina (Relatório Flexner). Além desse artigo, a edição da revista tem um artigo de uma pesquisadora do Instituto de Tecnologia de Dublin, Ellen Hazelkorn, sobre os Rankis e a excelência das universidades em todo o mundo. Eis que esta semana a Ordem dos Advogados do Brasil divulga uma nota falando do péssimo desempenho de bacharéis em Direto no Exame da Ordem.

O jornal on-line Estadão trouxe uma noticiou hoje a lista de universidades que não teve nenhum aluno aprovado no exame. Dos 116 mil inscritos, só 9,7% foram aprovados segundo o jornal. (Confir a lista aqui e a notícia aqui). Essa informação, apesar de ser vergonhosa, veio em boa hora para ilustrar como ainda há essas "Fábricas de ignorantea". Imagino se todas as profissões requisitassem exames parecidos... ai sim seria um festival de rankings negativos e divulgação dessas fábricas de ignorantes interessados apenas no dinheiro dos alunos.

É decepcionante... =/

domingo, 3 de julho de 2011

Fábricas de ignorantes


Lendo algumas publicações sobre o Ensino Superior, encontrei um documento superinteressante. A fonte é a revista Ensino Superior Unicamp e na sua primeira edição, de abril de 2010, a publicação trouxe a introdução de um estudo feito pela Fundação Carnegie (dos Estados Unidos), elaborado por Abraham Flexner. O objeto do estudo era as escolas de medicina dos Estados Unidos e Canadá no início do século XX. O estudo foi publicado em 1910 com o título "Factors for the making of ignorant doctors" (Máquina de médicos ignorantes") e foi escolhido pela equioe da revista por conta da situação das escolas de medicina brasileiras - além de ter completado 100 anos desde sua primeira publicação.

Na revista da Unicamp foi publicado apenas a introdução do estudo escrita por Henry Smith Pritchett. Para apresentar essa introdução, a revista ainda passa algumas informações que justificam a escolha do texto: no Brasil, entre 1996 e 2010 o número de escolas de medicina subiu de 82 para 161. Além disso informam que em 2009 o MEC fechou 570 vagas de nove cursos.

Apesar de o texto ser sobre os cursos de medicina nos Estados Unidos e Canadá, com um claro paralelo dos cursos brasileiros, escolhi uma parte do texto que pode ser claramente aplicado a qualquer universidade e qualquer curso(e até às escolas estaduais de ensinos médio e fundamental, uma vez que parece ser inútil criticá-las e ver que a qualidade só piora). Ontem mesmo estava conversando com uma prima, Franciane Boriolo, sobre como os cursos superiores viraram mercadorias e as instituições de ensino superior grandes comerciantes em busca de dinheiro e não de alunos com qualidade!

Segue o trecho selecionado para reflexão:

"Nesse sentido, talvez seja desejável acrescentar mais uma palavra. As instituições de ensino, particularmente as vinculadas a um college ou uma universidade, são peculiarmente sensíveis a críticas externas; em especial a qualquer depoimento sobre circunstâncias de sua conduta ou de seu equipamento que lhes pareça desfavorável em comparação às de outras instituições. Como regra geral, o único conhecimento que o público tem de uma instituição de ensino é proveniente de depoimentos da própria instituição – informação que, mesmo nas melhores circunstâncias, é colorida por esperanças, ambições e pontos de vista locais. Um número considerável de colleges e universidades assume a lamentável posição de, por serem instituições privadas, considerarem direito do público conhecer apenas as operações que elas decidam comunicar.

(...)

"A atitude da Fundação é que todos os colleges e universidades, não importa se sustentados por impostos ou doações privadas, são na verdade corporações de serviço público, e que o público tem o direito de conhecer os fatos ligados à sua administração e a seu desenvolvimento, sejam eles relacionados ao aspecto financeiro ou ao educacional.
"

Para quem tiver interesse, o texto completo está disponível na página da revista Ensino Superior Unicamp (clique aqui).