quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Procurando emprego...

Você já foi demitido alguma vez? Pelo menos ficou sabendo o motivo do seu desligamento?

Eu nunca tinha sido, mas como tudo tem uma primeira vez na vida, hoje faço parte do grupo de desempregados do Brasil e devo entrar em breve para as estatísticas da Caixa Econômica Federal como mais um beneficiário do seguro desemprego.

O mais legal de tudo é que ao querer saber o motivo do desligamento o departamento de Recursos Humanos não soube responder e meu (ex-)chefe se limitou a dizer: "Me reservo o direito de não te falar o motivo da demissão nesse momento". Falar o quê?

Bom... boa pra frente!

Agora falo que sou um jornalista disponível no mercado. Tenho dois anos de experiência em Assessoria de Imprensa e quase dois em jornal diário. Quando estava no segundo ano da faculdade comecei a trabalhar na Assessoria Geral de Comunicações da Prefeitura de Limeira. Entrei como uma espécie de "radio-escuta", na verdade fazia os clippings dos programas de rádio de Limeira, principalmente os da oposição. Dai passei para o atendimento da imprensa. Fiz curso de Cerimonial e Protocolo no Senac em 2007 para poder ajudar no planejamento de eventos feitos pela Assessoria.

Em março de 2008, no quarto ano de faculdade e há dias de encerrar o contrato de dois anos de estágio com a prefeitura, fui aprovado no processo seletivo do Jornal de Limeira. Não lembro ao certo quantas pessoas fizeram o teste, mas eu e uma amiga de curso, Eliara Clemente, passamos e demos início em nossa vida de jornal diário. O trabalho como estagiário começou com pautas de Cidades e também para uma editoria chamada Proibido para Maiores. Depois de formado, e graças à meu antigo chefe, Rodrigo Piscitelli, fui efetivado na empresa como Auxiliar de Redação, cargo no qual fiquei registrado até hoje às 13h.

No Jornal de Limeira, depois de meses como repórter de Cidades passei a ser uma espécie de "editor" de Variedades e dos suplementos semanais Caderno de Domingo e Jornal da TV. Digo "espécie de" porque o trabalho era só na prática e não no registro. Assumi essa função em junho de 2009 no lugar de uma outra jornalista que foi desligada da empresa, a Kelly Camargo. No período que fiquei a frente das editorias propus uma mudança editorial e logística nos cadernos e na página de Variedades. Uma das sugestões para reformular a aparência da página de Variedades foi aceita pela chefia e pela diretoria da empresa. Em meados de novembro a página passou a se chamar Cultura e Variedades, e começou a ser publicada com uma diagramação mais leve, inspirada nos cadernos culturais dos jornais O Estado de S. Paulo e da Folha de S.Paulo. As reformas no Caderno de Domingo e no Jornal da TV não vingaram.

Além da experiência com Cultura e Variedades, bem como com o fechamento desta página, também descobri uma das minhas preferências profissionais que pretendo investir a partir de agora: economia. Durante o tempo que trabalhei no jornal, com mais ênfase depois de formado, comecei a gostar cada vez mais das pautas de economia, em especial aquelas que envolviam dados estatísticos como o mercado de trabalho e a crise apresentados com números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e com os balanços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior sobre as exportações e importações feitas pelas empresas limeirenses.

Por conta da afinidade com a área tentei fazer um exame da Anpec para um mestrado de Desenvolvimento Econômico na Unicamp de Campinas. A falta de formação específica acredito que tenha sido o principal ponto fraco na hora de formular a proposta de projeto e nos exames escritos e alternativos. Já que vi que o mestrado é tão difícil, meus planos para este ano são estudar e fazer vestibulares para cursar uma graduação pública nessa área.

Um outro ponto positivo que a experiência no Jornal de Limeira me trouxe foi o fato de ter chegado à final do Prêmio Jovem Jornalista, promovido em 2008 pelo jornal O Estado de S. Paulo e, na época, com o Banco Real. Escrever reportagens todos os dias me deu o preparo necessário para redigir uma reportagem sobre desenvolvimento sustentável na área de construção e meu texto foi selecionado para os 16 finalistas. O prêmio final era um curso de jornalismo em Navarra, uma faculdade espanhola, que ficou com uma outra concorrente de nome Flora (não recordo o sobrenome dela).

Como disse no começo do texto, sou um jornalista disponível no mercado. Muitos de meus textos e as reportagens que mais gostei de produzir estão aqui no blog. Assim como meus contatos. Atualmente também sou colaborador da Revista VU (www.vidauniversitaria.com.br), produzida pela agência limeirense Clic Interativa. Escrever para a revista está sendo uma experiência bem interessante pelo fato de o texto magazine possibilitar uma liberdade de estilo muito maior que o lead e o feijão com arroz do fechamento de um jornal diário - não que eu não goste desse prato básico, mas ter asas para escrever é uma experiência sem igual.

É isso... contatos pelos comentários ou pelo e-mail alex.contin@gmail.com

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Uma voltinha de busão....



O ônibus, mais conhecido como “busão” entre os jovens, é um meio de locomoção do qual várias pessoas dependem diariamente. Isso é, de certa forma, um fato positivo até porque se todos que andam de ônibus também tivessem carro, o trânsito que já está ruim ficaria ainda pior... e isso ninguém merece. Enquanto leva trabalhadores e estudantes para lá e para cá, os ônibus são palco de comentários e histórias e situações engraçadas e inusitadas.

Da Praça do Museu até a Avenida Campinas, em Limeira, são cerca de 10 ou 15 minutos de ônibus, um trajeto relativamente rápido dependendo da linhas que se escolhe para ir de um ponto ao outro. Na noite de hoje, subi no primeiro ônibus que apareceu no principal ponto do Centro, o linha “02 - Olga Veroni”. Junto comigo, cerca de 10 pessoas também tomaram seus acentos no veículo para voltar para a casa, dois deles eram dois trabalhadores da Viação Limeirense, provavelmente um motorista e uma cobradora.

O veículo que peguei era um desses novos, adaptados para cadeirantes. Os assentos ainda estão bonitos, tudo muito limpo, o letreio que informa a linha e o destino final bem visível. Tudo muito bonito e que fique assim por um bom tempo e que os vândalos não resolvam atacá-los. Depois de descer a Rua Boa Morte, o motorista, assim como uma parte considerável dos motoristas do transporte coletivo de Limeira, precisou passar pelo Terminal Urbano Rodoviário.Do projeto que o ex-secretário de Transportes, José Augusto Ferreira Camargo, me apresentou para uma matéria sobre o tema há cerca de um ano e meio para o que se encontra no local, diria que falta metade do que foi prometido.

Na planta que ele apresentou certa vez na sua sala da secretaria, o local deveria ter uma cobertura geral, e não apenas pontos cobertos, lojas e uma prédio para a administração das empresas do transporte coletivo. A justificativa da prefeitura para que o local não esteja como o prometido ainda é que as empresas que fazem o serviço público é que devem concluir a obra. Se cumprirem tudo bem...

Depois de ter passado a rotatória que fica ao lado do terminal, o motorista finalmente entrou em uma das vias de acesso para o local. Logo da entrada dava para ver todos os pontos vazios. Por outro lado, as ruas que compõe esse terminal estavam cheias de carros dos estudantes de uma escola que fica bem em frente ao terminal. Apesar de não ter nenhuma placa impedindo o estacionamento no local, pelo menos não consegui avistar nenhuma a noite, esses motoristas não têm muito senso de espaço.

O ônibus sendo um veículo grande consequentemente precisa de espaço para fazer suas curvas. E não é que bem em uma das curvas mais “acentuadas” que o motorista do ônibus precisa fazer para sair do terminal não tinha um carro estacionado? Não sou bom com marcas de carro, mas diria que era um Monza azul marinho parado bem em frente a uma das saídas das ruas, uma via que o motorista deveria entrar para voltar ao seu trajeto normal. E foi com maestria que o condutor do veículo conseguiu fazer sua curva sem encostar em nenhum dos carros estacionados dos dois lados da via. Lógico que o cobrador colocou a cabeça para fora da janela para verificar se o ônibus encostaria ou não no carro. Enquanto isso os passageiros do lado oposto olhavam pela janela para conferir o espaço entre o lado esquerdo e um carro cinza parado a menos de dois metros da saída. Se fosse eu ali estaria todo suado de virar o volante e depois de várias rés e primeiras marchas conseguiria voltar normalmente para o meu caminho...

O motorista que estava de passageiro ainda brincou. “Ainda bem que fui eu que te ensinei!” Risos do restante dos passageiros, claro.

Outro fato curioso foi a reação de uma mulher sentada bem na minha frente, em um daqueles bancos altos em cima da roda do veículo. Ao passar pelo terminar todo iluminado, mas sem nenhum passageiro ela disse: “Ai motorista, olha quantos fantasminhas para você pegar de passageiro. Olha ai os fantasminhas do (prefeito Silvio) Félix. Tem até um dormindo”, disse se referindo a um mendigo que estava deitado em um dos pontos cobertos do local. Se não serve para passageiros, pelo menos alguém encontrou um quarto bem iluminado...

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

As vagas e os malas

“Quando pega no bolso do motorista ele reclama”. A declaração é de um “funcionário” público que pertence ao alto escalão da Prefeitura de Limeira. A frase foi em resposta à um questionamento sobre a conduta de três agentes de trânsito que, na última segunda-feira, multaram e foram sarcásticos um motorista que estacionou seu carro sobre a calçada na Avenida Saudades, Centro.

Realmente ninguém gosta de multa. Além de ser uma despesa não planejada, ninguém sabe ao certo para onde vai o dinheiro que pagamos por cometer infrações no trânsito. É justo multar os errado. “Toda infração é passível de multa”, declarou o secretário de Transportes, Ítalo Ponzo Júnior ao Jornal de Limeira em uma matéria que fizemos sobre o segundo dia da Operação “Tolerância Zero”. Aqui está o ponto legal da coisa, afinal o Código de Trânsito Brasileiro está ai para garantir que o as vias públicas não fiquem piores do que já estão. Mas onde estaria a “compreensão”?

O caso da Avenida Saudades é digno de uma análise um pouco mais aprofundada. A via há alguns anos era um point de jovens. Assim como descrevi no post abaixo (“Limeira gira, gira, gira e não sai do lugar”), a Avenida Saudades era um desses carroséis limeirenses de jovens que não tinham o que fazer na noite da cidade. O “problema” causado por esse público foi resolvido com placas proibindo o estacionamento de veículos nos horários que costumavam se tornar o ponto de encontro deles.

Se a noite a avenida era dos jovens, durante o dia a via é do comércio. Acho que a Avenida Saudades é uma das mais bonitas da cidade. Bem arborizada, com um canteiro central simples, mas verde, calçadas largas e bastante sombra. Além de ser a principal via para os dois cemitérios que existem na região central, a avenida também é um dos poucos lugares da cidade que ainda sustentam alguns bares e a única boate de Limeira, além de ter lojas chiques de móveis, a cabeleireira mais cara da cidade, uma das escolas mais conceituadas e um prédio residencial muito bonito e uma igreja (que tem em todo canto nessa cidade...).

Moradores e principalmente clientes desse espaço comercial que a Saudades abriga estavam acostumados com as vagas para estacionar os carros sobre as calçadas. Apesar de alguns carros atrapalharem de vez em quando a passagem de pedestres, uma delimitação no solo até foi pintada para deixar claro os espaços de quem anda com os pés e quem se desloca sob rodas. Segundo um gerente de uma das lojas da via, um agente de trânsito que havia o orientado a pintas as linhas no chão e a colocar cones no final de cada vaga para que nenhum veículo invadisse o passeio público.

Como tudo entra em um movimento inercial, só uma força contrária impede o deslocamento de algumas coisas, até no cotidiano das pessoas. Eis que a Secretaria de Transportes lança uma operação, já apelidada de “Tolerância Zero” (apesar de o titular interino da pasta dizer que não gostou do apelido) para intensificar a fiscalização e os famosos laranjinhas, como são conhecidos os agentes aqui em Limeira, chegaram multando proprietários de veículo que, da noite para o dia, estavam irregulares no local. Um dos multados conversou comigo e contou que além de não conseguir escapar da multa a tempo – ele chegou a tempo ao lado de seu carro que estava sobre a calçada, mas o agente de trânsito foi intransigente – ainda teve que aguentar o sarcasmo dos laranjinhas. O tal motorista até anotou os nomes dos três agentes que lavraram a multa e deixou o papel na sua mesa de trabalho.

A Avenida das Saudades, além de ser o último passeio de quem vai descansar no cemitério, é também uma das avenidas usadas para se chegar até o passo municipal. E na prefeitura, como é óbvio, é onde fica a secretaria dos transportes, é onde ficaram os agentes municipais. Agora uma pergunta: se era mesmo errado parar em cima da calçada como os motoristas faziam até a última segunda-feira, porque os motoristas não eram multados? Vista-grossa ou os agentes e outros profissionais que passavam por ali simplesmente não percebiam os carros em cima da calçada? É fato que alguns carros do alto escalão entram pelos fundos do paço municipal, até porque não querem topar com limeirenses reclamando de árvores, buracos e vagas em creche, e pela sua porta dos fundos se instalam na masmorra com pelo menos quatro portas de fechaduras automáticas até seus gabinetes. Por que do comentário, simplesmente porque alguém que não anda sem medo a pé pela cidade não consegue reparar no que a cidade tem.

E depois de ser questionado sobre a conduta sarcástica dos laranjinhas aquele personagem do alto escalão do começo da matéria ainda diz que as pessoas reclamam mesmo quando o bolso dói... Mas que não se faça generalizações. Existem laranjinhas bons, que conscientizam, e existem laranjinhas malas, que multam e acham graça, ou param o carro pessoal em cima da área destinada às motos quando não está com o uniforme, como já presenciei. Assim como existe secretários bons, os que se fazem de bons, e os que falam uma coisa quando assumem o cargo e pouco tempo depois se contradizem.

Ê mundo da politicagem... quem tem orgulho de você?

Beba Coca e aumente nossas vendas

Só o comecinho de um release que recebi hoje na redação...

O Sistema Coca-Cola Brasil registrou um crescimento de 4% no seu volume de vendas em 2009, comparado ao ano anterior, alcançando um total de 9,6 bilhões de litros de bebidas não-alcoólicas e um faturamento de R$ 17 bilhões. Com esta performance, a Coca-Cola Brasil manteve o ciclo iniciado em 2004 que já completa 23 trimestres consecutivos de crescimento. No último trimestre de 2009, o aumento das vendas no País chegou a 8%.

Em termos globais, as vendas cresceram 3% no ano e 5% no quarto trimestre de 2009. O crescimento na América Latina foi de 6% no ano e 7% no quarto trimestre.

"Nós terminamos este ano com muito gás. Obtivemos ganhos no volume global e na participação de mercado. Nossas receitas cresceram em equilíbrio com a variação da moeda e obtivemos mais produtividade, o que resultou em um maior fluxo de caixa", afirmou Muhtar Kent, presidente e CEO da The Coca-Cola Company.

"Somente em 2010, o Sistema Coca-Cola Brasil vai investir mais R$ 2 bilhões, mais de 14% acima do que investimos no ano anterior. E nos cinco anos entre 2010 e 2014, pretendemos investir um total de R$ 11 bilhões. Este valor inclui o total de investimentos em marketing e em infra-estrutura. Os fundamentos econômicos do País junto com a classe média crescente, apresentam uma oportunidade que não pode ser desperdiçada pela sociedade nem pelas empresas brasileiras. Temos confiança plena no futuro e vamos continuar acelerando junto com o Brasil”, explica o presidente da Coca-Cola Brasil, Xiemar Zarazúa.


... isso não é propaganda contra a empresa, até porque adoro Fanta! Mas os números.. =O

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Limeira gira, gira, gira e não sai do lugar



Não é a toa que o símbolo de Limeira é uma laranja, uma fruta redonda, circular, e pude observar isso hoje no shopping Pátio Limeira agora a noite enquanto estava comendo um lanche na praça de alimentação. É incrível como que tudo aqui na cidade entra num “ciclo vicioso”, como dizia minha professora de psicologia da faculdade. Assim como um compasso, faz um círculo, completa 360º e volta sempre para o mesmo lugar. De certa forma em Limeira não há reta, só círculos.

Enquanto estava com um amigo sentado no shopping deu para ver claramente que aqui tudo gira, gira e não muda nunca. Ainda sendo ampliado, o shopping tem cerca de dez corredores, alguns ainda sem loja. Não exatamente circular por seus conjuntos de lojas formando três grandes retângulos. Mas mesmo assim, seus frequentadores giram, giram e giram. Percebi que vários grupos de adolescentes ficaram andando em círculos dentro do shopping e conversando durante todo o tempo. Uns para uma direção e outros para a outra. (Sem contar um grupo de retardados que estava fazendo umas brincadeiras de Ensino Infantil no meio da praça de alimentação... ¬¬)

A cena me fez lembrar da minha época de Ensino Médio, na escola Professor Antonio Perches Lordello. O local que até hoje mais parece uma prisão que uma escola (vide a falta de área verde e o aglomerado de salas regidos a mão de ferro por uma diretora que se orgulha de falar alto e ser grossa com os alunos), é um conjunto de salas cobertas por telhas de brasilite e com pouco área aberta para os alunos ficarem nos intervalos. Lá grupos de adolescentes e também de crianças no período da tarde sempre andavam em círculos durante os intervalos. Uns para uma direção e outros para outra.

Voltando ainda mais no tempo, me lembro que quando as principais avenidas da cidade como a Avenida Saudades e Avenida Rio Claro eram point de encontro de jovens, esse público também ficava girando, girando e girando, só observando uns aos outros. Esses grupos e algumas pessoas solitárias, a pé, de carro ou de moto, exibiam o que de melhor tinham, seja roupas vistosas ou automóveis com sons possantes (e na época aquelas buzinas personalizadas). Esses também andavam em direções, geralmente obedecendo os sentidos das respectivas vias, que sempre eram de mão dupla com canteiros no meio. Incluir a Avenida Piracicaba que até hoje fica cheia nos finais de semana.

E se pararmos para lembrar das histórias das pessoas mais velhas, dá para reparar que girar está mesmo na história dos limeirenses. Conversando com nossos avós, eles contam que antigamente as paqueras eram feitas nas praças da cidade. Os homens giravam para um lado e as mulheres para o outro. Ali se conheciam e formaram as famílias de hoje. Provavelmente girar tenha sido passado de geração para geração pelos genes ou pela educação que é passada de pais para filhos. Está meio que na cultura de um bom limeirense, aquele que se entrega ao ciclo vicioso e gira.

Falando em estar na cultura, essa palavra deve ser um problema que está por detrás disso tudo: a falta de cultura ou de entretenimento na cidade. Recentemente uma comissão foi formada na Câmara, mas parece que o resultado foi nulo. O secretário de Turismo e Eventos, Domingos Furgione Filho, também fez algumas pesquisas sobre a preferência dos jovens e adolescentes para fazer eventos específicos para eles e depois de descobrir que esse público gosta de pagode, grafitti e dance, fez alguns eventos, mas o projeto parou no tempo. A cultura então nem se fala. O Teatro Vitória só lota quando algum ator global ou integrante do CQC vem faz uma apresentação como aqueles pocket shows sem sentido e com alguns palavrões para divertir o público. Enquanto isso peças com mais conteúdo e produções de grupos da cidade ficam com várias cadeiras vazias e sem nenhum tipo de apoio.

Limeira não tem Sesc; não tem um museu decente; sem nenhuma galeria de artes; só tem uma boate; alguns bares que cobram até portaria para se ficar uns cinco minutos apertado ouvindo sertanejo ou qualquer outra música ao vivo que esteja programada para a noite; o que abre sempre fecha; o Centro de Ciência está parado; o que é construído é destruído; ninguém sabe o que será feito da Biblioteca Municipal; e o pior é que a política coloca pessoas de má índole ou despreparadas em cargos cabeça para que isso seja melhorado.

Conversando com o coordenador da Oficina Cultural Carlos Gomes, Robson Trento, e com o maestro da Orquestra Sinfônica de Limeira, Rodrigo Müller, eles comentaram que as vezes a cultura é desprezada. “Fazemos as coisas mesmo que a estrutura esteja ruim, por isso ninguém faz nada para melhorar as condições do local onde trabalhamos”, comentou um deles quando o assunto foi o Palacete Levy que serve de sede para os dois.

Como girar vem desde a época em que o Teatro da Paz era rodeado por moços e moças que ficavam se paquerando, dá para concluir que Limeira parou no tempo, como observou um amigo, Bruno Pacolla. E enquanto ninguém faz nada para mudar essa situação, a cidade vai girando nesse ciclo vicioso. Enquanto os funcionários públicos abaixarem a cabeça para alguns dos funcionários que não prestam e ganham cargos no poder público, enquanto a Cultura for dominada (mesmo que de longe) por um grupo seleto de “artistas” que não prestam ou pessoas que nunca atuaram, dançaram ou tocaram um instrumento e se dizem capazes de comandar um setor tão importante para o desenvolvimento da cidade, os jovens vão ficar girando eternamente sem ter algo útil para fazer.

Nine - emocionante!



Uma palavra simples descreve o que assisti esse final de semana: emocionante. Fui sábado até Campinas para assistir ao musical Nine, no Knoplex do Shopping Don Pedro e desde o final de semana estava procurando um jeito de começar um texto sobre o que vi e a palavra certa para resumir o longa.

A história é do diretor de cinema, Guido Contini (Daniel Day-Lewis), que chega à sua nona produção cinematográfica junto com uma crise profissional que o impede de criar o roteiro do próximo filme há menos de dez dias do início da gravação. O filme é o desenrolar desse desespero e da incapacidade de Contini de achar o enredo perfeito para falar sobre a Itália, que é o tema do filme.

Nine é uma adaptação de um musical homônimo da Broadway e do mesmo diretor de Chicago, Rob Marshal. Além do diretor e da garantia de uma bela produção, o elenco também é um prato cheio para os olhos de quem gosta de musicais. Nine reúne a cantora Fergie e as atrizes Penélope Cruz, Nicole Kidman, Kate Hudson, Judi Dench, Marion Cotillard e Sophia Loren. Cada uma com um número musical específico dá um show.

Cena de Be Italian, com Fergie


Para quem gosta de dança, o musical também não decepciona. A cantora Fergie, no papel de Saraghina canta e dança a música “Be Italian”. A coreografia me deixou literalmente de boca aberta e vidrado na telona. Além da voz grave interpretada pela Fergie, um grupo de dançarinas, todas de vermelho, em suas cadeiras de madeira fazem um número tão sincronizado que dá inveja a qualquer coreógrafo e dão asas à imaginação de quem gosta de criar arte com música e corpos. Num misto de tarantela italiana com dança cigana e movimentos que fazem lembrar o solo de balé de Esmeralda, o grupo dança em um dos estúdios da produtora italiana Cinecittá, onde se passa todos os números musicais que intercalam, complementam e dão harmonia à história de Contini. Todas as mulheres da cena dançam com pandeiros num cenário coberto de areia. É até difícil de descrever e a tela gigante do cinema aumenta em uma proporção muito grande a emoção desse musical.


Vídeo do Be Italian, com Fergie


Além dela, a música “Cinema Italiano”, interpretada por Kate Hudson, também mostra, mais uma vez, que Rob Marshal sabe o que faz quando está a frente de um filme musical. É também uma prova de que o filme traz estilos de música variados para a telona e não fica só naquelas músicas tristes e melosas que a sinopse do longa pode sugerir. Hudon, no papel de uma repórter da revista Vogue, faz o número mais animado de todo o filme em uma passarela com dançarinas em vestidos prata e o elenco masculino em ternos e óculos escuros.

Cinema Italiano, Kate Hudson


É um filme que já foi indicado a quatro óscars: melhor atriz coadjuvante para Penelope Cruz, melhor figurino, melhor diretor e melhor música para “Take It All”, na voz de Marion Cottilard.

Marion Cotillard, Take it all


Vale a pena conferir...

Folies Berege, Judi Dench


Penelope Cruz, A call from the vatican


E finalmente uma coreografia com a música cantada pela Fergie, Be Italian, dançada por outra cantora e dançarina Carmit Bechara (ex-Pussycat Dolls)