Acordos dependem dos sindicatos de classe para bem dos trabalhadores
Matéria publicada no Livre Iniciativa do dia 4 de março no Jornal de Limeira
As negociações entre a multinacional ArvinMeritor e o Sindicato dos Metalúrgicos terminaram sem um final feliz e com 120 desempregados. Após os sindicalistas recusarem a proposta feita pela empresa de redução da jornada de trabalho e salário, o corte de pessoal se mostrou inevitável no último dia 13. Mesmo assim, ainda há outras possibilidades para reduzir os gastos sem cortes.
Além da redução da jornada segurada pela lei 4.923 de 1965 - usada pela empresa como base para o acordo -, a empresa ainda pode recorrer a outras leis, até mais antigas que a primeira, para conseguir enfrentar os problemas da crise e evitar mais dispensas.
O advogado trabalhista Roberval Dias Cunha Júnior, 55 anos, expões as possibilidades. De acordo com ele, há três meios legais que podem auxiliar a empresa a negociar com trabalhadores os cortes de gastos: a redução de jornada e salário, Plano de Demissão Voluntária (PDV) e a suspensão do contrato de trabalho.
O primeiro, a flexibilização da jornada de trabalho é um dos recursos mais negociados pelas empresas nesse tempo de crise. Anteontem, a Papirus e o Sindicato do Papelão de Limeira firmaram um acordo do gênero. Os trabalhadores da empresa irão ter uma redução de 30% da jornada e 25% do salário.
Na opinião do advogado trabalhista, a empresa teve a dignidade de procurar uma solução e não fez demissões em massa em janeiro. "A ArvinMeritor propôs além do que a lei (4.923/65) estabelece ao garantir estabilidade de emprego e ressarcimento do valor descontado no salário", comenta Cunha. A lei prevê uma redução de no máximo 40% para a jornada de trabalho e 25% do salário.
OUTRAS MEDIDAS
A idade da lei que serviu de parâmetro para as negociações entre o sindicato e a multinacional pode parecer elevada. Apesar de ser feita nos primeiros anos da Ditadura Militar, ela ainda está em vigor.
Ainda mais antiga que ela, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que unifica toda a legislação trabalhista exigente no país, é de 1943. Com seus 65 anos de idade, a CLT surgiu pelo Decreto-Lei nº 5.452 sancionada pelo presidente Getúlio Vargas. É dessa sexagenária legislação que vem mais uma alternativa para a empresa. O artigo 476, conforme aponta Cunha, garante a suspensão do contrato de trabalho.
A medida já foi utilizada pela montadora Renault em São José dos Pinhais (PR). Seus 1 mil funcionários aceitaram o acordo e continuam a receber o salário líquido. A vantagem para a empresa é que parte desse valor é pago pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), o restante é pago pela empresa para que os funcionários não tenham prejuízos.
"Outra possibilidade é o Plano de Demissão Voluntária (PDV) no qual a empresa oferece vários benefícios para os trabalhadores pedirem a conta", pontua. Apesar das alternativa parecerem atraentes para a empresa e até para os funcionários, as negociações dependem do Sindicato da classe para que seja acordado - premissa também estabelecida nas leis trabalhistas.
Professor de Ciência Política é a favor do Sindicato
O advogado da ArvinMeritor, Daniel Gullo de Castro Mello questionou: "Até onde a ideologia política pode se sobrepor ao emprego das pessoas?" Em entrevista concedida ao Jornal por conta das demissões realizada no início do mês, o advogado diz que a posição do sindicato foi política e radical.
O professor de Ciência Política do Isca Faculdades, Antonio Luis de Carvalho e Silva, contesta: "Toda posição é política, inclusive a da ArvinMeritor ao dizer que o sindicato é político." Silva, que também se diz sindicalista, é a favor da entidade e contra qualquer acordo que reduza o salário dos trabalhadores.
"O Sindicato existe para defender os direitos dos trabalhadores, não para tirá-los ", explica. Assim como os dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos, o professor alega que a empresa teve lucros grandes nos últimos seis anos e poderiam ter guardado uma parte para situações difíceis como esta da crise.
"As contas dos trabalhadores não diminuem 20%, a água, energia e compras não ficam 20% mais baratas", indaga referindo-se ao reajuste que a ArvinMeritor queria dar aos seus funcionários. E polemiza: "Nos anos anteriores a empresa não sociabilizou seus lucros com a classe trabalhadora."
Silva ainda diz que responsabilidade da crise está caindo toda nos trabalhadores, que sofrem com as demissões. "Não foi a classe que investiu nos Estados Unidos, origem de todos os problemas", diz.
SOLUÇÃO
O professor aponta dois caminhos: manter o nível de salário e a intervençãqo do Estado, em seus três níveis. Segundo ele a forma de recuperar a economia é gerar consumo e obras.
"Um economista já disse: Em época de crise o Estado tem que fazer buracos para tampar." Silva diz que obras de qualquer natureza aquecem a economia , pois movimentam mercados. Investimentos e programas como o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), da União, incentivos de R$ 4 bilhões do governo Estadual e as poucas obras do município ajudam a economia.
"É preciso manter a classe trabalhadora trabalhando. No fundo é essa classe que vai gerar a própria recuperação da ArvinMeritor através do consumo, não se pode reduzir isso", diz.
Mostrando postagens com marcador crise mundial. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador crise mundial. Mostrar todas as postagens
sábado, 7 de março de 2009
domingo, 12 de outubro de 2008
Crise de informação
A cena é típica. Frente a grandes letreiros digitais vários homens gritam, gesticulam, perdem os cabelos. Com papéis nas mãos, consultando computadores e falando ao celular os homens das Bolsas de Valores não devem ter um final de semana tranqüilo há algum tempo. Enquanto eles estão entrando em pânico com toda a instabilidade do dólar e das ações que são comercialiadas nos mercados mundiais de capitais, nós continuamos nossa vida.
É fato que quem é curioso ou tenta se manter atualizado com as notícias nacionais e internacionais está vivendo uma segunda crise, a da falta de informação clara e traduzida. Até uma matéria de "Entenda a crise" traz termos e informações de forma confusa e de difícil entendimento para a população no geral. Daí vem a pergunta: essa 'população no geral' está interessada em saber o que siginifica crise de liquidez, movimento especulativo, operação de hedge e títulos podres? Pode até ser que não, porém, pelo menos uma pequena parcela está.
SOBE DESCE
O dólar sobe, o dólar cai. Se houve dizer que a bolsa caiu, e caiu mais um pouco, e mais um pouquinho. A queda chegou a 40% desde maio. Islândia, Inglaterra, China, Brasil, Alemanha, entre tantos outros países sentem os resultados dessa crise. E os paulistanos e limeirenses? Sentem na hora de procurar produtos importados. Há a estimativa de que 33% produtos do Índice Nacional de Preços do Consumidor Amplo (IPCA) sofram influência da moeda(o IPCA mede as variações de preços ao consumidor ocorridas nas regiões metropolitanas). Commodities, produtos agrícolas básicos vendidos no mercado internacional também. Estes já passaram por uma crise este ano. Alguns preços pegaram uma caroninha na montanha russa do dólar. Nessa crise dos alimentos, o trigo, arroz, entre outros commodities não foram influenciados pelo preço da moeda americana diretamente, o motivo foi outro, a crise foi outra.
O mundo deve estar precisando de um psiquiatra ou um psicólogo. O primeiro deve ser mais eficiente para receitar um calmante faixa preta para tentar acalmar os nervos desse mercado internacional. Além desses profissionais ainda é necessário um tradutor ou intérprete para esclarecer todas esses termos esquizofrênicos aos quais uma grande parte da população não está familiarizada.
Já foi lançada a pergunta: o povo se interessa por esse assunto? A repsosta pode mudar quando informações como a que os ítens do IPCA serão influenciados. O bolso dos brasileiros ainda podem estar distantes de tudo isso, mas também pode chegar a ficar bem próximo. Sem alarde, isso pode demorar...
ELES DEVEM E NÓS PAGAMOS?
Agora um dado curioso. A crise nos Estados Unidos começou por conta da inadimplência do segmento da população chamado de "subprime". Eles correspondem à parcela da população pertencente às classes D e E. São os mais pobres, mais humildes e que precisam de mais dinheiro para ter uma vida digna aqui e lá. Com a economia dos EUA em alta, dinheiro sobrando e juros baixos, essa parcela da população viu nos empréstimos uma oportunidade de melhorar sua qualidade. Os bancos adoraram. Sinal de dinheiro e enriquecimento. Os investidores de risco também se animaram, principalmente quando a inadimplência se tornou comercializável. Ou seja, o banco vendeu a dívida do seu Zé norte-americano que não conseguiu pagar seu empréstimo. De olhos gordos esses investidores compraram essa dívida esperando um retorno maior de seu dinheiro. Até ai tudo bem, isso ocorre em todo mercado financeiro. O problema foi quando a economia norte-americana começou a desaquecer, o emprego foi diminuindo, e como diz a máxima "a corda sempre arrebenta do lado mais fraco", quem pagou o pato? Lógico, aqueles pertencentes ao subprime. Ficaram sem emprego e sem condições de pagar o que deviam. Aí começou todo esse rolo.
Essa foi a origem, de acordo com os especialistas e notícias que são publicadas nos meios especializados. Aparenta ser uma crise fechada, só dos americanos. Mas os bancos começaram a entrar em um estado crítico. Muitos foram socorridos por falta de dinheiro. A confiança nos EUA despencou. Essa é a palavra chave para toda essa crise se tornar internacional. O que se resultou dai foram surtos de pânico.
Em entrevista à agência de notícias BBC Brasil, o presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), Antonio Castro, disse que os investidores estão agindo com a emoção. É essa emoção que afeta o dólar. Bancos e empresas têm dívidas em dólar. Com a incerteza do futuro da economia norte-americana, eles compram mais da moeda para sanar suas contas. Outras empresas também fazem suas reservas em dólar.
A lei da oferta e da procura diz que quanto mais produto disponível no mercado, menor o preço, e quanto maior a procura (demanda), o valor sobe. Com todo mundo querendo comprar dólar, o preço sobe. O dólar mais alto, as negociações de importação e exportação, que são feitas baseadas nessa moeda, também encarecem. Os exportadores adoram, os importadores nem tanto.
Enquanto tudo isso ocorre, a população segue vivendo e ouvindo a orientação dos especialistas: poupem. Compras parceladas a perder de vista é bom ser feitas com cautela. Vou então pensar duas vezes antes de comprar os presentes de Natal! Me desculpem os amigos, mas a crise não deixa presentear todos!
É fato que quem é curioso ou tenta se manter atualizado com as notícias nacionais e internacionais está vivendo uma segunda crise, a da falta de informação clara e traduzida. Até uma matéria de "Entenda a crise" traz termos e informações de forma confusa e de difícil entendimento para a população no geral. Daí vem a pergunta: essa 'população no geral' está interessada em saber o que siginifica crise de liquidez, movimento especulativo, operação de hedge e títulos podres? Pode até ser que não, porém, pelo menos uma pequena parcela está.
SOBE DESCE
O dólar sobe, o dólar cai. Se houve dizer que a bolsa caiu, e caiu mais um pouco, e mais um pouquinho. A queda chegou a 40% desde maio. Islândia, Inglaterra, China, Brasil, Alemanha, entre tantos outros países sentem os resultados dessa crise. E os paulistanos e limeirenses? Sentem na hora de procurar produtos importados. Há a estimativa de que 33% produtos do Índice Nacional de Preços do Consumidor Amplo (IPCA) sofram influência da moeda(o IPCA mede as variações de preços ao consumidor ocorridas nas regiões metropolitanas). Commodities, produtos agrícolas básicos vendidos no mercado internacional também. Estes já passaram por uma crise este ano. Alguns preços pegaram uma caroninha na montanha russa do dólar. Nessa crise dos alimentos, o trigo, arroz, entre outros commodities não foram influenciados pelo preço da moeda americana diretamente, o motivo foi outro, a crise foi outra.
O mundo deve estar precisando de um psiquiatra ou um psicólogo. O primeiro deve ser mais eficiente para receitar um calmante faixa preta para tentar acalmar os nervos desse mercado internacional. Além desses profissionais ainda é necessário um tradutor ou intérprete para esclarecer todas esses termos esquizofrênicos aos quais uma grande parte da população não está familiarizada.
Já foi lançada a pergunta: o povo se interessa por esse assunto? A repsosta pode mudar quando informações como a que os ítens do IPCA serão influenciados. O bolso dos brasileiros ainda podem estar distantes de tudo isso, mas também pode chegar a ficar bem próximo. Sem alarde, isso pode demorar...
ELES DEVEM E NÓS PAGAMOS?
Agora um dado curioso. A crise nos Estados Unidos começou por conta da inadimplência do segmento da população chamado de "subprime". Eles correspondem à parcela da população pertencente às classes D e E. São os mais pobres, mais humildes e que precisam de mais dinheiro para ter uma vida digna aqui e lá. Com a economia dos EUA em alta, dinheiro sobrando e juros baixos, essa parcela da população viu nos empréstimos uma oportunidade de melhorar sua qualidade. Os bancos adoraram. Sinal de dinheiro e enriquecimento. Os investidores de risco também se animaram, principalmente quando a inadimplência se tornou comercializável. Ou seja, o banco vendeu a dívida do seu Zé norte-americano que não conseguiu pagar seu empréstimo. De olhos gordos esses investidores compraram essa dívida esperando um retorno maior de seu dinheiro. Até ai tudo bem, isso ocorre em todo mercado financeiro. O problema foi quando a economia norte-americana começou a desaquecer, o emprego foi diminuindo, e como diz a máxima "a corda sempre arrebenta do lado mais fraco", quem pagou o pato? Lógico, aqueles pertencentes ao subprime. Ficaram sem emprego e sem condições de pagar o que deviam. Aí começou todo esse rolo.
Essa foi a origem, de acordo com os especialistas e notícias que são publicadas nos meios especializados. Aparenta ser uma crise fechada, só dos americanos. Mas os bancos começaram a entrar em um estado crítico. Muitos foram socorridos por falta de dinheiro. A confiança nos EUA despencou. Essa é a palavra chave para toda essa crise se tornar internacional. O que se resultou dai foram surtos de pânico.
Em entrevista à agência de notícias BBC Brasil, o presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), Antonio Castro, disse que os investidores estão agindo com a emoção. É essa emoção que afeta o dólar. Bancos e empresas têm dívidas em dólar. Com a incerteza do futuro da economia norte-americana, eles compram mais da moeda para sanar suas contas. Outras empresas também fazem suas reservas em dólar.
A lei da oferta e da procura diz que quanto mais produto disponível no mercado, menor o preço, e quanto maior a procura (demanda), o valor sobe. Com todo mundo querendo comprar dólar, o preço sobe. O dólar mais alto, as negociações de importação e exportação, que são feitas baseadas nessa moeda, também encarecem. Os exportadores adoram, os importadores nem tanto.
Enquanto tudo isso ocorre, a população segue vivendo e ouvindo a orientação dos especialistas: poupem. Compras parceladas a perder de vista é bom ser feitas com cautela. Vou então pensar duas vezes antes de comprar os presentes de Natal! Me desculpem os amigos, mas a crise não deixa presentear todos!
Assinar:
Postagens (Atom)