domingo, 12 de outubro de 2008

Crise de informação

A cena é típica. Frente a grandes letreiros digitais vários homens gritam, gesticulam, perdem os cabelos. Com papéis nas mãos, consultando computadores e falando ao celular os homens das Bolsas de Valores não devem ter um final de semana tranqüilo há algum tempo. Enquanto eles estão entrando em pânico com toda a instabilidade do dólar e das ações que são comercialiadas nos mercados mundiais de capitais, nós continuamos nossa vida.

É fato que quem é curioso ou tenta se manter atualizado com as notícias nacionais e internacionais está vivendo uma segunda crise, a da falta de informação clara e traduzida. Até uma matéria de "Entenda a crise" traz termos e informações de forma confusa e de difícil entendimento para a população no geral. Daí vem a pergunta: essa 'população no geral' está interessada em saber o que siginifica crise de liquidez, movimento especulativo, operação de hedge e títulos podres? Pode até ser que não, porém, pelo menos uma pequena parcela está.

SOBE DESCE

O dólar sobe, o dólar cai. Se houve dizer que a bolsa caiu, e caiu mais um pouco, e mais um pouquinho. A queda chegou a 40% desde maio. Islândia, Inglaterra, China, Brasil, Alemanha, entre tantos outros países sentem os resultados dessa crise. E os paulistanos e limeirenses? Sentem na hora de procurar produtos importados. Há a estimativa de que 33% produtos do Índice Nacional de Preços do Consumidor Amplo (IPCA) sofram influência da moeda(o IPCA mede as variações de preços ao consumidor ocorridas nas regiões metropolitanas). Commodities, produtos agrícolas básicos vendidos no mercado internacional também. Estes já passaram por uma crise este ano. Alguns preços pegaram uma caroninha na montanha russa do dólar. Nessa crise dos alimentos, o trigo, arroz, entre outros commodities não foram influenciados pelo preço da moeda americana diretamente, o motivo foi outro, a crise foi outra.

O mundo deve estar precisando de um psiquiatra ou um psicólogo. O primeiro deve ser mais eficiente para receitar um calmante faixa preta para tentar acalmar os nervos desse mercado internacional. Além desses profissionais ainda é necessário um tradutor ou intérprete para esclarecer todas esses termos esquizofrênicos aos quais uma grande parte da população não está familiarizada.

Já foi lançada a pergunta: o povo se interessa por esse assunto? A repsosta pode mudar quando informações como a que os ítens do IPCA serão influenciados. O bolso dos brasileiros ainda podem estar distantes de tudo isso, mas também pode chegar a ficar bem próximo. Sem alarde, isso pode demorar...

ELES DEVEM E NÓS PAGAMOS?

Agora um dado curioso. A crise nos Estados Unidos começou por conta da inadimplência do segmento da população chamado de "subprime". Eles correspondem à parcela da população pertencente às classes D e E. São os mais pobres, mais humildes e que precisam de mais dinheiro para ter uma vida digna aqui e lá. Com a economia dos EUA em alta, dinheiro sobrando e juros baixos, essa parcela da população viu nos empréstimos uma oportunidade de melhorar sua qualidade. Os bancos adoraram. Sinal de dinheiro e enriquecimento. Os investidores de risco também se animaram, principalmente quando a inadimplência se tornou comercializável. Ou seja, o banco vendeu a dívida do seu Zé norte-americano que não conseguiu pagar seu empréstimo. De olhos gordos esses investidores compraram essa dívida esperando um retorno maior de seu dinheiro. Até ai tudo bem, isso ocorre em todo mercado financeiro. O problema foi quando a economia norte-americana começou a desaquecer, o emprego foi diminuindo, e como diz a máxima "a corda sempre arrebenta do lado mais fraco", quem pagou o pato? Lógico, aqueles pertencentes ao subprime. Ficaram sem emprego e sem condições de pagar o que deviam. Aí começou todo esse rolo.

Essa foi a origem, de acordo com os especialistas e notícias que são publicadas nos meios especializados. Aparenta ser uma crise fechada, só dos americanos. Mas os bancos começaram a entrar em um estado crítico. Muitos foram socorridos por falta de dinheiro. A confiança nos EUA despencou. Essa é a palavra chave para toda essa crise se tornar internacional. O que se resultou dai foram surtos de pânico.

Em entrevista à agência de notícias BBC Brasil, o presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), Antonio Castro, disse que os investidores estão agindo com a emoção. É essa emoção que afeta o dólar. Bancos e empresas têm dívidas em dólar. Com a incerteza do futuro da economia norte-americana, eles compram mais da moeda para sanar suas contas. Outras empresas também fazem suas reservas em dólar.

A lei da oferta e da procura diz que quanto mais produto disponível no mercado, menor o preço, e quanto maior a procura (demanda), o valor sobe. Com todo mundo querendo comprar dólar, o preço sobe. O dólar mais alto, as negociações de importação e exportação, que são feitas baseadas nessa moeda, também encarecem. Os exportadores adoram, os importadores nem tanto.

Enquanto tudo isso ocorre, a população segue vivendo e ouvindo a orientação dos especialistas: poupem. Compras parceladas a perder de vista é bom ser feitas com cautela. Vou então pensar duas vezes antes de comprar os presentes de Natal! Me desculpem os amigos, mas a crise não deixa presentear todos!

2 comentários:

Rodrigo Piscitelli disse...

Alex Jr., se esta era sua crônica, não achei ela muito com cara de crônica. Estou sendo um tanto chato, né??? É para o seu bem hehehehe.

Alex Contin disse...

Nããããããããããão a crônica era a das fontes... hauhauha