terça-feira, 6 de maio de 2014

Você sabe o que é taxa de câmbio real, nominal e Paridade do Poder de Compra?

Fazendo minha monografia para a conclusão da graduação em economia, resolvi escrever um pouco mais sobre alguns conceitos. Esta é a parte que falo sobre taxa de câmbio (ainda não revisada pela minha orientadora) e que vou usar para o próximo vídeo do vlog "Vou ter que desenhar?". Segue o texto:


A taxa de câmbio, no Brasil, pode ser definida como o preços da moeda estrangeira medido em valores da moeda nacional, representado pelo quociente moeda local/moeda estrangeira – R$/US$ em nosso caso (Carvalho et al:  2007, p. 340). Um aumento dessa taxa significa que a moeda estrangeira ficou mais cara, portanto, uma depreciação da moeda nacional ou uma desvalorização nominal na taxa de câmbio, afinal é necessário mais moeda nacional para comprar uma estrangeira. Quando a moeda estrangeira fica mais barata há uma queda na taxa de câmbio, portanto uma apreciação nominal da taxa e uma valorização da moeda nacional.

A importância desses movimentos dos preços das moedas nacional e estrangeira é fundamentalmente sentida pelos setores da economia que mantêm relações com o mercado internacional de bens e serviços e também no mercado financeiro internacional. De forma geral, valorizações da moeda estrangeira (apreciação da taxa de câmbio) estimulam as exportações e desestimulam as importações, quando consideramos tudo mais constante (coeteris paribus). Um exportador recebe mais reais ao converter o dólar em nossa moeda e o importador vai precisar de mais moeda nacional para adquirir um produto precificado nessa moeda estrangeira. O contrário é verdadeiro: desvalorização da moeda estrangeira (depreciação da taxa) desestimulam as exportações e estimulam as importações. A taxa de câmbio é, portanto, o parâmetro que permite realizar as conversões entre as moedas nacional e estrangeiras (quando consideramos também operações em euro, peso e outras moedas).

Essas considerações são feitas utilizando a taxa de câmbio nominal. O cálculo para a taxa real de câmbio (E) é feita por uma equação que considera a taxa nominal (e) que multiplica o quociente entre os índices de preços (inflações) do país estrangeiro (P*) e o índice de preços nacional (P). A inflação interna encarece os produtos de exportação, já a externa encarece os produtos importados e estimula as exportações. 



Outra forma de defini-la é apresentada por  Mankiw (2009, p. 686): “A taxa de câmbio real é a taxa à qual uma pessoa pode trocar os bens e serviços de um país pelos bens e serviços de outro país”.  De acordo com este autor, a taxa real de câmbio é um “determinante-chave” das exportações líquidas, uma vez que a sua depreciação indica que os bens nacionais se tornam mais baratos em relação ao estrangeiro e, com isso, as exportações daquele país aumentam, o que incentiva produção e gera renda.

Contudo, há outros fatores a serem considerados na taxa real de câmbio. Entre eles está o “grau de abertura da economia, a preferência dos consumidores e os ganhos de produtividades no setor exportador (...) [além disso] a inflação é um cálculo médio que inclui uma série de bens e serviços, muitos dos quais não são comercializados no mercado internacional” (Paulani & Braga: 2007, p. 154).


Por conta dessa arbitrariedade do cálculo da taxa real de câmbio, é preciso considerar também outras formas de calcular as relações entre moedas nacional e estrangeira. Uma delas é a Paridade do Poder de Compra (PPC). A teoria da PPC parte da chamada “lei do preço único, de acordo com a qual produtos homogêneos devem ter o mesmo custo nos diferentes mercados, quando expressos na mesma moeda” (Lopes & Casconcelos: 2011, p. 241. O produto comumente usado é o Big Mac, lanche padrão da rede McDonalds. Sendo assim, o preço do lanche no Brasil, em reais, deve ser o mesmo nos Estados Unidos (em dólar) multiplicado pela taxa de câmbio (R$/US$). 

Existe aqui o pressuposto da eficiência do mercado: neste caso não existem custos de transação e, caso o preço em um país seja menor ou maior que no outro, a demanda seria deslocada para o local de menor preço até que ele aumente e o equilíbrio seja restabelecido. As críticas à essa teoria começam pelo custo de transação. É irreal supor que os consumidores se deslocariam de um país para o outro para consumir um determinado bem. Além disso, o custo de deslocamento acaba tornando o bem ou serviço mais caro naquele país que registra menor preço. Portanto, existem bens que não induzem fluxos comerciais independente de seu preço, são eles os bens e serviços não transacionáveis (non-tradeables). Outra crítica é que as cestas de consumo nos diferentes país não são as mesmas.

Bibliografia usada:

BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
CARVALHO, Fernando Cardim de et al. Economia monetária e financeira.: teoria e política. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
LOPES, Luiz Martins; VASCONCELOS, M. A. S. de. (org.) Manual de macroeconomia: nível básico e nível intermediário. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
MANKIW, N. Gregory. Introdução à economia. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2009.
PAULANI, Leda Maria. A nova contabilidade social: uma introdução à macroeconomia. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.