domingo, 19 de março de 2017

Um abraço feliz



O que é felicidade, alguém responde? Não? Então eu mesmo vou tentar definir em algumas palavras.

Felicidade é muita coisa. Pode ser muita, mas pode ser pouca. Pode ser sempre ou sempre que possível. Pode ficar escondida ou estampada na cara para quem quiser ver.

Felicidade pode ser um momento. É aquele momento no qual você está bem perto de pessoas que te trazem boas energias, boas risadas e ótimas memórias da infância.

Felicidade é estar ao lado de amigas ou amigos e estar feliz junto deles; Compartilhar algo indescritível e externar ele num abraço. É desejar felicidades, mais felicidade para quem já está transbordando alegria no dia do seu casamento. 

Felicidade é apertar bem forte aquela amiga de infância num mix de despedida e de boas vibrações para a nova vida. É fazer tudo isso ao lado de outras duas amigas e sentir que a felicidade transborda.

Bom, felicidade é, portanto e também, ter amigos. Simples assim.

segunda-feira, 13 de março de 2017

quarta-feira, 8 de março de 2017

O Segundo Sexo (VOl. 1) de Simone de BEAUVOIR - Dia Internacional da mulher


O que um homem pode entender do feminismo? Realmente NADA. Nós (homens) podemos ler, podemos nos simpatizar, podemos defender os direitos das mulheres, mas entender a luta, o sofrimento, o preconceito, o medo de ser mulher em uma sociedade cheia de "macho escroto", isso NUNCA vamos entender.

Não é sem motivo que Beauvoir diz: "Mesmo o homem mais simpático à mulher nunca lhe conhece bem a situação concreta" (p. 24 do livro publicado pela Editora Nova Fronteira).

Desejo para todas as mulheres uma luta cada vez mais com resultados positivos e toda a felicidade do mundo para nunca abaixar a cabeça frente a essa sociedade opressora!

O fichamento abaixo é resultado da minha seleção pessoal sobre os temas que mais me marcaram ou que são úteis aos meus estudos. Tentei colocar uma hashtag para cada citação para definir o tema central daquele trecho. Quando coloco #Filosofia, por exemplo, considero que a citação abraça mais a natureza humana e um pensamento filosófico; com #Economia marco os trechos que estão relacionados às diferenças no mercado de trabalho e as relações que a Beauvoir faz com a situação da mulher com o trabalho em geral (dentro e fora de casa ou dentro e fora da indústria, como preferirem); as outras hashtags são autoexplicativas, certo?

Ao final de cada citação coloquei a página de onde foi retirado o trecho. Para trabalhos acadêmicos que seguem as normas da ABNT, essas referência deve ficar assim: (BEAUVOIR, 2009, p. x) ou (BEAUVOIR, 2009: x) substituindo, obviamente, o 'x' pelo número da página.

Por fim, devo esclarecer que o fichamento ainda não está completo e que, mais uma vez obviamente, não dá conta da riqueza de informação que o livro da Beauvoir tem. Recomendo fortemente a leitura da obra na íntegra e não apenas frases soltas e descontextualizadas aqui no blog ou pela internet.

Referência: BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. 2 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.




Introdução

#Economia
O senhor e o escravo estão unidos por uma necessidade econômica recíproca que não liberta o escravo. É que, na relação do senhor com o escravo, o primeiro não expõe a necessidade que tem do outro; ele detém o poder de satisfazer essa necessidade e não a mediatiza; ao contrário, o escravo, na dependência, esperança ou medo, interioriza a necessidade que tem do senhor; a urgência da necessidade, ainda que igual em ambos, sempre favorece o opressor contra o oprimido: é o que explica que a libertação da classe proletária, por exemplo, tenha sido tão lenta. Ora, a mulher sempre foi, senão a escrava do homem, ao menos sua vassala; os dois sexos nunca partilharam o mundo em igualdade de condições; e ainda hoje, embora sua condição esteja evoluindo, a mulher arca com um pesado handicap. (p. 21)

Economicamente, homens e mulheres constituem como que duas castas; em igualdade de condições, os primeiros têm situações mais vantajosas, salários mais altos, maiores possibilidades de êxito do que suas concorrentes recém-chegadas. Ocupam na indústria, na política etc., maior número de lugares e os postos mais importantes. Além dos poderes concretos que possuem, revestem-se de um prestígio cuja tradição e educação da criança mantém: o presente envolve o passado e no passado toda a história foi feita pelos homens. (p. 21)

#Filosofia #Outro
Efetivamente, ao lado da pretensão de todo indivíduo de se afirmar como sujeito, que é uma pretensão ética, há também a tentação de fugir de sua liberdade e de se constituir em coisa. É um caminho nefasto porque passivo, alienado, perdido, e então esse indivíduo é presa de vontades estranhas, cortado de sua transcendência, frustrado de todo valor. Mas é um caminho fácil: evitam-se com ele a angústia e a tensão da existência autenticamente assumida. O homem que constiui a mulher como o Outro encontrará, nela, profundas cumplicidades. Assim, a mulher não se reivindica como sujeito porque não possui meios concretos para tanto, porque sente o laço necesário que a prende ao homem sem reclamar a reciprocidade dele, e porque, muitas vezes, se compraz no seu papel de Outro. (p. 22)

#Economia
No século XIX, a querela do feminismo torna-se novamente uma querela de sectários; uma das consequências da revolução industrial é a participação da mulher no trabalho produtor: nesse momento, as reivindicações feministas saem do terreno teórico, encontram fundamentos econômicos; seus adversários fazem-se mais agressivos. Embora os bens de raiz se achem em parte abalados, a burguesia apega-se à velha moral que vê, na solidez da família, a garantia da propriedade privada: exige a presença da mulher no lar tanto mais vigorosamente quanto sua emancipação torna-se verdadeira ameaça; mesmo dentro da classe operária os homens tentaram frear essa libertação, porque as mulheres são encaradas como perigosas concorrentes, habituadas que estavam a trabalhar por salários mais baixos. A fim de provar a inferioridade da mulher, os antifeministas apelaram não somente para a religião, a filosofia e a teologia, como no passado ainda para a ciência: biologia, psicologia experimental etc. (p. 24)

#Economia e #Paternalismo
[...] há profundas analogias entre a situação das mulheres e a dos negros: umas e outros emancipam-se hoje de um mesmo paternalismo, e a casta anteriormente dominadora quer mantê-los "em seu lugar", isto é, no lugar que escolheu para eles; em ambos os casos, ela se expande em elogios mais ou menos sinceros às virtudes do "bom negro", de alma inconsciente, infantil e alegre, do negro resignado, da mulher "realmente mulher", isto é, frívola, pueril, irresponsável, submetida ao homem. Em ambos os casos, tira seus argumentos do estado de fato que ela criou. (p. 25)

#Filosofia
Um dos benefícios que a opressão assegura aos opressores é de o mais humilde destes se sentir superior: um "pobre branco" do sul dos Estados Unidos tem o consolo de dizer a si próprio que não é "um negro imundo", e os brancos mais ricos exploram habilmente esse orgulho. Assim também o mais medíocre dos homens julga-se um semideus diante das mulheres. (p. 26)

#Machismo
[...] ninguém é mais arrogante em relação às mulheres, mais agressivo ou desdenhoso do que o homem que duvida de sua virilidade. Os que não se intimidam com seus semelhantes mostram-se também muito mais dispostos a reconhecer na mulher um semelhante. (p. 26)

#Machismo
Mesmo o homem mais simpático à mulher nunca lhe conhece bem a situação concreta. (p. 28)

#Filosofia (definição da perspectiva do livro)
A perspectiva que adotamos é a da moral existencialista. todo sujeito coloca-se concretamente através de projetos como uma transcendência; só alcança sua liberdade pela sua constante superação em vista de outras liberdades; não há justificativa da existência presente senão sua expansão para um futuro indefinidamente aberto. Cada vez que a transcendência cai na imanência, há degradação da existência em "em si", da liberdade em facticidade; essa queda é uma falha moral, se consentida pelo sujeito. Se lhe é infligida, assume o aspecto de frustração ou opressão. Em ambos os casos, é um mal absoluto. Todo indivíduo que se preocupa em justificar sua existência sente-a como uma necessidade indefinida de se transcender. (p. 30)

primeira parte Destino

1 Os dados da biologia

#Patriarcado
Com o advento do patriarcado, o macho reivindica acremente sua posteridade; ainda se é forçado a concordar em atribuir um papel à mulher na procriação, mas admite-se que ela não faz senão carregar e alimentar a semente viva: o pai é o único criador. (p. 40)

[...] se podemos dizer que entre os animais superiores a existência individual se afirma mais imperiosamente no macho do que na fêmea, na humanidade as "possibilidades" individuais dependem da situação econômica e social. (p. 68)

2 O ponto de vista psicanalítico

#Psicologia
O imenso progresso que a psicanálise realizou na psicofisiologia foi considerar que nenhum fator intervém na vida psíquica sem ter revestido um sentido humano; não é o corpo-objeto descrito pelos cientistas que existe concretamente e sim o corpo vivido pelo sujeito. A fêmea é uma mulher na medida em que se sente como tal. (p. 71)

3 O ponto de vista do materialismo histórico

#Filosofia
A humanidade não é uma espécie animal: é uma realidade histórica. A sociedade humana é uma antiphisis: ela não sofre passivamente a presença da Natureza, ela a retoma em suas mãos. Essa retomada de posse não é uma operação interior e subjetiva; efetua-se objetivamente na práxis. [...] Ela reflete uma situação que depende da estrutura econômica da sociedade, estrutura que traduz o grau de evolução técnica a que chegou a humanidade. (p. 87)

#Economia #Trabalho
[...] o manejo de numerosas máquinas modernas não exige mais do que uma parte dos recursos viris. Se o mínimo necessário não é superior às capacidades da mulher, ela torna-se igual ao homem no trabalho. Efetivamente, pode-se determinar hoje imensos desenvolvimentos de energia simplesmente apertando um botão. (p. 88)

#Patriarcado
Com a descoberta do cobre, do estanho, do bronze, do ferro, com o aparecimento da charrua, a agricultura estende seus domínios. Um trabalho intensivo é exigido para desbravar florestas, tornar os campos produtivos. O homem recorre, então, ao serviço de outros homens que reduz à escravidão. A propriedade privada aparece; senhor dos escravos e da terra, o homem torna-se também proprietário da mulher. Nisso consiste "a grande derrota histórica do sexo feminino". Ela se explica pelo transtorno ocorrido na divisão do trabalho em consequência da invenção de novos instrumentos. "A mesma causa que assegura à mulher sua autoridade anterior dentro de casa, seu confinamento doméstico, essa mesma causa assegurava agora a preponderância do homem. O trabalho doméstico da mulher desaparecia, então, ao lado do trabalho produtivo do homem; o segundo era tudo, o primeiro um anexo insignificante." O direito paterno substitui-se então ao direito materno; a transmissão da propriedade faz-se de pai a filho e não mais da mulher a seu clã; É o aparecimento da família patriarcal baseada na propriedade privada. (p. 88-89)

#Economia #Socialismo
Deste modo, o destino da mulher e o socialismo estão intimamente ligados, como se vê igualmente na vasta obra consagrada por Bebel à mulher. "A mulher e proletariado", diz ele, "são ambos oprimidos". É o mesmo desenvolvimento da economia a partir das modificações provocadas pelo maquinismo que os deve libertar um e outro. O problema da mulher reduz-se ao de sua capacidade de trabalho. Forte na época em que as técnicas se adaptavam às suas possibilidades, destronada quando se tornou incapaz de explorá-las, ela volta a encontrar no mundo moderno sua igualdade com o homem. São as resistências do velho paternalismo capitalista que, na maioria dos países, impedem que essa igualdade se realize; ela o será no dia em que tais resistências se quebrarem. (p. 89)

#Economia #Filosofia
Se a relação original do homem com seus semelhantes fosse exclusivamente uma relação de amizade, não se explicaria nenhum tipo de escravidão: esse fenômeno é consequência do imperialismo da consciência humana que procura realizar objetivamente sua soberania. Se não houvesse  nela a categoria original do Outro, e uma pretensão original ao domínio sobre o Outro, a descoberta da ferramenta de bronze não poderia ter acarretado a opressão da mulher. (p. 92)

#Violência #Machismo
Viola-se mais profundamente a vida de uma mulher exigindo-se dela filhos do que regulamentando as ocupações dos cidadãos: nenhum Estado ousou jamais instituir o coito obrigatório. [...] Não seria possível obrigar diretamente a mulher a parir: tudo o que se pode fazer é encerrá-la dentro de situações em que a maternidade é a única saída; a lei ou os costumes impõem-lhe o casamento, proíbem as medidas anticoncepcionais, o aborto e o divórcio. (p. 93)

segunda parte História

... ainda falta copiar muuuuuita coisa aqui. Logo estará completo, prometo.