segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Finalmente o cálculo se foi... ficam as dicas para um semestre mais tranquilo!

-- Chefe, estou desesperado. Tenho um exame de cálculo na segunda-feira e um de Contabilidade Social na quarta-feira, que fiquei sabendo agora. Não vou poder vir na segunda-feira porque acho que não vou dar conta de estudar toda a matéria que preciso no final de semana, por isso queria pedir para faltar nesse dia; fico com horas a pagar quando for conveniente para o time...

-- Espera um pouco, olha só como é a comunicação, você disse que tem exame de cálculo, eu pensei que era cálculo renal! - muito engraçadão, respondeu meu chefe.

-- Não! Eu disse que era exame de cálculo num dia e de contabilidade social no outro, achei que iria entender.

Se me disseram que eu já falo demais e rápido normalmente, eu nem quero imaginar qual foi a velocidade, o tom e a minha expressão facial neste diálogo com meu chefe numa das primeiras sexta-feira deste mês de dezembro. Havia acabado de consultar o sistema de comunicação entre professores e alunos da Unicamp e o fato de ter de fazer dois exames em uma semana não me caiu nada bem. A primeira alternativa era o chefe e conseguir mais algumas horas para me preparar para a prova mais importante do ano... e foi assim que cheguei na sala dele.

Este final de semestre foi anormal. Na verdade todo o semestre foi muito anormal pelo simples fato de ter que estudar Cálculo, Contabilidade Social (ou Nacional), História Econômica e Ciências Sociais. Cada matéria com seu nível de dificuldade, mas nenhuma se comparava, pelo menos pra mim, à dificuldade do cálculo.

Foram semanas realmente desgastantes e não consigo ficar sem concordar com alguns colegas de sala que comentaram que estudaram muito mais para conseguir a nota mínima pra aprovação em cálculo que para o vestibular. Até parece exagero, mas na nossa condição essa afirmativa não tem nenhum ponto de mentira. Cálculo não é uma matéria que se posso apenas assistir às aulas e contar que todo o conhecimento registrado com os olhos iria simplesmente ser projetado nas avaliações automativamente. Como disse uma menina da minha sala, é preciso "horas-bunda" para poder realmente aprender essa matéria, ou seja, horas e horas diárias resolvendo os exercícios propostos para adiquirir a prática necessária para resolver o exercício no tempo que a avaliação exige.

Por falta de tempo, e por falta de um pouco de coragem no começo do semestre também, não consegui estudar tanto quanto deveria, mas confesso que fiquei dores de tanto ficar sentado na mesa da cozinha em Limeira e na minha escrivaninha aqui em Campinas. E mesmo assim ainda não foi o suficiente!!!! Bom, pelo menos consegui fechar a matéria com a média do curso, cinco! É péssimo tirar uma nota assim, mas é um alívio enorme saber que não vou precisar fazer tudo de novo. E me conforta também saber que, infelizmente, essa não é uma situação exclusiva.

Um dia pela manhã, na Unicamp, conversei com uma estudante de enfermagem e ela também reclamou de ter que estudar para ser aprovado apenas com a média e não poder se dedicar a uma nota maior que isso. Infelizmente essa realidade deve continuar durante um tempo, mas acho que alguns pontos a melhorar vão me ajudar e podem ajudar quem vai passar pela mesma rotina nos próximos semestres, digo, ter que trabalhar em horário comercial, estudar numa universidade pública a noite e ainda tentar tirar notas boas para não ter que fechar o semestre com notas cinco no histórico.

Dicas... a gente tenta.

1. O ponto mais importante, que todos sabem, mas fazem questão de sempre esquecer é nunca deixar para estudar a uma semana das provas. É péssimo se desesperar dias antes de uma avaliação, ler e revisar tudo correndo, ficar nervoso na hora da prova e encontrar aquele famoso branco.

2. Os textos são muitos e muitas vezes enormes, mas vale a pena tentar ler todos e tirar todas as dúvidas possíveis durante a aula nas quais eles serão usados. Fazer anotações, grifar, copiar as citações mais importantes e fazer pesquisas extras sobre o assuno ajudam a entender melhor as informações. E não basta querer decorar o conteúdo para a prova, se ele está na grade da graduação, esse conteúdo é para fazer parte da sua formação e não da próxima avaliação.

3. Entenda o que o autor quer dizer, qual a opinião dele e respeite essa visão entendendo qual foi o plano de fundo no qual ele escreve. Essa foi uma dica valiosa passada pelo professor de História Econômica, Eduarto Mariutti. É uma dica que parece óbivia, mas muitas vezes passamos o olho pelos textos para tentar pegar algumas ideias e esquecemos desse ponto que parece tão trivial.

4. Quando se tratar de uma matéria de exatas: FAÇA OS EXERCÍCIOS! Já fui muito bom em matemática, mas hoje tenho dificuldades em enxergas passagens óbvias que são treinadas no Ensino Médio, ou com muitos exercícios. Aprendi com essa história toda que se não fizer muitos exercícios e não tirar todas as dúvidas que tiver durante a resolução dos exercícios não é possível ter um bom desempenho nas avaliações. A Unicamp, e acredito que outras universidades, colocam monitores e alunos de doutorados para auxiliar os graduandos a entender melhor a matéria, para quem tem tempo, vale muito a pena frequentar as monitorias... para quem não tem, é preciso encontrar um tempinho para conversar com colegas de classe ou usar o e-mail para tirar dúvidas ou marcar um encontro rápido com esses auxiliares das disciplinas.

5. Se programe e cobre programação. É bom sabermos que a cobrança é grande e que não vai ser fácil, por isso é imporante reservar horas e dias para fazer as pesquisas, leituras e tudo o mais que for necessário para os trabalhos exigidos. Porém, é possível também cobrar a programação do professor. Nem todos são bem organizados, apesar de terem que entregar a programação da aula no começo do semestre. Por conta disso é viável ter uma conversa franca com o professor e pedir uma programação dos trabalhos que serão cobrados, os prazos pretendidos e as leituras exigidas. Há professores maleáveis e outros mais rígidos e inflexíveis, mas não custa tentar. Uma boa comunicação, uma boa conversa com o professor pode garantir um semestre mais tranquilo e planejado.

6. É ridículo dar uma dica como esta, mas convesando com alguns professores pude perceber que infelizmente ela não é trivial: tenha respeito. Em sala, a autoridade máxima é o professor. Um desses professores me disse que nem o reitor pode entrar dentro da sala de aula sem a autorização do professor, mas há alunos que acham que têm um poder enorme sobre os docentes e vivem tentando medir forças. Há quem observe que os alunos que entram na graduação hoje não têm perspectivas de futuro e nem limites, porém, indepentende do caráter dos alunos, respeito é pré-requisito para qualquer cidadão.

7. Em trabalhos em grupo, divida as funções e cobre-as se preciso. Delegar funções é importante para que o trabalho não seja feito por apenas uma pessoa. Todos têm a mesma cobrança apesar de nem todos terem o mesmo tempo disponível, mas rotinas diferentes e personalidades diferentes não justifica que uma pessoa se abstenha de ajudar em um trabalho, se ela se comprometeu com algum ponto específico. Há amizades e amizades, trabalhos e trabalhos. Geralmente é formado apenas um grupo no início do semestre e ele é mantido durante os seis meses ou durante os próximos e próximos meses. Essa união pode ser benéfica se há harmonia e principalmente se a comunicação entre todos é clara. Claro que há aqueles que pegam carona, se sentam na janela, curtem o vento no rosto e sequer ajudam a escrevem um parágrafo, porém é injusto que essa pessoa se comprometa e não cumpra, portanto cobre! Quando se fala em amizade, é normal aliviar a barra de um integrante do grupo, isso se chama compreensão. Só é preciso ser uma via de mão dupla muito bem acordada entre o grupo para que não hja discussões depois.

Enfim... acredito que são estas as principais dicas. Como já disse, são bem óbivias, mas as vezes precisamos ser lembrados delas para que sejam colocadas em prática. Confesso que não segui tudo a risca e é justamente por isso que refletimos para melhorar. Vamos ver o próximo semestre e se consigo seguir todas as minhas próprias dicas para ter meses mais tranquilos que esses últimos.

Saudades...

Estava com saudades de escrever! Agora com um computador novo e as férias finalmente presentes, o ânimo voltou com tudo. Hoje separei os livros que quero ler e organizei algumas ideias para os próximos posts. Espero conseguir colocar tudo em prática até o final de março e enxer o blog de textos, dicas e informações úteis.

Ainda em tempo, vale um agradecimento ao meu chefe pela folga na segunda... nem imagino minha nota se não fosse essa folga!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Final de semestre não é nada fácil!

Realmente esse semestre eu descobri o que é realmente estudar matemática. Fzer aulas de cálculo para quem ficou longe dos números durante alguns anos não está sendo fácil e meu blog infelizmente ficou em 23° plano. Vou voltar a escrever em breve, assim que o exame de cálculo passar...

=)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Experiência derivada, integrada e paranormal

[texto sem revisão]

Nas últimas semanas minhas atividades fora do trabalho e longe da UNicamp se resumem a estudar cálculo. O penúltimo mês do ano, praticamente o último do semestre, e as últimas semanas antes da prova são alguns dos fatores que pesam muito na hora de escolher entre a cama e o livro de James Stewart. Mesmo com tantas contas para fazer e conceitos para entender, resolvi dar uma pausa no último sábado e sair um pouco de casa, em Limeira, para fazer algo diferente.

O programa já estava pré-definido: ir ao shopping de Piracicaba para pagar a fatura de uma compra feita nessas lojas de rede que insistem em prender ao cliente às suas unidades e não facilitam a vida de quem precisa comprar a prazo no cartão da loja. Enfim, para não ficar só com um programa carregado de obrigação e sem muita diversão decidimos, eu e meu amigo com quem divido o quarto em Campinas, o Bruno, assistir a algum filme. Entre A casa dos sonhos, Atividade Paranormal 3 e 11-11-11 resolvemos ir pela data cabalística, já que iríamos assistir esse filme dia 12 de novembro. Além disso, o trailer de Atividade Paranormal 3 me pareceu assustador demais, principalmente a parte em que duas garotinhas estão num banheiro escuro e chamam pela Bloody Mary. Dá arrepios de lembrar a cena.

No fim, o que era para ser diversão acabou numa grande decepção. O filme 11-11-11 é uma porcaria. A história é até interessante, mas os demônios que aparecem no filme perdem fácil para os monstros do Hoppy Hari da noites do horror e perdem também para aquela casa do drácula, no mesmo parque de diversão, que aliás é uma atração patética. O fato é que quando meu celular marcava 23h11 quando saímos do cinema. O mesmo horário que estava registrado no comprovante de pagamento do estacionamento do shopping: 23h11 ou 11h11.

Quando mostrei esse detalhe ao Bruno o único comentário dele foi "ai credo". Coloquei o comprovante na carteira e viemos embora. Nada anormal, lógico, era só um filme e bem mal feito ainda. Não era anormal, porém, até alguns minutos atrás. Agora são 4h da manhã de quarta-feira, dia 16 de novembro. Como não é mais novidade, estou madrugando e estudando cálculo. Desde domingo estou com o estômago ruim e vem piorando nos últimos dias. Em Limeira, das vezes que fui ao banheiro na madrugada de sábado para domingo a luz do banheiro oscilava por alguns segundos antes de acender por completo. Isso só me lembrava a Bloody Mary do trailer de Atividade Paranormal 3, um arrepio passava pela espinha e se espalhava por todo o corpo, mas além disso aquilo era apenar um problema elétrico.

Hoje, há cerca de vinte minutos fui ao banheiro e, contrariando o hábito entrei nele com a luz apagada e só depois de fechar a porta acendi a luz. Como o Bruno está dormindo, todas as luzes estão apagadas, exceto minha luminária da escrivaninha, e tento fazer o mínimo de barulho para não acordá-lo e para não perturbar o síndico do prédio que mora bem embaixo do nosso apartamento. Enfim, quando entrei no banheiro escuro mais um daqueles arrepios passou pelo meu corpo quando acendi rapidamente a luz, mas ela não oscilou. Olhei rápido para o espelho, com medo, mas não tinha nada lá. Um alívio momentâneo para resolver a discussão interna de meu estômago com a janta de ontem. Levei o livro de cálculo para fazer um exercício porque achei que iria demorar, mas era alarme falso.

Levantei, apaguei a luz e abri a porta em silêncio para voltar ao meu lugar estudar. Quando abri a porta algo muito mais forte que um simples arrepio passou pelo meu corpo. Quando dei o primeiro passo para fora do banheiro e olhei em direção à escrivaninha e à janela que estava com uma fresta aberta para entrar um ar me deparei com quatro dedos, iluminados pela luz da luminária, empurrando uma das partes da janela. Mudo e ainda com o arrepio forte no corpo, fiquei congelado olhando para a janela. Meus olhos deviam estar arregalados e a boca totalmente aberta. Senti a língua e os olhos secarem rapidamente, mas mantinha a respiração muito lenta para não fazer barulho algum.

Minha janela tem duas partes fechadas e uma de vidro. Todas correm e costumo deixar o lado que fica perto da escrivaninha um pouco aberto e o outro lado com a parte de vidro para iluminar a sala. Enquanto os dedos que pareciam de uma mão apodrecida pelo tempo e com algo que parecia sangue no lugar das unhas abria a janela num ritmo muito lendo e inaudível, pelo vidro vi por duas vezes algo que parecia uma asa. Parecia uma asa porque não era nada parecido com as asas de morcedo e também não tinha nada a ver com uma asa de penas de pássaros. Não tinha penas e nem era fina e quase translúcida como a dos mamíferos voadores.

Os dedos soltaram a janela muito devagar e no lugar deles vi surgir o perfil de um rosto masculino tão podre e feio quanto os dedos. Primeiro a ponta do nariz, alguns cabelos negros balançando com o vento lá de fora entraram pelo vão da janela e logo vi um olho. Aquele ser horrível olhava firme para a escrivaninha. Era tão incomum como todo o resto, mas não era nem vermelho e nem todo branco. Seu olho era de um roxo muito forte, praticamente da mesma cor do meu porta canetas e dos outros acessórios que tenho na mesa.

De repente o Bruno se mexeu no colchão no meio da sala. O olho daquele ser passou da escrivaninha para o resto da sala e logo em seguida encontrou os meus olhos. Nessa hora senti quase que minha alma parecia sair do corpo como se escoasse por um ralo no meu pé. Senti muito frio. Ele franziu a testa, forçou sua visão em mim. A luz da luminária apagou por um milésimo de segundo. As luzes do centro de Campinas fizeram o mesmo logo em seguida. O olho sumiu entre uma piscada de luz e outra e ao mesmo tempo um vento muito forte balançou a janela.

Com a alma de volta no meu corpo olhei para a janela de vidro, depois espiei pela porta da cozinha para ver a janela da lavanderia. Parecia não haver mais nada do lado de fora. Olhei para a janelinha do banheiro, que estava fechada, e também não tinha nenhum vulto. Ainda com a boca e com os olhos secos, andei devagar para a escrivaninha e para a janela. Ouvi um cachorro que parece ser de porte grande latindo em algum lugar da região. Espiei pela janela de vidro, sem abríla. Nada. Espiei pela fresta aberta da outra parte da janela. Nada também.

Pisquei o olho. Minha boca voltou a salivar, engoli. Muito devagar toquei a parte da janela que estava aberta. O metal estava gelado. Comecei a abrí-lo de forma bem lenta. Em pé, com o braço esticado, dois dedos na janela, meus olhos variavam o foco entre o espaço aberto e a parte de vidro da janela. Acho que abri uns trinta ou quarenta centímetros. Me aproximei. Ainda com a cabeça dentro do apartamento tentei espiar para todos os lados possíveis. Aparentemente não havia nada. Comecei a colocar a cabeça para fora, ainda olhando para todos os lados. O vento frio da madrugada gelou meu rosto. Minha boca e garganta já estavam secas mais uma vez. Coloquei toda a cabeça para fora da janela, olhei para os pontos mais pertos do meu prédio. Não havia nada em nenhum dos lados. Nada no térreo, nem em cima do prédio. Comecei a olhar para o horizonte de prédios do centro da cidade. Nos prédios próximos do Cotuca, nos prédios que estavam na direção das avenidas Orozimbo Maia e da Benjamim Constant... nada. Um pouco menos assustado olhei para o prédio onde fica o relógio do Itau. O símbolo do banco e as estrelas da marca não são mais exibidos há uns dias. Era 4h10... 15º... ele ficou apagado por uns segundos. As luzes do centro piscaram por um milésimo de segundo mais uma vez. Não tirei o olho do relógio e quando tudo estava aceso mais uma vez o relógio marcou 4h11... 11º.... e em cima dos números brancos do relógio havia um homem em pé. O que eu pensei ser uma asa, devia ser uma capa de tecido preto, estava preso na cabeça daquele ser, voando com o vento. A luz da minha escrivaninha e a tela do computador apagaram também numa fração de segundos. Olhei para dentro do quarto assustado e tão rápido quando virei a cabeça para dentro voltei ela para a direção do relógio do Itau eis que bem na minha frente, parado do lado de fora da janela estava aquele ser podre de cabelo preto e olhos roxos olhando bem no fundo dos meus olhos. Acho que desta vez minha alma desceu ou subiu tão rápido para um mundo paralelo que deve ter levado todo meu sangue e meus sentidos junto. Devo ter ficado mais branco que a folha de sulfite onde resolvia os exercícios de cálculo. Congelei por um segundo. Ele olhou no meu olho direito, depois no esquerdo, voltou a encaram meu olho direito e caiu muito rápido. Um buraco negro se abriu no lugar da garagem do meu prédio, no térreo e no subsolo. De lá uma labareda de fogo roxo subiu por três metros e aumentou muito rápido chegando até o quarto andar do meu prédio, um abaixo do meu, enquanto aquele ser caia dentro daquele buraco. O buraco se fechou e uma chama roxa sumiu com o vento gelado que veio até meu rosto.

Com a boca aberta olhei do chão para o relógio do Itau. Lá marcava 4h11... 11h... apagou e no lugar da hora apareceu uma mensagem me deu o mesmo arrepio que senti quando entrei no banheiro: "ESTUDE STEWART!!!!!!!!! By Hell´s Stuart!!!!!!!!!"

sábado, 22 de outubro de 2011

Uma bela tentativa...

Pelo jeito não sou o único que está com algumas pendências nos estudos... um colega de classe, André Lao, está até apelando para o facebook para não ter um desastre na próxima prova:

"Querida Contabilidade Social,
passei meu dia todo pensando em você. Por mais que não tenha tido coragem de te olhar na cara, abrir suas páginas e te entender, acho que você deveria saber que não saiu da minha cabeça. Amanhã, quem sabe, a gente não se vê? Quem sabe não descobrimos umas igualdades entre a gente, ou consigamos equilibrar nossas contas, experiências de vida... enfim. Não fique brava comigo e nem se vingue disso na quarta-feira, porque vingança é muito feio. Nosso amigo Keynes não ficaria feliz.

Bom, desejo uma ótima noite pra você. Amanhã nos falamos."

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A balada das ideias


O encontro era inevitável, mais cedo ou mais tarde os dois se encontraríam e dali poderia sair uma relação de amor ou ódio. Mesmo que na balada agitada de autores e conceitos, o contato superficial é mais que suficiente para se entender um pouco o que se passava dentro da sua cabeça. Por mais que a aparência física dele não seja das mais agradáveis e sua idade também não corresponda com as preferências das garotas, ele é uma das figuras mais ilustres, se não for a mais ilustre, desse evento de ideias e ideologias.

Em uma conversa regada de termos antigos mas nem por isso incompreensíveis, uma mentalidade ou uma visão de mundo pode ser transformada de maneira radical, porém não deixará de ser uma visão hoje em dia, nada além disso. Como fundo musical um remix bate estaca de Geraldo Vandré, essa conversa superficial rende várias reflexões que ficam no papel, ou nos blogs, na rede.

Marx realmente desperta sentimentos antagônicos. Ou o estudante de economia, no meio dessa balada agitada que é sua graduação, passa a adorá-lo ou o odeia e se agarra às pernas do capitalismo com toda a força possível, exalta o mercado e tatua uma gigante letra K nas costas seja contornado por tribais ou no estilo maori.

Apesar da grande barba e pelo simples detalhe de ser do século XIX, esse alemão muito famoso com certeza despertaria enormes paixões naquelas menininhas cults ou faria boas amizades com o pessoal que gosta de uma boa discussão filosófica. Aqueles que estão esperando um empurrão para se revoltar contra o sistema que domina o ocidente cego pelo lucro e pelo dinheiro, Marx dá, com suas palavras, a ferramenta perfeita: a indignação.

“A burguesia, onde conquistou o poder, destruiu todas as relações feudais, patriarcais, idílicas. Rasgou sem compunção todos os diversos laços feudais que prendiam o homem aos seus ‘superiores naturais’ e não deixou entre homem e homem outro vínculo que não o frio interesse, o do insensível ‘pagamento em dinheiro’. Afogou a sagrada reverëncia da exaltação religiosa, do entusiasmo cavalheiresco, da melancolia sentimental do burguês filisteu nas águas geladas do cálculo egoísta. Fez da dignidade pessoal um simples valor de troca e, no lugar de um sem-número de liberdades legítmas e duramente conquistadas, colocou a liberdade única, sem escrúpulos do comércio. Numa palavra, no lugar da exploração velada por ilusões políticas e religiosas, colocou a exploração seca, direta, despudorada, aberta”

Para não deixar o receptor indignado só com a burguesia, símbolo máximo do capitalismo nas suas palavras no Manifesto do Partido Comunista, Marx coloca outro integrante desse conflito como sujeito da oração: “O proletário torna-se um mero acessório da máquina, e dele se exige apenas o manejo mais simples, mais monótono e mais fácil de aprender”. Mesmo numa balada seria impossível não relacionar as palavras de Marx escritas há pouco mais de 160 anos com a realidade de hoje. Qualquer semelhança é mera coincidência... as máquinas mudaram, mas parece que a forma de exploração do proletariado é ainda a mesma. Sem uma chave de fenda nas mãos, o proletário, em seu Tempos modernos, agora só pressiona os atalhos CTRL+C e CTRL+V infinitamente...

Mas uma coisa é fato, até mesmo os estudantes que não vão abraçar o capitalismo como único e melhor sistema econômico e se identificam completamente com as ideias de Marx devem acabar se frustrando em algum passo do caminho... Pode até ser que esse estudante ainda espere a revolução final do capitalismo, quando a propriedade burguesa for abolida e, por meio da política, os proletários usem a corda dada pelos burgueses e enforquem essa classe exploradora.

Ok, ok... enquanto as luzes vermelhas piscam incessantemente, o globo de espelhos gira, uma travesti vestida de Tia Sam faz caricatura dos hegemônicos e alguns pensadores convencem, são convencidos, indagam e indignam, a balada do curso continua. Provavelmente veremos Marx numa have mais profunda, de horas e horas de leitura e questionamentos. Até lá vale usar o básico e questionar o que realmente pensamos sobre capitalismo e comunismo.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

piauí, que saudades!


Depois de um tempo sem assinar e sem ler a revista piauí, resolvi voltar a ter esse prazer mensal em casa, e confesso que estava com saudades!! Voltei a assinar justo no aniversário de cinco anos da revista e logo recebi a edição especial número 61. É inevitável me lembrar do meu Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo - feito há quase três anos já -, toda vez que olho para a revista e as horas e horas em cima de alguns exemplares, de livros e com minha orientadora Milena de Castro.

Um trecho para relembrar as velhas risadas que a revista faz questão de publicar:

"Desafiado a comprovar se tinha mesmo intimidade com molinete, puçá, iscas e coisas do jaez, Luiz Sérgio abriu uma grande foto em seu computador que o mostrava de sunga junto ao ex-presidente Lula e ao governador de Sergipe, Marcelo Déda, todos puxando uma rede cheia de peixes, na Ilha Grande. Foi uma exceção. O ministro prefere pescar na linha, ou com o zangarelho, quando vai atrás de lulas (os moluscos cefalópodes; não confundir)"

Trecho do texto "Cuidado com a arraia ralada" da editoria Esquina.

A empresa dos sonhos de qualquer um...

O blog Radar Tecnológico da editoria de Economia do Estadão publicou nesta segunda-feira, 17/10, um infográfico com as facilidade e benefícios das grandes empresas de tecnologia dos Estados Unidos como Google, Twitter, LinkedIn e etc... vale a pena conferir para sonhar com uma vaga em uma dessas empresas ou se inspirar para melhorar o ambiente de trabalho nas empresas brasileiras. Não sei se é regra, mas o que eu percebo da maioria das empresas brasileiras não exista nada nem parecido - considerando academia de graça, video-game e aulas de yoga e pilates também sem custo nenhum. Agora vale um questionamento, será que é caro demais fornecer esses benefícios para os funcionários ou falta confiança neles? A mesma pergunta com outras palavras: os empresários não se importam com o bem estar do funcionário dentro de sua empresa ou os funcionários iriam abusar da liberdade e trabalhar menos?

Não seria um sonho trabalhar numa empresa na qual a gente se sente em casa? Pra mim sim...

Fonte: As maravilhas dos escritórios de Google e cia.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

"É nóis no Observatório"

Perdi o pique esses últimos dias, mas tenho ótimas anotações para mais alguns artigos e para meu diário do economista em formação. Mas enquanto estou tentando recuperar meu bonde de estudos e artigos, resolvi conferir o Observatório da Imprensa e para minha feliz surpresa vi que um artigo que enviei para eles foi publicado na edição da última terça-feira. Fiquei feliz! =D


Link: Uma certa rádio e os valores da comunicação

Britney Spears - Criminal (Official Lyric Video)



Resolvi colocar esse vídeo aqui pela originalidade na produção. Achei muito legal a própria equipe da Britney Spears publicar um vídeo da música Criminal com a legenda. E uma legenda bem diferente!!! Poupou o tempo de vários fans que vivem legendando músicas e vídeos... outros cantores poderiam fazer isso, certeza que daria vários acessos!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

"Educação, educação, educação..."

Como o blog está ficando focado em educação superior, jornalismo e economia, nada mais apropriado que comentar duas notícias publicadas ontem. A primeira, pelo portal da revista Exame, fala sobre a dificuldade de mão de obra capacitada para a área da construção; a segunda que foi pauta do Jornal da Globo é sobre a baixíssima aprovação no exame da Ordem dos Advogados do Brasil. São duas matérias sobre áreas de formação diferentes, mas que se complementam para retratar a realidade da educação superior e a qualificação da mão de obra no país.

A revista Exame trouxe uma reportagem sobre o Exame Fórum, promovido pela publicação para discutir os preparativos do Rio de Janeiro para os eventos de 2014 e 2016. Quem debateu o assunto foi o diretor-presidente da construtora Odebrecht, Marcelo Odebrecht. O setor está aquecido com toda essa agenda de grandes eventos no Brasil e no meio desse assunto com tantas vertentes polêmicas, o empresário ressaltou a importância da educação: "Não tem jeito, a gente vai ter que investir em educação, educação e educação", ao falar sobre a necessidade de mais engenheiros no país.

Por outro lado, o último capítulo de mais uma novela chamada Exame da Ordem. Segundo informações oficiais, apenas 15% dos 121 mil inscritos no exame foram aprovados. Um dado, no mínimo vergonhoso! Os estudantes colocam a culpa nas provas, que exigia "decoreba" na parte objetiva. Lógico que sempre deve haver algo a se culpar, porém, o que é até positivo, um resultado péssimo como este faz com que autoridades se voltem um pouco mais para a qualidade na educação superior no Brasil.

Não é suficiente formar milhares de engenheiros por ano e um terço deles não ter a capacidade de organizar um projeto decente. A mesma coisa com esses dados reais dos bachareis em direito. Uma pesquisa rápida no portal e-MEC do Ministério da Educação, mostra que apenas em São Paulo, há 169 instituições de Ensino Superior que fornecem o curso de direito (apesar de o site não parecer muito confiável, é uma fonte de informação oficial). É de se pensar a qualidade desse mercado de diplomas que se tornou as faculdades particulares.

Um artigo publicado pela revista Ensino Superior da Unicamp fala sobre "fábrica de ignorantes". O artigo é sobre uma pesquisa feita na década de 1910 por Abraham Flexner sobre cursos de medicina fornecidos por universidades norte-americanas e canadenses. A conclusão dele é parecida com o que pode-se concluir aqui no Brasil um século depois em vários outros cursos: péssima qualidade.

Afinal, quem já não ouviu dizer que se você deixar cair o RG na frente de determinada faculdade você estará automaticamente matriculado? Ou pagou levou o diploma de brinde? É preciso se planejar a educação desde o ensino básico, afinal, má qualidade parece ser uma bola de neve que só aumenta com o passar dos anos e resulta em notícias como essas publicadas na mídia...

domingo, 2 de outubro de 2011

I want your mind!


Temos um destino a cumprir, um “destino manifesto” sobre todo o México, sobre a América do Sul, sobre as Índias Ocidentais e o Canadá. As ilhas de Sandwich são tão necessárias para o nosso comércio oriental quanto as ilhas do Golfo para o ocidental. As portas do império chinês devem ser derrubadas pelos homens de Sacramento e do Oregon, e os arrogantes déspotas japoneses, inimigos da cruz, serão iluminados nas doutrinas do republicanosmo e da lei do voto. A águia da república pousará no campo de Waterloo, depois de traçar seu vôo entre os desfiladeiros do Himalaia ou dos montes Urais e um sucessor de Washington ascenderá ao trono do império universal

O trecho acima foi escrito pelo jornalista e comerciante de algodão norte-americano James Dunwoody Brownson DeBow, em 1850 na sua revista DeBow’s Magazine. O trecho acima faz parte de um texto de outro autor, o historiador britânico Geoffrey Barraclough, no livro “Introdução à história contemporânea”, publicado pela primeira vez em 1964. Barraclough usa este trecho do artigo do jornalista norte-americano para mostrar a mentalidade expansionista dos Estados Unidos no meio do século XIX, momento no qual o país começa a se projetar mundialmente.

O texto faz parte do curso de História Econômica II da graduação de Ciências Econômicas da Unicamp. A primeira metade deste curso se volta inteiramente a todos os movimentos políticos econômicos entre a Revolução Francesa de 1789 até o momento em que Estados Unidos e Rússia se tornam os dois “flancos” que concentram o poder nas últimas décadas do século XIX. É um texto interessante para verificar como o mundo passa de um sistema europeu de equilíbrio de poderes para uma política mundial bipolar.

As palavras de DeBow são um bom tema para se refletir sobre o papel dos meios de comunicação e, principalmente dos artigos opinativos nos jornais e revistas. DeBow, de acordo com uma pesquisa rápida no Wikipedia, foi um jornalista do Sul dos Estados Unidos que carregava as bandeiras do expansionismo do modelo econômico daquela região do país e da independência do Sul em relação ao Norte do país.

Como já foi mencionado, o texto foi escrito em uma época em que, ao que se parece, os ânimos começaram a ficar acirrados no mundo. Ele foi publicado em um momento que a Europa perdia sua importância vital no pensamento político internacional. Depois de partilharem a África como um bolo de cenoura com cobertura de chocolate, os europeus em seu expansionismo em busca de novos mercados e territórios olham para o Chá Verde que está sobre a mesa chamado Ásia. Mas, como diz Barraclough, o desejo por aquela região não era exclusividade dos europeus. Além das potências do velho continente havia outras três crianças de olho na bebida: Rússia, Japão e Estados Unidos. A Ásia, portanto, se tornara o palco dos conflitos internacionais e desvia o eixo da política que sempre foi, até então, centrado na Europa.

“O meio é a massagem”

Com esse cenário e com o trecho de DeBow ainda na mente é interessante refletir como um editorial ou um artigo opinativo reflete a opinião de uma elite capitalista ou influencia toda uma população. Deve haver infinitos estudos sobre a importância desses textos sobre o público leitor, mas escolhi dois aos quais tive acesso durante minha formação só para embasar minha argumentação. O primeiro, mais conceitual, é do jornalista (também norte-americano) Fraser Bond, extraído do livro de José Marques de Melo, “Jornalismo Opinativo” (2003). Segundo Bond, o jornalismo tem como razão de ser quatro funções: informar, interpretar, orientar e entreter. E sobre elas ele ainda diz: “Desde os primeiros tempos, o jornalismo tem procurado influenciar o homem. (...) O jornal esforça-se abertamente por influenciar seus leitores através de seus artigos, editoriais, caricaturas e colunas assinadas” (p. 28).

Posso estar errado, mas eu tenho a impressão que poucas pessoas pensam nessas palavras com todo o cuidado quando resolvem escrever um editorial ou uma coluna. Olhe as palavras de DeBow mais uma vez: “...e os arrogantes déspotas japoneses, inimigos da cruz, serão iluminados nas doutrinas do republicanismo e da lei do voto”. É de parar a leiturar e pensar “po$$@!”. Acredito que eu não tenha interpretado errado essas palavras, mas elas nos parecem mais atuais que nunca para a realidade americana e à “American Life”. Afinal não são eles que estão promovendo a democracia lá pela região da Líbia... promoveram a mesma ideia no Afeganistão...

Ainda quero encontrar livros que me dêem base para fazer afirmações mais certeiras, mas tendo fortemente a acreditar que, sem a imprensa o imperialismo norte-americano não seria nada. Na verdade, qualquer forma de imperialismo deve passar pelos meios de comunicação hoje em dia. É neste ponto que entra um outro autor que escolhi: Marshal McLuhan. Encontrei perdido na minha estante de livros um publicação organizada por Stephanie McLuhan e David Staines que reúne 19 conferências e entrevistas desse estudioso que pensava a comunicação na década de 1960.

Entre essas conferências achei uma que se chama “O meio é a massagem”, feita por McLuhan em maio de 1966 em Nova York. A palestra dele é excelente! Fala sobre a vida com a tecnologia daquela época. A forma como as crianças de então eram educadas e como raciocinavam frente a tanta modernidade e etc. Mas o foco da minha leitura era sobre o que o autor falava sobre esse “o meio é a massagem” e, o que pude compreender, é que esse trocadilho com a expressão original “o meio é a mensagem”, é o fato de o meio pelo qual a mensagem é levada ao público ser pensado como algo que educa e edifica as pessoas.

Um meio de comunicação cria um ambiente. Um ambiente é um processo, não é um invólucro. É uma ação e atuará sobre os nossos sistemas nervosos e nas nossas vidas sensoriais, modificando-os por inteiro.” (p. 129) É preciso complementar esse pensamento? Acredito que não...

O autor, nessa palestra se referia muito à arte e em certo ponto diz “A função da arte romântica ou da arte pitoresca era controlar os estados de espírito” (p. 129) e “A função da arte é ensinar a percepção humana” (p. 131). Forçando a barra, escrever não deixa de ser uma arte. Reforçar, em um artigo opinativo, a importância econômica da China para o comércio norte-americano seria então educar os leitores e criar neles um “ambiente” propício à disseminação desse ideal?

E os jornais por aqui?

Em um dos posts anteriores estava falando sobre a minha opinião da importância dos meios de comunicação. Estudando Barraclough para o curso de História da Unicamp encontrei esse tema mais que interessante para fazer novos questionamentos... O editorial de hoje em dia em jornais pequenos é pensado com o cuidado que lhe cabe? As vezes parece que aquele quadradinho reservado para a “opinião institucional” ou as colunas dos “jornalistas pensantes” são meras descargas de ódio político. Ataca-se o prefeito, a obra mal feita, o deputado que esqueceu a cidade, o contrato fraudulento, o vereador que traiu os eleitores... São pontos importantes? Fico realmente na dúvida sobre isso... o importante seria mostrar para a população a realidade, mas mais importante ainda é mostrar as causas, os desdobramentos.

Em uma crítica ao jornalismo econômico, o professor Wilson Cano, da Unicamp, se mostrou descrente com a qualidade desse gênero na imprensa brasileira. Ele comentou que os jornalistas não mostram de maneira clara as causas dos acontecimentos, só se atêm ao fato. “A economia é política e política é poder”, disse ele. E questionou: a quem interessa o acontecimento noticiado? Eu acrescentaria, com base no que ele falou, será que alguém pensa se as suas palavras interessam a alguém? Via e vejo umas colunas tão pífias. Cheguei até a fazer algumas assim e sinceramente me envergonho, mas a inexperiência era uma complicação relevante. Agora, ver que jornalistas que se dizem experientes escrevem críticas simples, sem mostrar possíveis soluções, a meu ver é perda de espaço... se esses jornais querem só vender e não informar, tirem esses artigos infundados e coloquem então mais um anúncio. Afinal espaço é dinheiro. Jogar pedras no sistema sem uma argumentação clara é perda de espaço se ela não vem acompanhada de causas claras e soluções eficientes.

Voltando ao imperialismo...

Me lembrei de um clipe sensacional da Madonna, feito em 2003: American Life. Além de pensar no jornalismo, o trecho de DeBow nos faz pensar também sobre a política norte-americana. Esse jeito coercitivo e imperial de impor, durante muito tempo, seus desejos e interesses sobre os outros países. Pelo o que me lembro, a versão do clipe American Life que escolhi para esse post foi censurado na época que foi lançado. Tanto que a cantora teve que fazer um outro clipe bem sem graça só com bandeiras no fundo e ela cantando no primeiro plano.

O clipe censurado tem uma ligação muito clara com o trecho do jornalista sulista norte-americano. Lembrei que no meio de todas as discussões sobre liberalismo econômico deste semestre na Unicamp, foi falado em certo momento que a economia levaria a paz ás relações dos países. Será????? O clipe responde.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O "terror" das humanas


O gancho do texto de hoje está no que publiquei ontem, sobre as aulas de história: cálculo. Uma palavrinha tão pequena, mas que ultimamente está tirando a paz de espírito de algumas pessoas da minha sala. Apesar de esse curso ter seis créditos, ou seja, ter seis horas-aula durante a semana, de trancar outros cursos do próximo semestre e indiretamente impor uma pressão enorme em cima dos alunos, é uma área muito gostosa de ser estudada para quem tem tempo pra isso.

Quem gosta de matemática, especialmente de funções de todos os tipos possíveis e imagináveis essa é a melhor matéria do segundo semestre. Para quem não tem tanta desenvoltura mais com números e está com o raciocínio matemático um tanto quanto enferrujado, a coisa se complica um pouco.

Em dois meses aprendemos a calcular limites e derivadas de vários tipos de funções. O ponto crítico disso tudo é a base que é preciso ter para enxergar os problemas e encontrar soluções que para muitos são óbvia demais! Enxergar uma funções trigonométrica e lembrar das relações básicas, de todos os nomes e qual o valor de um seno (0) de cara, principalmente depois de ter ficado quase cinco anos imerso na área de humanas e um pé dançante em artes.

O motivo especial deste post foi minha linda nota na prova de cálculo da última segunda-feira. Garanto, sem revelar o número, que não foi nada animadora. Infelizmente, como comentei, cálculo é realmente gostoso para quem tem tempo de, como diz uma colega de sala, fazer horas-bunda de estudo, ou seja, sentar e estudar por duas a quatro horas. O bom disso tudo é que, no mínimo, deve aprimorar o raciocínio lógico e intuitivo! Assim espero!

Dicas...

A internet é uma ótima ferramenta para quem quer estudar com mais dedicação. Pesquisas rápidas no Google fornece ferramentas interessantes que vão desde calculadoras que mostram o passo a passo do cálculo de derivadas bem como outras que fazem os gráficos de qualquer função. Além disso há vídeos no youtube que explicam os teoremas, relações e outras igualdades que são usadas na solução dos exercícios.

De novo para quem está se preparando para o vestibular: vale a pena investir nesse momento em funções, polinômios e logarítimo! Apesar de ter feito cursinho no ano passado e ter assistido a todas as aulas dessas matérias, abri mão dos exercícios de matemática para investir em história que tinha um peso maior no vestibular. Não foi um erro completo porque consegui ser aprovado, mas acredito que me ajudaria bastante se minha base de matemática fosse mais forte.

Os alunos de economia da Unicamp do têm o curso de cálculo no primeiro semestre no curso diurno e no segundo semestre no curso noturno. Como já disse a disciplina tem seis créditos e, como é pré-requisito para algumas matérias para os semestres seguintes, vale a pena dedicar várias “horas-bunda” para essa matéria. Porém não é nada difícil nem impossível, é realmente questão de estudar e resolver vários exercícios.

Para os que odeiam exatas, mas querem fazer economia, não tem como escapar da matéria. Por maior que possa ser o ódio por números e contas, a disciplina é importante para entender comportamentos de gráficos e como trabalhar com funções. Num outro curso, o de Contabilidade Social, vimos a teoria macroeconômica básica na qual tem a função do consumo e da renda de uma economia. Entender alguns conceitos de função facilita muito entender o comportamento dessas funções no gráfico e a lógica por detrás da produção e do consumo quando explicado na teoria pura.

Dica de livro para quem quer já ir estudando: “Cálculo”, volume 1 de James Stewart da editora Cengage Learning – esta é a bibliografia básica do curso. Custa cerca de R$ 120, mas de acordo com o programa da aula, ele será usado por completo, então acredito que valha o investimento. Porém, as bibliotecas da Unicamp estão cheias desse livro (até porque ele foi traduzido por um doutor e um doutor livre-docente da Unicamp).

Entendendo o passado...


Para aqueles que estão se preparando em um cursinho pré-vestibular e já se inscreveram no exame para tentar uma vaga no curso de Ciências Econômicas da Unicamp, duas palavras: não desista! Quer seja um ano inteiro, apenas um semestre ou algumas noites de dedicação para se preparar para ingressar neste curso, cada segundo é muito bem recompensado quando você entra na graduação e se depara com o mundo que você acabou de pisar. A Unicamp é única e tremendamente estimulante.

Apesar de não ter todo o tempo que realmente gostaria para me dedicar a todos meus afazeres e às minhas paixões, vou tentar relatar como é esta formação ímpar pela qual estou passando nas salas do Instituto de Economia da Unicamp. Sei que deveria ter feito isso desde o primeiro semestre, mas ainda não completei a minha adaptação à rotina de trabalhar em horário comercial, estudar no período noturno e abrir mão das horas de sono para ler os textos que são solicitados.

Hoje mesmo estava estudando um texto da disciplina de História Econômica Geral II, ministrada pelo professor Eduardo Barros Mariutti. Portanto vou escolher este tema para começar a relatar um pouco de como é ser um graduando da Unicamp. Observo que já escrevi alguns textos aqui que usei de conceitos de outras disciplinas mas, pela enésima vez, vou tentar dar mais um propósito ao meu blog além de ser meu espaço pessoal e meu portfólio de artigos e reportagens.

Muito mais que história...

Para quem se identifica mais com a área de humanas que de exatas, o curso de História Econômica Geral I e II é excelente. Abrindo um parênteses aqui, é notório que o curso de economia une uma diversidade de gostos e objetivos muito interessante. Por ser um curso da área de humanas mas com uma base em exatas muito forte, convivemos com o desespero daqueles que se arrepiam com fórmulas e cálculos mais complexos e, ao mesmo tempo, com aqueles que tremem na base com a quantidade de textos de história, por exemplo, e se perdem nos conceitos e ideias chaves dos autores.

Fechando o parênteses e pegando nele um gancho, esse curso de história é ministrado em dois semestres e só é possível descobrir a quantidade de autores com os quais temos contato se tivermos uma memória excelente ou se consultar a ementa dos dois cursos! O mais estimulante deste curso é justamente essa pluralidade de fontes e informações que temos que ler, analisar e refletir para entender todas as facetas de como se construiu a história pela ótica economia.

Como estou com a ementa do curso História II bem na minha frente, consigo listar aqui os autores que visitamos para ententer os movimentos políticos e econômicos dos séculos XIX e XX: Éric Hobsbawm, Giovanni Arrighi, Carlos Alonso Barbosa de Oliveira, Barrington Moore Jr., Geoffrey Barraclough, Peter Gowan, José Luis Fiori e Robert Cox. São oito nomes, mas alguns deles temos que ler capítulos de quatro ou dois livros diferentes. É muita coisa sim, principalmente para aqueles que, como eu, precisam trabalhar para se bancar fora de casa e ainda encontrar tempo para conseguir dar conta do recado! (risos)

Porém, não deve existir outra forma de ter uma formação pluralista sem visitar vários autores durante o curso. Neste primeiro bimestre, entre agosto e setembro, foi indicado para a turma ler os cinco primeiros autores, que totalizam sete textos diferentes.

O tema destas aulas começa nos conflitos sociais da Europa com a revolução francesa muito bem explicada por Éric Honsbawm no livro “A Era das Revoluções” e estamos terminando a discussão com o mesmo autor, porém no livro “A Era dos Impérios”. Começamos nossas discussões na França na segunda metade do século XVIII e estamos terminando na formação dos Estados Unidos e a queda da Inglaterra como hegemonia econômica do século XIX.

Se você não gosta de história já imagino a expressão que deve ter feito, mas para quem gosta de debates como estes as aulas são excepcionais! Apesar de terem como base os fatos históricos, as explicações do professor vão além das entrelinhas e tenta esclarecer os movimentos políticos, intelectuais e econômicos que estavam por detrás dos acontecimentos. O texto que li essa madrugada, “A Guerra Civil Americana”, de Barrington Moore Jr., é um exemplo claro dessa descrição das aulas. Em momento algum do texto o autor fala o que foi a guerra, quais foram as estratégias de ataque, de defesa, e etc. temas que são abordados no Ensino Médio e nos cursinhos. Neste capítulo o autor questiona quais foram as causas desse conflito, expõe a questão da escravatura norte-americana e todas as consequentes discussões políticas e econômicas que ela gerou.

Realmente eu não imaginaria nunca ler, por exemplo, que a “escravatura nas plantações do Sul não constitui um grilhão econômico para o capitalismo industrial. Se algo se pudesse dizer, seria o contrário; ela ajudou a promover o desenvolvimento industrial americano nas suas fases iniciais” (p. 116). O máximo que discussões sobre a Guerra Civil Americana e sobre escravidão que temos contato antes de um curso como este é simplesmente referente aos fatos, números e consequencias.[Vale ressaltar para os desavisados e leitores que adoram fugir do contexto que não apoio e nem aprecio a escravidão!]

E entender como a Inglaterra conquistou sua hegemonia mundial naqueles séculos? É fascinante realmente entender a ascensão e queda de impérios como foi esse caso. Entender como a Inglaterra se desenvolveu e ao mesmo tempo deu a corda para ser enforcada; e como ela influenciou os outros países que estavam ainda no berço do desenvolvimento industrial a evoluírem e até a superarem seu poderio naval e mesmo industrial. Nestes dois meses vimos como os bancos de investimento surgiram, qual o movimento da agricultura comercial para a indústria, como o algodão foi a base de economia norte-americana quando o país ainda estava se industrializando e como se dá a formação de capital de investimento, capital comercial, como são aprimorados os meios de transporte e etc...

É muita coisa e tudo isso será cobrado na prova da próxima terça-feira, dia 5 de outubro. E vale uma confissão, a melhor parte disso é que não adianta decorar nada, é preciso entender os movimentos gerais e particulares para conseguir conectar os cinco autores e os conceitos dos sete textos e refletir sobre esses fatos de uma maneira crítica bebendo nos autores para construir a argumentação mais sólida possível.

Para quem está se preparando para ingressar no mesmo curso que eu escolhi, fica ai uma boa orientação sobre como vão ser suas provas de história. Na verdade essa é a tendência de quase todas as provas. Aqui não basta decorar a fórmula e aplicar os valores dentro das variáveis, é preciso ir além do resultado da equação e entender como ela afeta o comportamento do gráfico. Mas esse assunto já é sobre a matéria de cálculo, porém serve de exemplo de como até as exatas exige interpretação.

Dicas


Quem gosta de história e em especial textos com enfoque político e econômico que ultrapasse a simples narração dos fatos, quero fazer uma excelente indicação: Eric J. Hobsbawm. Ele escreveu uma série de livros chama as “Eras”, são quatro volumes que são uma análise histórica do século XIX e o começo do século XX. Só para dar um gostinho de como o autor vai além da simples descrição, selecionei um trecho do prefácio do segundo livro, “A Era dos Capitais”:

“O livro pode ser lido independentemente, desde que os leitores se lembrem de que ele não trata de um período fechado que pode ser separado do que vem antes ou depois. História não funciona assim. Mesmo assim, ele não deveria pedir do leitor nada além de uma introdução geral adequada, pois é deliberadamente dirigido ao leitor não especializado. Se os historiadores devem justificar os recursos que as sociedades devotam a seus estudos, por menores que sejam, não deveriam escrever exclusivamente para outros historiadores.” (p. 15)

Como disse são quatro livros: “A Era das Revoluções”, “A Era dos Capitais”, “A Era dos Impérios” e “A Era dos Extremos”. Os vestibulandos que passarem para segunda fase do vestibular da Unicamp, depois de fazer as provas, poderiam muito bem começar a ler. São fascinantes, fáceis de entender e com uma leitura muito simples. Lógico que as aulas de história ajudam muito a entender os movimentos que estão por detrás do que Hobsbawm descreve, mas, com ou sem orientação do professor, esta é uma leitura que vale a pena. Neste segundo curso de História Econômica estamos usando três dos quatro livros, o único que não foi solicitado foi o segundo, de onde tirei a citação acima porque estou quase acabando de ler e estava aqui do meu lado.

Bom... acho que deu para dar uma introdução bem básica de um dos cursos que temos em Ciências Econômicas. Vou tentar encontrar mais tempo para escrever mais sobre os outros cursos e também colocar resumos que fiz das matérias do primeiro semestre, bem como deste. Escrever e estudar são minhas paixões, vou tentar unir as duas para algo que seja produtivo para alguém =).

Já são 4h30, ainda teria que ler um trecho do Manifesto Comunista de Marx e Engels para amanhã a noite, mas vai ser impossível! (risos)

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Uma certa rádio e a homofobia...


Há algumas semanas um colega de classe, de Campinas, me chamou no bate-papo para me mostrar um áudio gravado de uma rádio limeirense que circula pela internet. No começo ele já se mostrou indignado com o conteúdo da conversa e perguntou se eu conhecia as pessoas que estavam se manifestando naquele áudio. Se trata de um diálogo entre donos de uma rádio local que opinavam de forma preconceituosa sobre a aprovação do primeiro casamento homossexual em Limeira. O assunto é polêmico para algumas pessoas e ao mesmo tempo um bom tema de debate.

Pela segunda vez estou tendo aulas de Ciências Sociais. A primeira foi na graduação de Jornalismo e agora na graduação de Ciências Econômicas com um foco mais voltado para a economia. A estrutura dessa aula na Unicamp é analisar o pensamento dos sociólogos considerados, como um professor definiu, a tríade da sociologia: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx.

Finalizamos as discussões sobre os estudos do primeiro autor e, para ter base para isto, estudamos en passant trechos de Bauman e Rosanvallon. O que interessa disso tudo para esse assunto são os conceitos de grupos sociais, valores e a estrutura da sociedade. Estruturo meu texto na minha opinião como jornalista tentando tatear o conhecimento adquirido nesse primeiro bimestre de aula.

Qual seu grupo?

Quando alguém pergunta minha religião, respondo “católico não praticante”. Como fui educado nesta religião, passei a apreciar e a ter fé em alguns elementos dela, porém há alguns anos não frequento as missas dominicais. Sou contra um padre - ou pastor, estendendo a crítica a outras religiões - dar sua opinião ferrenha sobre o que os fiéis devem considerar para suas vidas pessoais, mas como é provado, isso é inerte na nossa sociedade.

Se me perguntar onde eu moro, onde trabalho, o que estudo, com quem eu ando... muitas pessoas já me dirão quem sou. Estamos, como é defendido por Bauman, sempre inseridos em grupos sociais. O grupo dos católicos, dos estudantes de economia, dos jornalistas e etc. Isso é fruto da socialização do indivíduo e, mais ainda, produto de valores sociais que praticamente regem nossa vida.

A religião, por exemplo, é considerada por Durkheim como um fator de coesão social, ou seja, ela garante o equilíbrio e a paz na sociedade por pregar valores que são seguidos pelos integrantes deste grupo. Outros grupos menores também têm seus valores, regras e normas baseados na identificação de qualidade e defeitos que se complementam ou se repelem em relação a outros grupos. Cada grupo controla seus indivíduos por meio da coerção social estabelecendo penas aos transgressores, aos chamados “outsiders” como definiu Durkheim.

Portanto, com a revisão de alguns conceitos básicos dos primeiros meses de ciências sociais é possível questionar o leitor: qual o seu grupo social? Você nasceu e foi criado com quais valores? Frequentou quais ambientes e fez amizades com quais tipos de pessoas? Refletindo sobre isso, cada um consegue encontrar, de maneira clara e direta ou indiretamente, quais são suas raízes e o que a sociedade na qual está inserido reza como certo ou errado.

Eu avaliaria o grupo social onde nasci, Limeira, como uma união de pessoas um tanto quanto tradicionalistas e conservadoras (com raras exceções inteligentes). Eu ainda acrescentaria que são pessoas pouco otimistas, afinal quem nunca ouviu a seguinte frase: “Abriu um Mac Donalds na cidade? Vamos ver quanto tempo vai durar...” Além dessa baixa autoestima, os limeirenses com os quais convivi me pareceram extremamente bairristas e com uma forte tendência a se manterem fechados para as novidades da sociedade. Para esse ponto eu vou usar uma citação de Durkheim, do livro “Da divisão social do trabalho”: “quanto mais obscura uma consciência, mais refratária à mudança, porque não vê depressa o bastante que é necessário mudar, nem em que sentido é preciso mudar” (página 17)

Por obscura eu desenharia um limeirense que não se preocupa com o debate social, que se abstém de avaliar quais são os melhores investimentos para a educação em sua cidade e que é facilmente ludibriado pelos políticos carismáticos que usam de obras populares para mostrar serviço e garantir votos e mais votos e, claro, um belo salário por quatro anos.

Opinião? Claro, pode opinar...

Não tiro o direito de ninguém expor sua opinião, mas algumas pessoas deveriam pensar melhor em como expõem essa opinião. O áudio que está circulando a internet começa com a discussão sobre a liberação do primeiro casamento homossexual de Limeira e que, se eu não estou enganado foi de uma pessoa que eu adimiro muito, uma psicóloga conhecida na cidade (a aeromoça de Santos Dumond, como a apelidei). O problema na opinião dessas duas pessoas é a forma como se referem a um “conhecido” da equipe chamando-o de todos os termos pejorativos possíveis que se pode usar para conversar com um homossexual e o uso de um veículo de comunicação para a disseminação de uma opinião sem nenhum embasamento e preconceituosa.

Se não bastasse essa lista de xingamentos, os radialistas ainda usam argumentos ridículos e arcaicos para justificar seu posicionamento contrário ao casamento homossexual. Um deles disse que Deus fez o homem e a mulher com o encaixe perfeito, isso não deveria ser contrariado. Claro que, na minha posição de comunicador, estou melhorando a frase pífia usado por um deles, mas a argumentação seguiu mais ou menos neste sentido, além de dizerem, claro, que não deveria ser dado voz à minoria e deixar os costumes da forma como estavam. A meu ver isso é um claro e explicito reflexo de como tradicionalista e conservador os limeirenses são.

Ser contra o casamento homossexual é um posicionamento pessoal, cabe a cada um, dentro de seu círculo de amizades e dentro de sua família discutir esse assunto. Assim como ser preconceituoso ou nazista... você pode ser, desde que não manifeste, ofenda ou mate ninguém. Agora tornar essa discussão pública de um jeito que denigre ainda mais a imagem aqueles que acreditam que essa conquista é um direito justo e tardio, é no mínimo irresponsável e imaturo.

Cabe aqui um questionamento da responsabilidade dos veículos de comunicação. Não tenho conhecimento de pesquisas quantitativas de ouvintes de rádio em Limeira, mas acredito que esse número seja expressivo simplesmente avaliando a aparente estrutura financeira das empresas de comunicação da cidade. Portanto, com tal importância vêm certas responsabilidades. O comunicador, especialmente o jornalista, deve ser um mediador de opiniões. Quando se fala em isenção jornalística, independência e credibilidade está em discussão (quase que de forma utópica) a capacidade de o jornalista avaliar os fatos e expor ao seu público as versões da verdade e da opinião para que o público consiga, sozinho, formular sua própria opinião e se posicionar.

Com certeza o programa daquela rádio não deve ter uma base jornalística (até porque se tivesse estariam só lendo notícia dos jornais impressos e recolhendo reclamações de ouvintes por telefone e fazendo críticas às autoridades públicas, como é de praxe na cidade). Porém, esse fato não deveria ser usado como justificativa para a liberdade de usar palavras tão grosseiras e emitir opiniões tão preconceituosas e sem nenhuma argumentação convincente. Se quisessem discutir o tema, deveriam ter convidado o casal que recebeu o aval para firmar a relação conjugal e algum profissional que pudesse confrontar a opinião deles (ou delas) de forma civilizada e inteligente.

Vale aqui mais uma frase de Durkheim para reflexão: “As vias de comunicação determinam de maneira imperiosa o sentido em que se fazem as migrações interiores e as trocas, e mesmo até a intensidade de tais migrações, etc”. Este é um trecho de um livro no qual o sociólogo francês explica o que é fato social. Aí ele explica que as vias de comunicação têm um forte poder sobre como os valores são trocados dentro da sociedade.

Este debate chega a um fim óbivio: os meios de comunicação têm sim uma responsabilidade muito grande para com o público, afinal que adolescente ou jovem não foi influenciado por alguma moda lançada pela Globo? Ou que dona de casa não procurou aquele copo que aparece na novela para decorar sua mesa de jantar?

A responsabilidade dos meios de comunicação, quer sejam eles gigantescos, imperiais, ou minúsculos, locais e do interior do estado, deveria ser repensada. Qual é o objetivo da sua rádio? Pra quê ela serve além de tocar música o dia inteiro? Se você abrir um espaço para algum comunicador conversar com seus ouvintes, qual a responsabilidade dele? O que ele tem a acrescentar para a vida dessas pessoas que fazem questão de ligar o rádio para ouvir nem que seja de forma desatenciosa?

E seu jornal e seu programa de televisão? Têm algum objetivo ético e moral? Tem alguma filosofia que ultrapasse a simples crítica política do partido da situação? Sua coluna semanal é só para ficar criticando a roupa da primeira dama, o choro da vereadora ou você tem realmente algo a acrescentar para seus leitores? As notícias que são publicadas nas suas páginas impressas e eletrônicas trazem discussões atuais que mostram todos os lados do fato ou você é incapaz de pensar o jornalismo como uma ferramenta que forma opinião do seu leitor e tenta levar a ele o esclarecimento necessário para ele ter uma qualidade de vida melhor? Você escreve textos curtos pressupondo que seu leitor nunca vai ler um texto bem elaborado independente do tamanho que ele ocupe nas páginas ou prefere cortar todo o conteúdo que valorize o debate em detrimento do anunciante que leva dinheiro para a empresa?

As vezes é preciso parar e refletir sobre qual o seu papel no mundo e se você está aqui para olhar diretamente para o seu umbigo com uma consciência totalmente obscura ou se você consegue levantar a cabeça e olhar que a sociedade evolui e precisa de pessoas inteligentes e pensantes para ajudar a população a enxergar que alguns valores estão ultrapassados e que mantê-los pode até ser considerado um crime (vide o preconceito)...

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Manual do estudante vagabundo

Nestes primeiros meses de graduação na Unicamp pude observar alguns tipos muito peculiares e, infelizmente, corriqueiros de alunos durante os cursos. O que segue aqui são constatações ridículas referentes a alguns deles - que na verdade não se pode chamar de estudantes, nem universitários - da Unicamp. Esses tipos não existem apenas aqui na Unicamp, eles estão espalhados por todas as universidades, faculdades e escolas de qualquer nível, infelizmente. Porém, apesar de adaptáveis a outras instituições, as dicas abaixo se encaixam no dia a dia da Unicamp de Campinas e, acredito que na de Limeira também por terem a mesma política.

Você, aluno vagabundo, pode encarar a lista como um manual para ser um aluno totalmente cool, ridículo e descompromissado, que não dá valor nenhum ao dinheiro que é empreendido na sua educação.

- Mesmo que você NÃO trabalhe só leia os textos propostos para a prova;

- Escolha as matérias pela fama do professor, principalmente se ele é "coxa", gíria para professores que não fazem nenhum tipo de cobrança e aprovam grande parte da turma por falta de vontade, empenho ou incompetência. Essa é a melhor forma de conseguir créditos rápidos;

- Não anote nada durante as aulas, mas repare em quem anota - você vai precisar pedir as anotações dele ou dela para tirar xérox;

- Se inscreva em todos os grupos de e-mails e grupos nas redes sociais para obter informações de festas e também para ter acesso fácil aos alunos que estudam. Assim como no caso acima, você vai precisar pedir a esses alunos para disponibilizarem as listas de exercícios ou revisão para prova devidamente preenchidos;

- É importante parecer simpático com os colegas de sala, principalmente se eles não estiverem com o mesmo coeficiente de progressão que você, ou seja, forem bichos/novatos. O fato de você estar com uma porcentagem maior que o resto te dá o falso direito de avaliar as disciplinas e indicar àqueles que querem seguir seu caminho quais são os cursos mais fáceis de se conseguir aprovação;

- Faça comentários bestas e tente discutir com o professor em algum assunto que, por milagre, você saiba discursar com o mínimo de argumentos só para mostrar participação e conseguir pontos extras com professores que ainda contam com a participação da sala como era feito na sétima série e a leitura do livro "Meu pé de laranja lima";

- Seja político, se aproxime de professores que tenham bons contatos ou uma posição importante no instituto. Exemplo é aquele professor que esteja ligado ao centro de intercâmbio da Unicamp: defenda-o, elogie-o e seja amigo dele mesmo que a qualidade desse docente seja totalmente questionável;

- Se interesse muito pelas decisões políticas do instituto ou faculdade que você estuda e fique atento a qual dos lados esse seu professor está ligado; no mundo atual, em alguns casos, importa muito mais quem vai te indicar do que sua capacidade intelectual;

- Coeficiente de Rendimento (CR) na Unicamp é algo importante para todos os alunos que tenham interesses em intercâmbio e até em vagas de estágio em algumas empresas, por exemplo. Se você não consegue indicações, precisa manter um bom CR. Como já foi dito, a melhor forma de melhorar esse número é conseguir disciplinas que sejam de fácil aprovação e sem muitas exigências ao longo do semestre; Se você é novato, contatos com os veteranos é uma ótima forma de descobrir quais são as matérias mais fáceis de conseguir boas notas.

- Se você NÃO precisa trabalhar para viver, é filho de economista e tem uma bela mesada (20 anos de idade com mesada é tremendamente ridículo), um carro na garagem disponível a qualquer momento e pode dormir todas as horas que seu corpo exige para uma boa noite (ou tarde) de descanso, aproveite suas regalias para satirizar quem não tem essas condições e atrapalhe a aula saindo no meio de explicações importantes ou, como dito anteriormente, tomando um grande tempo com uma discussão sem nenhum sentido. Quanto mais você atrapalhar o desenvolvimento da aula, mais o professor não poderá seguir o cronograma e menos os outros alunos vão aprender o que devem. Viva o liberalismo e a concorrência capitalista! Esmague seus oponentes da melhor forma!

- Todas essas características isso te dá um coeficiente informal dentro dessa vidinha de universitário vagabundo: Coeficiente de Mal Caráter (CMC);

Agora... se mesmo você fazendo tudo isso, se matricular em um curso e não conseguir dar conta do recado porque as exigências estão além do que te falaram e todo o tempo disponível que você tem não é suficiente para resolver seus próprios exercícios e estudar sozinho, parabéns! Sendo o CMC um valor de 0 a 1, o seu passou de 1 faz tempo!!

Por favor, não atrapalhe quem quer aprender. A universidade é um período de desenvolvimento intelectual ou de amadurecimento intelectual para aqueles que estão ingressando. É um momento único (a não ser que você precise refazer a matéria porque não conseguiu média para ser aprovado) de trazer os conceitos desenvolvidos por autores clássicos para sua vida pessoal e profissional, de entender a dinâmica da sociedade e da história do homem e se aperfeiçoar cada vez mais na área que você escolheu.

Um texto não serve apenas para decorar conceitos e aplicá-los na prova ou na resenha exigida, assim como uma discussão em sala não é um momento de exibição gratuita. A formação acadêmica tem um propósito nobre formar profissionais qualificados que tenham a capacidade de pensar nossa sociedade de uma forma crítica e propor à ela soluções que melhorem o relacionamento entre pessoas e não apenas entre cifras e valores monetários.

Se formam economistas, engenheiros, professores para fazerem a diferença e inovarem em suas áreas de atuação e criar mecanismos que possibilitem um melhor desenvolvimento das forças produtivas, aumente os empregos, a renda dos trabalhadores, que possibilite mais qualificação a todos.

Encare essas horas que você precisa ficar na cadeira da faculdade/universidade como os melhores momentos da sua vida. Não os coloque no topo apenas porque haverá festas diárias ou um churrasco em plena segunda-feira na república do seu amigo. Estes são os melhores momentos porque, para muitos, serão os únicos nos quais poderão ter contato com professores e pesquisadores realmente inteligentes e que conseguem transmitir todo o conhecimento em prol da formação de estudantes com os quais não têm nenhum vínculo senão aquele que envolve o comprometimento louvável de mestres que acreditam que a educação é o melhor caminho para diminuir as injustiças sociais!

Diga-se de passagem àquele aluno que segue o manual do aluno vagabundo: injustiças sociais que você ajuda a acentuar quando pensa apenas no dinheiro como fim de interesses privados e não como meio para mudar algo na vida de alguém (mesmo que seja numa empresa extremamente capitalista) e principalmente quando perde a civilidade e o respeito por quem não encara essa lista com risos e identificações pessoais (falando de forma mais clara: aqueles que não vestem a carapuça deste texto).

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Um pouco além do complemento...

Como parte da formação proposta pela disciplina Ciências Sociais para Economia, na Unicamp, estamos lendo algumas seleções de Emile Durkheim e eis que, no meio do texto sobre divisão do trabalho aparece uma frase que achei muito bonita e resolvi compartilhar:

A imagem daquele que nos completa se torna, em nós mesmos, inseparáveis da nossa, não apenas porque é frequentemente associada a ela, mas sobretudo porque é seu complemento natural: ela se torna, pois, parte integrante e permanente da nossa consciência, a tal ponto que não podemos mais dispensá-la e que buscamos tudo o que pode aumentar sua energia (...) é por isso que apreciamos a companhia que ela representa (e) sofremos com todas as circunstâncias que, como a distância ou a morte, podem ter por efeito impedir seu retorno ou diminuir sua vivacidade

=D

Fonte: DURKHEIM, Emile. Da divisão social do trabalho. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. (O link ao lado é para download do livro no site 4shared).

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Alunos públicos em escolas públicas - esse é o caminho justo!


O número de estudantes de escolas públicas do ensino médio matriculados nos cursos de graduação da Unicamp aumentou de 2010 para 2011. Tudo bem, está um pouco tarde para falar sobre estatísticas e o crescimento é até pequeno, mas algumas pesquisas informais feitas recentemente dão algumas informações bem interessantes sobre o fato. Porém enquanto tentamos influenciar alguém a pensar na graduação como um futuro vantajoso, alguns adolescentes só pensam naquilo!
Uma das pesquisas foi feita no começo do semestre, em agosto, quando começamos o curso de Ciências Sociais para Economia na graduação de Ciências Econômicas na Unicamp. Como é de praxe com alguns professores, o primeiro dia de aula teve uma apresentação rápida dos alunos. O fato mais interessante é que de toda a sala, que devia estar com cerca de 40 alunos aquele dia, a grande maioria disse que estudou em escolas públicas no ensino médio.

O fato foi bem curioso e surpreendente até para o professor. Um certo consenso (com um quê de preconceituoso) nos faria pensar que em uma turma de futuros economistas só deveria haver alunos das melhores escolas particulares de Campinas e região (pensamento seguido por aquele olhar de desdém). Porém, o perfil dos alunos do curso de economia do período noturno é em si interessante. No vestibular de 2011 foram aprovados 35 alunos para esse período (ao todo 105 alunos ingressaram no curso de Ciências Econômicas na Unicamp: 70 no diurno e 35 no noturno).

Dos futuros economistas, uma parte considerável já está na sua segunda graduação. Ali tem formados em Jornalismo (eu), Imagem e Som, Relações Internacionais, História, Tecnólogo em Mecatrônica e Direito, além de outros alunos que já tinham cursado de um a três anos outra graduação na Unicamp ou em outras universidades públicas. Essa era uma informação que tínhamos desde o começo do curso, março, mas a quantidade de alunos vindos de escolas públicas foi algo novo.

NÚMEROS

Voltando à participação dos alunos de escolas públicas nas matrículas da graduação da Unicamp, alguns dados da Comissão Permanente para o Vestibular (Comvest) da Unicamp mostram valores consideráveis. A pesquisa está disponível no site da Comvest (WWW.comvest.unicamp.br) e os dados fornecidos são baseados nas informações que os vestibulandos fornecem durante o processo seletivo.

Foquei minha pesquisa na participação de alunos vindos do ensino médio das escolas públicas. Em 2010, dos 3.536 inscritos nas graduações da universidade, 1.030 (29,1%) informaram terem cursado o Ensino Médio em escola pública; em 2011, foram 1.148 (31,9%) dos 3.601 inscritos. Um aumento de 118 pessoas ou 2,2 pontos percentuais.

O crescimento parece pequeno, mas uma notícia divulgada pela Comvest mostra que a participação desses alunos foi recorde na Unicamp. A porcentagem mostra o impacto positivo do Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social promovido pela universidade, está entre as maiores dos últimos anos e reverte a tendência de queda verificada desde 2009.

Este fato deve ser estímulo para quem pensa que é impossível ser aprovado em um vestibular como o da Unicamp – e eu sei que existe adolescentes e mães que pensam assim, infelizmente. E mais...

Estatística dos matriculados em 2010

Estatística dos matriculados em 2011
Fonte: Comvest - Unicamp

COMPORTAMENTO

Essa informação se encaixa com os comentários que ouvi sobre o Unicamp de Portas Abertas (o famoso UPA) que ocorreu na última semana, nos dias 2 e 3 de setembro. Uma pessoa com quem conversei disse ter reparado o desdém de alguns alunos e o grande interesse de outros. O que me surpreendeu também foi quais alunos pertenciam aos dois grupos mencionados.

“Apelidamos o UPA de Unicamp de Pernas Abertas, o evento parecia uma micareta de carnaval, em todos os lugares tinha adolescente se beijando”, disse essa pessoa. Uma situação que deve ter sido vergonhosa de se presenciar em um ambiente acadêmico como a Unicamp. Depois de ter comentado que infelizmente os alunos de ensino médio de hoje em dia não têm mais interesse em cursar uma graduação e entrar para a vida acadêmica, essa fonte comentou que diferente do que pensávamos, os alunos de escola pública eram os mais interessados nas palestras e eventos do UPA, enquanto que quem se comportava como se estivesse em uma micareta eram os alunos de escolas particulares. “Só vão ao UPA os alunos de escola pública que estão realmente interessados em cursar algo na Unicamp até porque muitos não têm dinheiro para pagar a viagem até lá e por isso eles ficam bem interessados, fazem perguntas e participam de várias palestras”, disse.

Não podemos generalizar, mas é estimulante saber que alunos de escola pública estão tão interessados em ter uma graduação de qualidade e pública. É difícil se deparar com notícias que relatem eventos nas escolas de Ensino Médio do Estado que incentivem os alunos a escolherem uma graduação e os ajudem a entender melhor as profissões que pretendem seguir. Um dos professores do cursinho pré-vestibular que fiz no ano passado criticava as ONGs justamente por conta da inexistência de programas com essa finalidade para adolescentes e comunidades carentes.

A arte e o esporte têm seu valor de inclusão e proteção desses jovens contra a violência das ruas, mas nenhuma ONG ou escola parece se preocuparem com o que será dos estudos desses alunos depois do jogo de futebol ou da aula de capoeira. Na verdade o que falta ai é vontade de mudar a vida de alguém. Acredito que não seja difícil reunir uma vez por mês ou durante um dia todo profissionais das mais diversas áreas e/ou alunos de graduações diferentes para conversarem com esses jovens carentes sobre o que é ser um jornalista, um economista, um dentista, um físico nuclear ou qualquer outra profissão que passe pelos bancos das universidades. O que falta para esses jovens é perspectiva.

As escolas de ensino médio e fundamental têm um papel muito importante na formação profissional e pessoal dessas crianças e adolescentes a meu ver. Se os professores (quando há bons professores e motivados) deveriam estimular desde cedo a pesquisa sobre as diferentes profissões, mostrar às crianças as possibilidades de estudo e de trabalho que cada área apresenta e trabalhar os estudos desses estudantes com um foco direcionado à educação superior e à melhora da qualidade de vida que uma graduação pode proporcionar.

Fica aqui minhas constatações e uma sugestão simples de ser adotadas por professores e escolas estaduais: levem estudantes e profissionais para conversar com os alunos; estimulem os alunos que têm vontade de cresces e estudar; estimulem os pais desses alunos a enxergarem as possibilidades e benefícios que uma graduação pública pode fornecer aos alunos. Uma frase que um professor me disse uma vez se encaixa nessa hora: o bom mestre é aquele que faz o aprendiz superá-lo. Alguém pensa nisso hoje em dia?

Korea K-Pop - existe pop do outro lado do mundo!

E quem disse que só os Estados Unidos conseguem lançar música pop de qualidade??? Se Britney Spears, Beyoncé, Madonna, Lady Gaga, Justin Bieber e Christina Aguilera dominam o mercado pop ocidental, do outro lado do mundo grupos de meninas e meninos estão fazendo tão sucesso que já até ganharam lista na mais importante revista sobre música! Para quem só ouve notícias políticas sobre as Coréias, ver que lá tem uma batida Pop superforte é surpreendente...

Há algumas semanas estava assistindo à MTV e estava sendo (re)apresentado um show beneficente em prol do Japão. Entre números da Katy Perry foram exibidos alguns músicos e músicas orientais que apresentaram coreografias e músicas muito legais, dançantes e animadas - tanto que realmente parei para adimirá-los. Fiquei um tempo sem ver nada referente àquela parte do mundo, eis que um dia no Shopping Dom Pedro, em Campinas, vi um clipe sendo exibido em uma dessas TVs de vitrine. Fizemos questão de esperar para ver o nome do grupo: So Nyuh Shi Dae, no inglês Girls Generation.

São nove meninas da Coreia do Sul, em formação desde julho de 2007 (segundo o site Wikipedia). O fato é que para quem gosta de Pop, as músicas são muito legais. Na minha opinião não ficam devendo em nada para algumas das estrelas do Pop ocidentais, principalmente para os grupos como Pussycat Dolls e as novatas Electric Barbarellas. Além do que são realmente bonitas e bem produzidas! Resolvi pesquisar mais hoje...

E o estilo deve estar tão forte na Ásia que ganhou até um ranking no site mais famoso de músicas: Bill Board!! Caramba!!! Com o nome Korea K-Pop Top 100, a lista traz as melhores músicas da Coreia. Agora vamos parar e pensar: é um TOP 100!! E você já tinha ouvido falar de Girls Generation, Sistar, Mina, Davichi, G.NA e os masculinos como Super Junior? Vale a pena entrar no site da Billboard.com para conferir esses grupos. Os clipes são animados, coloridos, com histórias criativas, coreografias simples mas bem produzidas e a música, como já falei, muito dançante, animada e, algumas, viciantes!!

Vou colocar algumas que eu realmente gostei aqui:







Ainda em tempo:

1) Para dar risada:


2) Os anúncios publicitários no Youtube começaram a irritar...

sábado, 30 de julho de 2011

Relacionamento profissional, cada vez mais complicado...


Existem assuntos para os quais não é preciso nenhuma formação específica para poder falar sobre. Um deles é como as pessoas tratam umas as outras hoje em dia. Nas últimas semanas presenciei e ouvi muitas histórias de pessoas que não fazem nenhum tipo de esforço para não serem arrogantes, mal educadas e grosseiras com colegas de trabalho, clientes ou com as pessoas que as cercam.

Esse tipo de postura, infelizmente, parece ser muito comum em profissões que há maior relacionamento interpessoal e com clientes. É possível contar nos dedos de uma única mãos a quantidade de vendedores, gerentes ou atendentes que me atendeu tão bem a ponto de eu gravar o nome desta pessoa e procurá-la sempre que possível para comprar algo ou para tirar dúvidas, conversar e saber das novidades daquela empresa. Tenho a impressão que esse tipo de relacionamento com cliente está ficando cada vez mais difícil.

Quando começamos a estudar economia, uma das afirmações (ou fato) com as quais nos deparamos é a qualificação da mão de obra do setor de serviços. É notório que a grande parte da mão de obra qualificada como engenheiros, químicos, até mesmo estilistas, nutricionistas e tantas outras formações superiores está alocada no setor de transformação, ou seja, na indústria. Detalhe importante: mão de obra qualificada que exerce a profissão na qual se formou, afinal a quantidade de pessoas que conseguem um emprego na área de formação é pequena – não é em vão que há tanta reclamação de empresários sobre a falta de qualificação das pessoas que se candidatam às vagas.

Apesar disso, a qualificação ou a falta dela não justifica uma postura mal educada ou grosseira quando se está conversando com um colega de trabalho ou atendendo um cliente. Existe na IBM, empresa onde estou trabalhando no momento, valores e competências muito interessantes que devem permear a conduta e a vida dos funcionários, os IBMistas, como somo chamados. Duas delas são “a dedicação ao sucesso dos clientes (externos e internos)” e “ comunicação para impactar” (do inglês communicate for impact), respectivamente, um dos três valores IBM e uma das nove competências dos funcionários da IBM. São dois pontos que parecem muito simples, mas que na prática fazem toda a diferença.

Diferença que começa na forma como as pessoas se relacionam. Essa semana tive algumas conversas com superiores e com amigos sobre isso. Na minha opinião, no mundo corporativo, as pessoas deveriam ser, no mínimo, obrigadas a serem educadas. Pode parecer meio exagerado usar a palavra “obrigadas”, mas o fato é que nem todas as pessoas são educadas, nem todas conseguem ser simpáticas e, principalmente, nem todas (ou ninguém) vivem num mundo perfeito cheio de sorrisos num campo verde cheio de flores ou em uma praia deserta com sobras de coqueiros. Todos estamos sujeitos a sermos ansiosos, tensos, tristes, desmotivados e todas as qualidades negativas que são efeito colateral desse mundo agitado e doido no qual vivemos hoje em dia. Porém – esse porém é a parte mais importante deste texto –, pessoas que são afetadas pelo lado negativo do mundo moderno não devem passar essa negatividade adiante. Pode até ser que apliquemos aquele refrão da sabedoria do axé “cada um no seu quadrado”, mas eu iria um pouco mais além, cada um no seu quadrado com seus problemas pessoais.

Entendo que em uma empresa os funcionários estão sendo pagos para alimentar uma máquina maior, seja de pequeno, médio ou grande porte; local, regional, nacional ou internacional... não importa o tamanho ou a dimensão dessa empresa, quando um funcionário assina o contrato de trabalho para vender roupas, gerenciar carreiras, ser um auxiliar administrativo ou desenvolver um software, é preciso haver dedicação ao próximo e uma comunicação clara. Como já disse, ninguém tem o direito de julgar o seu colega de trabalho ou maltratar um cliente só porque a vida não sorriu para essa pessoa naquele dia específico. Acredito que não seja necessário anos de experiência em um ambiente corporativo ou formação em psicologia, sociologia ou seja lá qual for a área que olhe para esse assunto com mais rigor para entender que educação é um item fundamental para o bom relacionamento (real ou virtual) entre as pessoas.

Existe sim diversidade de personalidades, mas deveria ser proibido permitir que pessoas impactem o sucesso alheio porque não sabem ser objetivas nas suas mensagens ou pelo menos fingirem que são educadas e deixar a opinião sobre o seu próximo apenas no pensamento.
Sendo assim, ao ensinar um novo processo a alguém, ao atender uma pessoa na fila de um banco, ao vender um produto para alguém em uma loja ou ao escrever uma mensagem por MSN, e-mail ou carta, a educação deve prevalecer sobre qualquer outro sentimento, pré-conceito, julgamento ou opinião quando estamos falando em negócios. Fora disso, seja quem você for ou o que pensar, a vida de cada um deve ser livre de amarras sociais, ou seja, faça o que quiser, pense o que quiser.

Para saber mais...

Os valores e competências da IBM são assuntos facilmente encontrados no site da empresa. Estão disponíveis para consulta e vale a pena ler um pouco sobre como a empresa pensa em seus relacionamentos e no desenvolvimento de seus funcionários.

Valores IBM aqui
Competências IBMistas aqui

quarta-feira, 20 de julho de 2011

E a educação, como fica?

Artigo enviado para Jornal de Limeira e Gazeta de Limeira.

Meu nome é Alex Contin, sou jornalista e estudante primeiroanista de Economia pela Unicamp, em Campinas. Por conta de meus objetivos profissionais deixei Limeira no começo de 2011 e, antes disso, desde janeiro de 2010, quando sai do Jornal de Limeira, parei de acompanhar de perto os trabalhos dos vereadores limeirenses. No período que acompanhei os trabalhos na Câmara Municipal de Limeira o fiz com muita indignação e vergonha. Eis que nesta quarta-feira, dia 20, recebi um e-mail chamado “Fiscaliza Limeira” vindo do gabinete de um dos vereadores.

É de conhecimento geral que vereadores se elegem em Limeira mais por conta das promessas bairristas que por promessas para realmente exercer o papel legislador e fiscalizador que o cargo exige. É vergonhoso ver como os vereadores dessa casa se rendem às tramas políticas que são tecidas nesse limbo que são as relações regadas à puros interesses financeiros. Não fiscalizem em Limeira apenas casas lotéricas e bancos, POR FAVOR, façam de seus mandatos uma passagem honrosa pela casa que dá assentos à representantes do povo. Não deixem de fiscalizar os atos do poder Executivo. Saiam dos bancos e das casas lotéricas e vão às escolas, às obras públicas, aos departamentos da prefeitura atrás de processos licitatórios suspeitos ou de valores muito altos!

Sendo extremista, acredito que os vereadores limeirenses e de outras cidades deveriam abrir mão de seus salários para investirem mais na educação pública que está em um estado deplorável ou no mínimo honrar o dinheiro público que recebem e dar mais atenção a esse gargalo do desenvolvimento das cidades. Alunos do Ensino Fundamental e Médio sequer têm perspectivas de continuar seus estudos depois do terceiro colegial - isso quando chegam a completar esse ciclo da educação. É por conta dessa qualidade ridícula da nossa educação que políticos que apenas sabem prometer praças e iluminação em bairros da periferia conseguem se eleger. Grande parte dos eleitores parece não ter discernimento suficiente para enxergar como que as crianças estão sendo educadas nas escolas. Muitos pais parecem delegar aos professores a obrigação de educar a criança para a vida inteira. Na outra mão, professores encontram crianças que repetem a violência que veem em casa.

O salário que os vereadores recebem em quatro anos deve ser suficiente para pagar por mais livros, jogos educativos para essas crianças ou cursos de especialização para seus professores. No mínimo é suficiente para elaborar uma rede de palestras nas escolas de Ensino Médio sobre as profissões do futuro. Palestras essas para incentivas que alunos perdidos encontrem o caminho que desejam trilhar rumo à uma qualificação que dê um mínimo de esperança e perspectiva para suas vidas.

Porém, parece ser muito mais importante colocar vigias em casas lotéricas e abaixar a cabeça para o chefe do Executivo a investir em alunos com futuro e em eleitores esclarecidos sobre o que deve ser mais importante – uma praça com pista de skate ou uma escola com mais livros e uma educação com mais qualidade.

Vereadores, não sejam ridículos, não abaixem suas cabeças aos discursos inflamados de representantes do poder Executivo na Câmara. Comecem a investigar mais as contas públicas, as obras, os atos. Fiscalizem até as qualidades do atual governo. Transformem-se em uma fábrica de escândalos se preciso, mas por favor, não deixem o dinheiro dos limeirenses ser empregados em atos ridículos só para garantir mais votos nas próximas eleições!

terça-feira, 5 de julho de 2011

O lado oposto do ranking

No meu último post aqui no blog escrevi sobre um texto publicado pela revista Ensino Superior Unicamp sobre um estudo feito no início do século passado por Flexner nos Estados Unidos e Canadá sobre as escolas de medicina (Relatório Flexner). Além desse artigo, a edição da revista tem um artigo de uma pesquisadora do Instituto de Tecnologia de Dublin, Ellen Hazelkorn, sobre os Rankis e a excelência das universidades em todo o mundo. Eis que esta semana a Ordem dos Advogados do Brasil divulga uma nota falando do péssimo desempenho de bacharéis em Direto no Exame da Ordem.

O jornal on-line Estadão trouxe uma noticiou hoje a lista de universidades que não teve nenhum aluno aprovado no exame. Dos 116 mil inscritos, só 9,7% foram aprovados segundo o jornal. (Confir a lista aqui e a notícia aqui). Essa informação, apesar de ser vergonhosa, veio em boa hora para ilustrar como ainda há essas "Fábricas de ignorantea". Imagino se todas as profissões requisitassem exames parecidos... ai sim seria um festival de rankings negativos e divulgação dessas fábricas de ignorantes interessados apenas no dinheiro dos alunos.

É decepcionante... =/

domingo, 3 de julho de 2011

Fábricas de ignorantes


Lendo algumas publicações sobre o Ensino Superior, encontrei um documento superinteressante. A fonte é a revista Ensino Superior Unicamp e na sua primeira edição, de abril de 2010, a publicação trouxe a introdução de um estudo feito pela Fundação Carnegie (dos Estados Unidos), elaborado por Abraham Flexner. O objeto do estudo era as escolas de medicina dos Estados Unidos e Canadá no início do século XX. O estudo foi publicado em 1910 com o título "Factors for the making of ignorant doctors" (Máquina de médicos ignorantes") e foi escolhido pela equioe da revista por conta da situação das escolas de medicina brasileiras - além de ter completado 100 anos desde sua primeira publicação.

Na revista da Unicamp foi publicado apenas a introdução do estudo escrita por Henry Smith Pritchett. Para apresentar essa introdução, a revista ainda passa algumas informações que justificam a escolha do texto: no Brasil, entre 1996 e 2010 o número de escolas de medicina subiu de 82 para 161. Além disso informam que em 2009 o MEC fechou 570 vagas de nove cursos.

Apesar de o texto ser sobre os cursos de medicina nos Estados Unidos e Canadá, com um claro paralelo dos cursos brasileiros, escolhi uma parte do texto que pode ser claramente aplicado a qualquer universidade e qualquer curso(e até às escolas estaduais de ensinos médio e fundamental, uma vez que parece ser inútil criticá-las e ver que a qualidade só piora). Ontem mesmo estava conversando com uma prima, Franciane Boriolo, sobre como os cursos superiores viraram mercadorias e as instituições de ensino superior grandes comerciantes em busca de dinheiro e não de alunos com qualidade!

Segue o trecho selecionado para reflexão:

"Nesse sentido, talvez seja desejável acrescentar mais uma palavra. As instituições de ensino, particularmente as vinculadas a um college ou uma universidade, são peculiarmente sensíveis a críticas externas; em especial a qualquer depoimento sobre circunstâncias de sua conduta ou de seu equipamento que lhes pareça desfavorável em comparação às de outras instituições. Como regra geral, o único conhecimento que o público tem de uma instituição de ensino é proveniente de depoimentos da própria instituição – informação que, mesmo nas melhores circunstâncias, é colorida por esperanças, ambições e pontos de vista locais. Um número considerável de colleges e universidades assume a lamentável posição de, por serem instituições privadas, considerarem direito do público conhecer apenas as operações que elas decidam comunicar.

(...)

"A atitude da Fundação é que todos os colleges e universidades, não importa se sustentados por impostos ou doações privadas, são na verdade corporações de serviço público, e que o público tem o direito de conhecer os fatos ligados à sua administração e a seu desenvolvimento, sejam eles relacionados ao aspecto financeiro ou ao educacional.
"

Para quem tiver interesse, o texto completo está disponível na página da revista Ensino Superior Unicamp (clique aqui).