domingo, 3 de julho de 2011
Fábricas de ignorantes
Lendo algumas publicações sobre o Ensino Superior, encontrei um documento superinteressante. A fonte é a revista Ensino Superior Unicamp e na sua primeira edição, de abril de 2010, a publicação trouxe a introdução de um estudo feito pela Fundação Carnegie (dos Estados Unidos), elaborado por Abraham Flexner. O objeto do estudo era as escolas de medicina dos Estados Unidos e Canadá no início do século XX. O estudo foi publicado em 1910 com o título "Factors for the making of ignorant doctors" (Máquina de médicos ignorantes") e foi escolhido pela equioe da revista por conta da situação das escolas de medicina brasileiras - além de ter completado 100 anos desde sua primeira publicação.
Na revista da Unicamp foi publicado apenas a introdução do estudo escrita por Henry Smith Pritchett. Para apresentar essa introdução, a revista ainda passa algumas informações que justificam a escolha do texto: no Brasil, entre 1996 e 2010 o número de escolas de medicina subiu de 82 para 161. Além disso informam que em 2009 o MEC fechou 570 vagas de nove cursos.
Apesar de o texto ser sobre os cursos de medicina nos Estados Unidos e Canadá, com um claro paralelo dos cursos brasileiros, escolhi uma parte do texto que pode ser claramente aplicado a qualquer universidade e qualquer curso(e até às escolas estaduais de ensinos médio e fundamental, uma vez que parece ser inútil criticá-las e ver que a qualidade só piora). Ontem mesmo estava conversando com uma prima, Franciane Boriolo, sobre como os cursos superiores viraram mercadorias e as instituições de ensino superior grandes comerciantes em busca de dinheiro e não de alunos com qualidade!
Segue o trecho selecionado para reflexão:
"Nesse sentido, talvez seja desejável acrescentar mais uma palavra. As instituições de ensino, particularmente as vinculadas a um college ou uma universidade, são peculiarmente sensíveis a críticas externas; em especial a qualquer depoimento sobre circunstâncias de sua conduta ou de seu equipamento que lhes pareça desfavorável em comparação às de outras instituições. Como regra geral, o único conhecimento que o público tem de uma instituição de ensino é proveniente de depoimentos da própria instituição – informação que, mesmo nas melhores circunstâncias, é colorida por esperanças, ambições e pontos de vista locais. Um número considerável de colleges e universidades assume a lamentável posição de, por serem instituições privadas, considerarem direito do público conhecer apenas as operações que elas decidam comunicar.
(...)
"A atitude da Fundação é que todos os colleges e universidades, não importa se sustentados por impostos ou doações privadas, são na verdade corporações de serviço público, e que o público tem o direito de conhecer os fatos ligados à sua administração e a seu desenvolvimento, sejam eles relacionados ao aspecto financeiro ou ao educacional."
Para quem tiver interesse, o texto completo está disponível na página da revista Ensino Superior Unicamp (clique aqui).
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