segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Uma citação sobre retórica, de Breton (1999)

Há quem diga que não se estuda mais retórica, mas a apresentação que Philippe Breton (A manipulação da palavra. São Paulo: Edições Loyola, 1999) faz do assunto deixa evidente que ou a retórica se impregnou na forma como o discurso é construído ou alguns professores da Unicamp estudam muito retórica para elaborar suas aulas - uns mais, outros menos, afinal, poucos conseguem convencer os alunos.

O orador, diante dos juízes ou dos cidadãos  reunidos em assembleia política, deve em primeiro lugar, diz-nos um texto antigo, procurar ‘acalmar por meio de palavras insinuantes e lisonjeiras a agitação da assembleia’. Será esse o papel do exórdio. Em seguida, ‘depois de ter obtido a atenção, ele expõe o tema da deliberação, passa à discussão, intercala-a de digressões, que confirmam suas provas; por fim, na recapitulação ou conclusão, resume seus motivos e reúne todas as suas forças para arrebatar um público já abalado’. Essas quatro partes – o exórdio, a apresentação dos fatos, a discussão e, para concluir, a peroração – constituirão, segundo Córax, uma das normas técnicas centrais do discurso retórico” (p. 49) O texto antigo é de Ch. Binoît, de 1846.

Segundo Breton, Córax foi o primeiro professor de retórica que elaborou uma cartilha sobre o assunto. O autor usa Roland Barthes para explicar pelas suas palavras que o nascimento da retórica estava contido num contexto judiciário, por volta de 485 a.C., na Sicília grega.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Novos mapas...



Partir para numa nova rota, provavelmente com uma bússola quebrada ou com um mapa completamente incerto é uma escolha difícil. Complicado é ficar espiando pelas frestas do portão fechado o antigo barco branco partir e se afastar aos poucos, como se ele nunca mais fosse voltar a ancorar naquele porto seguro. Uma dor arrebenta por dentro e a vontade é de passar a chave pela fechadura e correr pela margem do rio gritando para ele voltar, para que incertezas não venham e que nada daquilo que a antiga embarcação tinha mude. Desejo de que o mapa volte a ser o mesmo, de que a bússola volte a apontar para a velha direção, de que o cheiro da madeira molhada e da vela empoeirada hasteada volte com a nostalgia daquele segundo anterior à decisão de atrever-se em uma nova partida. Dói, mas deve passar. E nunca diga que nunca velhos mapas podem trazer um mesmo barco de volta para as rotas navegadas.