domingo, 29 de julho de 2012

Desprazer do trabalho e os professores



Na economia política clássica, o trabalho é um desprazer para o trabalhador. Basta olhar para a cara de algumas vendedoras de shopping ou mesmo reparar na cara de algum colega de trabalho que essa afirmação daqueles teóricos fisiocratas e de outros que o seguiram fica realmente claro. O salário de um trabalhador era medido pela quantidade de desprazer que ele tinha que despender - essa era a medida para o trabalhador. Logo ficou provado que o trabalhador não tem voz nenhuma e quem realmente decide o quanto um assalariado vai receber é o capitalista e suas decisões de gasto.

Da economia clássica para os nossos dias, como já foi dito, essa definição de desprazer com o trabalho é mais que evidente ainda. Apesar se ser um fato, mesmo que ainda tentem dizer que "o trabalho dignifica o homem", esse visão 'desprazerosa' do trabalho acaba sendo um grande problema em algumas profissões, principalmente a de professor.

Não vou entrar na discussão sobre salário, até porque acho que o professor deve ser o profissional mais bem pago (mais a maioria dos políticos pelo menos) e dessa ideia não abro mão. Mas a questão é sobre o prazer que um professor deve sentir ao entrar numa sala de aula. A maioria das pessoas quer sempre ter um salário maior para simplesmente melhorar ou manter seu "padrão de vida". Na minha opinião, pessoas que pensam no seu padrão de vida antes de pensar na qualidade do ensino que é capaz de proporcionar aos seus alunos simplesmente não serve para ser professor.

Ser professor não deve ser uma atividade que se cobre pela quantidade de desprazer à qual a pessoa está subordinada. Uma pessoa que enxerga o valor da profissão apenas no holerite que chega todo começo de mês se esquece da dignidade da sua função social e a importância que ele ou ela tem na vida de cada um dos 20, 35, 60 ou 120 alunos por onde passa diariamente.

Querer sempre uma cifra maior na conta corrente no começo de cada mês faz alguns professores abusarem de sua própria capacidade física e intelectual e eles são "obrigados" a assumirem aulas em pelo menos dois períodos numa mesma escola ou as vezes em escolas a quilômetros de distância uma da outra. O que parece que eles não percebem é que é o próprio capitalismo que coloca uma arma na nuca desses professores e os obrigam a não perder status na sua sociedade medíocre e acabam comprometendo a qualidade do ensino em prol única e exclusivamente da manutenção de seu "padrão de vida".

Com essa arma em suas costas, os professores passam a reclamar. Os alunos de hoje são ruins, o salário é ruim, a direção é ruim, o governo é ruim... tudo é ruim, menos a qualidade de seu trabalho. Anualmente vemos vários e vários professores na rua brigando por um aumento salarial "digno" da classe. Já disse que sou a favor de que os professores recebam os melhores salários, MAS quantos daqueles professores das passeatas realmente são dignos desse salário? Sou capaz de contar nos dedos das mãos a quantidade de professores da minha vida de estudante até o Ensino Médio que realmente são merecedores de um salário melhor. Infelizmente a maioria dos professores que eu tive não mereciam estar na frente de uma classe e serem chamados de "professor". Pareciam muito mais profissionais que não quiseram encarar a iniciativa privada e preferiram a pública e um bando de alunos (adjetivo coletivo usado por eles como sinônimo de classe) a um patrão e um cartão de pontos.

O ideal seria mesmo que nossas escolas estivessem povoadas por aqueles profissionais que saem da universidade com uma ansiedade no estômago, loucos para dividirem todo o conhecimento que obtiveram durante os anos de graduação e pós-graduação. Profissionais que realmente se importam com a qualidade do que estão lecionando e não com a manutenção do seu padrão de vida, não com a casa que estão construindo e muito menos com a capacidade de ter dinheiro para poder viajar e comprar sapatos no final do mês. Professores que não se importam tanto com o salário e que não meçam suas horas em sala de aula como o desprazer de trabalhar, mas como o prazer de colocar algo de útil e bom na cabeça de pelo menos metade dos alunos que estava sentado naquelas carteiras.

Mas logo vem as reclamações: os alunos estão impossíveis; os pais delegaram a função de educar seus filhos aos professores; e a pior que já ouvi "quando você começa a fazer alguma coisa, o sistema te desanima". NÃO!!!! Isso não é professor!!!! Um professor de verdade consegue passar por esses problemas. Um professor de verdade não precisa do sistema para conseguir educar de verdade. E por educar de verdade não falo de fazer viagens maravilhosas para museus, promover eventos grandiosos para inglês ver... um professor que não consegue fazer o aluno ter uma viagem maravilhosa através da leitura de um livro não é um professor! Um professor de biologia que não tem a capacidade de usar um documentário sobre o corpo humano e levar os alunos pelas mãos para viajar no meio de células e órgãos, animais e ecossistemas, não é um professor! Ou o mais simples: um professor que não sabe que o Google tem um projeto excelente com viagens pelos principais museus do mundo e não usa isso com seus alunos para uma aula de artes ou de história, NÃO É UM PROFESSOR!!!

Enquanto nossas escolas forem povoadas por profissionais que se preocupem em mantes seu padrão de vida, nossos alunos sairão do Ensino Médio tão preocupados com seu padrão de vida medíocres e com nenhum sentimento que os façam crer serem capazes de mudar pelo menos o mundo daqueles que os rodeiam.

Não seja medíocre, seus alunos não são clientes que te fornecem meios para você manter seu padrão de vida ridículo e fantasioso!


(Este texto ainda não foi revisado)

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Inspiração em Romero Britto

De todos os artistas, aquele que mais atrai minha atenção é sem dúvida Romero Britto. Provavelmente porque é o que mais está na mídia e sua visibilidade é potencializada pelas redes sociais, mas o colorido e os traços simples são demais. Além disso ele faz algo que certa vez me proibiram: não use tinta preta numa tela!

Além de adirar as obras dele, elas ainda me servem de inspiração. Esse ano resolvi dar um presente mais que personalizado para minha irmã. Uni mangá e o estilo de Romero Britto para tentar fazer um quadro colorido e alegre. Para uma primeira pintura em tela e usando tintas nada apropriadas para esse fim, até que o resultado ficou legal.