quinta-feira, 6 de outubro de 2011

"Educação, educação, educação..."

Como o blog está ficando focado em educação superior, jornalismo e economia, nada mais apropriado que comentar duas notícias publicadas ontem. A primeira, pelo portal da revista Exame, fala sobre a dificuldade de mão de obra capacitada para a área da construção; a segunda que foi pauta do Jornal da Globo é sobre a baixíssima aprovação no exame da Ordem dos Advogados do Brasil. São duas matérias sobre áreas de formação diferentes, mas que se complementam para retratar a realidade da educação superior e a qualificação da mão de obra no país.

A revista Exame trouxe uma reportagem sobre o Exame Fórum, promovido pela publicação para discutir os preparativos do Rio de Janeiro para os eventos de 2014 e 2016. Quem debateu o assunto foi o diretor-presidente da construtora Odebrecht, Marcelo Odebrecht. O setor está aquecido com toda essa agenda de grandes eventos no Brasil e no meio desse assunto com tantas vertentes polêmicas, o empresário ressaltou a importância da educação: "Não tem jeito, a gente vai ter que investir em educação, educação e educação", ao falar sobre a necessidade de mais engenheiros no país.

Por outro lado, o último capítulo de mais uma novela chamada Exame da Ordem. Segundo informações oficiais, apenas 15% dos 121 mil inscritos no exame foram aprovados. Um dado, no mínimo vergonhoso! Os estudantes colocam a culpa nas provas, que exigia "decoreba" na parte objetiva. Lógico que sempre deve haver algo a se culpar, porém, o que é até positivo, um resultado péssimo como este faz com que autoridades se voltem um pouco mais para a qualidade na educação superior no Brasil.

Não é suficiente formar milhares de engenheiros por ano e um terço deles não ter a capacidade de organizar um projeto decente. A mesma coisa com esses dados reais dos bachareis em direito. Uma pesquisa rápida no portal e-MEC do Ministério da Educação, mostra que apenas em São Paulo, há 169 instituições de Ensino Superior que fornecem o curso de direito (apesar de o site não parecer muito confiável, é uma fonte de informação oficial). É de se pensar a qualidade desse mercado de diplomas que se tornou as faculdades particulares.

Um artigo publicado pela revista Ensino Superior da Unicamp fala sobre "fábrica de ignorantes". O artigo é sobre uma pesquisa feita na década de 1910 por Abraham Flexner sobre cursos de medicina fornecidos por universidades norte-americanas e canadenses. A conclusão dele é parecida com o que pode-se concluir aqui no Brasil um século depois em vários outros cursos: péssima qualidade.

Afinal, quem já não ouviu dizer que se você deixar cair o RG na frente de determinada faculdade você estará automaticamente matriculado? Ou pagou levou o diploma de brinde? É preciso se planejar a educação desde o ensino básico, afinal, má qualidade parece ser uma bola de neve que só aumenta com o passar dos anos e resulta em notícias como essas publicadas na mídia...

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