sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Eloá e minhas aluninhas

Amanhã será publicado no Jornal de Limeira uma matéria sobre o caso Eloá. O texto que redigi reúne opiniões de dois psicólogos Solange Dantas e Herivelto Zucaratto sobre o caso.

Não adianta nem mais discutir a atuação da mídia nesse espetáculo todo. Está se assemelhando à crianças de oito anos (dessas eu entendo), pode-se falar mil vezes para não ficar na ponta dos pés que elas vão insistir em fazer isso. A concorrência entre as emissoras está sufocando a ética tendo em vista só a audiência.

Num vô fala, num vô fala, num vô fala. Tá bom, vô fala. Confesso que não assisti a Sonia Abraão conversando com Lidemberg (não se pode aportuguesar nomes de fontes! Alguns veículos escreveram LidembergUE, NÃO PODE! hauahuahu) ao vivo. Mas estava no cabelereiro na quinta-feira passada quando ela conversava com dois especialistas, não lembro de quais áreas, sobre o caso. Ela alternava imagens do seqüestro de Santo André e do confronto entre as polícias em frente ao Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. Lembro-me vagamente da opinião dos especialistas até por que o que mais me chamou a atenção foi o programa ter aproveitado da audiência para fazer comercial de um aparelho de ginástica! ¬¬ sem comentários!

Pois bem, volto ao propósito do post. A matéria será veiculada na página do Proibido para Maiores, destinado aos jovens leitores do Jornal. Ela merece um comentário por que um dos profissionais entrevistados disse lamentar o ocorrido e que todos na cena eram vítimas. Herivelto, me dou a permissão de tratá-lo pelo primeiro nome, fez um levantamento interessante e digno de uma discussão muito mais aprofundada. Tivemos uma parecida com a socióloga e professora Eliana De Gaspari.

Todos acabam sendo vítimas do sistema. Lidemberg estava louco naquele momento por que sua formação, a estrutura familiar na qual ele cresceu levou-o a tal ponto. Daí retrucam: isso não justifica o que ele fez. Ok. Nada pode mesmo justificar um ato desse? A mãe de Eloá perdoou o assassino. Por quê? Ela pode ser cristã. Claro, todos devemos perdoar, não nos cabe julgar ninguém. Conceitos católicos.

Mas aí segue a discussão do psicólogo. Uma família mal estruturada, que não deu as condições dignas de crescimento e desenvolvimento para esse jovem pode ser uma das culpadas pelo crime. Na minha opinião há uma história grande por detrás desse seqüestro. Uma sucessão de fatos que levaram até essa tragédia.

Em entrevista, Herivelto ainda comentou que não deve ter sido a primeira vez que o jovem agiu dessa forma com Eloá. Não deve ter sido meeeeeeeesmo. E me disse algo com que resolvi concluir a matéria: "Muitas pessoas pensam que vão conseguir mudar os parceiros, mas acabam entrando numa silada criando essa ilusão". É verdade. Você pode banhar o latão, mas o tempo revela a matéria de que a "jóia" é feita!

Juventude perdida

Acho que ainda não coloquei nesse blog que, além de estudante de jornalismo e estagiário na área, também dou aulas como professor concursado na Prefeitura. Tenho seis turmas de ballet e três de jazz. Não pude escolher os estilos de dança que daria aula (se pudesse mesmo seria sapateado e jazz), e ter que dar aulas de ballet se tornaram um desafio bem grande. Como fui convocado no meio do ano, tive quatro meses para trabalhar com as crianças de sete a 10 anos. as aulas acabam no próximo mês. Está sendo interessante.

Mas no que essa conversa se encaixa? Posso parecer pretencioso e pessimista ao dizer isso, mas entre minhas alunas já vejo algumas meninas que serão mães com 14 anos, se não terão um namorado parecido com Lidemberg. Por ser uma escola pública e as aulas destinadas especialmente à crianças carentes, minhas aluninhas acabam sendo de classes média e baixa. Algumas vêm com o uniforme todo sujo, mas não deixam de sorrir na aula (que lindo... ahuahua mas é tocante mesmo).

Entre essas quase 120 aluninhas, cinco se enquadram nessa "previsão" que fiz. Essas cinco estão contagiando o resto.

O curso de ballet é destinado à crianças de sete a 10 anos, como já disse. Nas turmas de sábado, que têm uma hora e meia de aula, as vezes acabo colocando músicas para elas se divertirem enquanto corrijo cadernos ou nos minutos finais da aula. Não coloco músicas de ballet, e sim as que uso nas aulas de jazz. Entre os nomes dos intérpretes Pussycat dolls. São músicas consideradas adultas, por terem letras e uma batida mais sensual. Mesmo sem saber do que falam, essas aluninhas ficam de frente para o espelho dançando como se fossem bailarinas do próprio grupo.

Dariam um show de sensualidade nas minhas alunas mais velhas do jazz. Isso é, ao meu ver, gravíssimo! Elas ficam se olhando no espelho e rebolando, fazendo caras e bocas. Sem brincadeira nenhuma. A situação me surpreendeu! Certa vez tive a curiosidade em perguntar onde elas haviam aprendido a dançar naquela forma. A resposta não me surpreendeu tanto quando vê-las dançar: "Na novela".

Uma delas ainda me confessou: "Não danço assim na frente da minha mãe. Ela não gosta." Essas e outras disseram que já têm namorados na escola. Ressalto a informação: elas não tem nem 10 anos completos! Esse tipo de música está fora das minhas aulas e vou conversar com as mães. Só por curiosidade relato o resultado dessas conversas aqui.

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