O editorial do Jornal de Piracicaba, de hoje, chocou algumas pessoas, pelo menos aquelas com as quais tenho contato no Facebook. Uma amiga veio perguntar se estava sabendo do ocorrido e logo estava eu lá lendo o texto.
Ele pareceu um grito de libertação do jornal. Um grito de quem teve que andar na linha durante muito tempo, respeitando princípios básicos e fundamentais do jornalismo. Com professores da área e outros jornalistas formados conscientes do que realmente é parcialidade, objetividade e, acima de tudo, o que é jornalismo, não só o JP, mas outros jornais do interior tiveram que minimamente respeitar alguns princípios. Nem todos, na verdade, vide que a Gazeta de Limeira, por exemplo, embora respeite algumas questões, pouco faz para avançar em um debate sério com os seus leitores ao priorizar os anúncios ao espaço para textos mais complexos e profundos. Isso só restringindo a crítica aos jornais porque se formos falar de programas sensacionalistas da TV, aí a coisa desanda sem nem precisar digitar a primeira letra do texto.
Esse grito de liberdade do JP é o mesmo que outros setores da sociedade deram ao poder assumir a homofobia, misoginia e racismo por tanto tempo preso na garganta por conta do avanço das minorias e do "politicamente correto". Tivemos, sim, nós, a minoria (prazer, faço parte dela), alguns avanços nos últimos anos, mas o sentimento que fica é que tudo vai retroceder ou estancar, pelo menos do que depende do apoio Federal às nossas causas - e pelo jeito no Estadual e Municipal também. Somos nós por nós mesmos agora e o editorial prova isso.
Fui atrás do editorial porque fiquei curioso com o buchicho que comentei lá no começo do texto, mas nada me surpreendeu ver a posição que o jornal tomou. O interior, em massa, optou pelo fascismo e várias máscaras caíram. É uma pena, mas pra eles é um alívio pra poder ter a "liberdade de expressão" preconceituosa que sempre quiseram.
Esse texto era um comentário na publicação de um ex-professor, o Paulo Roberto Botão. Um professor com quem tive meus arranca rabos na época da faculdade por conta do amor dele ao futebol e o meu ódio ao assunto, mas um professor que se mostrou consciente de seu papel no jornalismo e na formação de seus alunos. Menciono o professor aqui porque o editorial fez questão de atacá-lo como coordenador do curso de jornalismo da Unimep, comprovando, mais uma vez, que o pensamento de esqueda incomoda, ou melhor, incomoda a preocupação com uma comunicação justa e regida por princípios que respeitam a coletividade e querem a melhora da condição de vida do povo pela informação. Afinal, pra quê focar no povo se o que mais interessa esses jornais é a quantidade de anúncios, como faz a Gazeta de Limeira e tantos outros jornais por ai?
Pra quem tiver curiosidade, vejam como pensa o interior: http://www.jornaldepiracicaba.com.br/brasil-em-festa-como-nunca-antes-se-viu/
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