Por conta da matéria feita pelo Jornal de Limeira de hoje e relato no post abaixo sobre a situação da sala do Centro Cultural, o secretário de Cultura, Adalberto Pedro Mansur, ficou nervoso e muito irritado hoje a tarde. Mansur é meu superior na secretaria onde dou as aulas de dança como funcionário efetivo.
Assim que cheguei no Centro Cultural para minha aula de jazz das 15h, Mansur estava me aguardando no balcão de recepção. Me levou para uma das salas da administração e em menos de cinco minutos sua voz já estava exaltada. Sem saber separar o funcionário efetivo, do jornalista e do amigo (Mansur já foi meu chefe na Assessoria da Prefeitura), o secretário se perdeu nas palavras tentando me fazer revelar qual é a autoria das fotografias que foram publicadas no Jornal (as mesmas que coloquei no post abaixo que recebi de uma pessoa logo após a aula). Uma delas foi capa da edição de hoje e outra usada na página interna.
Logo que sentei na frente do secretário, ele logo foi expondo a situação. Comentou que fui longe demais no meu trabalho como jornalista ao "arrombar" a sala do Centro Cultural e fazer fotos da situação da sala. Inclusive comentou que iria até a delegacia de polícia fazer um Boletim de Ocorrência sobre o ocorrido e abrir sindicância sobre o fato.
AULA
Na noite de ontem eu tinha uma aula de jazz para dar. Com essa turma uso cabos de vassoura e tecidos em três coreografias diferentes e precisava desse material para ensaiar com as meninas. A turma é do primeiro ano e, por estar próximo as férias (que começa na próxima semana - fazendo daquela a penúltima aula), precisava reforçar a coreografia para que estudassem em casa.
Assim que cheguei no prédio e fui procurar a chave da sala para pegar meu material, vi que ela não estava no quadro de chaves, onde deveria estar. Eu e outro funcionário que estava no local procuramos pelas gavetas da racepção (uma vez que as outras quatro salas da administração ficam fechadas nesse horário), mas não encontramos. Resolvi então ligar para meu superior imediato, o diretor da escola e da biblioteca - não, não é o fantasma, esse era coordenador de serviços dos dois departamentos. Das 19h até 19h25 tentei contato com ele, mas a linha só chamava.
Nesse entretempo liguei para uma auxiliar administrativa do local. Ela revelou que estava com a chave (mandaram ela levar a chave embora) e já estava na casa dela aquele horário e não tinha como voltar para a escola a fim de abrir a sala para eu pegar o material. Liguei então para o Mansur, expus que a sala estava trancada e que precisaria pegar o material para usar na aula e não conseguia falar com o diretor para resolver a situação. Então ele disse que tentaria o contato. Assim que desliguei voltei a ligar para o diretor e para minha surpresa, o celular deu sinal de ocupado, opa, ele atendeu alguém. Hoje ele disse que estava em uma reunião e não pôde me atender.
NERVOSOS
Os fatos que estão ocorrendo com a prefeitura parecem estar tirando alguns cargos comissionados (secretários para ser mais específico) fora do sério. O primeiro, secretário da Educação, juntou uma equipe para acuar um dos repórteres após matéria divulgada pelo Jornal de Limeira. Hoje foi a vez da cultura. Relato tudo isso não só porque sou funcionário e sofri a ameaça de sindicância e de boletim de ocorrência, mas sim pelo visível transtorno em que estava Mansur ao me acusar e tentar me fazer revelar a fonte das fotos de todas as formas. Ele até tremia enquanto falava e não soube me tratar como um "simples" professor de dança.
Mansur ainda questionou minha ética de jornalista. Essa, Mansur, está bem, muito obrigado. Eu não sou conivente com um sistema de mentiras, que contrata um funcionário fantasma que deveria trabalhar em tempo integral e vive em Campinas fazendo viagens semanais para cumprir com suas obrigações. Se é preciso fazer um vídeos institucional seja lá do que for da prefeitura, é preciso abrir licitação para tal. Se querem dar orientações ou ensinar outros funcionários (que sequer conheciam o tal fantasma), o mesmo processo poderia ser feito. O problema ai é que a licitação é aberta a todos os interessados, não é? Isso é ética? Permitir que um funcionário seja contratado em um esquema como este é ético? É brincar com o dinheiro da população. E não revelar ao interesse público que crianças estava fazendo aulas onde um pedaço de madeira caiu? Seria ético abafar um caso desses?
SINDICÂNCIA
E em caso de sindicäncia, o que poderia acontecer? Vamos aos fatos?
- O prédio, apesar de ser patrimônio público, não tem nenhum guarda municipal cuidando de sua segurança no período noturno - pelo menos não onde crianças, adolescentes e adultos fazem aulas de jazz, canto coral, violão e teatro - esses alunos estão de prova disso. Um guarda poderia cuidar da sala interditada.
- Alegam que a sala estava interditada. Não havia nenhum papel na porta. Alunos que passaram essa sexta pelo local não viram nenhum aviso. estava trancada como todas as outras, mas a condição em que as portas estão não barra ninguém de empurrá-la e entrar.
- Quando telefonei para o secretário da Cultura e para a auxiliar administrativa, ninguém apresentou solução para o problema e muito menos deram retorno em tempo habil. O único que retornou a ligação foi o diretor da escola. Ele ligou por volta das 19h40 e não quis conversar comigo ao saber que já tinha iniciado a aula em outra sala.
- A chave da sala sumiu, foi levada embora. Pela manhã, quando avisaram que o madeiramento caiu na sala, pedi para que deixassem a chave no local para que a noite eu pudesse pegar todo o material que precisava para a aula mesmo se ela ficasse fechada. Pedido feito diretamente ao diretor do local. O motivo de terem levado a chave embora poderia ser apurado também. Tinham algum medo? Alunos não têm acesso ao quadro de chaves, portanto não poderiam usar a sala e se acidentar. O estado do local também impedia qualquer professor de usar o local para as aulas. Por que então levaram a chave embora?
- Por se tratar de um prédio público e sem segurança, qualquer pessoa pode entrar e fazer quais fotos quiserem - inclusive o autor das imagens cedidas ao Jornal de Limeira. Alunas já filmara a situação precária do local em um dia de chuva - quando a sala ganhou duas cachoeiras e algumas poças. Em outra ocasição, foi uma aluna que fotografou o estado ruim a da sala e colocou as fotos no mesmo jornal.
- Me acusaram de desobedecer uma ordem. Que ordem se ninguém a deu? Tentei ligar para o diretor da escola e ele não me atendeu; a auxiliar administrativa só falou que estava com a chave e que não voltaria para me entregá-la e o secretário comentou que iria tentar falar com o diretor para resolver o problema na sexta a noite quando queria dar minha aula.
ENGRAÇADO
Misturaram tanto as profissões que, quando o diretor do Centro Cultural, levou minhas alunas para uma sala, fechou a porta e começou a falar sobre o assunto. Ele não se limitou somente ao meu perfil de professor, segundo uma das alunas ele disse que não gostava do meu trabalho como jornalista. Opinião totalmente dispensável dentro do contexto, se é que ele soube separar o texto do contexto.
PERGUNTA
Agora eu questiono: Qual seria o tratamento que me dariam se eu não fosse jornalista?
Um comentário:
Existe um velho ditado que diz: "quem não deve, não teme"....
Parece que o nervosismo está mais para represália, autoritarismo, abuso de poder.
E, depois de ler atentamente, cabe a pergunta: e você, que atitude deve tomar diante disso? Ou será que o Carlos (Chinelato) tem razão na sua coluna de hoje quando diz que tudo vai terminar em pizza?
Tem a minha solidariedade.
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