sexta-feira, 3 de julho de 2009

Depois do fantasma, a casa está caindo...

Não é de hoje que os problemas com o Centro Cultural da Secretaria de Cultura de Limeira estão sendo divulgados e nada de prático é feito no local. O prédio onde funciona a Escola Municipal de Cultura e Artes (Emcea) e o Museu Histórico e Pedagógico "Major José Levy Sobrinho". Com uma estrutura antiga e que aparenta logo de cara nunca ter passado por nenhum tipo de reforma ou restauração, as salas que são usadas pelos cursos que a escola oferece estão caindo aos pedaços.

Na manhã de hoje, a sala 2, onde diariamente passam pelo menos 50 crianças, adolescentes e adultos nos cursos de jazz e ballet, amanheceu com uma tábua no chão. O pedaço de madeira apodrecido pelas infiltrações e pelos cupins sujou metade da sala e deixou o local fechado para as turmas do dia.

Essa não é a primeira vez que o prédio apresenta risco para seus usuários e funcionários. A mesma sala onde o pedaço de madeira caiu tem um tecido TNT preto cobrindo um buraco no forro. Na sala vizinha, a número 1, um buraco no chão ficou exposto por um bom tempo até que uma aluna de ballet acidentalmente colocou sua perna inteira dentro do buraco e precisou de ajuda para conseguir sair da "armadilha".

Quando chove então, as aulas param. As duas salas ganham cachoeiras de água amarela e poças no chão. As salas da administração do prédio também. Quando o tempo muda, alguns funcionários já preparam os sacos de lixo para cobrir os computadores e mesas.

Um funcionário que pediu exoneração há algum tempo não se conformava. "É um absurdo permitir que as aulas continuem aqui com a situação que está, o corpo de bombeiros deveria interditar esse prédio porque ele lida com vidas. Na hora que um pedaço de madeira cair na cabeça de uma aluna, dai sim eles vão tomar providencia", disse o funcionário quando um outro pedaço de madeira do forro caiu nas escadas que dão acesso ao museu no segundo andar.

ROTINA

Estou dando aulas de dança no Centro Cultural há praticamente um ano, comecei em agosto do ano passado. Desde aquela época é da minha rotina ouvir perguntas sobre quando o local será reformado e observações de mães e alunos sobre o péssimo estado do local. Por ser da imprensa alguns relatos, como o do funcionário citado acima, chegam até mim.

Um processo de licitação já foi aberto e, segundo informações do poder Executivo, uma das empresas entrou com recurso. O fato é que a burocracia está impedindo o início das obras de restauro no local. Enquanto isso, alunos seguem tendo aulas nas salas de um local dito como seguro, mas que deixou cair um pedaço de madeira onde várias crianças têm aulas diariamente.

ABSURDO

O pior de tudo é que a chave da sala, quando eu cheguei pela manhã para o início da aula, estava fora do quadro de chaves. Quando fui procurá-la que fui informado sobre o ocorrido. Curioso, claro, queria ver o que aconteceu, além do que minha planilha de alunas e alguns CDs estavam dentro da sala. Quando pedi para que o diretor do local abrisse a sala para eu pegar esses pertences, ele pediu para que eu aguardasse na sala ao lado e que os levaria pra mim.

Claro que ele não queria que eu visse o estado do local, mas como eu fui até a sala e não pôde me barrar se justificou: "Um técnico da secretaria de obras já veio até aqui hoje cedo e verificou a sala. Ele vai voltar mais tarde e nós vamos precisar interditar, fechar essa sala todos os cursos".

Quando perguntei para uma funcionária do local se alguém realmente esteve no local, ela simplesmente disse que não.

TEMPESTADE?

Algumas coisas podem ser vistas como tempestade em copos d'água. Um argumento utilizado principalmente por quem esta em um bote salva vidas no meio dos raios. Mas o assunto cabe uma discussão. Até quando o local vai ser usado, ou aquela sala específica? O buraco da sala um só foi tampado quando uma das alunas encaixou a perna nele. Essa sala dois, ao que tudo indica, não precisou acidentar ninguém para ser fechada - um avanço.

E o mais engraçado de tudo isso é ouvir, dentro do Centro Cultural, que eu não deveria fazer matérias sobre o que eu ouço no local. Como sempre disseram no curso de jornalismo, um jornalista é jornalista 24 horas. Se calar frente a assuntos como este ou outros que são ilegais ou irregulares é ser conivente com o sistema.

O problema deve estar em conviver com alguém da imprensa... afinal, tem gente na Emcea que anda falando baixinho no telefone durante o dia...






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