quarta-feira, 22 de julho de 2009

Olhares Programados e muita arte Contemporânea em Limeira




É motivador ver como algumas cabeças pensantes e criativas em Limeira podem modificar um espaço que estamos habituados a ver e condenar como deteriorado pelo tempo. Essa ação de artistas plásticos foi feita no prédio da Oficina Cultural Carlos Gomes, em Limeira. Conhecido como Palacete Levy, a sede da oficina está com a Exposição Olhares Programados. A mostra que traz para os limeirenses uma Arte Contemporânea gostosa de se ver e interagir é resultado de uma oficina de orientação de projetos feita com a artista plástica Cecília stelini, de Campinas.

A sala frontal e o salão do andar superior junto com quase todos os cômodos do subsolo se transformaram. As peças expostas pelos alunos de Cecília dão uma ideia do quão criativo são os artistas da cidade (na verdade de Limeira, Piracicaba e outras cidades da região), a riqueza das bagagens de cada um deles e também como é possível aproveitar o espaço que temos para criar uma nova perspectiva do olhar nessas velhas dimensões do cotidiano de nossa cidade.

Logo na primeira sala, as janelas brancas e antigas iluminam um emaranhado de fios vermelhos, cabides de madeira e acessórios de moda antigos como bolsas d feitas com um tecido xadrez vermelho, óculos entre outras peças. Já o salão e o subsolo abrigam diversos trabalhos que usam diferentes linguagens para trabalhar o que a artista que comandou a oficina chama de poética pessoal. Em cada peça de arte ali é possível notar desde sentimentos mais puros como romantismo até indignação, solidão e alegria.

A oficina, segundo Cecília, tinha justamente essa proposta. Em entrevista a artista comentou que seu trabalho durante os quatro meses de aula foi além do simples planejamento de como dispor peças de arte em um determinado espaço. Segundo ela, os artistas que participaram do curso foram orientados a entender seus símbolos pessoais e o porquê que cada um trabalha com determinada linguagem dentro da arte contemporânea. Esta conscientização é que dá as diretrizes para como planejar o espaço e a exposição que cada artista faz de suas peças.

Conversando com o coordenador da Oficina Carlos Gomes, Robson Trento, descobri que esta não é a primeira vez que o prédio faz uma exposição como esta. Apesar de não ser inédita para eles, foi para mim aqui na cidade. No segundo (ou primeiro, não me recordo ao certo) ano de faculdade, as duas turmas de Comunicação Social do Isca foram visitar duas exposições sobre arte contemporânea e tecnologia em São Paulo. Uma no espaço do ItaúCultural e outra na sede do Sesi, ambos na Avenida Paulista.

Naquela ocasião nós tivemos contato com uma arte que possibilita a interação entre o público e os objetivos de cada artista. O mesmo ocorre com a exposição aqui em Limeira. Apesar de algumas peças estarem lá somente para serem observadas e questionadas, muitas outras dão a oportunidade de leigos em artes interagirem de uma forma nova e diferente com o que está sendo exposto.

Uma delas, a que mais me chamou a atenção, foi o que Trento denominou de sala dos sentidos. No subsolo do prédio, um dos artistas participante da oficina usou TNT preto para cobrir todas as entradas de luz no cômodo. No interior do cômodo ele colocou folhas de árvore secas no chão, uma luz-negra e várias mandalas (pelo menos foi o que eu vi e entendi) nas paredes. O coordenador da oficina ainda comentou que o artista também colocou cheiro em alguma parte ali, mas minha rinite não permitiu sentir essa parte da instalação. Além de tudo isso a sala também tinha música. Essa instalação em particular exemplifica uma curiosidade que tanto Cecília como Trento ressaltaram da arte contemporânea, a possibilidade de se mexer com todos os sentidos humanos e também a interação com o público.

Outras instalações também ficaram muito interessantes no subsolo - que eu começo a achar que é a melhor parte de toda a exposição. Em uma sala, muito papelão e adesivos de frágil. Na outra, um colchonete e duas almofadas revestidos com um tecido de paetes prata fazem cama para assistir no teto da sala uma série de imagens do que me pareceu terem sido feitas em um dia chuvoso. Um estúdio de revelação de fotografia se transformou em uma "fonte de vida" (acho que era esse o nome da instalação). E uma outra instalação dá para o público a chance de olhar por um calendoscópio, coisa que eu não via há algum tempo já.

No geral, todas as instalações e peças que são exibidas naquele prédio rosado perdido no meio do Centro de Limeira transportam as pessoas que se dispôem a passar alguns minutos no meio de tanta arte para um mundo bem interessante. Não é exagero dizer desse transporte pela arte até porque realmente os sentidos são trabalhados de formas tão particulares que em alguns certos pontos acabamos nos esquecendo dos compromissos diários para simplesmento apreciar algo totalmente diferente do que estamos habituados na correria do dia a dia.

* Ainda vou colocar algumas fotos feitas na exposição aqui.

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