quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Ele sobreviveu!

Após um ataque no coração, vida de Sérgio mudou completamente

por Alex Contin

Era para ser mais um domingo normal na vida de Antônio Sérgio Demo, mais conhecido por Sérgio ou Lemão. Missa, dois aniversários, cigarro e algumas cervejas pelas festas que ia passar. Como de costume levantou às 6h, mas com uma pequena dor no braço esquerdo. Achou estranho, pediu para sua esposa Neusa fazer uma massagem pensando que iria resolver o problema e continuou normalmente seu dia. A dor não o impediu de ir à missa pela manhã e em dois aniversários, um no horário do almoço e outro no período da tarde.

Fumou, bebeu e comeu. Alguns dias antes havia percebido um cansaço que não passava, pensou que era por conta da vida corrida e do emprego estressante. A noite, quando voltou da jornada de festas - acompanhada da dor no braço esquerdo - e se preparava para tomar banho percebeu que algo estava realmente errado. Sem roupas no banheiro sentiu tontura. Colocou rapidamente a roupa e foi em direção da família. "Me levem para o hospital que estou passando mal", pediu Sérgio assustado à sua esposa. Mal fez o pedido e começou a "perder os sentidos". Não conseguia mais controlar os braços e pernas. Caiu no chão. A fala estava amolecida. Mais do que depressa a esposa e filho o colocaram dentro do carro e correram para o hospital do qual são conveniados. A viagem durou cerca de dez minutos, mas que pareceu uma eternidade para ele, que não conseguia se mexer. Sentia ondas de calor, abria a janela do carro e sentia frio. Dor forte no peito, lado esquerdo, no coração. Sérgio e a família moram em um bairro não muito afastado do Centro da cidade e o trânsito naquele dia e horário favoreceu a rapidez.

"Você está tendo um infarto", informou o atendente do assim que percebeu os sintomas e o estado de Sérgio. Ao ouvir o diagnóstico tão rápido, ele se assustou. Foi retirado do carro carregado, da mesma forma como entrou la dentro. De cadeira de rodas chegou na emergênia. Recebeu uma injeção e em 15 minutos estava fora de perigo. "Tudo o que eu queria era me livrar daquela dor", comenta. Assim que todas as dores passaram, o que Sérgio queria era voltar para a casa. Porém, ele iria ter que esperar alguns dias para terminar aquele banho que começou.

O infarto do miocárdio, conhecido popularmente como ataque do coração, é uma doença do principal órgão de nosso corpo causado pela obstrução das coronárias, ou seja, entupimento de alguma das artérias do coração. De acordo com o cardiologista Francisco Pizol Mazer, hoje médico de Sérgio, 30% dos infartados não resistem à primeira hora. "A demora em levar o infartado para o centro emergencial pode levá-lo à óbito", diz. Os principais fatores de risco são a obesidade, hipertensão, tabagismo, diabetes e colesterol alto.

HÁBITOS

Sérgio fumava, comia muita gordura e vivia estressado por conta do emprego. O sobrevivente do infarto ficou ainda três dias na Unidade de Terapia Intensiva, a temida UTI. O período foi de observação. "Estava com três veias entupidas, uma 98%, outra 95% e a terceira 60%", conta. A situação poderia se repetir, por conta disso foi necessário uma angeoplastia, procedimento utilizado para desobstruir a artéria. Além disso ficou mais três dias em um dos apartamentos do hospital. Voltou para a casa quase uma semana após aquele domingo. Ainda ficou afastado por oito meses do serviço e mudou completamente seus hábitos. Essa é a principal orientação dada pelos cardiologistas para quem passou por um infarto. "Se a pessoa que sair vivo do infarto não mudar o estilo de vida, o segundo ataque pode ser fatal", diz Mazer. Sérgio confirma: "Parei de fumar, beber e comer gordura há um ano e quatro meses, desde que tive o infarto. Se soubesse que era tão boa a vida sem cigarro e bebida, teria parado antes", confessa.

Matéria originalmente publicada no Jornal de Limeira em 30 ago. 2008

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