Matérias feitas para o caderno especial sobre o Dia Internacional do Dia das Mulheres para o Jornal de Limeira - 8 mar 2009
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Uma terapia para suar a camisa
Ela tinha tudo para ter uma vida de lamentações. Ao invés de uma postura depressiva, a costureira Kátia Regina da Silva, de 36 anos, dança, e com muita vontade. Ao som de músicas agitadas e passos que exigem fôlego, a costureira faz caras e bocas entre os vários sorrisos que distribui enquanto está dançando jazz.
O motivo que poderia derrubar a auto-estima de Kátia é visível na sua perna esquerda. Uma cicatriz de quase 15 centímetros é o resultado de um câncer que já havia condenado seu membro. Segundo ela, a doença apareceu há seis anos e quase foi necessário amputar a perna. "Foram duas cirurgias. Da primeira vez que tentaram retirar o tumor, ele estava espalhado. Os médicos, então, fecharam o corte e marcaram a amputação da perna para depois de dois meses", conta.
Na data marcada, a costureira foi até o hospital preparada para voltar para casa sem parte da perna esquerda. O que estava agendado não aconteceu. É que o câncer havia diminuído. Ela atribui a cura à fé de sua mãe.
Mesmo depois de recuperada e liberada pelo médico para voltar às suas atividades normais, Kátia ainda enfrentou um outro desafio - o psicológico. "Tinha medo de acontecer alguma coisa com minha perna", diz.
Quem também enfrenta seus próprios desafios é a vendedora Núbia Gomes Novaes, 32. Apesar de não ter um histórico como o de Kátia, ela também sua a camisa para quebrar sua rotina estressante. Ela é casada há dez anos e tem duas filhas. Com o passar do tempo, o casamento esfriou nas conversas e no relacionamento. Ela sempre gostou de dançar e encontrou uma oportunidade para fazer mais exercícios físicos. Além das aulas de jazz, Núbia também faz natação e musculação.
Quem mais a incentiva a participar das aulas de dança e atividades físicas é o marido. "Já pensei em desistir da aula de dança porque na minha cabeça pensava que era uma outra coisa. Meu marido sempre pergunta quando tem as aulas e me incentiva bastante para continuar", revela.
Rindo, ela conta que quando ouve alguma música começa a lembrar alguns dos passos aprendidos no curso. Além disso, quando volta das aulas ela se torna praticamente o alvo das atenções da família. "Eles querem saber o que aconteceu e pedem para eu dançar", comenta.
Para muitos, dançar é uma terapia. "Dançar é bom para distrair a cabeça, melhora a auto-estima, nos desligamos do mundo e descarregamos o estresse diário", diz Núbia.
EXPRESSÃO
No livro "A Educação pela Dança", a escritora Paulina Ossana, relata que essa arte é a expressão por meio de movimentos. Segundo ela, as pessoas dançam por uma necessidade interior, "muito mais próxima do campo espiritual que do físico". Seus movimentos ordenados no tempo e no espaço são uma "válvula de liberação de uma tumultuosa vida interior. São formas de expressar sentimentos como alegrias, pesares e temores", define a autora.
Para a costureira, dançar a tornou mais feminina, jovem e ativa. "Antes meu apelido na igreja era sorriso, agora é furacão porque estou mais agitada e me sentindo com menos de 15 anos. Pareço uma adolescente", conta.
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Mulheres aderem ao estilo indiano
Novela vai, novela vem e a roupa muda. Não é de hoje que o vestuário das principais novelas influenciam a população. Depois do árabe com "O Clone", de Glória Perez, agora a moda é o indiano. A novela "Caminho das Índias" está influenciando as mulheres, que saem atrás de lojas para comprar jóias e vestidos como os que as atrizes Juliana Paes e Nívea Maria usam.
São tecidos de seda, brilhantes e leves - com estampas de desenhos variados nos vestidos e batas indianas. Alguns com cristais e paetês. Outros com cores bem diversificadas, que dão o colorido do país onde há deuses e uma cultura totalmente diferente. Até a forma de se vestir e costurar as peças se diferenciam. Você já pensou em se enrolar em um pedaço de tecido de 6 metros de comprimento? Pois assim é o sari. Sem nenhuma costura, o tecido é colocado no corpo das mulheres em voltas e mais voltas, dando o caimento desejado.
E vestir uma cafta? Se enrolar num monte de carne que geralmente é assada em churrasco seria difícil. Mas o nome é de mais uma peça do vestuário indiano. A roupa parece um grande tecido dobrado ao meio e com um buraco para a cabeça. No corpo pode ser usado até com cintos largos para ficar acinturado.
Apesar de ter aumentado a procura com a novela da Globo, as roupas indianas fazem parte do guarda-roupas de algumas mulheres há muito mais tempo. A empresária Cybelle Marrara, 31 anos, tem umas cinco peças diferentes. São vestidos, saias e batas. "Gosto do colorido das roupas", diz.
As bijuterias também estão fazendo sucesso. Algumas fábricas da cidade apostam na moda indiana. Dono de uma empresa de Limeira, Augusto Agostini, conta que desde a estreia da novela "Caminhos da Índia" a procura é grande. Foi por isso que ele apostou na confecção de pulseiras coloridas. As peças ganharam brilho. "Os modelos finos permitem usar várias pulseiras ao mesmo tempo. As mulheres não devem ter medo de ousar. Elas podem carregar os braços que fica bonito", fala. As cores são as mais variadas.
QUESTÃO DE COSTUMES
A moda é complicada e ao mesmo tempo encanta muita gente. As tendências vêm e vão, os costumes mudam com o passar dos anos e a sociedade tem objetivos diferentes a cada época. Tudo isso é refletido nas roupas que os componentes dessa sociedade usam. No Brasil, só nos anos 90 a moda entrou na pauta dos brasileiros. Conforme define a jornalista e consultora de moda Érika Palomino, em seu livro "A Moda", na época "a moda entrou na moda". Segundo ela, a moda é muito mais do que roupa. "É possível entender um grupo, um país, o mundo naquele período pela moda então praticada", cita Érika referindo-se às transformações ocorridas durante os anos.
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