segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Limeirenses produzem vídeos com técnica stop motion


Oficina Carlos Gomes apresenta resultado de curso com quatro sessões diárias

Quem já assistiu ao filme "A Fuga das Galinhas", animação dirigida por Peter Lord e Nick Park, deve ter se perguntado como aqueles animais feitos de massinha ganham vida, falam e interagem entre si. A técnica parece ser difícil, mas segundo a publicitária Priscila Peres, 23 anos, "dá até pra fazer em casa", confessa.

Ela e outros 15 alunos participaram da oficina de animação usando a técnica chamada "stop motion". Quem coordenou o curso foi o professor e publicitário Renato Fabregat. A oficina fez parte da programação do segundo semestre deste ano da Oficina Regional Cultura Carlos Gomes, projeto do Governo do Estado de São Paulo. De acordo com o oficineiro, a técnica é simples, porém trabalhosa. "Os alunos aprenderam na oficina desde a produção e o roteiro até algumas dinâmicas em grupo para que entendessem o conceito do stop motion", explica.


A publicitária Priscila Peres usou até a irmã nas animações

Quem dá a melhor definição para o que é a animação feita com a técnica ensinada por Fabregat é o contador de histórias Eduardo Abreu, 28: "ë uma animação a partir de fotografias". Ele, que além da contação de histórias também trabalha com artes cênicas, procurou a oficina para poder divulgar seu trabalho na Internet. "é bem divertido e prazeroso porque trabalha com a técnica aliado à criatividade de cada um", diz Priscila e complementa: "quando não temos o contato nem imaginamos como são feitas as animações, mas é fácil e eu fi até em um aniversário da minha família", ri.

Os desenhos são feitos cena a cena, ai está a engenhosidade da técnica. Para construir a animação de qualquer objeto - "até um prego ganha vida", comenta Priscila - é preciso fazer fotografias de cada movimento que o personagem da animação vai realizar. " O lance é manipular o objeto para ele ficar orgânico, para ele ganhar vida", diz Abreu. No final da oficina, segundo Fabregat, foram produzidos 14 animações. Até a última quinta-feira, nenhum dos alunos chegou a ver o resultado de seus trabalhos. Todos foram apresentados no lançamento do DVD com os trabalhos a noite, na sede da Oficina Carlos Gomes, no Palacete Levy. Segundo o oficineiro responsável pelo curso, o resultado foi surpreendente. "Algumas pessoas vieram até o curso com um conhecimento maior que outras, mas no final da oficina o nível de todos os alunos ficou igualado e muito bom", disse.


Já o contador de histórias, Eduardo Abreu, optou pelo humor para divulgar seu trabalho

De tão fácil que foi aprender a técnica, Priscila chegou a produzir três animações. Para elas usou até sua irmã e como cenário, o Parque da Cidade. No outro, quando estava em uma festa de aniversário, chamou duas crianças que estavam bagunçando no local e produziu junto com elas uma corrida de cadeiras. Já o terceiro, usou um carrinho de brinquedo e peças do brinquedo Lego para montar o filme. Já o contador de histórias usou do humor para produzir sua animação. "Fiz a história de um peixinho que contava as bolhas que fazia. Mas só isso não ficou engraçado e eu queria algo que fizesse as pessoas rirem. Contei a história para uma criança que conheço e ela não riu. Sua mãe contou a mesma história e no final, depois que o peixinho não conseguia mais fazer nenhuma bolhinha e ficou desesperado, ele soltou um 'pum', ai a criança adorou e usei a ideia na minha animação".

A exibição dos resultados da oficina encheu o salão principal da Oficina Carlos Gomes. As animações que foram produzidas aos sábados durante dois meses estão sendo exibidas para o público interessado. De acordo com a coordenação da oficina, os vídeos têm horários fixos para serem exibidos. As sessões vão até o dia 26, próxima quinta-feira em quatro horário: às 9h, 10h30, 14h e 15h30. As escolas que quiserem agendar horários para assistirem à produção, podem entrar em contato pelo telefone 3442-9857 ou pelo e-mail carlosgomes@assaoc.org.br



Durante o escurinho das exibições das animações, foi possível ver trechos de alguns dos vídeos produzidos pelos alunos do professor Fabregat. Alguns dos participantes da oficina recorreram à imagem clássica do filme "2001, Uma Odisseia no Espaço", do diretor Stanley Kubrick e no lougar dos primatas e dos pedaços de árvore, o símbolo da marca Kipling e um prego. A criatividade é o mais interessante ao assistir aos vídeos dos limeirenses. Fazer os vídeos também deve parecer coisa de crianças. Ao posarem para as fotos que colocamos aqui no blog, Eduardo Abreu e Priscila, ao manipular os objetos inanimados pareciam que voltaram à infância com o diferencial de, desta vez, poderem dar vida aos brinquedos que manipulam.

Vou caçar um vídeo para colocar aqui... quando conseguir posto novamente. Parabéns aos alunos e ao professor Fabregat. Pelo pouco que consegui ver, todos esbanjaram criatividade!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Mais perguntas sem respostas

Neste sábado, no Cultura e Variedades do Jornal de Limeira, será publicada a matéria "Teatro Vitória vive dias de abandono". A reportagem que fala sobre a situação ruim do principal teatro de Limeira surgiu a partir do texto da professora e bailarina Gláucia Bilatto. Ela enviou um texto para a editoria comentando os problemas pelos quais passou na sua última apresentação nos dias 7 e 8 deste mês (O texto está publicado aqui no blog).

Por conta da denúncia, fizemos algumas perguntas para a Assessoria de Comunicações da Prefeitura de Limeira, mas, mais uma vez ficamos sem respostas. Um texto até foi enviado para a redação, mas continha até algumas "mentiras".

As perguntas enviadas dia 10:

- Quanto foi a última reforma realizada no teatro? Quais os serviços que foram feitos, valor empreendido e quem realizou os serviços?
- Atualmente quantos funcionários estão contratados pela administração municipal para atuarem no local? Destes, quantos comissionados e quantos concursados?
- A denúncia que recebemos diz que em um dia de chuva os camarins se encheram de água. Agora no final do ano há várias apresentações agendadas e coincide com um período chuvoso. Há alguma solução paliativa para os problemas do local planejada? Se sim, quais os serviços que serão feitos e valores?
- Há previsão de contratação de mais funcionários técnicos para trabalhar no local? Segundo informações do Sindsel, para funções técnicas é preciso profissionais concursados. Essa situação se aplica ao Teatro também?

A resposta do dia 13:

"Alex, bom dia.

Conforme combinei via e-mail com vc ontem, segue a resposta solicitada:

O Teatro Vitória terá obra de reforma no ano que vem. A Prefeitura irá investir R$ 500 mil nessa reforma. Os projetos estão em andamento (não tenho detalhes por enquanto, mas quando tiver eu posso te passar, se vc quiser). Neste momento, o projeto que mais está adiantado é o de reforma e restauro do Palacete Levy. Posteriormente, a licitação do Palacete será aberta (também não tenho detalhes disso agora, mas posso pegar e passar a você assim que me passarem).
Lembrando que neste ano já está em andamento a reforma da Praça Coronel Flamínio Ferreira (Praça do Museu) e também a reforma e restauro do Museu Histórico e Pedagógico "Major José Levy Sobrinho", no valor total de R$ 1,2 milhão, o que irá revitalizar totalmente esses espaços para a população.
Quanto ao Teatro Vitória, é importante citar que neste ano de 2009 ele já funcionou durante 300 dias, sendo que somente às segundas-feiras o teatro não funcionou, e raramente de terça-feira a domingo o teatro teve alguma data vaga. No ano que vem, a Secretaria da Cultura informa que precisará diminuir as reservas do teatro devido a necessidade da reforma.
Ainda para o Teatro Vitória, já foi realizada reforma em algumas poltronas e também está sendo adquirido novo alarme para o local (essa licitação do alarme já está sendo homologada).

Atenciosamente.
Ricardo Wollmer – Diretor de Imprensa, Rádio e TV (Mtb. 46.243)
Assessoria Geral de Comunicações "

Mais perguntas... o Teatro Vitória ficou mesmo aberto 300 dias este ano? Em agosto a Secretaria da Cultura interrompeu todas as atividades no local por conta da gripe suína. Nem a Orquestra de Limeira pôde ensaiar as segundas-feiras por conta da determinação da pasta. E quanto às últimas reformas e valores empreendidos ou as medidas paliativas para as últimas semanas deste ano?

Em entrevista, Glácia falou uma verdade: "

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Paródia da Lady Gaga

Shakira lança nova música e clipe pelo Facebook

"Give It Up To Me" é o novo hit da cantora que se renova no estilo pop

Para quem estava acostumado com a cantora latina que usava e abusava da dança do ventre em suas apresentações e clipes, vai notar uma certa diferença no clipe "Give Up To Me". A cantora Shakira lançou o vídeo oficial da nova música na última segunda-feira na sua página do Facebook, site de relacionamento na Internet (facebook.com/Shakira). Desta vez ela faz um dueto com o rapper Lil Wayne. Em seus últimos lançamentos, "She Wolf" e "Did it Again", as duas músicas e clipes com versões em espanhol - "La loba" e "Lo echo está echo" - que fazem parte do CD homônimo da primeira música, a cantora revelou que queria mostrar seu lado sensual. Em nota divulgada pela imprensa especializada em música, os pais de Shakira se disseram receosos com a imagem que ela estava passando ao público.

Com a nova canção, ela ainda investe neste lado sensual mas em um estilo completamente diferente do que vinha trabalhando em sua carreira. Com uma mensagem positiva na letra e uma coreografia provocante e cheia de recursos visuais que lembram amplificadores de som, Shakira adota um pouco do estilo hip hop feminino com gingados no quadril e um figurino que deixa as pernas bem a mostra. A coreografia ainda traz um trecho que lembra as músicas indianas que ficaram tão em voga aqui no Brasil com a última novela do horário nobre da Globo, "Caminho das Índias". Shakira aparece com um vestido azul, uma coroa dourada, apliques do mesmo tom nas pontas dos dedos e em frente a vários prédios. Cena que lembra a Estátua da Liberdade norte-americana.

De acordo com o site oficial da cantora (shakira.com), a música foi lançada também lançada depois de uma entrevista com Carolina Bermudez do canal Z100 de Nova Iorque. O vídeo está disponível no blog Opiniao Alex Contin (opiniaoalexcontin.blogspot.com) e no youtube (youtube.com).

Pop arte em muitas cores e até sabores no Teatro Vitória

Obras mostram a criatividade de alunos do Núcleo de Cultura

Muitas cores, materias reciclados, recortes de revistas e ícones da cultura pop fazem parte da nova exposição dos alunos do Núcleo de Cultura do Centro de Promoção Social Municipal (Ceprosom). Na tarde de ontem, professores e integrantes do projeto abriram a exposição "Pop Arte" no saguão de entrada do Teatro Vitória. Ao todo, 18 obras ficarão no local até o dia 25 de novembro disponíveis para a visitação dos integrantes do projeto e da população em geral. Junto dos trabalhos dos alunos de 18 Centros Comunitários de Limeira também estão obras feitas pelos professores de artes plásticas integrantes do projeto. As nove obras reunidas na exposição "Almah" retratam a identidade dos professores do núcleo.

A entidade que todos os anos realiza exposições como resultado das aulas resolveu trabalhar o tema Pop arte inaugurado pelo artista Andy Warhol, entre as décadas de 1950 e 1960. De acordo com o coordenador do núcleo, Vagner Fernandes, o objetivo foi trabalhar com os alunos a "possibilidade de dar uma ressignificação para os objetos de cada dia, das coisas banais que os alunos encontram no dia a dia", diz.

Na exposição, uma mesa velha se transformou em arte com uma bandeira dos Estados Unidos feitas nas cores do símbolo nacional brasileiro e imagens de Michael Jackson em amarelo. O astro que falesceu este ano também se transformou em uma outra obra de fundo rosa e sua sombra preta de braços abertos. Além dele, os alunos também deixaram suas mãos estampadas em um pedido de paz, seus rostos foram retratados lado a lado lembrando a imagem clássica feita por Warhol com a atriz Merilyn Monroe e a reprodução de figuras de mangá como os personagens do anime Dragon Ball Z. Fernandes comenta que esses elementos fazem parte da cultura popular de hoje e foram retratadas pelos alunos dos centros comunitários.

De acordo com a professora do Centro Comunitário Amparo, Flávia Pereira Carvalho, trabalhar pop arte com os alunos foi "entusiasmante". Ela conta que muitos alunos só tinham ouvido falardo estilo nas aulas da escola e nunca se aprofundaram nem realizaram trabalhos inspirados no tema. "Os alunos corresponderam de uma forma motivadora, eles não conheciam a pop arte e até inovaram na elaboração da obra deles", conta. Os alunos da artista trouxeram para a exposição uma salada de frutas. A sobremesa, colorida e de frutas variadas foi pensada como uma forma de fazer o caminho inverso feito pelos artistas da pop arte. "Os artistas daquela época criticaram o consumismo e a alimentação em suas obras, nós transformamos a arte em alimento", conta Jéssica Meira Pereira, 15 anos. Ela conta que pensaram na salada de frutas por ser uma alimentação saudável e colorida, atributos que corresponderam com as características das obras feitas por Warhol e seus seguidores.

As exposições "Pop Arte" e "Almah" fazem parte da 4ª Mostra de Arte e Talento do Ceprosom e ficará no Teatro Vitória até o dia 25 deste mês, de segunda a sexta-feira, das 9h às 15h.


sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Fotografias pensadas e intertextualidade nas imagens


Oficina Cultural Carlos Gomes abre exposição sobre fotografia contemporânea
por Alex Contin

Entre imagens pensadas, coloridas ou monocromáticas, pelo menos cinco fotógrafos e expositores registraram algumas fotos na inauguração de mais uma exposição na Oficina Cultural Regional Carlos Gomes. No começo da noite de ontem, o professor de fotografia e oficineiro Rogério Entringer e seus alunos apresentaram o resultado da oficina de Técnicas e Teorias na Fotografia Contemporânea. O curso que durou cerca de dois meses, entre setembro e outubro deste ano, concluiu suas atividades com 15 alunos, a maioria fotógrafos e artistas plásticos.

Encontros de amigos e familiares, ou pessoas desconhecidas em rodas de conversas eram suficientes para registrar com as várias lentes, objetivas e flashes o momento em que todos se reuniram para observar a intertextualidade nas fotografias ali expostas. Por intertextualidade das imagens produzidas como resultado da oficina coordenada por Entringer, entende-se, um pensar a foto ao apertar o disparador da câmera fotográfica. Segundo o próprio oficineiro, a proposta trazida por ele da Europa e dos Estados Unidos é inédita na região. “As fotografias são propositais e fazem diálogo com outras artes como o cinema, a música, a artes plásticas e a escultura”, define. No texto de apresentação da mostra, Entringer explica:

"O fazer fotográfico hoje é conceito, referências e intertextos. Tende se destacar da mesmice proporcionada pela abundância de imagens na velocidade do mundo contemporâneo e global. Diante disso, só há a possibilidade de ir para frente, experimentar, expectador transformado em participador, o fotográfico como proposições de práticas ou descobertas apenas sugeridas em aberto, na qual a invenção de um click propõe uma outra invenção em quem observa a imagem. Assim surgiu a mostra, produções e intertextos com a literatura musical, história da arte e da fotografia, artes plásticas, cinema, teatro entre outras esferas."

Nenhuma imagem, conforme explica o professor, é feita ao acaso e sem um propósito. Uma das imagens que estão expostas na sala dois Palacete Levy até o dia 24 deste mês chama atenção não só pela cor, mas pela construção da fotografia. Um modelo na pose da escultura “O pensador” de Salvador Dali, sentado em um vaso sanitário que faz referência ao urinol de Marcel Duchamp e comendo uma banada coberta de tinta azul que, além de lembrar as artes plásticas e a arte pop de Andy Warol. Além dos três artistas que o fotógrafo Nelson Shiraga usou como referência para sua imagem, outros ainda constavam em uma única fotografia dentro de um banheiro revestido por azulejos cor-de-rosa.


A arquiteta e artista plástica Paula Pittia usou o cubismo analítico para fazer seu auto-retrato

“A idéia é o subjetivo, destacar as imagens pensadas e fazer com que o observador também pense ao olhar as imagens expostas uma vez que a fotografia hoje em dia é banal”, critica e explica Entringer. As aulas, assim como o próprio nome da oficina revela, trouxe a teoria e a prática deste “novo jeito de fazer fotografia”. Artista plástica e arquiteta limeirense, Paula Pittia, tem três fotos expostas no local. A primeira faz uma desconstrução de seu auto-retrato relembrando o cubismo, e as outras duas trazem fotografias de pássaros que juntos formam imagens de borboleta. Para a artista, que também é professora de História da Arte, a idéia de integrar fotografia e artes plásticas foi interessante. “Trabalho com arte há 15 anos e no ultimamente me interessei mais pela arte contemporânea e comecei a trabalhar com algumas fotografias nos meus últimos trabalhos, por isso a oficina foi bem útil pra mim”, comenta.


Cacá Dominiquine: "a oficina muda muito a forma de ver a fotografia"

Já a fotógrafa de Campinas, Cacá Dominiquini, expõe dois auto-retratos. Se você já ligou o timer da câmera fotográfica, saiu correndo, fez pose, arrumou o cabelo e falou xis, Cacá parece ser especialista. Nas duas imagens que fazem parte da exposição da Oficina Carlos Gomes, Dominique utilizou como elemento intertextual a música da rockeira baiana Pitty, Admirável Chip Novo, para retratar um momento em que passou por uma “desconfiguração de seu sistema” após o nascimento de sua filha, e na segunda as imagens as pin-ups serviram de inspiração e referência para a foto que Cacá fez sentada em uma escada. “Fiz a oficina para buscar mais referências para meu trabalho e também para enriquecê-lo”, diz.

A noite de lançamento também contou com a presença de fotógrafos limeirenses que foram conferir o resultado. Entre eles J. B. Gimenez e J. F. Pacheco. Na opinião dos profissionais, a exposição contribui para a cultura da cidade e traz um novo olhar para as fotografias que hoje está sem um sentido definido e qualquer pessoa com uma máquina digital pode fazer. “As fotos ampliam a percepção das pessoas, fotografar dá um novo olhar para quem fotografa”, fazem coro.

Coordenador da Oficina, Robson Trento, comenta que este é mais um resultado dos cursos que o projeto mantido pelo Governo do Estado realiza em Limeira. “Esse não é só um trabalho de fotografia, mas sim um trabalho nas artes visuais que também forneceu para os alunos um aprofundamento teórico sobre o tema”, diz.
A exposição deve ficar aberta ao público até o dia 24 de novembro. Até lá é possível passar pelo prédio rosado do Largo da Boa Morte e treinar o subjetivo nas imagens expostas pelos alunos de Entringer.

Entringer, em seu texto, conclui:

"Diante disso tudo se pode concluir que o resultado do processo ensino-aprendizagem nessa oficina foi a produção de imagens que evidenciam a fotografia como sendo signos que representam linguagens, e que relacionam o fazer fotográfico a um caso de devir, sempre inacabado, sempre em via de fazer-se, e que extravasa qualquer matéria vivível ou vivida."




ENTRE ATOS

Quem esteva na abertura da exposição


Paula Pittia, Mariana Alcantara, Roberta Fioroni, Daniele Siqueira e Caca Dominiquine


J. B. Gimenez, J. F. Pacheco e Alessandra Ferreira


Robson Trento, Nicolina Petto e Lizete Pittia

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Vida Real* - Panelão cultural: a concentração



A cultura em Limeira é uma panela. Ouvi essa afirmação há alguns anos, pelo menos cinco anos atrás, de um colega que fez um curso de teatro comigo em uma das oficinas da Oficina Carlos Gomes. Desde aquela época vejo esse colega ator e cheio de ideias de espetáculos na cabeça entrar e sair da biblioteca e andando próximo às ruas do Centro Cultural, com sua mochila, o óculos de armação redonda e a pele morena queimando no sol do meio dia. Depois de vários anos desse curso de três ou quatro meses com um oficineiro de São Paulo, quando nos encontramos o assunto que surge é sempre o mesmo se intensificando a cada diálogo perdido nos meses do ano.

"A cultura em Limeira é uma panela muito fechada", uma frase feita usada pelo colega. Como argumento para sua afirmação, esse ator expõe as tentativas de levar adiante projetos de peças alternativas, formação de um grupo de atores e as inúmeras solicitações de espaços para ensaios que ele faz às autoridades competentes da área.

O problema que esse ser pensante e perdido no meio de seus livros e projetos enfrenta é facilmente percebido quando se está no meio ou pelo menos recebe notícias dele. Há alguns posts abaixo, neste mesmo blog, está uma denúncia feita por uma professora de balé de Limeira. Ela deu aula durante muitos anos no centro Cultural e tem uma carreira sólida na cidade. No último final de semana, data marcada para suas alunas apresentarem o resultado das aulas de 2009, uma chuva atingiu a região central e acabou causando alguns transtornos para a equipe. Segundo ela, a água da chuva entrava pela porta dos camarins que dá acesso à praça onde o teatro está localizado. Além disso, ela infiltrava por entre uma pedra solta no andar superior e descia em direção às parte onde ficam as salas para a concentração dos artistas, logo embaixo do palco.

O texto, assinado pela bailarina, foi publicado na terça aqui no blog. Pois dias depois fico sabendo que o assunto repercutiu e ainda sobrou pra mim. Um dos profissionais do texto não gostou de ver seu nome envolvido e sendo citado. Fiquei sabendo que por motivos pessoais essa pessoa ainda poderia atrapalhar alguns planos que tinha para minhas aulas de dança. "Por motivos pessoais". O que é ridículo. Alguém que não é concursado, supõe-se que tenha a noção de que está de passagem pelo serviço público. Um cargo comissionado é dado e retirado de um trabalhador com a mesma rapidez nas trocas de governo e nas irregularidades de atuação. "Por motivos pessoais", deixar de cumprir com seu papel e pior, deixar de colaborar para com o desenvolvimento de uma equipe que está (ou deveria estar) no mesmo lado do campo, do lado público das opções culturais que Limeira oferece, é lastimável.

Não é a toa que meu colega ator dizia que Limeira é uma panela no quesito cultura. Quem tem costa quente se segura no cargo. Alguém que está a um "poder" de distância, ainda controla as atividades do meio e quem deveria estar a frente de novos projetos simplesmente mantém os velhos na posição de um administrador e não de um inovador para a área. Apesar de ser novo e de estar há pouco tempo na área cultural da cidade, conversar com pessoas mais experientes e uma observação atenta dos fatos, dão a capacidade para dizer que a cúpula do poder que comanda a área cultural da cidade é uma grande panela de pressão que só não apita e nem entra em ebulição porque, no momento, alguns impasses e erros de percurso estão desviando a atenção desses 'administradores' e destes 'costas quentes' que precisam se preocupar com expurgação de assombrações e algumas obras de arte 'desaparecidas'.

Há mais exemplos dessa panela, basta consultar a lista de membros de uma associação recém-criada para incentivar o desenvolvimento da cultura na cidade. Nada contra alguns membros da entidade, mas a mesma cúpula que está envolvida no parágrafo anterior tem membros neste segundo exemplo. Um pouco da culpa é desse meu colega ator que não abre a boca para reclamar e peitar quem barra seus projetos, que enfrenta quem diz não e encontra caminhos alternativos para mostrar que Cultura em Limeira, não está concentrada em algumas mãos.

*Versão on-line da minha coluna Vida Real, publicada mensalmente no Jornal de Limeira, aqui, porém, quando eu quiser.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Vida Real - CPI e Sindicância


RELEMBRANDO
No final do primeiro semestre, o Jornal de Limeira denunciou a existência de um funcionário fantasma na Secretaria da Cultura. Dias depois da publicação da denúncia, o teto de uma das salas de dança do Centro Cultural - o Museu Major José Levy Sobrinho -, caiu e o caso foi capa do Jornal. Como redigi a matéria na época e o secretário da Pasta, Adalberto Pedro Mansur, não estava em uma boa fase, resolveu esquentar o clima entre imprensa e prefeitura e fez até boletim de ocorrência acusando este colunista - que também trabalha como professor de dança na escola - de ter arrombado uma das salas do local.

AMEAÇA CUMPRIDA
No dia em que o secretário quase perdeu os cabelos de tão nervoso, ele apontou o dedo para minha cara e disse: "Quero ver se você vai ser homem de dizer tudo o que aconteceu em uma sindicância". Ameaçou e cumpriu. Na última segunda-feira fui convocado para conversar com a comissão de sindicância, intaurada no dia 1º de outubro. O processo investiga os fatos apontados por Mansur em um boletim de ocorrência que, entre outras coisas, me acusa de vandalismo.

O BOLO E A FACA
O engraçado é que quem autorizou a instauração de sindicância foi o prefeito Silvio Félix (PDT). O ponto divertido do tópico é que dias depois de assinar a autorização da sindicância, Félix ligou no meu celular particular para me parabenizar por uma matéria sobre uma escola municipal.

CALA A BOCA SERVIDOR
Em conversa com um representante do Sindicato dos Servidores Públicos de Limeira (Sindsel), fiquei sabendo que as sindicâncias rolam soltas no governo Félix. Segundo a fonte, o processo é usado como forma de intimidar os funcionários que têm opinião própria e senso crítico.

AMÉM
Pelo jeito o governo municipal só quer funcionários que façam vista grossa para os problemas e digam amém para o que acontece nos bastidores das secretarias.

SÓ POR ESCRITO
Enquanto a sindicância continua como uma forma de intimidação, a CPI instaurada na Câmara não mostra avanços. A repórter Paula Martins, quando redigiu uma das últimas matérias sobre o caso, que repercutia a defesa do prefeito que acusava Mansur de ter contratado o tal fantasma, ficou sem resposta do titular da Cultura. Com ele agora é assim: "só por escrito".

BAIXADA
Já o museu finalmente começou a ser restaurado. As aulas de dança se mudaram para o mesmo prédio onde funciona o Conselho Tutelar na baixada de Limeira e para o Palacete Levy. Algumas mães de alunas de balé não gostaram da mudança - que aliás foi repentina, assim como o Conselho no ano passado -, e reclamaram na última reunião de pais, mas foram ignoradas pelo diretor da escola.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O Teatro Vitória pede socorro!

Recebi este texto da professora e bailarina Gláucia Bilatto. Além de muito bem escrito, vale a pena ler por conta do teor das denúncias!

No último final de semana, a Escola de Dança Gláucia Bilatto apresentou o espetáculo Sonho de Boneca com excelente público, apesar da forte chuva. O silencioso processo de deterioração do patrimônio histórico é acompanhado de perto por quem cresceu admirando a beleza deste prédio. A bailarina e professora de dança limeirense Gláucia Bilatto trabalha com cultura em nossa cidade, disse que ficou muito triste em acompanhar o descaso com o material humano e estrutural em que o prédio está sofrendo ao longo desses 13 anos. Construído no mesmo local do antigo Teatro da Paz, como Cine-Teatro Vitória, em 1940; reinaugurado em 15 de setembro de 1996, após reforma, com capacidade para 670 lugares, possuindo recursos de iluminação e sonorização, estando, hoje, apto a recepcionar espetáculos de grande porte com média de público de 400 pessoas por espetáculo.

No mesmo espaço, funciona a galeria de exposições com vasta programação e ótima frequência.

É de conhecimento de todos que as manifestações artísticas e culturais em Limeira nunca foram muito incentivadas. Por muito tempo se quer possuíamos um teatro para encenação dos espetáculos.

Depois de muito tempo reformou-se o atual Teatro Vitória, e conquistamos um espaço adequado para apresentação de espetáculos de dança, teatro e música. Mas infelizmente o setor responsável por administrar o teatro não parece estar muito a fim de promover a cultura local.

E para piorar a situação o teatro hoje se encontra com alguns problemas como a infiltração de água das chuvas no camarim, no hall de entrada e na galeria a água da chuva escorre pelas paredes devido ao mau funcionamento das calhas.

A parte hidráulica dos banheiros precisam de regulagem, pois estão vazando água constantemente, falta lâmpadas nos banheiros do camarim.

E então fica a chamada de atenção, será que não existe verba suficiente se quer para se fazer uns reparos?

O diretor do teatro Carlos Jerônimo Vieira, alertou que estavam funcionando com apenas o básico, devido à falta de funcionários, ele próprio acumula várias funções.
Em Limeira, o prédio do Teatro Vitória precisa de reparos urgentes e o espaço sequer tem faxineiras, técnico de som, recepcionistas. Vários cargos ainda não foram ocupados e, no momento, o diretor do teatro diz que querem contratar funcionários, mas está difícil, porque esbarram em questões burocráticas e financeiras.

O competente técnico de luz Valdemir Correa, é alma deste teatro, está sobrecarregado de trabalho, tendo que desempenhar várias funções ao mesmo tempo, controlar a luz, recepcionar as pessoas, conter os vazamentos das chuvas no momento do espetáculo. O técnico de som Pedro Rodrigo Drago estava no sábado como voluntário auxiliando com muito empenho desde as 8h30 da manhã, na montagem do palco e preparativos, à noite também ajudou no momento da chuva. No camarim, mães voluntárias tentavam controlar a água que escorria aos montes pelas paredes do camarim, para evitar que nossas pequenas bailarinas molhassem as sapatilhas. E como todo bom espetáculo não pode parar..., o público se encantava com o que se passava no palco, mas nos bastidores foi uma correria para conter a água, sem faxineira, sem panos, rodos, vassouras, baldes etc... , relata a professora Gláucia.

Na penumbra do espaço cênico, todas as atenções se voltam para o palco e pouco se nota o estado de conservação do Teatro Vitória. Quando as luzes se acendem, no entanto, surgem manchas no carpete, alguns estofados rasgados, o cheiro de mofo. Na parte externa, a fachada está pichada.

Uma solução rápida para este problema das chuvas, na opinião de Gláucia Bilatto, seria a colocação de toldos nas entradas do camarim, hall e platéia, reparo, limpeza ou troca das calhas, regulagem nas válvulas hidráulicas dos banheiros (para evitar o gasto constante de água), a contratação de mais funcionários como: técnico de som, faxineiras, recepcionistas etc...

Este apelo eu faço em nome deste teatro maravilhoso, patrimônio da cidade de Limeira, para que os órgãos responsáveis olhem mais por nossa cultura, pois através da arte temos a esperança de um mundo melhor, vamos cada um fazer a sua parte, e cuidar do nosso bem coletivo, o Teatro Vitória.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Assombrado ou incompetência?

Ou a Prefeitura de Limeira não consegue fazer planejamentos de curto ou médio prazos ou um dos prédios da administração municipal não está sendo vigiado por bons espíritos. Depois de uma semana sem aulas no Centro Cultural (Escola Municipal de Cultura e Artes - Emcea) esta semana as mães, alunas, professores e funcionários foram instruídos a irem para um novo endereço. Rua Capitão Bernardes, 144 - este é a nova localização das aulas de dança e teatro, na região da baixada de Limeira, próximo à rodoviária e à recém-restaurada estação ferroviária e bem na frente de uma igreja e da zona do meretrício.

Conforme instruído pela direção da escola, as mães, alunas e eu (professor) estávamos no novo local e antigo horário de aula, mas estávamos sós. Depois de vinte minutos que alguns funcionários do departamente compareceram no prédio que, além de ser a nova casa do Centro cultural, também abriga o Núcleo de Atendimento Integrado (NAI), o Conselho Tutelar de Limeira e alguns projetos do Centro de Promoção Social Municipal (Ceprosom). Dentro do barracão, antigamente conhecido como "Barracão da Laranja", duas quadras bem estruturadas e cobertas de poeira e algumas fuligens. Já nas salas de dança, onde as aulas deveriam começar: nada. Um dos cômodos do local foi adaptado para receber as atividades culturais da Secretaria da Cultura. O local que parecia ser um barracãozinho inativo recebeu espelhos, barras e divisórias e se transformou em duas salas. O local está no meio de pedras e alguns matos. Pelo menos parece ser maior que as antigas salas do prédio do museu, no Centro de Limeira.

A localização já não ajuda muito se comparado com a antiga sede da escola, bem no coração da cidade. Pelo menos a mudança é para uma causa mais que justa: a restauração de prédio. Algumas mães se perderam no caminho e aí que está o problema e causa da minha desconfiança de que o prédio está com um mau agouro ou os administradores municipais não sabem planejar muito bem.

Ano passado o prédio recebeu todas as adaptações para receber o NAI e o Conselho Tutelar. Apesar de não estar 100% pronto, os dois departamentos, com ênfase para o segundo, foram obrigados a se mudarem às pressas para o local. O Conselho Tutelar em Limeira ocupava um prédio alugado pela Prefeitura e alegando que o contrato estava no fim, os responsáveis pelo conselho receberam uma ligação da Prefeitura informando que a mudança deveria ser feita o mais rápido possível. Aí começaram a aparecer alguns problemas. Em um belo dia de chuva, algumas salas de onde deveria ser o NAI, o chão ficou todo inundado e goteiras surgiram até das lâmpadas dos cômodos do local.

Outra reclamação da época da mudança repentina foi a falta de estrutura para proteger os arquivos do Conselho. Os gaveteiros de arquivos serviam, na época, como divisória entre o espaço onde os menores atendidos pelo NAI circulariam e os profissionais do órgão. A situação não mudou. Esses gaveteiros continuam a servir de divisórias e o único bebedouro no local fica ao lado da porta de entrada do conselho. Local onde os menores atendidos pelo Ceprosom circulam para beber água e mães e responsáveis por menores infratores passam para participar de enventos, atendimento e palestra do NAI.

Cerca de um ano depois e o local recebe mais uma mudança às pressas. O Centro Cultural que passa a atender no mesmo endereço dos dois órgãos já citados também está em uma mudança repentina e a justificativa dada por integrantes da direção é que precisavam "cumprir prazos". As salas onde funcionarão a administração do local está empregnada de móveis. A sala da responsável pelo RH do departamento então, cheia de fiurinos, sacos e outros objetos que impossibilitam qualquer um de trabalhar no local e até de respirar porque o cheiro de mofo e de poeira é bem forte. Salas de aula então... não deu para ver nenhuma. Até o responsável pelos projetos desenvolvidos pelo Ceprosom no prédio não conseguiu fazer o ensaio de teatro com os menores na sala onde estavam acostumados a usar porque a chave estava com o chefe da Emcea, e não nas mãos de quem estava, até então, utilizando e habituado a usar o que, por direito é dele.

Outro ponto. A mudança foi tão repentina que, uma reunião que tinha sido prometida com os pais e responsáveis pelos alunos não foi feita. A programação era que esses pais se reunissem no teatro ou na biblioteca onde receberiam todas as informãções sobre a mudança: desde prazos até como chegar no local. Lembro de ter ouvido que seria exibido um mapa com os possíveis ônibus que param próximos ao local e ainda mais, um possível veículo do transporte público mudaria sua rota para ficar mais fácil para os alunos chegarem até a escola. Até que isso seja feio, o melhor caminho é para na praça do museu (Coronel Flamínio) e descer cerca de seis ou oito quarteirões até chegar nas novas salas.

Agora questiono: isso é incompetência de administradores, ou o prédio onde está o NAI, o Conselho e agora o Centro Cultural está num local não muito bem visto pelos espíritos limeirenses?

domingo, 1 de novembro de 2009

Diploma de jornalismo

Circula na Câmara dos Deputados, em Brasília, a Proposta de emenda à Constiuição 386/09. De autoria do petista Paulo Pimenta (RS), o documento volta a estabelecer a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão, estava na pauta de votação do último dia 28, mas por conta de outros assuntos não foi aprovado.

Depois que o Supremo Tribunal Federal acabou com essa exigência para o exercício da profissão, em junho deste ano, por entender que a obrigatoriedade de um curso superior feria a liberdade de expressão prevista na Constituição. Desde então, o Ministério do Trabalho não tem mais emitido nenhum registro de jornalista, o famoso e almejado MTB.

Quem se formou ano passado e demorou para dar entrada no pedido do documento em alguma delegacia regional do ministério pelo jeito vai ter que sentar e esperar pelo desenrolar da história para conseguir ser registrado como profissional formado e habilitado a assinar sua própria matéria. A informação é confirmada até pelo Sindicato dos Jornalistas que comentou que nem em São Paulo estariam autorizando a emissão do número de registro junto ao Ministério do Trabalho. É protocolar um pedido e esperar.

Pesquisando na internet sobre o assunto encontrei alguns links interessantes para quem quiser acompanhar o caso:

Jornalistas Diplomados - este é um blog que acompanha o assunto com notas sobre o andamento da PEC que retorna a obrigatoriedade;

PEC 386/09 - Proposta do deputado Paulo Pimenta (PT);

Parecer da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) sobre a PEC - último andamento do documento na Câmara até a publicação deste texto;

Em conversas com colegas da profissão, o que se diz nos bastidores é que a proposta deve ser aprovada e no máximo 60 dias o presidente Lula sancione a lei. Que assim seja...

Para acompanhar o andamento da PEC, basta acessar o site da Câmara dos Deputados, procurar o link "Projetos de Lei e Outras Proposições" e preencher o formulário de pesquisa selecionando "PEC" e informar o número do documento e o ano de apresentação. Tentei copiar o link da página, mas não consegui... Acho que dá para entrar por aqui.

Cultura no interior - artistas, se mostrem


Há cerca de três meses, até hoje não sei a quantidade de dias ou semanas exatas, fiquei responsável pela editoria de Cultura e Entretenimento no jornal onde trabalho aqui em Limeira. Uma página que até aquele dia era preenchida com algumas fotos de uma das baladas da cidade, notas sobre artistas globais que se banhavam em Ipanema ou Copacabana, ou ainda que tinham sido flagrados aos beijos com desconhecidos ou outros artistas. A editoria falava mais dessas "futilidades" na minha opinião) que valorizava o que acontece aqui no interior.

Apesar de não gostar das notinhas de artistas desse nível - banhos de praia, beijos e separações -, percebi neste tempo que estou a frente da edição da página que é o que alguns leitores mais gostam de ler. Em conversa com uma das funcionárias do jornal, perguntei a ela se estava gostando dos assuntos que estavam sendo publicados nas páginas que estava coordenando e ouvi e vi uma expressão de insatisfação com a falta de notinhas sobre a vida sexual e amorosa de pessoas que se tornam referência e espelho para mulheres e até homens que abrem o jornal ou compram determinada revista só para saber se aquela "celebridade" dormiu bem ou não.

Em uma trilha oposta, percebi uma segunda dificuldade (a primeira era ter que colocar informações sobre esses artistas): o que há para se cobrir na área cultural em Limeira? Uma pergunta básica e necessária quando pensamos em valorizar o noticiáio desta editoria. Posso estar completamente errado nas observações e apontamentos, mas o que precebo é que artistas acabam se escondendo na cidade. Não saberia dizer se é por uma inércia de não valorização de seu trabalho por parte da imprensa local, do próprio público da cidade ou por conta da cultura na qual a cultura da cidade está incluída.

As informações que nos chegam todas as semanas vêm geralmente atreladas à publicidade e promoção de instituições particulares. Dificilmente um artista, quer seja da área de artes plásticas, cênica, musical ou qualquer outra, nos envia um e-mail se divulgando ou comentando sobre uma nova coleção, um novo trabalho que está lançando. É praticamente um trabalho de captação de fontes e caça de assuntos para serem revelados aos demais limeirenses.

Nesses meses que estou na editoria conheci algumas pessoas que desenvolvem trabalhos bem interessantes em Limeira e não são conhecidos pela grande maioria da população. Limeira possui basicamente duas escolas de artes públicas, uma municipal e outra estadual, e escolas da rede pública e particular que incentivam a produção artística de seus alunos. Além da questão de a divulgação dessas atividades serem a essência de meu trabalho no jornal, pensamos no porquê de ter essa divulgação. Muitas pessoas quando questionadas sobre a importância da arte para as suas vidas comentam que a dança, as artes plásticas ou a música trazem uma "paz de espírito", ou funcionam como "terapia" - principalmente para pessoas da terceira idade. Mesmo com uma vida 'corrida' e cheia de compromissos diários, muitas pessoas deveriam reservar um tempo na agenda para desenvolver alguma atividade cultural. Além dos benefícios que todos citam, a arte ajuda a questionar a vida. Divulgar a arte, portanto, mostra questionamentos de terceiros sobre a visão que cada um tem sobre o mundo e sobre a coletividade e modernidade na qual estamos inseridos.

Sem essa visibilidade dos artistas da cidade, a sobrevivência no meio fica cada vez mais difícil. Em peças (poucas) de teatro e apresentações de dança que participei no teatro da cidade pude perceber que o público que comparece é geralmente a família de quem está no palco. Dificilmente vemos pessoas fiéis ao teatro, seja qual apresentação estiver em cartaz. Exemplo disso foi uma peça de uma professora de dança da Unicamp, na qual levei algumas alunas para assisterem o estilo desenvolvido pela docente e dançarina. Além de mim e das minhas sete alunas da noite de sexta-feira, daria para contar em no máximo seis mãos quantas pessoas estavam na plateia assistindo o espetéculo que misturava dança contemporânea, música clássica tocada por um cravo (nunca tinha visto um cravo na vida) e um DJ - uma proposta superinteressante e uma montagem bem legal. Sem querer ser exagerado, muito menos bairrista, senti vergonha pela cidade no momento final em que os artistas se despediram do público. Mesmo se todos os presentes se esforçassem para aplaudir e fazer barulho de aprovação, as palmas fariam eco nas paredes cinzas do Teatro Vitória - isso porque a peça era gratuita.

O mesmo acontece com grupos da cidade. Pai, mãe, tio, tia e amigos - esse é geralmente o público da cidade que prestigia o que os artistas locais têm para apresentar. Não saberia dizer se é por preconceito por produções de casa ou por uma falta de interesse enorme, mas o fato é que é consenso entre boa parte dos artistas da cidade, principalmente aqueles que querem seguir carreira nas áreas que escolheram, que Limeira não fornece futuro artístico. É uma pena...

Por isso artistas... se divulguem. A arte pode beneficiar indiretamente mais pessoas por meio da divulgação e da informação que ela gera. É um desafio...