Duas realidades distintas em diferentes notícias.
Em Rio Claro uma menina de oito anos chamada Gabriela Nunes de Araújo foi enterrada ontem, dia 22. A garota foi mais uma vítima do crime ao ser baleada na cabeça durante um assalto dentro da casa onde morava, em um condomínio de luxo naquela cidade, na noite de terça-feira.
A garota devia estar nos primeiros anos do Ensino Fundamental, aprendendo a ainda ler. No mínimo ela não lia jornais, mas devia muito bem saber que vivemos em um mundo inseguro. Nem um condomínio de luxo é mais garantia de proteção. Esses lugares geralmente são quase como uma barreira contra o resto do mundo com câmeras e vigilância 24h. Ela não devia se informar pelas palavras dos jornais, mas assistia as notícias da TV a todo instante.
Uma vida inteira perdida num ato criminoso.
Na outra ponta, a Polícia Civil de Espírito Santo faz observações sobre a situação de 281 presos amontoados em uma cela com capacidade para 36 detentos. Uma notícia da Agência Brasil relata a situação deles: "Redes são amarradas umas sobre as outras, mas ainda assim dezenas de presos têm de ficar agachados ou em pé. Vários estão doentes e dividem apenas dois banheiros. A maioria é preso provisório."
É nesse exato momento que esses presos recorrem à sua sabedoria e lembram dos direitos humanos. As péssimas condições dos presídios brasileiros já foram tema de discursos políticos e inúmeras reportagens Brasil afora.
Concordo, sem dúvida alguma, que o mínimo de condição deve ser dado aos presos para que se reintegrem à sociedade. Esse é o discurso de quem defende que a ressocialização é possível e faz parte do processo carcerário.
O engraçado em tudo isso é um indivíduo clamar pelos seus direitos sendo que ele privou alguém de exercer os dela. Alguém que rouba o salário de aposentados ou qualquer outra pessoa, tira o direito da vítima de usufruir aquele dinheiro. Ou, o que é pior, tira dela o dever que ela tinha de pagar suas contas.
Li certa vez que até quem mente rouba o direto do receptor da mensagem de saber a verdade. Não me recordo ao certo a fonte, acredito que seja Randy Pausch no livro "A última lição".
E quem matou? Roubou toda uma vida e depois ainda vai encher a boca para reivindicar seus direitos humanos, de preso, de gente.
Culpam a sociedade. Todos têm acesso à informação. Todos têm o dever de matricular os filhos na escola. O certo e o errado é apresentado a todos. Defender o crime e culpar a sociedade por isso deveria ser outro crime.
Culpar o governo pelas condições escassas de acesso aos serviços básicos e pela distribuição injusta de renda também é fácil. Quem não olha para o próprio umbigo joga a culpa nos outros. Que não sejam isentos da culpa, mas também não sejam usados como justificativa para todos os males.
Por que uma pessoa passa apertado se endivida, suja o nome ao atrasar mil conta, pede alimentos para o serviço público e depende de doações da família e outra escolhe empunhar uma arma e fazer a justiça com as próprias mãos?
Antes de responsabilidades da sociedade e do governo está a consciência de cada indivíduo, da noção dos limites e da falta de fé.
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