sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Mais um semestre... mais um balanço.

Mais um semestre se vai e com ele volta aquela sensação de que eu não escrevi tanto quanto gostaria aqui no blog! E olha que assunto não faltou... Porém, de certa forma, acabei deixando de lado o blog de propósito para perseguir o objetivo de conseguir estudar com qualidade para todas as matérias. A meta de ficar com média 8 em todas as matérias chegou perto até agora, mas ainda faltam notas. O resultado positivo é que esse semestre foi realmente interessante...

Uma das matérias mais interessantes na qual me matriculei neste semestre foi Formação Econômica do Brasil I (CE491), com o professor Fábio Campos. Se minha memória não foi prejudicada com as noites em claro, devo ter publicado um texto aqui no blog sobre alguns dos temas dessa disciplina. O mais interessante, e até certo ponto, revoltante, é a do patrimonialismo brasileiro, essa herança de nossos colonizadores que parece não se desligar das classes que se mantém no poder até hoje. Junto a isso, toda essa estrutura de Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, que tanto é citado por Mino Carta em seus artigos no Carta Capital. Não é sem motivo que Carta vive se referindo à casa grande ou aos coitados da senzala, afinal, muito daquela ideologia arcaica ainda não foi superada por aqui.

Outras disciplinas interessantes foram, em conjunto, Macroeconomia 2 (CE472) e Métodos de Análise Econômica 3 (CE342). A primeira, com o professor Rogério Andrade, teve o objetivo de apresentar o tão conhecido modelo IS-LM e AS-AD na visão da Nova Síntese Neoclássica. Apesar de o curso não se descolar muito do manual Macroeconomia de Olivier Blanchar, tomar contato pela primeira vez com a construção desses modelos é muito interessante por permitir visualizar as importâncias de políticas fiscais (alterações nos gastos do governo ou nos tributos) e de políticas monetárias (quantidade de moeda que o Banco Central coloca em circulação na nossa economia) e como as duas se conversam e promovem o equilíbrio entre mercados é muito bonito. Porém, a realidade deste modelo ficou para outro momento (uma falha do curso, infelizmente). É perceptível que o modelo e a realidade não andam de mãos juntas por cima do arco-íris, mas vale usar os conceitos para pensar um pouco o que é feito pelo governo e o que é divulgado pela imprensa.

Pegando o gancho da imprensa (que vai render o próximo post/artigo) a segunda matéria que citei (Métodos 3) fez um esforço de construção dos "arcabouços teóricos", ou seja, as 'escolas' de pensamento dentro da economia que propiciaram a construção do modelo de metas de inflação brasileiro. A disciplina, ministrada pela professora Ana Rosa Sarti, mostrou a evolução dessas escolas da macroeconomia desde Keynes e os keynesianos, Friedman e o monetarismo, até os novos clássicos, síntese neoclássica e etc. O interessante de toda essa construção da disciplina foi verificar a importância que se dá à inflação no país e o quanto o Banco Central brasileiro persegue ou se distancia da teoria em favor da prática.

Além destas disciplinas, uma outra disciplina infelizmente deixou a desejar esse semestre: Microeconomia 2 (CE362). Na verdade, as duas matérias de microeconomia que foram ministradas este ano para nossa turma revela uma fraqueza da Unicamp: falta de professores. Sem tirar os méritos do aluno de doutorado que ficou responsável pelas duas disciplinas durante estes semestres, a questão que fica evidente é que a universidade precisa voltar a pensar na quantidade de professores que estão na ativa. A área de microeconomia do Instituto de Economia da Unicamp carece de professores, por conta disso, a atribuição de aulas se parece mais com um grande quebra-cabeças com muitas peças faltando e sempre se opta por peças coringas que são alunos de doutorado do instituto. Esta é uma ótima oportunidade de aprendizado para o aluno de doutorado, mas parece não haver a percepção de que, enquanto o doutorando aprende, o graduando desaprente, por assim dizer. Não houve este semestre um acompanhamento pelo professor responsável pela área do conteúdo que era passado aos alunos de microeconomia 1 e 2 (no período noturno). Durante os dois semestres o "professor" simplesmente copiava o conteúdo de alguns slides impressos que ele tinha em mãos, explicava pouco a teoria e um pouco mais a resolução dos exercícios - afinal, suas provas se resumiam à exercícios com números cabulosos e até com elaborações erradas de questões! Enfim... um pouco vergonhoso para uma universidade do tamanho e do gabarito da Unicamp (e parece que o problema não é só da economia).

Mais uma vez aproveitando o gancho, outra matéria que é o oposto daquilo que acabei de comentar foi Estatística para Experimentalistas (ME414), oferecida pelo Instituto de Matemática e Estatística. Até agora eu sinceramente não entendi se eu tive aula com um professor concursado e um aluno de doutorado ou se foram dois alunos de doutorado... o fato é que a preocupação destes dois professores (desta vez sem aspas) foi incrível. Esta é a segunda (ou terceira vez) que tentei aprender estatística, mas agora consegui entender todo o conteúdo com muita clareza - e o melhor: vi muita utilidade no que foi passado. Apesar da falta de interesse de grande parte dos alunos que estavam na sala apenas para registrar presença, os dois professores formaram uma excelente dupla e sempre se mostravam preocupados se todos estavam entendendo claramente a matéria. Foi um curso ótimo de exatas (por mais que eu odeie exatas!!).

E por fim, mas não menos importante, a matéria de Economia Política 2 (CE405) foi um intensivo dO Capital de Marx. Passamos pelos capítulos essenciais dos três livros da obra com o professor Sérgio Prado. Prado bem queria se aposentar e dar esta disciplina como a última de sua carreira, mas a falta de professores (de novo ela) o fez ficar por mais um semestre no instituto e ministrar História do Pensamento Econômico para outra turma, que não a minha. Apesar de seu jeito rabujento de ser, as aulas foram ótimas. O mais incrível foi sua preocupação com a qualidade de nossas leituras e de nosso aprendizado. O professor usava slides para condensar o conteúdo dos capítulos propostos e indicava as partes mais importantes para ler e se atentar. Provas condizentes com o conteúdo, correção justa e até um pouco de bom humor em algumas aulas garantiram uma visualização da principal obra de Marx muito satisfatória e, sinceramente, um pouco de tristeza por ser apenas neste curso que Marx foi visto com tanto aprofundamento. (Sei que existe uma disciplina eletiva do professor Plínio sobre Marx, mas esta não está no catálogo para o primeiro semestre de 2013, infelizmente).

Enfim... acho que deu para perceber que foi um semestre intenso. Fazer quatro créditos a mais que o normal não foi fácil, mas foi muito enriquecedor. Fica aquele desejo/sonho de não precisar trabalhar e me dedicar exclusivamente aos meus estudos, mas as férias estão ai, a pilha de livros me aguarda e nos próximos semestres talvez eu consiga realizar esse tão esperado sonho com a bolsa Fapesp e meu curso de mestrado =D

Vou tentar publicar no 4shared os arquivos de resumos e listas de exercícios das disciplinas aqui relatadas... quando eu fizer, coloco o link em um post.

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