sábado, 7 de fevereiro de 2009

Um debate e a cobrança ferrenha

Na manhã deste sábado (7), veradores de Limeira se reuniram na Câmara para debater uma lei que obriga os postos de gasolina a reutilizar a água utilizada na lavagem de carros. A lei foi proposta por um petista em 2006. A preocupação com o meio ambiente e a água resultou na lei 4.053. Um ano depois, o vereador Carlinhos Silva (PDT) apresentou um Projeto de Lei (248/07) que revoga a lei.

A discussão entre os seis vereadores que estavam presentes no plenário se pautou sobre a importância da lei, mas a necessidade de adequá-la à realidade Limeirense. Não foram claros quanto à essa necessidade, mas o andar da carruagem na conversa dava indícios de que o equipamento utilizado para esse reuso da água é caro demais e também não há garantias de que a água que seria usada mais de uma vez não iria prejudicar de aluna forma os carros. Estudo foi apresentado comprovando que esse reuso pode deixar o carro com manchas brancas, mas que são removidas com o uso de água nova no último enxague - o que não deixaria de economizar a água no posto.

A história é essa, mas no meio de toda a discussão um comentário específico se sobressaiu. Um professor do Isca Faculdades, de ciências políticas, tomou a palavra para falar da importância da lei e dos critérios que devem ser levados em conta ao obrigar e fiscalizar ferrenhamente a legislação. Acima dessa fala do professor, que não soou com nenhuma novidade para os presentes na casa, ficou a crítica que ele fez às instituições de Ensino Superior da cidade.

"Limeira tem seis faculdades - Isca, Unip, Faal, Fac, Einstein e Unicamp (ele não considerou o Ceset, também da Unicamp, mas com cursos tecnológicos) - e não há nenhum representante delas aqui para discutir o assunto. Destas seis, quatro têm cursos de engenharia"

Conheci e comecei a acompanhar as seções da Câmara dos Vereadores esta semana. Por conta da faculdade e de outros compromissos nunca consegui participar de nenhuma reunião na casa. A única vez que fui, logo no primeiro ano de faculdade, foi para ver uma palestra sobre jornalismo. Acompanhei na segunda-feira (2), a repórter de política do Jornal, Nani Camargo. Tentei estabelecer contatos com assessores e até vereadores para encontrar pautas e começar a entender um pouco da política do município - o que não é meu forte, nem por vontade e nem por conhecimento, mas considero importante.

A mesma importância foi mencionada por uma colega de profissão que encontrei no local. "Apesar de as vezes ser chato é interessante, tudo passa pela Câmara", disse a repórter. De certa forma, o futuro e a vida em Limeira passa pelo Legislativo e o número de interessados nesse assunto é relativamente baixo. Essa segunda que acompanhei a seção, várias cadeiras da platéia estavam vazias.

Mais vazio ainda estava o debate de hoje e o professor do Isca tem toda a razão. A discussão sobre meio ambiente, e não só desse assunto, qualquer outro que passe pelo plenário da Câmara deveria ser acompanhado pelas faculdades da cidade. Referindo-se aos professores e alunos universitários como massa crítica, o professor "chamou na chincha" os desinteressados.

Aproveito o gancho do professor para colocar no blog uma crítica que comento com amigos e também já ouvi de outras pessoas do meio. As assessorias de imprensa dessas faculdades poderiam aproveitar os profissionais que têm para fazer discussões sobre o coletivo, ajudar na formação da opinião pública e orientar cada vez mais a população.

Me formei no Isca ano passado. Esse ano seis cursos não abriram turmas. Entre eles estão jornalismo, publicidade e propaganda, turismo, entre outros. Apesar de dizerem "isso acontece", a situação, a meu ver, pode ser considerada preocupante. Para os administradores da faculdade que muitas vezes não ligam para os alunos ainda mais, é menos receita.

Ai vem o papel de uma assessoria bem estruturada. A imprensa é um excelente palco para discussões. Além desta da Câmara que será repercutida na edição de amanhã nos jornais da cidade, todas as semanas são publicadas matérias sobre economia, comportamento, educação, meio ambiente e tantos outros assuntos dentro de suas editorias específicas. Limeira tem cursos superiores nessas áreas, mas os profissionais parecem fugir da imprensa, ou têm medo de se expor.

Unip tem psicologia. Isca tem economia. Faal tem administração até no nome. E os professores? Até hoje conheci um assessor só, da Fac, que veio até o jornal para apresentar um curso de pós-graduação, e deixou seu contato dizendo que poderia ligar que ele agendaria entrevistas com professores e coordenadores quando fosse necessário. O único. Além dele, só conheço a assessoria do Isca, que tenho contato mais próximo até por ter estudado lá.

Com assessorias passivas como estas ainda dizem que não abrir turmas acontece? Não acredito nisso. Uma instituição de ensino que têm no seu quadro de professores doutores e mestres em assuntos que estão na pauta da imprensa deveria é aproveitar e divulgar cada vez mais seu nome. Para tudo há limites, claro, mas esses professores que comentam diariamente sobre atualidade em suas aulas. Eles poderiam aproveitar que são "competentes" e enviar artigos opinativos e, indiretamente, garantir o salário para próximas turmas, além de colaborar com o desenvolvimento da cidade. Mas... parecem não estar nem ai.

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