segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Na 1ª aula, um, dois e pá
Novas turmas de dança de salão entram no ritmo do bolero
8 fev. 2009
Damas na frente dos cavalheiros. São dois passos para o lado seguindo a contagem: um, dois, pá. O pá é o que marca o ritmo na dança e para isso é preciso uma leve quebrada no quadril acompanhada de suspensão de uma das pernas no ar. Os casais se entreolham. Elas soltam risadas de deboche para os companheiros, que terão que fazer o tal "pá". Os primeiros passos de dança podem até ser esquecidos conforme o grau de dificuldade avança e o tempo passa, mas é na primeira aula que toda a interação entre os casais começa. Foi na noite da última quinta-feira.
Dos passos para os lados, a ordem é para andar para a frente e para trás seguindo a mesma contagem, quebra do quadril e suspensão da perna. Os 22 casais aprendem os primeiros ensinamentos da dança de salão sem música alguma. O som do ambiente é a voz do professor Alexandre Seregati e o barulho das solas e saltos arrastando pelo chão. Seregati tem 35 anos e há 14 trabalha com aulas de dança nos clubes da cidade. Só no Nosso Clube, onde a nova turma descobre o dançar a dois, foram 30 formaturas.
Das contagens em voz alta para a música do rádio. Ainda separados, os casais entram no ritmo do bolero Quizas Quizas. A música que relembra os velhos bailes de rostos colados, ternos e vestidos luxuosos embalam os passos para os lados, para frente e para trás. O som logo acaba e uma primeira euforia. Apesar de a turma ser composta por adultos, alguns idosos e até uma criança, os aplausos e risadas com os primeiros passos embalados pelo que remete à dança de salão clássica mostram alegria e entusiasmo.
Todos os semestres, Seregatti inicia novas turmas no Nosso Clube e no Gran São João. Este ano já se inscreveram cerca de 20 casais no primeiro e 60 no segundo - o que acabou com as vagas. Segundo ele, as pessoas procuram as aulas para desestressar, por indicação médica e para fazerem algum exercício físico.
ENTUSIASMO E METAS
A funcionária pública Sandra Regina Ferreira dos Santos, de 40 anos, é uma delas e faz parte de um casal diferente. Ela e seu filho de 11 anos, o estudante Pedro Augusto Santos, estão juntos para lá e para cá, agora ao som da música "How could an angel break may heart" - um bolero mais moderno, lento e romântico.
O menino ainda não cresceu mais que a mãe, mas já está na altura certa para os primeiros passos. De calça jeans, camisa social colocada por dentro da calça, cabelo bem penteado e sapato social, Pedro diz que gosta muito de dançar. No final da aula ainda insistiu para a mãe treinar os passos aprendidos em casa. Pedido recusado. Também procurou o professor para pedir o CD com as músicas da aula para poder "treinar o quanto antes".
Já a mãe está na aula cumprindo uma meta de vida. "Quando fiz 40 anos decidi que queria aprender a nadar e a dançar. Já estou nadando, agora vou aprender o segundo", diz. Já que o marido não a acompanhou e o filho se mostrou entusiasmado com a idéia, começaram a frequentar as aulas.
No final da segunda música, os casais se aplaudem mais uma vez. Eles fazem parte da turma iniciante. Farão aulas durante um semestre, uma vez por semana e aprenderão 13 ritmos. Bolero, valsa, balada, mambo arrastapé, vanerão e xote-forró são alguns deles.
Enquanto a turma se diverte com o nível básico, outros casais chegam para a próxima aula, forró. O bancário Valdir Pires, 41, e a assistente social Elisangela Ulrich de Souza, 32, já passaram pela aula de iniciantes. Além de dizerem que a dança serve como terapia pessoal, a união dos dois também é beneficiada. "É uma terapia em todos os sentidos, esqueço dos problemas quando estou dançando e também é um momento só nosso, sem os filhos", comenta Elisângela.
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