terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Oração ao editor-chefe


Editor nosso que trabalhais a noite
Santificada seja vossa paciência
Chegue a vós o nosso texto
E seja feita a vossa edição
Assim na arte como na redação
Para o jornal nosso do próximo dia que fazeis hoje
Perdoai nossos pequenos erros
Assim como nós perdoamos quando estupra nossas matérias
E não os deixeis enfiar um anunciozão
Nos livrando da frustração
Amém


Autor: Eu _o/ (Por isso que está ruim? Vai pra ....)

Diário de um foca - I: a frustração


Quando criei este blog, o primeiro intuito foi colocar o meu dia-a-dia de descobrimentos na imprensa e no jornalismo em si. A ideia era ajudar colegas da profissão a enfrentar os primeiros passos compartilhando minhas experiências pelos lugares onde fosse passando.

Hoje, 18 de fevereiro, resolvi tentar retomar um pouco desse objetivo inicial. Claro que com o tempo e com os interesses e estados de espírito, outros assuntos vão vindo à tona - músicas e até comerciais, vídeos que acho interessante e etc. Afinal o espaço é meu e de mais ninguém.

Uma coisa que acaba ficando no ar e geralmente os professores não respondem é até quando nós, jovens jornalistas, somos considerados focas em uma redação. Apesar de ver durante os quatro anos da graduação esse termo ser comentado e até, em alguns casos, usado como forma de aterrorizar pretendentes às redações dos jornais diários, a diferenciação entre os veteranos (ou dinossauros, no bom sentido) e os novatos (focas) é bem sutil.

O que me fez escrever, hoje, sobre como é ser um foca de uma redação foi um sentimento um tanto ruim, mas que logo passa: a frustração de ter a matéria cortada. Estou há dez meses no Jornal de Limeira e passo agora pelo segundo chefe de redação da empresa. Essa não foi a primeira vez que aconteceu isso, mas como estava há tempos sem escrever aqui no blog resolvi contar a situação.

Apurar, presenciar e acima de tudo isso escrever as notícias para o jornal tem se tornado as atividades mais prazerosas que faço ultimamente. Juntar as informações de diferentes fontes, organizá-las em uma ordem lógica para apresentar aos leitores do veículo é muito gostoso e fascinante. É uma responsabilidade grande saber levar essa informação até milhares de pessoas que não presenciaram o fato ou nem estão por dentro do assunto e se interessam a partir da notícia que você redigiu.

O problema é quando essa sensação boa de sentir os dedos no teclado e o texto da notícia sendo criada no computador fica empolgante demais. Um dos problemas que mais lido na minha rotina é justamente essa empolgação, o que acaba me fazendo escrever demais.

Maldito espaço que corta nosso barato
Quando o texto vem saindo todo ordenado, bonitinho, com algumas pausas para consultas no cardeno para averiguar a palavra que determinada fonte usou em sua declaração, não dá vontade de parar mais.

No Jornal onde trabalho costumamos contar as notícias através dos caracteres. Um programa que funciona na plataforma DOS chamado Ortos permite fazer essa contagem. Esse recurso também está disponível no Word, do Pacote Office, mas nesse programa, que tem cara de antiquado, é só apertar a tecla F4 que a informação está ali, na sua frente.

Em média, uma notícia usada como abre* de uma página tem cerca de dois mil caracteres - um pouco mais, um pouco menos. Claro que todo repórter tem que ter aquele poder de síntese. Escolher quais são as informações mais importantes e hierarquizá-las de forma que o leitor se intere do assunto da forma mais rápida e obetiva possível. Mas e a vontade de contar tudo o que aconteceu? Esse embalo do texto e da digitação me faz escrever matérias de quatro mil caracteres. Se não me engano meu récorde até hoje foi de oito mil - uma matéria sobre um pedinte do Centro de Limeira.

Quando o assunto dá pano pra manga, ótimo. Se a notícia for fria então, melhor ainda. Uma reportagem? Nem se fala. Dá vontade de não parar mais de escrever, principalmente quando o texto começa a enveredar na literatura utilizando alguns recursos do jornalismo literário. Ou quando a área ou editoria da matéria nos interessa.

Mas ai vem o maldito vilão desse jornalismo diário: o espaço. Chega a desanimar quando pensamos que uma página do jornal não é só sua. Por mais anúncios que ela possa ter, as vezes até mais que um terço de todo o espaço diagramado, nem sempre só uma notícia preenche o vazio deixado pelos anunciantes. Isso é triste...

Dá vontade de fechar uma única página com três matérias sobre o mesmo assunto. Esses dias, quando a multinacional ArvinMeritor, de Limeira, atendeu a imprensa para falar sobre as demissões que havia feito, acabei fazendo três matérias sobre o assunto. Uma de abre com quatro mil caracteres relatando o encontro e a posição da empresa; e duas "menores", com dois mil cada, falando sobre o nível de emprego que caiu na cidade e a entrevista de um professor de Ciências Políticas sobre o caso.

Dei uma espiada na diagramação e vi uma página quase limpa. O anúncio que tinha ali era até pequeno e pelas minhas contas as três matérias iriam encaixar certinho, todas na mesma página. Mas... não existe somente as minhas matérias. O jornal ainda conta com mais repórteres e aquele dia, não era só a empresa que era notícia. O que acontece? O texto de quatro mil se transforma em dois e meio, e as outras matérias acabam indo para a gaveta. Isso é natural, mas chato de lidar.

O jornal não tem tantas páginas quanto gostaríamos que tivesse e, geralmente, nem tantos anúncios quanto a parte comercial também desejaria.

Essa é a frustração que percebi que nós focas temor que aprender a lidar. Não todos. Conheço algumas pessoas que para escrever 1.500 caracteres choram mais que no enterro do cachorro. Dependendo do assunto, quando é aquelas pautas que você prefiria passar longe (tema para uma próxima edição desse diário), é realmente complicado escrever algo considerável - mas até para isso há caminhos interessantes (tema de um próximo post também).

É amigo foca, se você vai trabalhar num jornal diário, já se prepare para enfrentar a serra elétrica do editor. A nossa vontade de escrever "livros" sobre cada matéria que nos cai nas mãos é rapidamente cortada, ou serrada, ou estripada, para tranformar as notícias em pequenas notas do canto da página.


\o/ Ainda bem que aqui, ninguém vai cortar meu texto!!!! \o/ (risos)

______

* a matéria de abre, como o nome diz, é a que abre uma página. No Jornal de Limeira essas matérias têm mais elementos gráficos, entre eles a linhafina e na maior parte dos casos acompanha foto.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Sobre o trote

É realmente um absurdo essa história do trote com o estudante de Iracemápolis. É o assunto do momento e até na mesa de casa ontem a noite nós falamos sobre isso.

O trote é, em alguns lugares, um momento de festa. Universidades públicas bem concorridas é realmente uma vitória se inscrever no curso que foi tão sonhado. Os vestibulares de hoje em dia requerem conhecimentos diversos dos estudantes que passam um ou até mais anos estudando para conseguir entrar no curso que desejam. Depois de tantas horas em frente ao livro, as tintas no rosto e o nome do curso escrito na testa e outras partes do corpo é o símbolo do objetivo alcançado.

Particularmente sou contra isso por que para os homens, os veteranos já vêm com a máquina de cortar cabelos nas mãos. E depois de relatar essa história do trote em Leme, começo a odiar cada vez mais essa "brincadeira".

O pior é que algumas instituições apoiam ao fazerem vista grossa sobre o que acontece dentro de seus campus.

E uma universidade particular fazer esse tipo de vandalismo com os novos alunos é o fim da picada. Se ela tivesse um vestibular superconcorrido e disputado por pessoas do estado ou do país inteiro, tudo bem. No mínimo os agressores têm as mensalidades pagas pelos pais e não têm a noção do valor real do investimento feito com os anos de estudo.

Uma frase que o estudante de Iracemápolis disse é a mais pura verdade: "se eles fazem isso com seres humanos, imagine o que não vão fazer com animais". Que tipo de veterinários serão?

Dia desses estava no carro da redação e parei num cruzamento daqui de Limeira. Eis que um estudante que foi aprovado na federal de Mato Grosso, em medicina, veio até a janela pedir algum troco. Não saio com dinheiro, principalmente quando estou a trabalho e falei isso pra ele. O idiota se revoltou e disse, redisse, reforçou e ressaltou o quanto pôde que tinha passado em uma universidade federal. Ainda tive que ouvir: "Um dia você será bem sucedido na vida quando passar em uma federal."

Mais uma vez, se esse besta já está se achando o máximo por ter passado na universidade (em outro estado, por que no mínimo aqui na região ou na capital ele não conseguiu) imagine quando se formar. Como irá tratar os pacientes num hospital que tenha que fazer residência?

É revoltante como algumas pessoas têm uma cabeça tão pequena.

"Limite é ignorado com trote violento"

Psicólogo avalia que trauma pode ser grande com muito estresse
12 fev. 2009


Toda brincadeira tem seus limites. O trote que o jovem de Iracemápolis recebeu nesta semana passou as barreiras de uma boa recepção e foi parar no 1º Distrito Policial de Leme. Humilhação e estresse intenso - como vivenciados pelo estudante - podem gerar sérios traumas psicológicos, segundo análise de psicólogo ouvido ontem pelo Jornal de Limeira.

Na tarde de ontem, o revendedor de medicamentos veterinários Bruno César Ferreira, de 21 anos, que foi vítima do trote violento em Leme, na segunda-feira, foi ouvido na delegacia do município. O delegado Fernando Teixeira Bravo ouviu o rapaz e dois acusados de participação no ato. Após abrir inquérito para apurar o caso, um participante já teria sido indiciado até a tarde de ontem.

O psicólogo Herivelto Zuccaratto, 47, explica que todo ser humano tem dentro de si instintos agressivos por motivos de autodefesa e proteção. "O que disciplina esses instintos são a razão e a educação que a pessoa recebe durante seu desenvolvimento", diz o profissional. De acordo com ele, algumas pessoas ignoram esses limites e, quando estão em grupo, acabam dividindo a responsabilidade dos atos com os companheiros. "Eles colocam para fora essa agressividade que existe por conta de problemas durante a sua formação. Em grupo, um desperta o instinto no outro", comenta.

Aqueles que estão na posição superior podem se tornar violentos. Já quem está sendo humilhado pode ficar com problemas psicológicos. Zuccaratto diz que algumas pessoas conseguem administrar suas dificuldades pessoais. Algumas podem ter tendências para desenvolver a Síndrome do Pânico, por exemplo, e situações de extremo estresse, como o que passou o jovem de Iracemápolis, desencadeiam traumas psicológicos. "Uma pessoa pode enlouquecer se tiver tendência para isso", exemplifica.

O psicólogo diz que os trotes nas faculdades têm relações com ritos de passagens, assim como as de tribos indígenas, onde garotos passam de adolescentes para adultos. "Passar por isso é um ato de bravura, coragem e aceitação", comenta. É quase como uma regra. É preciso passar pelo trote para ser aceito no local.

Além de apontar como consequências os traumas que as pessoas ficam após passar por situações como essa, muitos acabam reproduzindo o que passaram. O psicólogo diz que, assim como as crianças que retribuem uma agressão que sofreram, os bixos acabam por fazer o trote também com os próximos estudantes. "Alguns podem até fazer coisas piores", diz Zuccaratto, que ainda conclui: "toda brincadeira deve ser mantida no campo da brincadeira. Essa já passou disso faz tempo".

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Na 1ª aula, um, dois e pá


Novas turmas de dança de salão entram no ritmo do bolero
8 fev. 2009

Damas na frente dos cavalheiros. São dois passos para o lado seguindo a contagem: um, dois, pá. O pá é o que marca o ritmo na dança e para isso é preciso uma leve quebrada no quadril acompanhada de suspensão de uma das pernas no ar. Os casais se entreolham. Elas soltam risadas de deboche para os companheiros, que terão que fazer o tal "pá". Os primeiros passos de dança podem até ser esquecidos conforme o grau de dificuldade avança e o tempo passa, mas é na primeira aula que toda a interação entre os casais começa. Foi na noite da última quinta-feira.

Dos passos para os lados, a ordem é para andar para a frente e para trás seguindo a mesma contagem, quebra do quadril e suspensão da perna. Os 22 casais aprendem os primeiros ensinamentos da dança de salão sem música alguma. O som do ambiente é a voz do professor Alexandre Seregati e o barulho das solas e saltos arrastando pelo chão. Seregati tem 35 anos e há 14 trabalha com aulas de dança nos clubes da cidade. Só no Nosso Clube, onde a nova turma descobre o dançar a dois, foram 30 formaturas.

Das contagens em voz alta para a música do rádio. Ainda separados, os casais entram no ritmo do bolero Quizas Quizas. A música que relembra os velhos bailes de rostos colados, ternos e vestidos luxuosos embalam os passos para os lados, para frente e para trás. O som logo acaba e uma primeira euforia. Apesar de a turma ser composta por adultos, alguns idosos e até uma criança, os aplausos e risadas com os primeiros passos embalados pelo que remete à dança de salão clássica mostram alegria e entusiasmo.

Todos os semestres, Seregatti inicia novas turmas no Nosso Clube e no Gran São João. Este ano já se inscreveram cerca de 20 casais no primeiro e 60 no segundo - o que acabou com as vagas. Segundo ele, as pessoas procuram as aulas para desestressar, por indicação médica e para fazerem algum exercício físico.

ENTUSIASMO E METAS
A funcionária pública Sandra Regina Ferreira dos Santos, de 40 anos, é uma delas e faz parte de um casal diferente. Ela e seu filho de 11 anos, o estudante Pedro Augusto Santos, estão juntos para lá e para cá, agora ao som da música "How could an angel break may heart" - um bolero mais moderno, lento e romântico.

O menino ainda não cresceu mais que a mãe, mas já está na altura certa para os primeiros passos. De calça jeans, camisa social colocada por dentro da calça, cabelo bem penteado e sapato social, Pedro diz que gosta muito de dançar. No final da aula ainda insistiu para a mãe treinar os passos aprendidos em casa. Pedido recusado. Também procurou o professor para pedir o CD com as músicas da aula para poder "treinar o quanto antes".

Já a mãe está na aula cumprindo uma meta de vida. "Quando fiz 40 anos decidi que queria aprender a nadar e a dançar. Já estou nadando, agora vou aprender o segundo", diz. Já que o marido não a acompanhou e o filho se mostrou entusiasmado com a idéia, começaram a frequentar as aulas.

No final da segunda música, os casais se aplaudem mais uma vez. Eles fazem parte da turma iniciante. Farão aulas durante um semestre, uma vez por semana e aprenderão 13 ritmos. Bolero, valsa, balada, mambo arrastapé, vanerão e xote-forró são alguns deles.

Enquanto a turma se diverte com o nível básico, outros casais chegam para a próxima aula, forró. O bancário Valdir Pires, 41, e a assistente social Elisangela Ulrich de Souza, 32, já passaram pela aula de iniciantes. Além de dizerem que a dança serve como terapia pessoal, a união dos dois também é beneficiada. "É uma terapia em todos os sentidos, esqueço dos problemas quando estou dançando e também é um momento só nosso, sem os filhos", comenta Elisângela.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Um debate e a cobrança ferrenha

Na manhã deste sábado (7), veradores de Limeira se reuniram na Câmara para debater uma lei que obriga os postos de gasolina a reutilizar a água utilizada na lavagem de carros. A lei foi proposta por um petista em 2006. A preocupação com o meio ambiente e a água resultou na lei 4.053. Um ano depois, o vereador Carlinhos Silva (PDT) apresentou um Projeto de Lei (248/07) que revoga a lei.

A discussão entre os seis vereadores que estavam presentes no plenário se pautou sobre a importância da lei, mas a necessidade de adequá-la à realidade Limeirense. Não foram claros quanto à essa necessidade, mas o andar da carruagem na conversa dava indícios de que o equipamento utilizado para esse reuso da água é caro demais e também não há garantias de que a água que seria usada mais de uma vez não iria prejudicar de aluna forma os carros. Estudo foi apresentado comprovando que esse reuso pode deixar o carro com manchas brancas, mas que são removidas com o uso de água nova no último enxague - o que não deixaria de economizar a água no posto.

A história é essa, mas no meio de toda a discussão um comentário específico se sobressaiu. Um professor do Isca Faculdades, de ciências políticas, tomou a palavra para falar da importância da lei e dos critérios que devem ser levados em conta ao obrigar e fiscalizar ferrenhamente a legislação. Acima dessa fala do professor, que não soou com nenhuma novidade para os presentes na casa, ficou a crítica que ele fez às instituições de Ensino Superior da cidade.

"Limeira tem seis faculdades - Isca, Unip, Faal, Fac, Einstein e Unicamp (ele não considerou o Ceset, também da Unicamp, mas com cursos tecnológicos) - e não há nenhum representante delas aqui para discutir o assunto. Destas seis, quatro têm cursos de engenharia"

Conheci e comecei a acompanhar as seções da Câmara dos Vereadores esta semana. Por conta da faculdade e de outros compromissos nunca consegui participar de nenhuma reunião na casa. A única vez que fui, logo no primeiro ano de faculdade, foi para ver uma palestra sobre jornalismo. Acompanhei na segunda-feira (2), a repórter de política do Jornal, Nani Camargo. Tentei estabelecer contatos com assessores e até vereadores para encontrar pautas e começar a entender um pouco da política do município - o que não é meu forte, nem por vontade e nem por conhecimento, mas considero importante.

A mesma importância foi mencionada por uma colega de profissão que encontrei no local. "Apesar de as vezes ser chato é interessante, tudo passa pela Câmara", disse a repórter. De certa forma, o futuro e a vida em Limeira passa pelo Legislativo e o número de interessados nesse assunto é relativamente baixo. Essa segunda que acompanhei a seção, várias cadeiras da platéia estavam vazias.

Mais vazio ainda estava o debate de hoje e o professor do Isca tem toda a razão. A discussão sobre meio ambiente, e não só desse assunto, qualquer outro que passe pelo plenário da Câmara deveria ser acompanhado pelas faculdades da cidade. Referindo-se aos professores e alunos universitários como massa crítica, o professor "chamou na chincha" os desinteressados.

Aproveito o gancho do professor para colocar no blog uma crítica que comento com amigos e também já ouvi de outras pessoas do meio. As assessorias de imprensa dessas faculdades poderiam aproveitar os profissionais que têm para fazer discussões sobre o coletivo, ajudar na formação da opinião pública e orientar cada vez mais a população.

Me formei no Isca ano passado. Esse ano seis cursos não abriram turmas. Entre eles estão jornalismo, publicidade e propaganda, turismo, entre outros. Apesar de dizerem "isso acontece", a situação, a meu ver, pode ser considerada preocupante. Para os administradores da faculdade que muitas vezes não ligam para os alunos ainda mais, é menos receita.

Ai vem o papel de uma assessoria bem estruturada. A imprensa é um excelente palco para discussões. Além desta da Câmara que será repercutida na edição de amanhã nos jornais da cidade, todas as semanas são publicadas matérias sobre economia, comportamento, educação, meio ambiente e tantos outros assuntos dentro de suas editorias específicas. Limeira tem cursos superiores nessas áreas, mas os profissionais parecem fugir da imprensa, ou têm medo de se expor.

Unip tem psicologia. Isca tem economia. Faal tem administração até no nome. E os professores? Até hoje conheci um assessor só, da Fac, que veio até o jornal para apresentar um curso de pós-graduação, e deixou seu contato dizendo que poderia ligar que ele agendaria entrevistas com professores e coordenadores quando fosse necessário. O único. Além dele, só conheço a assessoria do Isca, que tenho contato mais próximo até por ter estudado lá.

Com assessorias passivas como estas ainda dizem que não abrir turmas acontece? Não acredito nisso. Uma instituição de ensino que têm no seu quadro de professores doutores e mestres em assuntos que estão na pauta da imprensa deveria é aproveitar e divulgar cada vez mais seu nome. Para tudo há limites, claro, mas esses professores que comentam diariamente sobre atualidade em suas aulas. Eles poderiam aproveitar que são "competentes" e enviar artigos opinativos e, indiretamente, garantir o salário para próximas turmas, além de colaborar com o desenvolvimento da cidade. Mas... parecem não estar nem ai.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Uma estrela nos passos; lembrança para sempre

A partir de hoje vou andar pra cima e pra baixo junto de uma estrela. Durante o dia, quando criança, olhava para o céu e procurava imagens nas núvens. Coelhos brancos, árvores, dinossauros... Durante a noite, quando só a luz dos postes da rua interfiriam na observação, procurava o Cruzeiro do Sul, a constelação de Escorpião, de Gêmeos, e ligava os pontos luminosos na imensidão negra formando outros tantos desenhos imagináveis.

Além de toda essa criatividade, as estrelas também me trazem lembranças. A primeira é do filme rei Leão. Talvez por conta desse desenho que atribui esse significado especial aos pisca-piscas do céu. Quando o pai de Simba, Mufasa, explicou que todos seus antepassados estavam nas estrelas, e em outra cena, quando o leão, na beira de uma lagoa conversa com seu pai e o vê no céu no meio. Esse não é o único desenho que atribui esse significado às estrelas, mas foi o que mais me marcou.

Quem nunca parou, olhou para uma estrela e fez um pedido? "A primeira estrela que eu vejo, satisfaça meu desejo" Ou então se lembrou de alguém que estão longe, ou até mesmo perto, mas tem um brilho especial na sua própria vida?

Fazer uma tatuagem é, ao meu ver, um ato de coragem. É algo que não vai sair do seu corpo pelo mesmo preço que foi colocado. O processo para removê-la é bem mais complicado e caro que isso. É algo que fica para sempre e deve ser muito bem pensado antes de fazer. Sem contar todas as questões de higiene do local e blablabla...

Mas como disse, a partir de hoje ando com uma estrela de lembrança. Dão três lembranças. De uma pessoa que está longe - mas quando olhos para as estrelas a noite sinto tão perto com a brisa que sempre vem acompanhada do momento saudosista - e duas que estão perto. Duas amigas que toparam e se animaram a deixar uma marca da épica da faculdade para o resto da vida: Rita e Daíza (a segunda ainda vai fazer a dela). Apesar de elas serem as principais lembranças, essa estrela invariavelmente me faz lembrar dos demais amigos que conquistei durante quatro anos de ensino superior.

Daqui para a frente temos passos marcados pelo brilho da nossa estrela. É brega, mas é verdade.

(Só não coloco a foto da tatuagem ainda por que está no plástico e não é uma visão legal... risos)

Tudo eu, tudo eu...

Você está com dor de barriga e não consegue comprar um remédio? Eu sei quem é a culpada.

Você quer trocar aquela geladeira que está com a porta toda estourada e por mais um mês vai deixar o plano para o próximo pagamento? Eu já sei de quem é a culpa.

Você está estressado e não sai mais para cinemas ou loca algum DVD? A culpada é a mesma.

Tudo virou culpa da crise. Sem dúvida alguma, ela afetou a economia de forma generalizada, mas muitos colocam a culpa nela, sem uma boa justificativa. Os comentários que circulam são justamente esses. Muitas pessoas estão usando como desculpa os efeitos da crise para demitir funcionários e tentar lucrar um pouco mais com um pouco menos de custos.

A folha de pagamentos da empresa é, claro, uma das afetadas. Essa semana a Caterpillar, multinacional instalada em Piracicaba, conseguiu um acordo com os funcionários. Por unanimidade, os trabalhadores do setor administrativo e da linha de produção irão trabalhar quatro e cinco dias na semana, respectivamente, a partir de março. A medida, embora tenha sido acordada por três meses, a expectativa da empresa é que consiga recuperar-se e fazer com que os colaboradores voltem para as máquinas e escritórios já em abril.

Após a recusa do Sindicato dos Metalúrgicos de Limeira de fechamento de um acordo parecido para os trabalhadores da ArvinMeritor, os sindicalistas piracicabanos deram exemplo de bom senso e preocupação com os trabalhadores da cidade. SÓ QUE, há uma diferença fundamental entre os dois casos. De acordo com o assessor de imprensa do sindicato de Piracicaba a empresa mostrou documentos oficiais que comprovaram a queda da produção desde que as negociações começaram.

O Jornal de Piracicaba noticiou o fato esta quarta (4). A notícia dava conta de que a negociação durou uma semana. Mais uma vez a medida foi tomada para evitar demissões, que inclusive já tinham sido anunciadas pela multinacional antes de o acordo começar as discussões.

Já em Limeira é possível, agora, ficar em cima do muro. Que o sindicato foi radical ao negar a proposta do sindicato isso não há dúvidas. De acordo com todas as notícias que foram publicadas, a negociação acabou com a recusa do sindicato em aceitar os 20% de redução salarial e 40% da jornada de trabalho - o que corresponde a dois dias da carga horário dos trabalhadores.

A Caterpillar propôs 20% a menos na jornada. O acordo foi fechado com um pouco menos da metade. E em Limeira? Foi proposto uma carga maior que a que a empresa queria que seus funcionários trabalhassem? O sindicato só fala que não volta atrás por que NÃO ACEITA REDUÇÃO DE SALÁRIO. Eles recusaram, mas deram outras ideias ou alternativas para a empresa? Em um informe publicitário que circulou na semana passada, o sindicato falou que a empresa não deixou que realizassem assembleias em negociações anteriores, mas nada falou se tentou ou não ouvir os seus sindicalizados. Atacou, mas não esclareceu.

Já a empresa, apesar de atender a imprensa, colocar três funcionários junto do diretor de Recursos Humanos para esclarecem sua posição, não deu a devida prova de que realmente precisava realizar tal medida. Uma coisa é fato, quando se quer convencer alguém a vir para o seu lado, o máximo de argumenos que se usar, melhor. Mostrar documentos, balanços ou qualquer outro tipo de dado que comprovasse que os pedidos não são suficientes para cinco dias de produção seria um cheque-mate para a opinião pública e não teria deixado os trabalhadores com posições distintas, como o sindicato alega.

Ok, dois lados, duas justificativas. Sindicato versus Meritor, e na plateia trabalhadores, familiares e empresários esperançosos por um final feliz. De um lado uma posição política ferrenha e antiquada, do outro interesse no lucro.

Não que isso seja uma luta de boxe, até por que se fosse estaria num intervalo muito prolongado e os próximos golpes podem sair para fora do ringue. Quando se pronunciou para o público, a ArvinMeritor disse que "forçosamente" irá adotar medidas para conter os gastos. As demissões não são descartadas. Nem na Caterpillar estão, mesmo com o acordo. O que vem na próxima página.