Quando
conversamos com professores em exercício ou simplesmente em rodas de amigos não
é difícil ficar perplexo com alguns casos que são contados. São coisas tão
ridículas que não pensamos ser possível sair da boca de um “profissional” que têm
em seus diplomas uma palavrinha que se chama licenciatura.
A indignação
deste texto está em dois casos que ouvi esta semana sobre professores de
escolas técnicas de Limeira. O primeiro é de um professor que diz em alto e bom
som que quem faz graduação em Química em universidades públicas é nerd.
Apesar de
ficar provado em estudos sobre as classes brasileiras que pobres pouco chegam
nas universidades públicas, há um outro lado da estatística que mostra que
esses números estão mudando especialmente por conta dos programas de cotas.
Enfim, influenciar um aluno dizendo que só nerds conseguem fazer um curso numa
universidade pública é algo tão antiético e representa uma falta de
profissionalismo tremenda que a escola deveria ficar mais atenta e punir uma
atitude como esta.
O segundo
ponto foi ouvir que uma professora do mesmo curso leva os melhores alunos do
curso técnico para a graduação na mesma área em uma faculdade particular da
cidade. E uso as palavras de uma conhecida para mostrar a indignação deste
ponto: “Será que ela não percebe que ela está prejudicando os alunos com isso?”
É mais um
absurdo enorme ouvir um caso como este. Os professores, quer seja do Ensino
Médio, quer seja do Ensino Técnico, deveriam incentivar seus alunos a se
dedicarem aos estudos e tentar uma carreira nas universidades públicas e
principalmente mostrar a eles que não é impossível entrar numa graduação pública,
como muita gente pensa. Basta dedicação aos estudos, foco no vestibular e,
claro, uma perspectiva realista sobre o curso e sobre o que é a real vida
universitária. Infelizmente os alunos não são influenciados da maneira correta.
Um dos
principais pontos que atrapalham o foco dos alunos é a falta de preparação dos
próprios professores que estão atuando nestas redes de ensino. O ensino não
deve se pautar única e exclusivamente para o vestibular, como muitos educadores
criticam. O ensino deve ir além e incentivar os alunos a se dedicarem às áreas
de interesse. Um aluno que se interessa por português deve receber do professor
dicas e orientações sobre quais são as possibilidades de carreira de alguém que
se forma em letras ou jornalismo, por exemplo. Indo além, o professor, que
pressupõe-se ser uma pessoa com um nível de estudos elevado, deve mostrar todas
as possibilidades para esse aluno: linguística, sociolinguística,
neurolinguística, análise do discurso e etc. O que acontece, na verdade, é uma
limitação enorme da capacidade de o aluno enxergar além do livro didático de
português que ele vê em sua frente e, claro, uma incapacidade de o professor
informar aos alunos quais os caminhos possíveis de sua graduação.
Outro ponto
que também atrapalha, e muito, é a falta de informação ou as propagandas
enganosas sobre a vida universitária. Uma coisa é fato: a vida universitária é
cheia de festas. Na Unicamp, por exemplo, tem festas todas as quintas-feiras em
diversos lugares na Cidade Universitária. Porém, algo que alguns alunos só
percebem depois de algumas noitadas é que existe vida além das festas, ou
melhor, existem provas, existem compromissos e existe toda uma carreira a ser
caminhada que não depende da quantidade de álcool ingerida, mas sim da
quantidade de horas de dedicação aos estudos.
O outro
ponto dessa falta de informação é quanto as possibilidades que a universidade
fornece aos alunos para que ele permaneça dentro de seu curso e consiga estudar
sem muitas preocupações financeiras. Há bolsa-moradia, bolsa-alimentação,
oportunidades de estágio, bolsas de iniciação científica e toda uma gama de
incentivos financeiros para alunos pobres ou não que tornam ainda mais atrativa
a vida universitária. Porém, com todas essas oportunidades, quantos alunos são
informados sobre esses benefícios e quantos são informados sobre a quantidade
de festas que acontecem ao redor de sua instituição de ensino?
Nesta
discussão cabe também uma crítica à universidade e aos governos. Pouco do que é
produzido dentro da universidade é levado até as escolas estaduais. Apesar de
existirem jornais destas instituições (tanto públicas quanto privadas) o foco
das publicações é o mercado de trabalho, enquanto deveria ser os estudantes de
Ensino Médio, Fundamental e Técnico também. Deve-se mostrar aos alunos o que é
uma vida acadêmica e o que é produzido nela. As matérias destes jornais das
universidades públicas são muito interessantes, mas parece que não recebem o
destino correto. Eu, particularmente, nunca vi nas escolas da rede estadual que
estudei os jornais dessas instituições. Além disso, voltando a crítica aos professores,
também não lembro de nenhum professor comentar sobre as produções acadêmicas.
Finalmente,
voltando aos dois professores da escola técnica de Limeira, eles são exemplos
brilhantes de profissionais ridículos. Levar alunos bons para uma faculdade
particular que está indo muito mal das pernas é limitar a capacidade do aluno.
Dizer aos mesmos alunos que cursar uma universidade pública é exclusividade de
nerds é deixar alunos envergonhados ou reprimir a vontade daqueles poucos que
ainda querem uma vaga no Ensino Superior público.
Um comentário:
Ah Alex, desculpe,mas isso e fichinha. Fui me encontrar com os meus professores da universidade. E sabe a conversa na mesa do bar?
Como as menininhas queremd ar pra professor.
Agora pensa comigo, os caras deram aula pra mim ha 23 anos. Depois de todo esse tempo ensinando, nao entenderam nada ainda? Ao inves de querer motivar as alunas querem COMER???
Ora façam me o favor.
E a minha memória é boa. Há 23 anos, menina nenhuma dava bola pra eles. Será que 23 anos mais velhos eles de repente ficaram super atraentes???
Postar um comentário