quinta-feira, 17 de abril de 2014

Resposta ao comentário: o caso da laranja

Recebi um comentário no vídeo sobre Balanço de Pagamentos do Brasil no vlog "Vou ter que desenhar?".

Luiz Rodrigues disse:

" Estava indo tão bem... Escorregou na laranja. E feio. Brasil não exporta laranja e sim suco de laranja! Erro trivial? Não! Invalida toda a argumentação. FCOJ, o suco, é commodity. Tomador de preço no mercado. Já a laranja "in natura" pode ser algo especial. O Brasil importa laranjas especiais de Israel, Espanha e Uruguai. (uia! tapuia!). Por fim, os EUA são grandes exportadores de suco de laranja. Raramente importam do Brasil. Concorrem conosco nos grandes mercados. Especialmente na Europa."

Antes de mais nada obrigado pelo comentário! Ainda dando meus primeiros passos é importante receber um alerta como este para ficar mais atento nos próximos vídeos.

A questão da laranja

Acredito que realmente eu tenha "escorregado na laranja", como o Luiz disse. Contudo, não acho que isso invalide minha argumentação. O Brasil é sim grande exportador de commodities e, apesar de isso ter seu aspecto positivo para a nossa economia, a crítica coloca esse fato mais para o lado oposto. Como disse no vídeo, exportar commodities e não bens industrializados é um ponto de nossa economia que deveria ser superada. "Perdemos o bonde da indústria química e da microeletrônica", como acho que mencionei nos comentários finais e até hoje parece que não recuperamos.

Os dados comprovam. Segundo os dados consolidados de 2013 do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, dentre os principais itens exportados pelo Brasil estão minério, complexo de soja, carnes, açúcar e etanol, papel e celulose, café, entre outros. Há também material de transporte químicos, maquinas e equipamentos e equipamentos elétricos, mas basta comparar com as importações para ver seus pesos.


Acredito que a tabela abaixo seja autoexplicativa para a comparação que eu quero fazer, mas vale citar que importamos equipamentos mecânicos, equipamentos elétricos e eletrônicos, automóveis e partes, farmacêuticos e etc.


Agora focando exclusivamente na laranja, vou usar dados do Ministério da Agricultura:

"Setor altamente organizado e competitivo, a citricultura é uma das mais destacadas agroindústrias brasileira. Responsável por 60% da produção mundial de suco de laranja, o Brasil é também o campeão de exportações do produto. (...) São colhidas, anualmente no País, mais de 18 milhões de toneladas de laranja ou cerca de 30% da safra mundial da fruta." (Fonte: Ministério da Agricultura > Vegetal > Culturas > Citrus)
"Cerca de 50% da produção mundial de laranja e 80% da brasileira resultam em sucos industrializados. O principal comprador da bebida brasileira é a União Européia que aumenta significativamente o percentual de importação anualmente. A maior parte das importações mundiais, 85%, é absorvida por apenas três mercados: Estados Unidos, União Europeia e Canadá." (Fonte: Ministério da Agricultura)

As informações acima mostram a validade do comentário do Luis e dão mais algumas informações úteis.

Gostaria, então, de me desculpar pelo equívoco no vídeo e reforçar que meu argumento era para dizer que, como está colocado lá, não fazemos parte da cadeia global de produção e nos limitamos a exportar muito mais commodities que produtos industrializados, o que nos traria mais vantagens no comércio internacional.

Fontes:
Balança Comercial com dados agregados de 2013 - Secretaria de Comércio Exterior / Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

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