sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Quando o concreto não dá conta...



As vezes a resposta está logo ali, do lado de fora, no meio de todo o verde e do aquarelado de cores que a natureza nos trás, mas muito pouco reparamos. O dente-de-leão preso forte ao solo, com raízes pequenas mas que se seguram como se a terra fosse sua única referência de vida, resiste ao vento insistente de um prenúncio de chuva. O sol forte sobre sua frágil coroa branca, a água que vem do céu em gotas nem sempre amigáveis e os pássaros e insetos que se interessam pela sua solidão não o faz desistir de se manter intacto o tempo que o tempo lhe permitir.

Essa planta branca curiosamente tem o nome de amor-de-homem. Nesta tarde vivia sozinha entre as altas temperaturas e a brisa gelada que fazia questão de refrescar troncos, folhas e flores a sua volta, mas distantes. Ali, na ânsia de continuar a ser, se partia pouco a pouco. Sozinho sim, mas também imortal. Uma a uma as plumas brancas de sua coroa se soltam e voam para o infinito. Amor-de-homem que envia para longe uma semente que continuará um ciclo vicioso de acreditar que um gesto, uma palavra, um afago no cabelo ou uma troca de olhares mais demorada são capazes de plantar, no mínimo, uma mensagem única. Mensagem que só se concretiza ao se instalar nos espaços mais pedregosos e ali permanece para todo o sempre deixando uma marca irreparável para uma vida sem fim. Na vida de um amigo, de alguém desconhecido, de alguém especial.

Se não consegue ver a resposta entre concreto, carpete e madeira, uma ótima saída é colocar os pés na grama e se deixar guiar e abraçar pela natureza que foi digna de receber o nome de amor-de-homem, amor que só alguns conhecem, e que está aí, plantado graças a alguém que se desfaz para ser reconstruído dentro do outro.


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