Devo começar a escrever uma coluna na página dois do Jornal de Limeira nos próximos dias. Agosto está sendo um mês de mudanças, ou da concretização de mudanças pelo o que entendi das últimas conversas oficiais, e uma delas foi a estrutura da página de opinião do jornal.
Agora com mais espaço para artigos, os repórteres da redação passarão a escrever semanalmente, quinzenalmente ou mensalmente (meu caso). Uma medida bem legal essa porque muitas vezes nós, repórteres nos vemos impedidos de colocar a boca no trombone por conta da imparcialidade que deve-se ter na redação das matérias e reportagens.
Como ainda não sabia com certeza a data da coluna (só sei que é na próxima semana) me confundi e preparei um texto para essa semana. Ele deveria (na minha cabeça) ter saído quarta-feira. Para não perdê-lo, uso como uma pré-coluna aqui no blog.
VIDA REAL
Hoje é meu dia de estreiar neste espaço do Jornal de Limeira. Apesar de dever me apresentar e colocar à disposição de todos os leitores que quiserem me enviar e-mail com sugestões e ideias para o espaço, preciso mesmo que vocês conheçam a Claudete.
Claudete é uma mãe de família, na casa dos 50 anos, com dois filhos praticamente criados e que, apesar de ser uma personagem de ficção, passa por situações de uma vida bem real. Cedo espaço a ela hoje.
No último domingo, essa mulher baixinha e de passos bem largos e apressados não conseguiu provar sua velocidade de pensamento e de locomoção ao ser surpreendida pelo anúncio de um televisor de 42 polegadas por um preço que era uma pechincha.
Explico. Claudete há muito tempo sonhava com uma televisão grande para sua sala, que aliás há pouco tempo ganhou um lindo hack de madeira escura. Depois de fazer a contabilidade pessoal e a pesquisa de preços em lojas da cidade, ela finalmente se decidiu pela marca e modelo e saiu no começo da noite de sábado determinada à comprar o tal televisor. Apesar de ser exato começo de mês - dia 1ª de agosto, ou seja, dia em que os trabalhadores ainda não receberam o salário -, ela teve que enfrentar fila para entrar no supermercado onde compraria o aparelho e mais fila na hora de conseguir a nota fiscal da sua compra. Ao ver toda aquela gente atrás de equipamentos da linha branca, marrom ou qualquer outra cor que estivesse em um preço bom, se lembrou das notícias de crise pelas quais passou o olho há meses atrás. “Nem parece mais aquele pessoal assustado, com medo de perder o emprego de repente”, pensou.
O fato presenciado por ela foi até manchetado pela revista Exame, especializada em economia. Na edição do dia 29 de julho a publicação trouxe na capa: “Uau! Voltamos a crescer!”. Com uma reportagem de Fabiane Stefano, o exemplar expôs informações sobre o aquecimento do setor de lavadouras de roupas, computadores, fusões entre lojas varejistas, entre outros números e estatísticas. O fato noticiado é que o pior da crise já passou na opinião de especialistas. Para Limeira a situação parecia até ser parecida. Afinal, há poucos dias ela ouviu o marido de sua sobrinha comentar que na multinacional onde ele trabalha os demitidos estavam sendo recontratados...
Apesar de estar ali, preto no branco, a notícia era visível naquele sábado de compras de Claudete. Mais presente ainda quando o locutor do supermercado anunciou que naquele exato momento cinco unidades de um televisor tela-plana de 42 polegadas de uma outra marca acabara de entrar em promoção. Só R$ 1.980. Menos de dez minutos e só restavam três. Claudete já estava pegando a nota fiscal de um aparelho com as mesmas características, mas de outra marca, quando ouviu o anúncio. Era tarde.
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