quarta-feira, 29 de abril de 2009

Efetivos e comissionados

Comissionado não pode fazer greve. Eles também não vão receber nenhum aumento.

Há quem diga que funcionário concursado é vagabundo. Eles estão em greve por um salário maior.

Comissionado tem verba de representação que pode passar de R$ 1 mil. E mesmo assim tem uns que não prestam pra nada! São piores que aquele modelo pré-concebido de concursado vagabundo e o pior: ainda reclama quando mandam trabalhar de verdade!

Mosqueteiros limeirenses

A greve dos servidores públicos municipais em Limeira está cada dia com mais adesões. Começaram dia 16 com cerca de 550 funcionários paralizados, hoje são pouco mais de 600 que estão fazendo manifestações em frente a prefeitura e por diversas ruas da cidade.

O curioso este ano é a criatividade do movimento com o passar dos dias. Ano passado foi a primeira vez que acompanhei a greve dos servidores. O cenário era diferente por conta das eleições municipais, até como aponta alguns dirigentes sindicais, mas as paralizações duraram alguns dias.

Esse ano até velório foi feito. Imagino o que se passou na cabeça de quem não estava acompanhando a história ao ver um cortejo, a pé, passar pelas principais ruas do Centro de Limeira, em plena tarde de terça-feira. O mais engraçado naquele foi ver uma servidora , deitada no caixão, fingindo-se de morta. A cena hilária fica por conta dessa mesma servidora ficar espiando o movimento com um dos olhos.

Para o último dia útil dessa semana está programada uma peça teatral na praça Toledo Barros. Provavelmente os servidores que farão parte da encenação apelarão para o improviso - isso se não estão agora de madrugada bolando falas marcantes (ou outras frases de efeito para berrarem no microfone amanhã, como se o carro de som não fosse alto o suficiente). Seja lá como for a preparação da manifestação dessa quinta-feira, o fato é que a vida do servidor será o enredo principal. Seguido, claro, de uma distribuição de rosas.

Agora pergunta: meus salários de março tiveram um "desconto sindical", é pra bancar isso?

O sindicato dos jornalistas para o qual uma das contribuições deve ter ido é tão quieto quanto o sindicato dos lavadores de banheiro. É isso mesmo, o objeto usado na comparação não existe - pra mim, ainda, não vejo propósito no sindicato dos jornalistas e vou fazer questão de me filiar quando tiver o MTB definitivo só para acompanhar os atos. Não entendo qual a finalidade desse primeiro desconto sendo que tantas irregularidades e inconformidades acontecem na imprensa (até limeirense) e ninguém fiscaliza como deveria.

Agora no caso do sindicato dos servidores é para bancar corôa de flores, as rosas que vão distribuir amanhã e uma panelada de arroz a grega ainda!? Não sou contra alimentar os grevistas, mas se esses outros objetos que estão sendo utilizados nessa manifestação estiverem sendo pagos com o dinheiro que saiu do meu salário, por favor né!!!!

Agora a questão dos mosqueteiros. Integrante do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Urbano de Limeira (Sindttrul) está marcando presença sempre que pode na manifestação dos servidores públicos. Um por todos e todos por um! Agora será que quem ele apoia hoje, vai apoiá-lo amanhã?

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Drogas, consequência de caráter


Humilhação na descoberta que o problema é o próprio drogado
Por Alex Contin

Fuga, doença ou fraqueza? Chegar até as drogas não é um caminho difícil quando a vida já está uma droga. Lucas e Manoel são dois ex-dependentes. Os nomes são fictícios, mas a história e as experiências que os dois homens passaram são bem reais e humilhantes. As drogas têm o poder de dar prazer para seus usuários, mas cobra um preço caro pelos minutos de viagem, euforia ou agitação que proporcionam.

Os dois personagens dessa matéria estão sem usar nenhum entorpecente ilícito há 11 anos. Junto com a carteira e o celular, os dois carregam um maço de cigarros. Em uma hora, tempo que deram a entrevista para o Jornal, Lucas fumou quatro cigarros. Manoel três. É o vício que se permitem ter agora. "Não somos santos também", brinca um deles. Já o comportamento ficou tranquilo com o passar dos minutos. Se soltaram e deixaram as experiências aflorarem. Não é comum para nenhum dos dois contarem os maus momentos que passaram, ainda mais para um estranho. O único lugar que se dizem compreendidos são as reuniões do Narcóticos Anônimos, onde experiências iguais ou piores são trocadas.

O CAMINHO
Apesar de terem histórias diferentes, muitos fatores se assemelham no caminho que os levou ao mundo das drogas. Os dois preferiram manter o anonimato pelo julgamento que a sociedade faz. Ambos se dispuseram a contar as suas experiências por acreditarem em uma causa - a de divulgar aquela luz no topo do poço.

Lucas confessa que é doente. O problema nunca foi as drogas que consumia e sim ele próprio. Desejos proibidos e pensamentos insanos. Um comportamento que não é digno. Lucas não amava os pais e não era feliz consigo mesmo. Ele é aquela pessoa que adorava uma coisa errada. Sexo com prostitutas, atração por quem deveria respeitar e inveja dos outros.

PRAZER
Durante os dez anos que consumiu drogas muitas coisas não são motivos de orgulho. Ele se prostitiu para conseguir dinheiro e pagar seu fornecedor. Diz que só não roubou, mas do resto fez de tudo. "O momento mais humilhante pra mim foi quando percebi que o problema era eu e não as drogas", comenta. Ele começou a usar maconha com 22 anos e foi procurando outras drogas que aumentassem o prazer que tinha. Cocaína o deixava excitado e até perdia o interesse por sexo. Hoje ele tem 41 anos e não se mostra o homem mais feliz do mundo. Ele tem sua religião, está recuperado e diz que dá mais valor aos pais, apesar disso se lamenta quando a pergunta é casamento. "Nem pra isso eu presto."

Já Manoel usou drogas por 16 anos. Sua idade é parecida com a de Lucas, 42 anos. Na época em que começou, ele relata que havia o que chamam de fases de um drogado. Elas se assemelham com a de um relacionamento amoroso: a paquera, namoro, noivado e casamento. A ordem dos entorpecentes também era única: álcool, maconha, cocaína e crack. "Hoje em dia não tem nenhuma ordem ou fase, a mulecada de 15 ou 16 anos está indo direto para a cocaína e para o crack", relata.

COMPORTAMENTO
Manoel ainda critica os pais e aquela visão de que dentro de casa tudo é perfeito e o problema são as más companhias. "Não existe bicho papão. Não tem ninguém que oferece droga para uma pessoa, ela sim procura a maconha ou outra droga mais forte e os pais ainda acham que são os amigos que oferecem. Não conhecem o filho que tem", diz.
Lucas e Manoel dizem que as pessoas têm uma pré-disposição para chegarem até as drogas. Afirmam ser uma doença reconhecida pelos órgãos de saúde. "As pessoas têm o perfil de drogadas logo cedo, são invejosas , desonestas, manipuladoras e tudo o que há de ruim", comenta Manoel.

Eles ainda dizem que o preconceito muitas vezes vêm da própria família. "Ao invés de ajudarem o drogado, elas escondem ou preferem não ver", critica. Lucas diz que o problema hoje em dia são as clínicas que fornecem uma recuperação ivoluntária e aplicam calmantes e outros remédios. "As pessoas precisam procurar um lugar sério para se tratarem", diz. E nessa hora, os dois ex-dependentes ressaltam que o que motivo a largar as drogas é o cansaço do sofrimento.


Matéria publicada no Caderno de Domingo, do Jornal de Limeira - dia 19 de abril de 2009

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Autopeças sente recuperação; setor pode cair esse ano

Previsões da produção mostram que 2009 deve fechar com queda, cenário antes da prorrogação do IPI mostrava um setor sem esperanças de novos postos de trabalho e aumento de pedidos
por Alex Contin

A crise econômica mundial ainda não tem um fim, mas a luz no final do túnel já sinaliza melhoras. De acordo com o diretor da multinacional TRW Automotive de Limeira, Wilson Rocha, a atividade da indústria opera num patamar menor que o de 2008, mas o mercado já dá sinais de melhoras e estabilidade.

Apesar dos dados positivos desses primeiros meses de 2009, a previsão para o setor automotivo é de queda no crescimento este ano. A prorrogação de isenção e redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), anunciada ontem pelo governo federal, deve animar o setor.

Rocha deu as informações abaixo listadas na semana passada, e aguardava a notícia para perspectivas melhores. O governo prorrogou a redução e desoneração do IPI no dia 30 de março, última segunda-feira. No dia o diretor estava em reunião na empresa e não pôde dar uma nova entrevista para falar sobre o assunto e as perspectivas.

Segundo ele, a previsão para a produção de carros este ano é de 2,9 milhões de veículos. Em 2008, foram produzidos 3,2 milhões. Os números representam uma queda de cerca de 10% na produção automotiva do País.

Ele se fundamenta com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e nas projeções de especialistas no setor. Apesar de a queda ser prevista, Rocha acredita que o número não representa mais demissões. "Estamos preparados para atender a demanda com o número de funcionários que temos atualmente", diz.

No início deste ano, o mercado de veículos se aqueceu. A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os automóveis fez com que as vendas fossem maiores do que se estimava sem a retirada do imposto. Um estudo feito pela Anfavea em parceria com outras entidades da mesma classe, mostrou que a redução foi benéfica para o mercado. Em janeiro foram vendidos 197 mil veículos. Em fevereiro foram dois mil a mais. Já nos primeiros 15 dias deste mês foram vendidos 118 mil automóveis - um volume 5,31% a mais que o do mesmo período de 2008.

REFLEXOS

Esse aquecimento do mercado foi sentido pela multinacional em Limeira. De acordo com Rocha, a produção de veículos cresceu 4,5% em fevereiro, comparando dados com o primeiro mês do ano. A produção de veículos está diretamente ligada a empresa já que ela fabrica freios, peças para suspensão e cintos de segurança - na unidade de Limeira.

A empresa começou a se distanciar do fantasma da crise, mas ainda sente seus assombros. O número de trabalhadores está menor, mas é o suficiente para dar conta dos pedidos e da projeção feita para o setor - de 2,9 milhões de veículos produzidos.
A estimativa para se voltar ao mesmo ritmo quente em que o setor estava na metade de 2008 ainda é para longo prazo. "A previsão é de voltar só no final do ano ou ano que vem, não antes disso", afirma o diretor.

Atualmente a TRW opera com um nível de produção 18% menor em relação ao mesmo mês de 2008. A situação não é agradável, mas também não é desesperadora como está nos Estados Unidos, onde a queda foi de 47% da produção quando comparada com o ano anterior, conforme diz Rocha.

"Ainda não saímos da crise, mas já vemos uma estabilidade dos patamares do mercado", comenta.

CADEIA
Além da redução do IPI, outra medida que colaborou para a pequena recuperação do setor foi a liberação de linha de crédito para a compra de carros usados. Na economia tudo está ligado. Falando em produção de veículos novos, um incentivo para a compra de usados é bem vinda, explica Rocha. "Ninguém compra um carro 0Km sem vender o seu usado", relaciona.

Manter a venda de veículos sem i IPI pode colaborar para uma continuidade dessa recuperação. Com isso, a projeção de produção de veículos esse ano pode aumentar e com ela, mais empregos virão, ou retornarão.

A empresa ArvinMeritor foi procurada duas vezes para se posicionar sobre o assunto até o fechamento desta matéria. Na primeira vez se limitou a enviar uma nota pela Assessoria de Imprensa dizendo que "a empresa continua se ajustando a atual demanda, praticando ações de redução de despesas necessárias ao equilíbrio de seus resultados." Já quando a prorrogação da redução do IPI fora anunciada, os diretores da empresa disseram que preferiam esperar o anúncio oficial do presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) e que seria deselegante conceder uma entrevista sobre o assunto antes da fala presidencial.


A matéria foi originalmente escrita dia 24 de março e adaptada para publicação no dia 30 do mesmo mês.