Estava aqui em casa olhando o monte de música que está em uma das pastas do computador e achei uma que me impressionou demais. Vi lá: Chico Buarque - O Malandro. Pensei: "vou dar play e ver no que dá". Começou a tocar um sambinha, daqueles de caixinha de fósforo num barzinho de esquina no Rio de Janeiro, apesar dele ser paulista (detalhe). Já fiz aquela cara iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii... mas voltei a uma das páginas que meu explorer insiste em não abrir e a música foi tocando.
Alguns minutos antes estava conversando com uma amiga sobre jornalismo econômico e minhas descobertas nesse campo do jornalismo que começou a me fascinar. Ela saiu para tomar banho e eu fiquei fuçando no computador. A letra começou a me surpreender. Sinceramente? Sinto um pouco envergonhado de dizer isso, mas tenho que adimitir. Nunca fui grande adimirador da MPB, tenho até um pouco de repulsa por certos compositores e cantores (Maria Rita me irrita...), maaaaaas, preconceito meu - cada um com os seus! Além de Vinícios de Morais, são muito poucos os brasileiros que ouvi, nos dias de hoje só Mariza Monte, Ana Carolina, Adriana Calcanhoto e sei lá o que mais... (Maria Rita me irrita, Legião Urbana me deprime e Cazuza desaprovo) hauhau Prefiro compositores clássicos e eruditos ou os mais modernos (black, dance e pop) a MPB. (agora está tocando As Quatro estações - Primavera de Vivaldi, excelente para estudar e ler)
Achei esta música - que segundo uma pesquisa rápida foi composta entre 1977 e 1978 *- de uma inteligência extrema. Muuuuuuuuuuuuuuito boa! Excelente mesmo. Quem puder procure esta música! Ela já tem 30 anos, mas tem tudo a ver com a inflação dos dias de hoje, esta alta nos preços dos alimentos, a montanha russa que vive os combustíveis e todo o cenário econômico nacional!
Ai vai a letra:
O Malandro
Chico Buarque
O malandro/Na dureza
Senta à mesa/Do café
Bebe um gole/De cachaça
Acha graça/E dá no pé
O garçom/No prejuízo
Sem sorriso/Sem freguês
De passagem/Pela caixa
Dá uma baixa/No português
O galego/Acha estranho
Que o seu ganho/Tá um horror
Pega o lápis/Soma os canos
Passa os danos/Pro distribuidor
Mas o frete/Vê que ao todo
Há engodo/Nos papéis
E pra cima/Do alambique
Dá um trambique/De cem mil réis
O usineiro/Nessa luta
Grita (ponte que partiu)
Não é idiota/Trunca a nota
Lesa o Banco/Do Brasil
Nosso banco/Tá cotado
No mercado/Exterior
Então taxa/A cachaça
A um preço/Assustador
Mas os ianques/Com seus tanques
Têm bem mais o/Que fazer
E proíbem/Os soldados
Aliados/De beber
A cachaça/Tá parada
Rejeitada/No barril
O alambique/Tem chilique
Contra o Banco/Do Brasil
O usineiro/Faz barulho
Com orgulho/De produtor
Mas a sua/Raiva cega
Descarrega/No carregador
Este chega/Pro galego
Nega arreglo/Cobra mais
A cachaça/Tá de graça
Mas o frete/Como é que faz?
O galego/Tá apertado
Pro seu lado/Não tá bom
Então deixa/Congelada
A mesada/Do garçon
O garçon vê/Um malandro
Sai gritando/Pega ladrão
E o malandro/Autuado
É julgado e condenado culpado
Pela situação
EXCELENTE!!!!!!!!!
*minha internet está uma zona! Nada abre direito. Tentei pesquisar se foi mesmo Buarque quem compôs e a data correta, mas não consigo.
Tecnologia é uma maravilha/ E um horror
Quando a gente/ Mais precisa
Ela implica/ e da pau
São os ossos/ Do ofício
de um internauta/ pobretão!
hauhauahu
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