sexta-feira, 20 de junho de 2008

O Malandro

Estava aqui em casa olhando o monte de música que está em uma das pastas do computador e achei uma que me impressionou demais. Vi lá: Chico Buarque - O Malandro. Pensei: "vou dar play e ver no que dá". Começou a tocar um sambinha, daqueles de caixinha de fósforo num barzinho de esquina no Rio de Janeiro, apesar dele ser paulista (detalhe). Já fiz aquela cara iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii... mas voltei a uma das páginas que meu explorer insiste em não abrir e a música foi tocando.


Alguns minutos antes estava conversando com uma amiga sobre jornalismo econômico e minhas descobertas nesse campo do jornalismo que começou a me fascinar. Ela saiu para tomar banho e eu fiquei fuçando no computador. A letra começou a me surpreender. Sinceramente? Sinto um pouco envergonhado de dizer isso, mas tenho que adimitir. Nunca fui grande adimirador da MPB, tenho até um pouco de repulsa por certos compositores e cantores (Maria Rita me irrita...), maaaaaas, preconceito meu - cada um com os seus! Além de Vinícios de Morais, são muito poucos os brasileiros que ouvi, nos dias de hoje só Mariza Monte, Ana Carolina, Adriana Calcanhoto e sei lá o que mais... (Maria Rita me irrita, Legião Urbana me deprime e Cazuza desaprovo) hauhau Prefiro compositores clássicos e eruditos ou os mais modernos (black, dance e pop) a MPB. (agora está tocando As Quatro estações - Primavera de Vivaldi, excelente para estudar e ler)


Achei esta música - que segundo uma pesquisa rápida foi composta entre 1977 e 1978 *- de uma inteligência extrema. Muuuuuuuuuuuuuuito boa! Excelente mesmo. Quem puder procure esta música! Ela já tem 30 anos, mas tem tudo a ver com a inflação dos dias de hoje, esta alta nos preços dos alimentos, a montanha russa que vive os combustíveis e todo o cenário econômico nacional!


Ai vai a letra:


O Malandro

Chico Buarque


O malandro/Na dureza

Senta à mesa/Do café

Bebe um gole/De cachaça

Acha graça/E dá no pé


O garçom/No prejuízo

Sem sorriso/Sem freguês

De passagem/Pela caixa

Dá uma baixa/No português


O galego/Acha estranho

Que o seu ganho/Tá um horror

Pega o lápis/Soma os canos

Passa os danos/Pro distribuidor


Mas o frete/Vê que ao todo

Há engodo/Nos papéis

E pra cima/Do alambique

Dá um trambique/De cem mil réis


O usineiro/Nessa luta

Grita (ponte que partiu)

Não é idiota/Trunca a nota

Lesa o Banco/Do Brasil


Nosso banco/Tá cotado

No mercado/Exterior

Então taxa/A cachaça

A um preço/Assustador


Mas os ianques/Com seus tanques

Têm bem mais o/Que fazer

E proíbem/Os soldados

Aliados/De beber


A cachaça/Tá parada

Rejeitada/No barril

O alambique/Tem chilique

Contra o Banco/Do Brasil


O usineiro/Faz barulho

Com orgulho/De produtor

Mas a sua/Raiva cega

Descarrega/No carregador


Este chega/Pro galego

Nega arreglo/Cobra mais

A cachaça/Tá de graça

Mas o frete/Como é que faz?


O galego/Tá apertado

Pro seu lado/Não tá bom

Então deixa/Congelada

A mesada/Do garçon


O garçon vê/Um malandro

Sai gritando/Pega ladrão

E o malandro/Autuado

É julgado e condenado culpado

Pela situação


EXCELENTE!!!!!!!!!


*minha internet está uma zona! Nada abre direito. Tentei pesquisar se foi mesmo Buarque quem compôs e a data correta, mas não consigo.


Tecnologia é uma maravilha/ E um horror

Quando a gente/ Mais precisa

Ela implica/ e da pau

São os ossos/ Do ofício

de um internauta/ pobretão!


hauhauahu

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