Uma outra forma de arcar com as despesas pessoais durante a
graduação é o estágio. Contudo, eu acho que é preciso ter cuidado na hora de
decidir estagiar. Infelizmente nem todos têm condições de continuar estudando
sem trabalhar e ter as despesas bancadas pelos pais. Essa realidade é enxergada
pela universidade que disponibiliza cursos noturnos em algumas áreas –
Economia, Biologia, Educação Física, algumas Engenharias, por exemplo.
Contudo, ter que
trabalhar é realmente uma pena por que o tempo para se dedicar aos estudos fica
realmente escasso – falo isso pela minha
experiência na graduação em Economia. A quantidade de textos e de exercícios de
extas que um estudante precisa estudar é realmente grande. Algumas disciplinas
indicam páginas e páginas de leituras obrigatórias e complementares. Meu sonho
sempre foi poder ler todos os textos indicados e alguns mais. Consequência
disso é que tenho mais livros que tempo para lê-los...
Nos primeiros semestre tive que trabalhar em uma multinacional
para me bancar. Era um contrato de 44 horas semanais e uma empresa que sugava
minha alma – tanto que passei o Reveillon de 2011 para 2012 trabalhando até 4h
da manhã! Por conta disso tive que ficar várias madrugadas acordado para dar
conta de ler todos os textos e estudar todo o conteúdo que precisava. Imagino
que alguns cursos possam ser mais fáceis ou “administráveis”. Além disso, uma
boa administração do tempo e a elaboração de uma boa agenda ajuda muito quando
só estudar não é uma opção. E neste caso vale muito a pena dedicar algumas
horas pesquisando e lendo livros que ajudem na organização dos estudos. A
própria Unicamp oferece algumas disciplinas e palestras para os alunos para
ensinar como fazer isso – são muito úteis.
Vale citar aqui um professor desse semestre que disse algo
que eu concordo plenamente: “o aluno não deveria trabalhar. Ele esta sendo
financiado pelo governo para estudar e trabalhar acaba tirando o tempo de
estudo dele”. Isso é pura verdade, mas não condiz com a realidade de muitos.
Contudo, eu acho que vale mais uma crítica: universidade pública te oferece
curso de graça com dinheiro do povo. Vale muito ter isso em mente antes de
resolver fazer um curso para benefício próprio – focar no seu enriquecimento,
querer apenas o diploma para ter um bom salário e se dar bem na vida, como,
infelizmente, muitos que estão lá dentro fazem e pensam. Não é tão simples
assim, mas é uma questão de consciência. Conseguir uma vaga numa universidade pública e sair dela colando
em todas as provas, se enganando e achar que está enganando os professores, pra
mim, é ridículo. Enfim... vai da cabeça de cada um.
Agora sobre estágios, aqueles dentro da Unicamp realmente só
servem para ter uma renda e não para aprender algo útil para sua carreira. Fiz
estágio em uma faculdade e trabalhava no setor de compras. O conhecimento que
adquiri para minha carreira foi mínimo. Costumava falar, enquanto trabalhava
lá, que “pelo menos se nada der certo eu posso mandar currículo para empresas
para trabalhar no setor de compras”, como se fosse fácil assim... E essa
constatação não é só minha, vários colegas de sala, ao descreverem seus
estágios dentro da Unicamp me deixavam com a certeza de que estágio lá dentro é
exploração de mão de obra barata e qualificada. O valor da bolsa não tem
revisão há um bom tempo. Porém, é uma opção se o foco é estudar e trabalhar é
uma necessidade por que a carga horária é pequena e geralmente flexível o que
permite fazer disciplinas durante a manhã ou final da tarde.
Sobre estágio em outros lugares na área de economia não
posso falar nada, não fiz, não me arrisco. Contudo, se forem iguais aos
estágios que fiz em jornalismo, eu recomendaria na hora! Quando cursei
jornalismo fiz estágio em uma assessoria de imprensa e em um jornal diário.
Foram os lugares que realmente aprendi a profissão e que também me deram a
certeza de querer carreira acadêmica, dado que a instabilidade de um chefe
bipolar é péssima.
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