Eu sou muito suspeito para falar desse curso por que eu
simplesmente AMO, apesar de DETESTAR algumas partes (nada é perfeito). Quando
terminei a graduação em Jornalismo e fui efetivado em um jornal diário em
Limeira comecei a ter mais contato com matérias sobre economia. Até o final da
primeira graduação nunca tinha pensado em fazer outra, mas ideia surgiu quando
tentei fazer o processo seletivo para mestrado no Instituto de Economia e não
passei (claro). Isso foi em 2009 e neste ano resolvi traçar um caminho
diferente: entrar na graduação em Economia, enquanto estivesse nela fazer um
mestrado em Jornalismo e quando concluísse os dois cursar o doutorado em
Economia. Estou na metade desse caminho...
Bom... sobre o curso agora. Eu sempre costumo parafrasear
uma economista chamada Maria Conceição Tavares: “Economia é matemática,
história e política” e quem quer ganhar dinheiro no mercado financeiro vá
cursar estatística ou matemática. Foi mais ou menos isso que ela disse e hoje
eu percebo que ela tem toda a razão (infelizmente).
Minha birra: exatas
Eu, particularmente, detesto a área de exatas do meu curso.
Somos obrigados a fazer disciplinas de cálculo e estatística para chegar em
econometria. O problema não é cursar essas disciplinas, na minha visão o ruim
está na forma como algumas delas são ministradas e avaliadas. Há professores
que sequer se importam se o aluno está entendendo ou não e correm com a matéria
como se quisessem se ver livres daquela tortura todas as aulas. Outros
professores sequer tem a simpatia necessária para lidar com alunos de graduação.
Esses acham que o aluno, por passar no vestibular, está 100% pronto e com uma
memória ímpar para lembrar todas as fórmulas e macetes necessários para resolver
uma conta em meio minuto.
O ruim disso tudo é que algumas avaliações focam mais nesses
macetes: “relembre como resolver essa conta usando log”, ou seno e cosseno ou então,
“seja capaz de olhar para a fórmula e sacar do fundo da sua memória que toda
ela pode ser dividida por um algoritmo e a solução fica muito mais fácil”. Isso
é RIDÍCULO. Não se avalia se o aluno entendeu a matéria e é capaz de mostrar
esse conteúdo com números e fórmulas simples. Os professores parece que fazem
questão de complicar ao máximo para ver se o aluno é esperto ou não (eu não
sou, por isso só me dou mal). Ai vem eles dizendo: façam exercício, o treino
ajuda. Ok, eu até faço os exercícios, mas ai não me sobra tempo para ler as 400
páginas das outras matérias. E ai? Ai que é cada um por si e Deus por todos!
Minha paixão: humanas
Já a parte de humanas dificilmente tenho reclamações a
fazer. As leituras e discussões propostas pelos professores de História e
política são ótimas. Elas abrem a cabeça para te fazer entender não só o porque
que nossa economia é como é, mas também ajuda olhar para como a sociedade se
constrói a partir das relações econômicas e das heranças colonizadoras, no caso
do Brasil. O problema disso é que eu acho que o nível de criticismo aumenta, e
muito. Ver alguns posts no facebook, por exemplo, podem ser torturantes.
Afinal, não é apenas criticar político X ou Y, a política X ou Y adotada aqui
ou acola... a história que existe por detrás disso tudo é tão importante quanto
a ação tomada no presente. O interessante, contudo, é quando você tenta
argumentar com alguma pessoa extremista: você quebra todos os argumentos dela
usando a história e ela foge pela tangente.
Agora sobre esse ponto acho que dá para afirmar que a visão
da Unicamp é quase totalmente de esquerda. Isso daria um post enorme que eu
acho que não estou sequer preparado para defender e explicar, mas não basta
apenas cortar gastos, salários e aumentar os juros. Medidas que parecem tão
simples podem afetar tanto o desenvolvimento econômico e social de um país e a
ala da direita sequer parece parar para pensar na sociedade antes de bradar
para todos os cantos suas teorias e soluções para o mundo.
Uma decepção: alguns
professores
Já teci alguns comentários sobre os professores de exatas.
Uma ressalva: não são todos de exatas que são assim. Tive uma professora que
foi excelente tanto na didática quanto nas avaliações. Foi justa. Contudo, não
é regra. Como também não é regra que só professores de exatas são ruins, existe
professor de humanas PÉSSIMO também. Já ouvi esse argumento várias vezes e
tendo a aceita-lo cada dia mais: há professores que se interessam apenas por
suas pesquisas e pouco se importam com as aulas na graduação. A pesquisa
acadêmica é vista por eles como o que realmente lhes dá status e reconhecimento
nesse meio. Por conta disso alguns professores até se recusam em assumir
disciplinas na graduação, o que é lamentável.
Em citar nomes, alguns exemplos são professores que não se
preocupam com o conteúdo que estão passando para os alunos, simplesmente usam a
pesquisa que desenvolvem para ficar discutindo os autores em sala. Ou então
ministram algumas aulas com total desleixo e sem a preocupação se o aluno vai
aprender o proposto pela disciplina ou não. Cheguei a presenciar um professor
no começo da graduação que sequer sabia a matéria que estava ensinando! Quando
ele era questionado sobre a resolução do exercício, não respondia e ainda
ficava bravo por receber os questionamentos. Mas... nada é perfeito, porém, eu
acredito fielmente que o problema disso é a estabilidade que os professores
têm. Sem essa estabilidade e com a possibilidade de serem demitidos a qualquer
momento por não cumprirem com seus deveres, acho que a qualidade aumentaria
muito.
Outra decepção: sem
solução para esses professores
Professor ruim exite aqui, ali e lá. Lá você pode reclamar e
pode ser que o professor seja até demitido por não estar cumprindo com o seu
papel de professor. Ali o aluno pode reclamar e ser simplesmente ignorado
porque há um nível de coleguismo entre os professores tão grande que pouco
importa a visão da ralé acadêmica. Aqui, no Instituto de Economia, existe o
canal de reclamações dos professores (uma avaliação semestral), ela é levada em
consideração pela Coordenação do curso mas, mesmo após conversa com o
professor, essa coordenação fica de mãos atadas por que não têm nenhum
mecanismo legal ao qual possa recorrer para obrigar que o professor mude sua
atitude. Dentro da sala de aula o professor é soberano (e alguns acreditam que
ditador também), portanto eles têm plena autonomia. A autonomia e soberania,
contudo, é tão grande que a maior parte dos alunos tem medo (isso mesmo, medo)
de reclamar de algum professor e ser prejudicado por ele nas avaliações.
PÉSSIMO.
Conclusão
Professor e profissional ruim tem em todos os lugares, mas
mesmo assim meu gosto pela Economia da Unicamp não diminui. A única coisa que
tiro de bom desses pontos negativos é a experiência que eu não quero segui
quando (e se) eu for um desses professores.