segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Analogias...
Hoje a tarde estava estudando sobre a Revolução Francesa - série de movimentos que ocorreram no final do século XVIII. Quando procurei por mais informações na internet sobre esse período da história francesa, encontrei a gravura que publiquei na abertura deste texto.
A imagem retrata a situação da França até 1789 - data considerada como o início da revolução. Naquela época, o país ainda tinha uma característica feudal e sua sociedade era dividida em três estados. O primeiro era composto pelo clero, o segundo pela nobreza e o terceiro pelo povo - e claro, este era a maior parte da população. Comentários sobre a igreja são até dispensáveis. Durante boa parte de nossa história, desde que o catolicismo foi oficializado como religião na antiga Roma até o início da Idade Contemporânea, o clero gozava de amplos poderes até supranacionais.
A nobreza, ou o segundo estado, dispunha também de seus privilégios no reinado de Luis XVI. Os "privilegiados" eram isentos de impostos; cortesãos recebiam pensões da coroa e o bom viver parecia ser regra para essa classe que tinha o luxo como "regra". Já o povo também dispensa apresentações. Nessa classe caíam todas as obrigações financeiras, como altos impostos feito a talha, o dízimo católico e vários outros pagamentos que extraía desses "trabalhadores livres" grande parte de seus rendimentos deixando só o essencial para a sobrevivência.
Ok... revisão sobre Revolução Francesa feita. (Quem quiser mais algumas informações, o Wikipedia tem um texto aceitável... ). Agora qual pode ser a analogia desta imagem que escolhi para abrir meu post de hoje e nossa situação atual? Felizmente nossa situação econômica não é idêntica a dos franceses do século XVIII. Naquele passado eles passavam por grave crise, miséria e fome. Nós saímos há pouco de uma crise que afetou o globo, e saímos bem, obrigado. Apesar desta vertente da história não ser a mesma, me arrisco a comparar a imagem com nossa sociedade hoje fazendo algumas mudanças nas representações que o autor escolheu.
Na gravura vemos o terceiro estado (o povo) carregando nas costas o primeiro (clero) e o segundo (nobreza). As proporções de tamanho são consideráveis,observem o tamanho do povo e dos outros dois personagens ilustrados. Alguma semelhança com hoje? A classe trabalhadora continua gigantesca... os pobres ainda são pobres, a classe D trabalha para melhorar suas condições de vida e a média vive de aparências, mas continua com seus carnês e prestações dos empréstimos vencendo todos os dias.
Naquele povo gigante eu só mudaria a roupa. Talvez um tênis falsificado da Nike, uma calça jeans de marca e uma camiseta com um logotipo enorme da Ekko ou sei lá qual a marca do momento. Nas costas deste povo, eu deixaria a nobreza intacta, afinal são milhares de trabalhadores que produzem o luxo que a nossa elite atual gosta de exibir nas suas festas. Já o clero eu trocaria pelos políticos. No lugar daquela cruz eu colocaria um bóton de com a sigla de algum partido. Afinal... quem também carrega nas costas os vários políticos com seus altos salários e baixa eficiência?
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3 comentários:
Temas atuais e interessantes.
Boa a comparação do ontem com o hoje.
Infelizmente e por muito tempo ainda, mudanças, se houver, serão poucas.
Num dos posts abaixo você sugere que se vote bem, se vote com consciência.
Certo, é asim que deve ser.
Mas, como fazê-lo, se o que se nos apresenta, são duas fracas opções. O País melhorou, e é nessa melhora que vou apostar.
Olá, Alex. Seu blog é bem interessante, bem articulado quanto à circulação de informações, imagens e textos. Há referências valiosas quanto à educação, história e (algo que venho estudando ultimamente) a união dos gêneros ficção e jornalismo que, na academia, é algo extremamente contemporâneo. Bem, o texto sobre Revolução Francesa é bom, especialmente pelas conexões que você faz em sua lógica interna. É sempre reconfortante quando encontramos pessoas lúcidas e articuladas como você. Grande abraço.
Fernão Gomes
Olá, Alex. Seu blog é bem interessante, bem articulado quanto à circulação de informações, imagens e textos. Há referências valiosas quanto à educação, história e (algo que venho estudando ultimamente) a união dos gêneros ficção e jornalismo que, na academia, é algo extremamente contemporâneo. Bem, o texto sobre Revolução Francesa é bom, especialmente pelas conexões que você faz em sua lógica interna. É sempre reconfortante quando encontramos pessoas lúcidas e articuladas como você. Grande abraço.
Fernão Gomes
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