quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Do cãozinho dos teclados para o fruto do funk carioca

Você já pensou em quem vai votar para deputado? Um médico charlatão de Limeira, um cantor em decadência ou uma funkeira exibicionista e desafinada?

Agosto, setembro e finalmente outubro e tudo pode mudar, ou melhor, tomar caminhos diferentes. Daqui a menos de dois meses começam as eleições e a corrida pelos cargos máximos do poder Executivo e Legislativo já começou. Apesar de andar pelas ruas daqui de Limeira e ver, a cada esquina, a foto de dois dos candidatos mais conhecidos na cidade com seus partidos e números estampados, é na internet que encontro os casos mais bizarros.

Essas eleições estão no mínimo curiosas. No Facebook, vira e mexe aparece fotos e vídeos de candidatos que faz qualquer um sentir vergonha do povo brasileiro ou então desperta aquela gargalhada com fundo de indignação. Há menos de duas semanas um dos membros desse site de relacionamentos publicou a foto de uma candidata muito "sem noção": Mulher Melão. Como todo santinho que se preze, a candidata é estampada sorrindo com seu número estampado, a coligação no canto da arte e aliado a essa produção eleitoral, um melão "fruto do funk" e um decote generoso no seu figurino de campanha. E não é que é verdade? Uma pesquisa no Google confirma essa bizarrice! Ela é candidata a Deputada Estadual pelo Rio de Janeiro! (Pensei que era brincadeira de internatuas, mas uma notícia no jornal O Dia confirma).

Seguindo a moda de Frank Aquiar, o cãozinho dos teclados, Mulher Melão não é a única "celebridade" que se aventura na política! Kiko e Leandro, do trio KLB também são candidatos!!!!! O jingle contagia: "Estual é Kiko, federal é Leandro". Não recordo o trecho que vem antes disso, mas é tão irrelevante que o adjetivo se transforma em revoltante. O que os dois cantores vão fazer como deputados estadual e federal????????

E o que é pior: tem gente que vota! Afinal, Clodovil e Frank não foram eleitos quando se candidataram? Tudo bem que vivemos em uma democracia e a candidatura é livre para os brasileiros, mas qual o sentido de eleger alguém como um tecladista forrozeiro, dois cantores pops decadentes e uma funkeira exibicionista? Qual é o sentido da política e a função dos cargos elegíveis quando se coloca alguém que "parece" totalmente leigo quanto à legislações e todos os trâmites políticos e burocráticos que o poder público carrega consigo?

Não critico de forma infundada. Aqui em Limeira é visível o quanto é burocrático conseguir informação com a Prefeitura, por exemplo. De certa forma não é culpa de quem trabalha na área de comunicação do Poder Executivo municipal porque por detrás de toda a visibilidade que obras positivas despertam na mídia e nos olhos dos eleitores estão leis e uma má vontade tremenda de manter a transparência e abrir sem nenhum ressentimento os livros e arquivos de contas públicas.

Das vezes que acompanhei as sessões da Câmara dos Vereadores de Limeira pude ver como a política é suja. O vereador petista Ronei Martins e o vereador do PSB, Paulo Hadich, não conseguiram solicitar uma simples prestação de contas de órgãos públicos. A defensora, ou cabeça do Prefeito Silvio Félix (PDT) na Câmara, Elza Tank, inflou o peito e ordenou aos outros (cerca de) 10 vereadores a votarem contra a solicitação. Esse foi um pedido feito por Hadich no primeiro semestre do ano passado (2009) que queria investigar as contas do Centro de Promoção Social Municipal (Ceprosom), uma autarquia de Limeira. O caso me revoltou tanto que devo ter citado mais alguma vez aqui no blog.

Agora podemos questionar... se um delegado (Hadich) e um estudante de Arquitetura e Urbanismo (Ronei) não conseguem fiscalizar o Executivo cumprindo com a função de vereadores, o que Kiko, Leandro e Mulher Melão vão fazer como deputados????? Estou curioso para saber quantos votos vão conseguir!

REVISTA PIAUÍ

Ainda sobre eleições, li uma matéria na revista piauí deste mês sobre a guerra travada na internet entre os presidenciáveis de 2010. É uma indicação de leitura que vale a pena. Vejo minha mãe receber inúmeros e-mails e na minha caixa de entrada as vezes pipocam alguns também contra o presidente Lula, a favor do Serra e vice-versa. O legal de uma reportagem como a da revista é que fica visível que o "buraco é mais embaixo". É quase um exército on-line mentindo e desmentindo boatos e informações das campanhas e da vida pessoal dos candidatos. Ler uma reportagem como aquela é abrir a mente para o conteúdo on-line e se preparar conscientemente para colocar quem realmente merece no cargo máximo da política brasileira.

a reportagem for escrita pela jornalista Daniela Pinheira, que tive o prazer de entrevistar para minha monografia de conclusão no curso de jornalismo, e se chama "Pancadaria na Rede". No site da revista (www.revistapiaui.com.br) a reportagem ainda não foi liberada para não assinantes, mas em breve deve ser disponibilizada para todos lerem. Quem tiver interesse, vale a pena ir na banca mais próxima e comprar a revista. Essa reportagem não é a única sobre eleições que a revista traz esse mês.

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