quarta-feira, 16 de abril de 2008

Olá pessoal!
Tendo em vista toda essa onda de blogs, resolvi surfar junto. Como exercitamos diariamente o mito da objetividade - que com certeza não existe... - ou melhor, como tentamos nos aproximar ao máximo da verdade do fato e informar os leitores de forma clara e educativa, não sobra espaço para uma opinião pessoal. Já me deparei com matérias que tive vontade de soltar os cachorros em cima de certa fonte, porque achei absurda a posição que ela adotou, mas... como precisava da informação e, além disso, precisava escrever a matéria, resolvi guardá-la para um blog. Este blog, que começo a editar hoje.

Resolvi repercutir um editorial, opinião sobre a opinião do texto "Pequeno Escândalo" de Delfim Netto, na folha desta quarta-feira, 16. Quem tiver interesse de ler, coloquei ele aqui, ali no final.

Delfim Netto define como um pequeno escândalo o resultado de uma apresentação de Márcio Bruno Ribeiro no 20º Seminário de Política Fiscal, realizado no Chile. Ribeiro comprovou através de pesquisas que ""consumo do governo" com o "desempenho do setor público", ocupamos o 16º lugar". Isso observamos diariamente nos noticiários. Denúncias de gastos extraordinários como o caso do reitor da Unifesp, cartão corporativo e etc. Mas, na verdade é o início do texto que me chamou mais atenção.

O colunista da Folha disse que há uma grande dificuldade por parte dos governantes aceitarem a sua ineficiência. Resolvi repercutir esta frase em particular porque durante dois anos de estágio em uma assessoria percebi que de certa forma ele é real. Não que o assessorado foi ineficiente, sinceramente diversos projetos são realmente úteis para a população, porém, há um grande defeito, adotando um ponto de vista de comunicador e (um pouquinho só) político: críticas. O assessorado não era aberto às críticas. Como diz Delfim Netto no texto, os governantes assumem pessoalmente seu governo, eles se tornam o governo.

ANTONIO DELFIM NETTO - Pequeno escândalo
QUANDO SE está no governo, há uma enorme dificuldade de aceitar a sua ineficiência. É curioso ver como os candidatos a cargos executivos a "enxergam" apenas enquanto estão em busca do poder. Tão logo têm sucesso, são atacados por cegueira intransponível e aumentam os impostos para supostamente corrigi-la. Agora ela é vista como produto da falta de recursos, que pode comprometer sua administração virtuosa. A história nacional mostra um processo geológico: mais recurso acaba sempre numa ineficiência de "nível superior" que se acumula sobre a de "nível inferior"... Cada chefe de Executivo (de prefeito a presidente) antropomorfiza seu cargo. Ele se supõe o próprio Estado e, conseqüentemente, a acusação de ineficiência é introjetada como crítica pessoal. Não consegue aceitar que essa ineficiência não tem dono, não tem origem e, aparentemente, não terá fim. Ela apenas é! Trata-se de um fenômeno quase "natural": uma infecção que o organismo nacional hospeda desde os tempos coloniais e à qual se ajusta sem nunca querer saber quanto lhe custou em termos de dificuldades para a construção de uma sociedade mais desenvolvida e mais equânime. Isso, é claro, não se refere às políticas que melhoram a igualdade de oportunidades dos cidadãos economicamente mais humildes. Estas são necessárias (ainda que não suficientes) para a continuidade de políticas econômicas razoáveis num regime politicamente aberto com sufrágio universal. Mas nem elas podem justificar o desperdício produzido pela ineficiência. Há crescentes evidências de que o Brasil tem o Estado mais caro do mundo quando se compara o que ele arrecada da sociedade com o volume e a qualidade dos serviços que lhe devolve. Recentemente, um economista do Ipea acrescentou mais uma demonstração a essa tese. No 20º Seminário de Política Fiscal, realizado no Chile em janeiro deste ano, o senhor Márcio Bruno Ribeiro apresentou um trabalho ("Eficiência do Gasto Público na América Latina") que deve merecer muita atenção. Usando um número enorme de fontes e técnicas de medição sofisticadas, mostrou a triste situação em que se encontra o país nessa matéria. Quando se compara o "consumo do governo" com o "desempenho do setor público", ocupamos o 16º lugar (o penúltimo, antes da Bolívia) entre os 17 países latino-americanos. E, quando se corrige o ranking por "outras variáveis explicativas", ainda somos o 10º colocado entre eles. Trata-se, obviamente, de um pequeno escândalo.

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