domingo, 4 de março de 2012

Histórias Cruzadas ("The Help"): será que ainda existe gente assim?


Acho que até ontem nunca havia entendido o que é realmente um filme “sensível”. As vezes acho exageradas algumas classificações e críticas de filmes, mas finalmente acredito que finalmente entendi o que é realmente um filme que merece esse adjetivo.

Neste último sábado, dia 3 de março, tirei o final da tarde, a noite toda e um bom pedaço da madrugada para assistir a alguns filmes. O primeiro, e o melhor da jornada, foi Histórias Cruzadas (“The Help”), seguido de Anjos da Noite (“Underworld – awakening”) no cinema e finalmente O artista (“The artist”). Por ter programado sair para o cinema às 19h não tive tempo de assistir ao final do Histórias Cruzadas. Faltavam os minutos preciosos que deixaram minha curiosidade aguçada.

Foram três filmes completamente diferentes um do outro. Histórias Cruzadas é um drama muito bonito, “sensível” e tocante. Anjos da Noite tem efeitos em 3D muito bons, alguns sustos e uma história bem legal. E finalmente O Artista é uma produção genial – mas particularmente eu votaria no Histórias Cruzadas para ganhar o Oscar de melhor filme e explico o porquê.

O filme é baseado no livro A resposta (“The Help” em inglês), da romancista Kathryn Stockett. Confesso que não gosto de ler romances, mas este tem um espaço garantido na minha lista lista de leituras. O ponto alto do filme é que ele nos faz pensar seriamente sobre o racismo. Entre risadas e cenas muito revoltantes ou emocionantes, é inevitável pensar “Como foi ou como é possível existir pessoas que pensam como esses homens e mulheres norte-americanas das décadas de 1950 e 1960?”. Claro que o racismo é anterior a essa data e infelizmente está presente até hoje naquele país e em muitos outros lugares do mundo, mas o que Stockett escreveu e o diretor Tate Taylor transformou em um belo filme, é “atemporal e universal” como diz a descrição do livro.

O filme é estrelado por Emma Stone que faz o papel da senhorita Skeeter, pela indicada ao Oscar de melhor atriz Viola Davis que interpreta a empregada negra Aibileen e pela ganhadora do prêmio de melhor atriz coadjuvante no Oscar 2012, Octavia Spencer que é Minny, outra empregada negra que parece não ter freio algum na língua – além de ser divertidíssima. As três personagens são o foco do livro de Stockett e não é tarde para dizer que a obra foi sucesso nos Estados Unidos ficando em primeiro lugar na lista de Best-sellers do jornal New York Times. É engraçado o livro ter alcançado tal notoriedade no seu país de origem porque o filme mostra justamente brancas racistas lendo um livro homônimo que conta a perspectiva das empregadas negras daquela época. Será que foi uma “sátira” ou uma crítica à sociedade norte-americana que gosta de ler seus próprios dramas atemporais?

Enfim... como estava dizendo, o filme marca muito por mostrar a história de Skeeter, Aibileen e Minny em uma sociedade simplesmente nojenta! Chega-se ao ponto de mulheres de famílias brancas proporem que hajam banheiros do lado de fora da casa especialmente para as empregadas negras por medo de pegarem as doenças da raça. Mas quanto a essa revolta, vale muito a pena assistir ao filme para rir com uma das passagens sobre banheiros e fezes! (muitos risos). E aqui vale muito incluir um comentário feito pela minha mãe: “Hoje ainda existe banheiros para empregadas em casas chiques. Parece que as coisas não mudaram muito.” Guardadas as devidas proporções temporais, é um grande absurdo ainda existir uma mentalidade tão ridícula como aquela relatada em Histórias Cruzadas.


Sinopse do filme:
Baseado em um dos livros mais badalados há anos e fenômeno n°1 em vendas de todos os tempos do New York Times, "Histórias Cruzadas", filme estrelado por Emma Stone ("A mentira") como Skeeter, com a indicada ao Oscar© Viola Davis ("Dúvida") como Aibileen e Octavia Spencer como Minny, mostra três diferentes mulheres extraordinárias no Mississipi durante os anos 60 que constroem uma improvável amizade devido a um projeto literário secreto que abala as regras da sociedade, colocando-as em perigo. De sua improvável aliança surge uma incrível irmandade, criando em todas elas a coragem para transcender os limites que as definem e a conscientização de que às vezes esses limites existem para serem ultrapassados, mesmo que isso signifique fazer com que todas as pessoas da cidade encarem os novos tempos. Intensa, cheia de pungência, humor e esperança, "Histórias Cruzadas" é uma história eterna e universal sobre a capacidade de criar mudanças.



Resumo de tudo isso que escrevi: o filme é maravilhoso!

Um comentário:

Daíza de Carvalho disse...

Ótima sugestão! Ao ler, fiquei tentada a assistir o filme e adorei!
Quanto ao comentário da sua mãe de ainda existirem banheiros de empregadas, em quantos prédios entramos que não têm o "elevador de serviço"? Ainda é hipócrita a afirmação de que o preconceito é superado na atualidade, sem dúvida, e não só contra os negros. E este filme é um raio de luz para cabeças retrógradas que porventura ainda pensem assim..
Muito bom mesmo, valeu pela indicação!