quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Jogo de imagens e uma tragédia lamacenta




Trecho do livro "Geografia do Brasil" do professor da Universidade de São Paulo Jurandyr Luciano sanches Ross, cai muito bem com os desastres que estão enchendo a mídia e quem sabe não aparece algo na Unicamp na prova de segunda-feira...

"Nos países de economia mais desenvolvida e de crescimento industrial mais harmônico, acompanhado de acentuada redução do crescimento demográfico e elevação do nível cultural e de renda, como os Estados Unidos, o Japão e grande parte da Europa, os problemas ambientais urbanos existem, porém são menos agressivos. Nas regiões que, em curto espaço de tempo, se transformaram em áreas industrializadas através da importação de tecnologias e capital e a instalação maciça de empresas transnacionais, como ocorreu na América Latina, na Ásia e na África, os problemas ambientais urbanos são mais sérios e agravados pelos problemas sociais. O exemplo do Brasil é bem ilustrativo. Aqui a população que reside nas cidades passou de 45% em 1960 para 75% em 1990 e mais de 80% em 2000. Essa transferência intensa para as cidades foi fruto de uma política desenvolvimentista implementada a partir da década de 50. A entrada de tecnologia e capital estrangeiro imprimiu um novo ritmo à economia brasileira, e progressivamente a população foi-se transferindo para as cidades.  O setor agrário da economia, sobretudo a partir da década de 70, mecanizou-se, liberou mão-de-obra e as cidades sofreram um crescimento demográfico repentino.

(...)

"Nas grandes cidades dos países subdesenvolvidos, os problemas ambientais são muito maiores que nos países desenvolvidos, pois, além das questões relativas à poluição do ar, da água e do solo gerados pelas indústrias e pelos automóveis, existem os problemas relacionados com a miserabilidade da população pobre, que sobrevive em péssimas condições sanitárias, vivendo em grandes adensamentos demográficos nos morros, mangues, margens de rios, correndo riscos de toda natureza."

Hoje estava assistindo os canais Band News e depois Globo News e acompanhei algumas notícias sobre a situação da região serrana do Rio de Janeiro. A Band com sua repetição infinita de noticiários e reportagens feitas ontem a noite no local estava no factual. Informou números de vitimas, contou histórias e mostrou imagens daquela tragédia. Para diferenciar um pouco fui para a Globo News e vi uma professora urbanista (se não me engano) também da Usp, falando sobre a situação das cidades.

Essa professora criticou muito o modelo que as cidades adotam para a aprovação de loteamentos urbanos. O governador do Rio criticou hoje os loteamentos ilegais, mas o que a professora criticou foi muito bem colocado. Ela comentou sobre a precariedade das prefeituras em conseguir aprovar, usando meios científicos, os novos loteamentos com a plena certeza de que aquele local está sendo ocupado da maneira correta. Ela disse ainda que há uma fragmentação tão grende dos serviços públicos que fiscalizam e liberam construções nas cidades, que o propósito de avaliar ambientalmente a condição de urbanização de determinada área é muito falha.

Porém, o ponto mais forte da crítica dessa professora foi quanto às pressões que esses órgãos públicos sofrem para uma aprovação rápida dos novos loteamentos. Aprová-los dá dinheiro, gera emprego, disse ela - não exatamente com essas palavras. E essa crítica se encaixa perfeitamente com a reclamação que um morador fez a um repórter da Band News, quanto às promessas de políticos e o abandono e descaso que, depois de conseguirem os votos que queriam, deixam seus eleitores a ver navios (ou melhor, ver caiaques, helicópteros de resgate e corpos boiando ou sendo arrastados).

Acho que vale a pena ainda resgatar uma fala da professora da Usp no Globo News sobre essa questão política. Foi questionado a ela se a prevenção era mais barata que a remediação dos danos. Ela comentou algo que eu concordo e até usei na prova da Usp no último final de semana: os políticos querem fitas para cortar e obras para inaugurar; querem atividades que sejam visíveis e que deem votos; não querem gastar o dinheiro público na melhora da infra-estrutura urbana para evitar esse jogo de milhões de reais que governos ficam repassando para arrumar os estragos feitos pela falta de atenção.

A prova da Usp, no primeiro dia, pedia uma redação sobre a falta na sociedade atual de solidariedade e de planos a longo prazo. A Fuvest forneceu uma coletânea de textos e imagens muito interessante sobre essa falta de "sacrifícios" pelo próximo. quem puder pesquisar sobre essa proposta de redação, não deixe de fazê-lo, foi muito bem elaborada. Comento isso porque "caiu como uma luva" com o que a professora da Usp comentou na Globo News e com o real desinteresse dos políticos de fazerem obras de prevenção.

É tudo questão de voto e popularidade...

Vejam o vídeo da Urbanista (e não professora) da Usp aqui: Globo News

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Maquiavel e seus ensinamentos..

Ainda estou estudando e vou aproveitar que dei uma estacionada no Renascimento, vou colocar aqui algumas citações do livro "O Príncipe", de Maquiavel. Dei uma de Napoleão e fiz comentários nas citações que mais gostei... por falar nisso, ainda quero ler a versão desse livro comentado pelo francês.

"Aquilo que os príncipes prudentes devem fazer: cuidar não somente das desordens presentes, mas precaver-se das futuras, e empregar todo o seu talento a remediá-las, o que mais facilmente se fará se de çpnge forem previstas. ao contrário, se esperares que elas se consumam, a droga chegará tarde demais, porquanto o mal terá tornado-se incurável" (p. 12)

"O tempo tudo arrasta consigo e que, assim, ele pode trazer o bem como o mal, o mal como o bem" (p. 13)

"Aquele que promove o pode de um outro perde o seu, pois tanto a astúcia quanto a força com as quais fora ele conquistado parecerão suspeitas aos olhos do novo poderoso" (p. 17)

"O homem prudente deverá constantemente seguir o itinerário percorrido pelos grandes e imitar aqueles que mostraram-se excepcionais, a fim de que, caso o seu mérito (virtù) ao deles não se iguale, possa ele ao menos recolher deste uma leve fragrância" (p. 24)

"O mal, portanto, deve-se fazê-lo de um jacto, de modo a que a fugacidade do seu acre sabor faça fugaz a dor que ele traz. O bem, ao contrário, deve-se concedê-lo pouco a pouco, para que seja melhor apreciado o seu gosto" (p. 44)

"Eu assevero que uma tal ascenção dependerá ou do apoio do povo, ou do apoio dos poderosos. Isto porque em qualquer cidade se encontram estas duas disposições contrárias, as quais decorrem que o povo não deseja ser comandado nem oprimido pelos grandes e de que estes desejam exatamente o inverso. desses dois apetites contrários advém nas cidades um destes três efeitos: ou um governo (principato) forte, ou liberdade, ou desordem." (p. 45)

"Aquele que foi alçado em príncipe com a ajuda dos grandes mantém-se com mais dificuldade que aquele que o foi com apoio popular, visto que o primeiro acha-se cercado de muitos que se lhe assemelham, não podendo, por isso, nem comandá-los, nem manobrá-los" (p. 45) [essa citação é ótima! Reflete bem o clima entre burguesia e monarquia durante a Idade Moderna, tanto que o período começa com o fortalecimento das monarquias nacionais e termina com as revoluções burguesas do século XVIII]

'Assim, um homem que eleva-se à condição de príncipe mediante o favor do povo deve a este manter-se aliado, o que lhe será fácil uma vez que o povo pede apenas para ser poupado da opressão" (p. 47)

"Há uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua própria pessoa" (p. 73)

"Dos homens, em realidade, pode-se dizer genericamente que eles são ingratos, volúveis, fementidos e dissimulados, fugindo quando há perigo, e cobiçosos" (p. 80)

"Existem dois modos de combater: um, com leis; o outro com a força. O primeiro modo é o próprio do homem; o segundo, dos animais. Porém, como o primeiro muitas vezes mostra-se insuficiente, impõe-se um recurso ao segundo. Por conseguinte, a um príncipe é necessário saber valer-se dos seus atributos de animal e de homem" (p. 84) [Essa passagem também é verdadeira até hoje. Vamos tentar fazer uma manifestação contra aquele aumento abusivo no salário dos deputados, senadores e presidente... no mínimo um batalhão da Polícia Militar ou federal estará protegendo a Granja do Torto e o Senado. O engraçado é que os policiais que estiverem atrás de escudos e cacetetes não devem ganhar nem 5% do novo salário desses políticos nojentos!]

"São tão simples os homens e tão simplesmente eles conformam-se às exigências do seu presente, que aquele que sabe enganar encontra sempre um outro que, justamente, se deixa enganar" (p. 85) [Tudo a ver com o comentário que fiz na citação anterior!!!!! povo é conformado demais...]

"Direi simplesmente o seguinte: será sempre imensamente fácil para um príncipe aliciar aqueles homens que lhe tenham sido hostis na origem do seu principado se estes carecerem de um apoio para manter-se" (p.104) [Explicação para a popularidade de Lula em 2010?]

"Assaz positiva ou negativa, a atitude adotada por qualquer pessoa em sua vida civil deve ser premiada ou punida de um modo que repercuta fortemente" (p. 108) [A Câmara dos Vereadores de Limeira leva isso sério demais que até perdeu o sentido... basta contar as moções de aplauso e outros atos inuteis que fazem...]

"A pridência , ela, consiste em saber-se reconhecer a extensão dos incovenientes e tomar por bom o que é menos ruim" (p. 111) [Ótima frase para propaganda política]

"Mais vale ser impetuoso que circunspecto, pois a fortuna é mulher, e, para mantê-la submissa, é preciso batê-la e maltratá-la" (p. 124)

Fonte: Machiavelli, Nicoló di Bernardo dei, 1469-1527. Tradução de Antonio Caruccio-Corporale. Porto alegre: L&PM, 1998.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Poesia e política

Mais um poema do Vinícius de Moraes, "Operário em construção". Dessa vez não vou tecer comentários, só sobrepor uma obra a um vídeo, acho que vai ficar mais que claro a mensagem.

(...)

E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:

Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.

E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.

Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
– "Convençam-no" do contrário –
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.

(...)


 
Queria um vídeo de um senador reclamando que o salário esses políticos recebem é "de fome" e que por ser muito convidado para casamentos, os gastos com presentes deixam muito pouco para sua sobrevivência.
 

Vinícius de Moraes e seu crocodilo - atual e verdadeiro

Estudando literatura encontrei esse poema de Vinícius de Moraes:

O crocodilo



O crocodilo que do Nilo
Ainda apavora a cristandade
Pode ser dócil como o filho
Que chora ao ver-se desamado.

Mas nunca como ele injusto
Que se ergue hediondo de manhã
E vai e espeta um grampo justo
No umbigo de sua própria mãe.

O crocodilo espreita a garça
Sim, mas por fome, e se restringe
Mas e o filho, que à pobre ave
Acompanha no Y do estilingue?

A lama pode ser um berço
Para um crocodiliano
No entanto o filho come o esterco
Apenas porque a mãe diz não.

Tem o crocodilo um amigo
Num pássaro que lhe palita
Os dentes e o alerta ao perigo:
Mas no filho, quem acredita?

O filho sai e esquece a mãe
E insulta o outro e o outro o insulta
É ver o simples caimão
Que nunca diz: filho da puta!

O crocodilo tem um sestro
De cio: guia-se pelo olfato
Mas o filho pratica o incesto
Absolutamente ipso-facto.

Chamam ao pequeno crocodilo
Paleosuchus palpebrosus
Porém o que me admira é o filho
Que vive em pálpebras de ócio.

O filho é um monstro. E uma vos digo
Ainda por píssico me tomem:
Nunca verei um crocodilo
Chorando lágrimas de homem.


in Antologia Poética
in Poesia completa e prosa: "Nossa Senhora de Los Angeles"



Espero não ter fieto uma interpretação errada - afinal literatura é muito subjetivo -, mas esse texto me fez lembrar muito aqueles filhinhos de mamãe descontrolados e extremamente mimados que não conhecem limites para conseguirem o que querem. Aqueles playboyzinhos que estão acostumados com tudo servido na bandeja e nada conquistado com esforço e que de tão acostumados com essa facilidade de berço, não sabem se relacionar em sociedade e usam seus meios para se sobrepor àqueles que dizem não. Hoje não comem mais esse esterco que Vinícius disse, usam carros e violência para protestar contra um não dos pais, da namorada ou de qualquer um que ouse enfrentar sua "superioridade mental".

Se a criança é o futuro de amanhã, como viveremos com um mundo dominado por crianças tão mimadas e sem respeito aos mais velhos????? Dá medo!!!!!!!!!!!

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

I Need You Now - Agnes

(Você sabe que é pra vc...)

I'm fine don't believe it

You know me enough to know that's a lie

I'm close, hard as it is to say

To total this as I barely holding on



I need you now I need you now don't turn away

I need you now ohh please don't turn me away

I need you now I need you now



Out here where I've been spinning

It's nearly impossible to slow down

One night of your company

Might be the only thing to keep me sane



The clock is ticking and the fuse is burning

Can't keep runnin' from what is coming

Don?t turn me away don't turn me away



I need you now I need you now don't turn away

I need you now ohh please don?t turn me away

I need you now I need you now



How many times have I come to you vulnerable like

this?

I know you have the right to question but please don't ask

I need you now

The clock is ticking and the fuse is burning

Can't keep runnin' from what is coming

Don't turn me away don't turn me away



I need you now I need you now don?t turn away

I need you now, ohh, please don?t turn me away

I need you now I need you now



The clock is ticking and the fuse is burning

Can?t keep runnin' from what is coming(repeat x3)

I need you now, I need you now



http://www.vagalume.com.br/agnes/i-need-you-now-traducao.html#ixzz1AH2TMwV1