terça-feira, 15 de setembro de 2009
Vida Real - A balada perdida
A animação estava garantida pelo som das pick-ups. A iluminação naquela frenesi de cores e lazeres no meio da fumaça branca - que graças à Lei Antifumo não é de cigarro, era o cenário para o público animado com todas as trocas de olhares, conversas e agitação. As horas passam e todo esse agito vai diminuindo. Os carros que estão parados na rua da boate também. Um a um eles vão deixando a via cada vez mais deserta, deixando os veículos ao relento entre o sereno da noite fria e a violência da cidade grande.
Curtir uma balada para desestressar, passar um bom tempo com os amigos ao som de música eletrônica é uma constante na agenda de algumas pessoas. Mesmo com todos esses aspectos positivos de diversão, tudo pode ir por água abaixo num segundo. Andando pela rua já com uma paisagem de solidão e com os amigos ainda animados por conta da bebida, me aproximei há duas semanas de um sentimento não muito agradável: a impotência.
Depois de curtir a noite, eu e dois amigos estávamos prontos para voltar para a casa. Tinha certeza que nos meus ouvidos seriam despejados todos os sucessos e detalhes das quatro horas regadas ao som do "puts-puts". A rotina só foi alterada quando, há um metro do carro vi a janela do motorista com o vidro todo quebrado. Tudo foi resumido a pequenos cristaizinhos do que antes iria barrar o vento gelado da madrugada daquelas conversas. O banco e o chão do carro ficaram tomados por esses pedaços de vidro e se não bastasse o estrago na janela, o aparelho de som, vários CDs e a carteira de um amigo com R$ 200 foram levados.
Aqui no Jornal de Limeira já foram publicadas várias reportagens falando sobre o furto de veículos e a violência nessa área. Quando lemos textos sobre esse assunto ficamos indignados e pensamos que não aconteceria conosco. Também é impossível se prever a reação que teríamos frente a uma situação dessas, mas tudo pode se resumir a uma única palavra, a impotência. Furtos como este que relatei são frutos das drogas - informação que qualquer um está cansado de saber, mas confirmada por um funcionário do plantão de polícia de Piracicaba, onde toda a cena ocorreu.
Eu e meu amigo que teve parte do salário levado simplesmente nos sentimos as pessoas mais impotêntes. Ver o vidro quebrado e todos os cacos ali para eu limpar foi um momento que nada mais passava pela cabeça. Por mais que fizéssemos boletim de ocorrência e xingássemos até os antepassados do indivíduo que faz isso, nada iria recuperar os prejuízos, nem aumentar a segurança. Ficamos a mercê da violência e contando com a sorte de que não estaremos na página de polícia da edição de amanhã.
domingo, 13 de setembro de 2009
Quem vota nos vereadores? Então porque as cadeiras laranjas da Câmara estão sempre vazias?
As sessões da Câmara Municipal são um prato cheio para universitários manifestarem suas ideias e reclamações.
Texto feito para a revista Vida Universitária de setembro/09
Quando falamos em política é inevitável que venha à cabeça imagens de corrupção, uso do dinheiro público de forma indevida, nomeações de parentes para cargos entre tantas outras atividades e cenas que enchem as páginas de jornais e revistas e rendem assuntos para inúmeros textos opinativos. Apesar de todo o desgosto que a população está acostumada a ter e de manter aquela velha frase que acusa todo político de ser ladrão, são eles que estão no poder de dois dos três poderes, o legislativo e o executivo.
Nenhuma cidade é diferente e por conta disso Limeira também tem os seus defensores do povo, aqueles que brigam por melhorias nos bairros onde foram eleitos ou por toda uma classe da população ao qual mais se identificam. Os 14 vereadores que compõe a Câmara Municipal são os responsáveis pelas leis em Limeira. Por eles passam a maior parte das regras que movimentam a cidade. Essas leis aprovadas ou propostas pelos parlamentares regulamentam a atividade do comércio, de servidores, de profissionais autônomos, de eventos, fiscalizações entre inúmeras atividades que são discriminadas e regularizada a cada projeto de lei que passa nas mãos desses políticos e é aprovada pelo chefe do poder Executivo, o prefeito municipal.
Apesar de serem também políticos, e não nos cabe julgar se assumem uma conduta correta ou ilegal - afinal quem acusa tem que provar e grande parte da população só sabe dizer que eles são corruptos mas não tem documentos que comprovem isso - esses 14 membros de partidos diversos estão ali na Câmara todos os dias movimentando o legislativo da cidade. Algumas vezes se movimentam demais e produzem de menos. Moção de aplausos, títulos de cidadãos limeirenses, dia da doença hereditária entre tantos outros projetos e ações que parecem insignificantes, mas ainda assim são acima de tudo políticos, dividem espaço com temas que afeta classes específicas da população, quando não a sua totalidade.
Mesmo com toda essa importância para a qual esses políticos são eleitos a cada quatro anos, poucos eleitores acompanham de perto a atuação e os passos que eles dão na vida pública. Todas as segundas-feiras a Câmara reúne seus 14 integrantes na sessão ordinária para debater e discutir os projetos de lei, moções, indicações e requerimentos que cada um deles fez durante a semana anterior. Neste dia os documentos propostos pelos vereadores são votados ou barrados. É um momento de discursos inflamados que lembram os eleitores e a importância daquela proposição feita pelo parlamentar.
As palavras são transmitidas pelo rádio, gravadas no circuito interno de TV e assistida por pouquíssimas pessoas. Ali são votados também leis que regulamentam ou especificam regras para o uso de calçadas por estabelecimentos como bares e restaurantes - assunto que gera reclamações principalmente da população idosa e deficiente -, e até o uso das verbas públicas pelo poder Executivo, as chamadas Leis de Diretrizes Orçamentárias. Mesmo sendo vetada a manifestação da platéia enquanto os projetos são votados, a presença dos eleitores e dos munícipes ali se faz importante, afinal fomos nós que demos o cargo e o salário para cada um daqueles vereadores que se distribuem no plenário. Apesar dessa importância, as cadeiras laranjas da Câmara estão sempre vazias nas sessões e reuniões, a não ser quando uma classe de trabalhadores, interessadas em um dos temas da pauta do dia, lota o local para apoiar ou se manifestar contra o resultado das votações e discussões.
Indo além dessas classes específicas e da população como um todo, em uma das reuniões extraordinárias dos vereadores, em um sábado de manhã há alguns meses, um professor universitário que estava presente na plateia chamou a atenção da cidade para um fato curioso. Ele levantou a bola para a participação das instituições de ensino superior na vida do poder legislativo. Olhando para os lados para apontar as poucas pessoas que acompanhavam o assunto daquele dia, o professor disse que muitos professores e alunos das faculdades da cidade deveriam participar com mais frequência das sessões e reuniões da casa e fomentar o debate público para aumentar a participação da população na política de Limeira.
São nas universidades que se formam os profissionais que estarão atuando em empresas e até no serviço público depois de três, quatro ou cinco anos. O conhecimento e a atualidade de cada uma das profissões estão nas carteiras das faculdades. Sendo assim, ninguém melhor que universitários, com sangue jovem e cabeça a frente do que há de novo no mercado, para criticar e indicar soluções para os problemas de Limeira.
As sessões da Câmara são públicas. O dinheiro que move todo o sistema provém dos bolsos da população que, apesar de reclamar que política é ruim, se deixa inserir nessa classe de maus político e não cobra a aplicação do seu dinheiro de forma transparente e honesta.
Texto feito para a revista Vida Universitária de setembro/09
Quando falamos em política é inevitável que venha à cabeça imagens de corrupção, uso do dinheiro público de forma indevida, nomeações de parentes para cargos entre tantas outras atividades e cenas que enchem as páginas de jornais e revistas e rendem assuntos para inúmeros textos opinativos. Apesar de todo o desgosto que a população está acostumada a ter e de manter aquela velha frase que acusa todo político de ser ladrão, são eles que estão no poder de dois dos três poderes, o legislativo e o executivo.
Nenhuma cidade é diferente e por conta disso Limeira também tem os seus defensores do povo, aqueles que brigam por melhorias nos bairros onde foram eleitos ou por toda uma classe da população ao qual mais se identificam. Os 14 vereadores que compõe a Câmara Municipal são os responsáveis pelas leis em Limeira. Por eles passam a maior parte das regras que movimentam a cidade. Essas leis aprovadas ou propostas pelos parlamentares regulamentam a atividade do comércio, de servidores, de profissionais autônomos, de eventos, fiscalizações entre inúmeras atividades que são discriminadas e regularizada a cada projeto de lei que passa nas mãos desses políticos e é aprovada pelo chefe do poder Executivo, o prefeito municipal.
Apesar de serem também políticos, e não nos cabe julgar se assumem uma conduta correta ou ilegal - afinal quem acusa tem que provar e grande parte da população só sabe dizer que eles são corruptos mas não tem documentos que comprovem isso - esses 14 membros de partidos diversos estão ali na Câmara todos os dias movimentando o legislativo da cidade. Algumas vezes se movimentam demais e produzem de menos. Moção de aplausos, títulos de cidadãos limeirenses, dia da doença hereditária entre tantos outros projetos e ações que parecem insignificantes, mas ainda assim são acima de tudo políticos, dividem espaço com temas que afeta classes específicas da população, quando não a sua totalidade.
Mesmo com toda essa importância para a qual esses políticos são eleitos a cada quatro anos, poucos eleitores acompanham de perto a atuação e os passos que eles dão na vida pública. Todas as segundas-feiras a Câmara reúne seus 14 integrantes na sessão ordinária para debater e discutir os projetos de lei, moções, indicações e requerimentos que cada um deles fez durante a semana anterior. Neste dia os documentos propostos pelos vereadores são votados ou barrados. É um momento de discursos inflamados que lembram os eleitores e a importância daquela proposição feita pelo parlamentar.
As palavras são transmitidas pelo rádio, gravadas no circuito interno de TV e assistida por pouquíssimas pessoas. Ali são votados também leis que regulamentam ou especificam regras para o uso de calçadas por estabelecimentos como bares e restaurantes - assunto que gera reclamações principalmente da população idosa e deficiente -, e até o uso das verbas públicas pelo poder Executivo, as chamadas Leis de Diretrizes Orçamentárias. Mesmo sendo vetada a manifestação da platéia enquanto os projetos são votados, a presença dos eleitores e dos munícipes ali se faz importante, afinal fomos nós que demos o cargo e o salário para cada um daqueles vereadores que se distribuem no plenário. Apesar dessa importância, as cadeiras laranjas da Câmara estão sempre vazias nas sessões e reuniões, a não ser quando uma classe de trabalhadores, interessadas em um dos temas da pauta do dia, lota o local para apoiar ou se manifestar contra o resultado das votações e discussões.
Indo além dessas classes específicas e da população como um todo, em uma das reuniões extraordinárias dos vereadores, em um sábado de manhã há alguns meses, um professor universitário que estava presente na plateia chamou a atenção da cidade para um fato curioso. Ele levantou a bola para a participação das instituições de ensino superior na vida do poder legislativo. Olhando para os lados para apontar as poucas pessoas que acompanhavam o assunto daquele dia, o professor disse que muitos professores e alunos das faculdades da cidade deveriam participar com mais frequência das sessões e reuniões da casa e fomentar o debate público para aumentar a participação da população na política de Limeira.
São nas universidades que se formam os profissionais que estarão atuando em empresas e até no serviço público depois de três, quatro ou cinco anos. O conhecimento e a atualidade de cada uma das profissões estão nas carteiras das faculdades. Sendo assim, ninguém melhor que universitários, com sangue jovem e cabeça a frente do que há de novo no mercado, para criticar e indicar soluções para os problemas de Limeira.
As sessões da Câmara são públicas. O dinheiro que move todo o sistema provém dos bolsos da população que, apesar de reclamar que política é ruim, se deixa inserir nessa classe de maus político e não cobra a aplicação do seu dinheiro de forma transparente e honesta.
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